Conferência Geral
Simplesmente lindo, lindamente simples
Conferência Geral de Outubro de 2021


Simplesmente lindo, lindamente simples

Que mantenhamos o evangelho simples ao assumirmos nossas responsabilidades divinamente atribuídas.

Introdução

Minhas calorosas boas-vindas a cada um de vocês que estão assistindo a esta conferência.

Hoje, espero descrever dois elementos do evangelho de Jesus Cristo, seguidos de quatro relatos inspiradores de membros da Igreja ao redor do mundo, demonstrando a aplicação desses princípios. O primeiro elemento do evangelho restaurado — os trabalhos de salvação e de exaltação estabelecidos por Deus —, concentra-se em responsabilidades divinamente atribuídas. O segundo elemento é um lembrete de que o evangelho é claro, precioso e simples.

Responsabilidades divinamente atribuídas

Para recebermos a vida eterna, temos que “[nos achegar] a Cristo, [e ser] aperfeiçoados nele”.1 Quando nos achegamos a Cristo e ajudamos outras pessoas a fazer o mesmo, participamos do trabalho de salvação, que se concentra em responsabilidades divinamente atribuídas.2 Essas responsabilidades divinas alinham-se com as chaves do sacerdócio restauradas por Moisés, Elias, e Elias, o profeta, conforme registradas na seção 110 de Doutrina e Convênios,3 e com o segundo grande mandamento, que recebemos de Jesus Cristo, de amarmos ao próximo e a nós mesmos.4 Elas se encontram nas primeiras duas páginas do Manual Geral atualizado, que está disponível a todos os membros.

Se as palavras “Manual Geral” ou “responsabilidades divinamente atribuídas” soam assustadoras ou complexas, fiquem tranquilos. Essas responsabilidades são simples, inspiradoras, motivadoras e viáveis. São elas:

  1. Viver o evangelho de Jesus Cristo

  2. Cuidar dos necessitados

  3. Convidar todos a receber o evangelho

  4. Unir as famílias para a eternidade

Talvez vocês as vejam como eu vejo: um mapa para voltar ao nosso amoroso Pai Celestial.

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Elementos do trabalho de salvação e exaltação

O evangelho é claro, precioso e simples

Já disseram que o evangelho de Jesus Cristo é simplesmente lindo e lindamente simples.5 O mundo não. Ele é complicado, complexo, cheio de confusão e conflitos. Somos abençoados quando tomamos cuidado para não permitir que a complexidade, tão comum no mundo, atrapalhe a forma como recebemos e praticamos o evangelho.

O presidente Dallin H. Oaks observou: “No evangelho de Jesus Cristo, aprendemos sobre muitas coisas pequenas e simples. Precisamos ser lembrados de que, quando combinadas durante um período significativo, essas coisas aparentemente pequenas fazem com que grandes coisas sejam realizadas”.6 O próprio Jesus Cristo disse que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.7 Todos nós devemos nos esforçar para manter o evangelho simples — em nossa vida, em nossa família, nas classes e nos quóruns, nas alas e nas estacas.

Ao ouvir as histórias que vou contar a vocês, observem que elas foram cuidadosamente escolhidas, tanto para inspirar como para informar. As ações destes membros da Igreja servem de modelo para nós, pois aplicam o evangelho de modo claro, precioso e simples ao mesmo tempo em que cumprem uma das responsabilidades divinamente atribuídas que mencionei.

Viver o evangelho de Jesus Cristo

Primeiro, viver o evangelho de Jesus Cristo. Jens, da Dinamarca, ora diariamente para viver o evangelho e perceber os sussurros do Espírito Santo. Ele aprendeu a agir rapidamente quando sente que está sendo guiado pelo Espírito.

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Jens, da Dinamarca

Ele disse o seguinte:

“Moramos numa casa pequena, idílica, feita de madeira e alvenaria, com um telhado de sapé, no centro de um aconchegante vilarejo, perto de um lago.

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Vilarejo idílico
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Lago do vilarejo

Durante a noite mais bela que se possa imaginar do verão dinamarquês, as portas e janelas foram abertas e tudo exalava paz e quietude. Devido a nossas noites de verão claras e longas, não tive pressa em trocar uma lâmpada queimada em nossa área de serviço.

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lâmpada da área de serviço

De repente, senti que devia fazê-lo imediatamente! Ao mesmo tempo, ouvi minha esposa, Mariann, chamar as crianças e eu para lavarmos as mãos porque o jantar estava pronto!

Eu já estava casado tempo suficiente para saber que aquela não era hora de começar a fazer nada, exceto lavar as mãos, mas acabei dizendo à Mariann que daria uma corridinha até uma loja para comprar uma lâmpada. Tive uma forte inspiração de que deveria sair imediatamente.

A loja ficava perto, na margem oposta do lago. Normalmente íamos à pé, mas, dessa vez, fui de bicicleta. Enquanto passava pelo lago, com o canto do olho, percebi que um menino de aproximadamente dois anos estava andando sozinho perto da margem, bem perto da água; e de repente, ele caiu! Em um instante, ele estava lá, no outro, não estava!

Ninguém viu nada, somente eu. Joguei minha bicicleta no chão, corri e pulei no lago cuja água batia na minha cintura. A superfície imediatamente ficou coberta de lentilha d’água, o que tornava impossível ver o que estava dentro da água. Então, percebi um movimento de um lado. Afundei o braço na água, agarrei uma camiseta e levantei o garotinho. Ele começou a engasgar, tossir e chorar. Em pouco tempo, o menino estava com seus pais”.

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Jens e família

Quando Jens ora todas as manhãs para reconhecer os sussurros do Espírito Santo, mesmo em algo tão incomum como trocar imediatamente uma lâmpada, ele também ora a fim de ser um instrumento para abençoar os filhos de Deus. Jens vive o evangelho buscando orientação divina todos os dias, esforçando-se para ser digno e fazendo o melhor que pode para seguir a inspiração que recebe.

Cuidar dos necessitados

Aqui está um exemplo de cuidar dos necessitados. Um dia, o presidente da estaca Estaca Cucuta, na Colômbia, acompanhou a presidente das Moças da estaca numa visita a duas moças e ao irmão mais velho delas, também adolescente, que estavam passando por problemas terríveis. O pai havia falecido recentemente e a mãe deles havia falecido um ano antes. Os três irmãos agora estavam sozinhos em sua casa pequena e modesta. As paredes eram feitas de madeira bruta, forradas de sacos plásticos, e o telhado de uma chapa de metal corrugado que só cobria o lugar onde dormiam.

Após a visita, esses líderes viram que aqueles jovens precisavam de ajuda. O conselho da ala começou a preparar um plano de ajuda. Os líderes da ala e da estaca — Sociedade de Socorro, quórum de élderes, Rapazes, Moças e muitas famílias —, aceitaram a tarefa de abençoar aquela família.

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Casa em construção
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Casa em construção

As organizações da ala entraram em contato com vários membros da ala que trabalhavam com construção. Alguns ajudaram com o projeto, outros doaram tempo e trabalho, outros refeições e, outros ainda, os materiais necessários.

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Casa concluída

Quando a casinha ficou pronta, foi um dia muito alegre para aqueles que ajudaram e para os três jovens membros da ala. Essas crianças órfãs sentiram o apoio e os laços de amizade da família da ala, certos de que não estavam sozinhas e de que Deus sempre cuidaria delas. Os que ajudaram, sentiram o amor do Salvador por essa família e agiram como se fossem as mãos Dele para servi-las.

Convidar todos a receber o evangelho

Acho que vocês vão gostar deste exemplo de convidar todos a receber o evangelho. Um rapaz de 17 anos, Cleiton, de Cabo Verde, não tinha a menor ideia do que aconteceria naquele dia em que entrou na sala de aula do seminário de sua ala, mas sua vida e a de outras pessoas mudariam para sempre por causa de sua escolha.

Cleiton, bem como sua mãe e seu irmão mais velho, tinham sido batizados na Igreja algum tempo antes, mas a família tinha parado de frequentar as reuniões. Apenas o fato de frequentar o seminário levaria a uma grande mudança de curso na vida de sua família.

Os outros jovens da classe do seminário o acolheram calorosamente. Fizeram com que Cleiton se sentisse em casa e o incentivaram a participar de outra atividade. Ele aceitou o convite e logo estava frequentando as outras reuniões da Igreja. Um bispo sábio viu o potencial de Cleiton e o convidou para ser seu assistente. “Daquele dia em diante”, disse o bispo Cruz, “Cleiton se tornou um exemplo e uma boa influência para os outros jovens”.

A primeira pessoa que Cleiton convidou para voltar a frequentar a Igreja foi sua mãe, depois, seu irmão mais velho. Em seguida, convidou seus amigos. Um desses, era um rapaz de sua idade chamado Wilson. Logo no primeiro encontro com os missionários, Wilson expressou seu desejo de ser batizado. Os missionários ficaram impressionados e surpresos com a quantidade de informações que Cleiton já havia passado para Wilson.

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Rapazes em Cabo Verde
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Convidar outras pessoas para ir à igreja
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Grupo crescente de jovens ativos na Igreja

Os esforços de Cleiton não pararam por aí. Ele ajudou outros membros menos ativos a retornar à Igreja e compartilhou o evangelho com amigos de outras religiões. Hoje, a ala tem 35 jovens ativos, com um próspero programa do seminário, graças em grande parte ao esforço de Cleiton de amar, compartilhar e convidar. Cleiton e seu irmão, Cléber, estão se preparando para servir missão de tempo integral.

Unir as famílias para a eternidade

Por fim, permitam-me compartilhar um belo exemplo de unir as famílias para a eternidade. A primeira vez que Lydia, de Kharkiv, Ucrânia, ouviu falar sobre os templos foi com os missionários. Imediatamente, Lydia sentiu um forte desejo de ir ao templo e, depois de seu batismo, começou a se preparar para receber uma recomendação.

Lydia recebeu sua investidura no Templo de Freiberg Alemanha e depois passou vários dias realizando trabalho vicário. Após a dedicação do Templo de Kiev Ucrânia, Lydia começou a frequentar mais assiduamente o templo. Ela e o marido, Anatoly, foram selados para a eternidade nesse templo e depois foram chamados para servir como missionários na Casa do Senhor. Juntos, encontraram mais de 15 mil nomes de antepassados e realizaram as ordenanças por eles.

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Casal ucraniano no templo

Quando perguntaram a Lydia o que ela sentia a respeito do templo, ela disse: “O que eu recebi no templo? Fiz novos convênios com Deus. Meu testemunho vem sendo fortalecido. Aprendi a receber revelação pessoal. Posso realizar as ordenanças de salvação por meus antepassados falecidos e tenho a oportunidade de amar e servir a outras pessoas”. Ao terminar, declarou uma grande verdade: “O Senhor deseja nos ver no templo com frequência”.

Conclusão

Sinto-me inspirado pela bondade desses membros da Igreja, cada um com uma história diferente, vivendo circunstâncias diversas. Podemos aprender muito com os resultados milagrosos da mera aplicação dos princípios simples do evangelho. Tudo o que esses membros fizeram também está ao nosso alcance.

Que mantenhamos o evangelho simples ao assumir nossas responsabilidades divinamente atribuídas de viver o evangelho de Jesus Cristo, de maneira a ser sensíveis aos sussurros do Espírito, assim como Jens, na Dinamarca; de cuidar dos necessitados, como foi demonstrado pelos membros da Estaca Cucuta, na Colômbia, que fizeram uma casinha para membros órfãos; de convidar todos a receber o evangelho da maneira como Cleiton, da ilha africana de Cabo Verde, convidou seus amigos e sua família; e finalmente, de unir as famílias para a eternidade, assim como a irmã Lydia, da Ucrânia, com suas ordenanças próprias, seu trabalho de história da família e seu serviço no templo.

Fazer essas coisas realmente traz alegria e paz. Presto testemunho dessa promessa e de Jesus Cristo, que é nosso Salvador e Redentor, em nome de Jesus Cristo, amém.

Notas

  1. Morôni 10:32.

  2. Ver Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, item 1.2, ChurchofJesusChrist.org.

  3. Ver Doutrina e Convênios 110:11–16. Ver também Dallin H. Oaks, “O Sacerdócio de Melquisedeque e as chaves”, Liahona, maio de 2020, p. 70: “Após a dedicação do primeiro templo desta dispensação em Kirtland, Ohio, três profetas — Moisés, Elias e Elias, o profeta — restauraram ‘as chaves desta dispensação’, inclusive chaves pertencentes à coligação de Israel e ao trabalho dos templos do Senhor”. Ver também Quentin L. Cook, “Preparar-se para o encontro com Deus”, Liahona, maio de 2018, p. 114: “Profetas antigos restauraram as chaves do sacerdócio para as ordenanças de salvação eternas do evangelho de Jesus Cristo. Essas chaves fornecem o ‘poder do alto’ (Doutrina e Convênios 38:38) para as responsabilidades divinamente atribuídas que constituem o propósito principal da Igreja.

  4. Ver Mateus 22:36–40.

  5. Em Matthew Cowley Speaks: Discourses of Elder Matthew Cowley of the Quorum of the Twelve of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1954, p. xii.

  6. Dallin H. Oaks, “Coisas pequenas e simples”, Liahona, maio de 2018, p. 89.

  7. Ver Mateus 11:30.