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Sintonizar o Coração com a Voz do Espírito


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Sintonizar o Coração com a Voz do Espírito

Devocional do SEI para Jovens Adultos • 2 de marçode 2014 • Universidade Brigham Young–Idaho

É um privilégio estar com vocês neste devocional. Oro para que o Senhor os abençoe a fim de que ouçam algo que vai ajudá-los a aumentar sua capacidade de reconhecer a voz do Espírito. Talvez já tenham recebido uma mensagem e sentiram que ela era justamente para vocês por meio da linda música que ouvimos.

Há 41 anos, relutei em ir a um devocional para jovens adultos que ocorreu na Praça do Templo. A enorme tempestade de neve que tivemos na tarde do devocional foi um teste para minha fé. Mas por ter sido convidada a fazer minha parte, fui cumprir meu dever. Aprendi ao longo dos anos que é verdade algo dito certa vez pelo Presidente Eyring: “Ninguém doa uma casca de pão ao Senhor sem receber um pão inteiro como retribuição”.1 Meu marido maravilhoso é o “pão” que recebi pela minha “casquinha” de participação! Foi naquele devocional que o conheci. Ele estava cantando no coral e corajosamente veio e se apresentou a mim no final da reunião. Sou muito grata por sentir o dever de participar naquela noite e por nosso misericordioso Pai Celestial ter aceitado até mesmo o meu esforço relutante de estar onde eu devia estar.

Sou grata por alguns de nossos filhos e minha neta mais velha estarem aqui conosco esta noite. McKaela toca viola. Aos três anos ela começou a ter aulas de violino, e agora, aos 16 anos, ela é uma musicista bem talentosa. Digo isso porque sou avó dela, e as avós não mentem! Foi inspirador ver seu progresso passo a passo, ao aprender a usar o instrumento não apenas para abençoar a própria vida, mas também a vida de muitas outras pessoas. Ela aprendeu a arte de afinar o instrumento, a importância da prática diligente diária e a alegria de tocar e harmonizar seu instrumento com os de outras pessoas.

Enquanto servi missão com meu marido há alguns anos, aprendi a ler os símbolos e a pronunciar o alfabeto coreano. Aprendi alguns cumprimentos básicos, algumas expressões, alguns termos do evangelho, e eu conseguia distinguir o idioma coreano dos outros idiomas. Memorizei alguns dos meus hinos favoritos e algumas músicas da primária em coreano. Mas minha capacidade de falar ou entender a maior parte deste lindo idioma era bastante limitada.

Por que estou compartilhando esses exemplos aparentemente desconexos com vocês? Porque gostaria de abordar o aprendizado da língua do Espírito — como Ele fala a nós e como podemos aumentar a capacidade de ouvir Sua voz. Assim como aprender um instrumento ou idioma é um processo, aprender a língua do Espirito também é um processo, e por sinal é vital que cada um de nós aprenda esse processo, quer sejamos recém-batizados ou membros da Igreja há um bom tempo.

O Salvador ensinou no Livro de Mórmon que os lamanitas “foram batizados com fogo e com o Espírito Santo e não o souberam”.2 É meu desejo mais profundo que aumentemos nossa capacidade de ouvir e entender os sussurros do Espírito e agir de acordo com a inspiração que recebemos do Espírito Santo. Para isso precisamos primeiro aprender a reconhecer Sua voz.

Vamos usar um minuto para avaliar nossas experiências. Devido ao fato de nossa audiência aqui ser grande e também ser formada por jovens adultos do mundo todo, gostaria de convidá-los a fazer algo. Sem expressar coisas muito pessoais, será que vocês compartilhariam uns com os outros pelo Twitter algumas experiências relacionadas à seguinte pergunta? Quando tiverem um momentinho, tuítem a resposta com #cesdevo.

Aqui vai a pergunta para que respondam: Como podemos saber se ouvimos a voz do Espírito?

Podemos nos fazer mais algumas perguntas enquanto ponderamos sobre essa pergunta:

  • Já tive os sentimentos de amor, alegria, paz, paciência, mansidão, bondade, fé, esperança ou consolo?

  • Já tive ideias na mente ou sentimentos no coração, que sei serem do Senhor e não meus?

  • Já ouvi minha voz dizer verdades sem ter planejado o que diria?

  • Já senti minhas habilidades e meus talentos ampliados?

  • Já senti orientação e proteção contra o engano?

  • Já reconheci o pecado em minha vida e senti o desejo de corrigi-lo?

  • Já senti o Espírito glorificar e prestar testemunho de Deus, o Pai, e Jesus Cristo?3

Se respondeu “sim” para qualquer uma dessas perguntas, você já sentiu o Espírito do Senhor em algum momento de sua vida. Mas a pergunta mais importante é: “Podeis agora sentir isso?”4

O conselho do Profeta Mórmon sobre seguir a Luz de Cristo pode nos ajudar a saber como receber o Espírito Santo. Mórmon ensinou:

“Pois eis que o Espírito de Cristo é concedido a todos os homens, para que eles possam distinguir o bem do mal; portanto vos mostro o modo de julgar; pois tudo o que impele à prática do bem e persuade a crer em Cristo é enviado pelo poder e dom de Cristo; por conseguinte podeis saber, com um conhecimento perfeito, que é de Deus.

Mas tudo o que persuade o homem a praticar o mal e a não crer em Cristo e a negá-lo e a não servir a Deus, podeis saber, com conhecimento perfeito, que é do diabo; porque é desta forma que o diabo age, pois não persuade quem quer que seja a fazer o bem; não, ninguém; tampouco o fazem seus anjos; nem o fazem os que a ele se sujeitam”.5

O Presidente Gordon B. Hinckley disse: “Este é essencialmente o teste: Ele persuade a pessoa a fazer o bem, a elevar-se, a erguer-se bem alto, a fazer a coisa certa, a ser gentil, a ser generosa? Então é o Espírito de Deus”.6

Porque parece tão difícil discernir os sussurros do Espírito? Talvez uma das razões seja porque o Espírito comunica-se tanto com nossa mente como com nosso coração. Ao aprender a língua do Espírito, às vezes confundimos nossos próprios pensamentos e nossas próprias emoções com os sussurros do Espírito. Outra razão é que discernir o Espírito é um dom do Espírito. Assim como aprender um idioma é fácil para algumas pessoas e difícil para outras, o mesmo acontece com a capacidade de entender os sussurros do Espírito. Na maioria das vezes, aprender um instrumento ou idioma exige muito esforço, incluindo a prática e, às vezes, o erro. O mesmo acontece com o processo de aprender a língua do Espírito.

Seria útil saber que a revelação pessoal é um processo linha sobre linha, preceito sobre preceito que até mesmo os profetas, videntes e reveladores têm que aprender a entender? O exemplo a seguir é da vida do Élder Jeffrey R. Holland.

“Há momentos em que a única maneira de ir do ponto A para o ponto C é passando pelo ponto B.

Por ter crescido no sul de Utah e desfrutado de todas as belezas e maravilhas do sul de Utah e do norte do Arizona, quis mostrar isso tudo ao meu filho e também mostrar os lugares que vi e dos quais gostei quando tinha a idade dele. Assim, sua mãe embalou algo para comermos, nós pegamos a camionete de seu avô e seguimos para o sul indo para o que chamamos de velha Faixa do Arizona.

Quando vimos que o sol estava se pondo decidimos que seria melhor voltar. Mas voltamos por certa bifurcação na estrada, realmente a única que naquele momento era absolutamente irreconhecível. Pedi a meu filho que orasse para saber qual estrada tomar, e ele sentiu fortemente que devíamos ir para a direita. Senti o mesmo e ao irmos para a direita chegamos a um lugar sem saída. Andamos uns quatrocentos ou quinhentos metros e era um lugar absolutamente sem saída, claramente a estrada errada.

Fiz o retorno, voltamos e pegamos a outra estrada. E claramente a estrada à esquerda era a estrada certa.

Em alguma parte do caminho, Matt disse: ‘Pai, porque sentimos, após orar sobre isso, que a estrada à direita era a correta, a certa a tomar e não era?’ Eu disse: ‘Acho que o Senhor, Seu desejo para nós e Sua resposta a nossa oração era nos colocar na estrada certa o mais rápido possível com alguma tranquilidade, com o entendimento de que estávamos na estrada certa e não tínhamos que nos preocupar com isso. E nesse caso, o jeito mais fácil para fazer isso era nos levar uns 400 ou 500 metros pela estrada errada e muito rapidamente saber sem dúvida alguma de que era a estrada errada e assim, com a mesma certeza, com a mesma convicção, saber que a outra era a estrada certa’.

Tenho absoluta certeza, um conhecimento perfeito de que Deus nos ama. Ele é bom. Ele é nosso Pai e espera que oremos, confiemos, continuemos a acreditar, não desistamos, não entremos em pânico, não recuemos e nem abandonemos o navio quando algo parecer não estar certo. Ele quer que permaneçamos, continuemos a trabalhar, continuemos a acreditar, a confiar, a seguir o mesmo caminho e então vamos viver para cair em Seus braços, sentir Seu abraço e ouvi-Lo dizer: ‘Eu disse que tudo estaria bem, eu disse que tudo ficaria bem’”.7

Tive uma experiência semelhante à do Élder Holland ao me preparar para falar hoje à noite. Comecei a desenvolver uma ideia, pesquisei e escrevi meus pensamentos sobre um assunto para, mas me senti insegura a respeito. Tive um sentimento de que eu deveria falar sobre outra coisa. Foi quando me lembrei de uma experiência que tive há dois anos. Logo que fui chamada para servir como Presidente Geral da Sociedade de Socorro, fiquei algumas noites sem dormir. Durante uma dessas noites, muitos pensamentos vieram a minha mente e senti que eles eram muito importantes. Eu os registrei e arquivei, sem me lembrar deles até poucas semanas atrás, quando aqueles sentimentos desconfortáveis a respeito do assunto anterior começaram a me incomodar. O Pai Celestial deixou que eu fosse pela outra estrada por algum tempo, mas Ele me trouxe de volta para esta estrada por meio de um sentimento cálido em meu coração e um despertar em minha memória por meio do dom do Espírito Santo.

O que podemos fazer para ouvir melhor a voz do Espírito? Podemos começar reconhecendo que nosso Pai Celestial quer comunicar-Se conosco. Sabemos disso porque todos os profetas dos últimos dias ensinam a doutrina da revelação pessoal. Pensem nas muitas outras bênçãos com as quais o Senhor nos abençoa para que nos comuniquemos com Ele e recebamos Suas palavras: as escrituras, a bênção patriarcal, oração, as ordenanças, os líderes e pais inspirados e o dom do Espírito Santo.

Como começamos a trabalhar nessa meta de nos aproximarmos de Deus e ouvirmos Sua voz falando a nós? Começamos com o básico. Fazemos as coisas pequenas e simples que demonstram que Ele é muito importante em nossa vida e que queremos receber revelação Dele. Quando visitei a África Oeste, aprendi uma frase que amo e parece aplicável ao processo da revelação pessoal: “O progresso acontece devagarzinho e de pouquinho em pouquinho”. Quais são algumas coisas que podemos fazer “devagarzinho e de pouquinho em pouquinho”?

Número 1: Orar sincera e humildemente

Meus sentimentos maternos foram tocados ao longo dos anos ao ver meus próprios filhos e netos exercerem fé ao orar sincera e humildemente pedindo ajuda ao Senhor para seus problemas simples. Uma terna lembrança de nossa família ilustra isso.

Nosso filho é o filho mais velho em nossa família. Ele tem cinco irmãs e nenhum irmão. Um pouco antes do nascimento de nossa terceira filha, meu marido prometeu a nosso filho um cachorro se este bebê fosse outra menina. Quando nossa filha nasceu, meu bom marido cumpriu sua promessa. A cachorra se tornou a melhor amiga de nosso filho. Ele a amava. Mas um dia, ela se perdeu. Procuramos muito, mas não conseguimos encontrá-la. Chamamos o departamento de controle de animais. Eles não nos deram muita esperança, já que vivíamos próximo a uma rodovia. O funcionário achou que havia uma boa probabilidade de a cachorrinha ter tido tempo suficiente a fim de ir para a rodovia e ser atropelada por um carro.

Consolamos nosso filho da melhor maneira possível ao contar o que havíamos ouvido, mas ele ficou arrasado. Lembro-me de convidá-lo a orar ao Pai Celestial pedindo consolo. Nosso garotinho olhou-me nos olhos e disse: “Estou orando muito, mamãe”.

Alguns dias se passaram. Então em uma manhã bem cedo ouvimos alguém bater à nossa porta. Uma das crianças atendeu e correu para me chamar. Fiquei preocupada ao ver um carro parado em nossa rua com as palavras “Controle de Animais” escritas na lateral. O homem à porta olhou para mim e disse: “Sra. Burton, acho que tenho algo em meu carro que pertence a seu filho”.

Senti um aperto no peito. Lembro-me da preocupação que senti por talvez ele ter encontrado nossa cachorrinha morta ou muito ferida. Para minha grande alegria, lá estava ela na parte de trás do carro — viva, bem e pronta para saltar do carro para os braços de nosso garotinho.

Perguntei ao funcionário onde ele a havia encontrado. Ele disse: “A coisa mais incomum aconteceu esta manhã quando eu estava saindo para o trabalho, em frente à minha casa havia uma cachorra de acordo com sua descrição feita ao telefone. Ela respondeu quando a chamei pelo nome, então pensei em trazê-la para casa e acalmar o coração de seu garotinho antes que ele saísse para a escola”.

Sei que o Senhor responde as sinceras e ternas orações infantis. O Pai Celestial quer que as crianças saibam que Ele está em sua vida desde a infância para que continuem a confiar Nele ao chegar à maturidade. Por causa do fato de as crianças geralmente serem cheias de humildade, elas se qualificam para receber a promessa do Pai Celestial dada em Doutrina e Convênios: “Sê humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela mão e dará resposta a tuas orações”.8

Enquanto compartilho as seguintes perguntas que o Presidente Spencer W. Kimball fez a um grupo semelhante a este, pense na humildade e sinceridade de suas próprias orações: “Vocês querem orientação? Já oraram para pedir inspiração ao Senhor? Querem fazer o que é certo ou simplesmente o que têm vontade de fazer, seja isso certo ou não? Querem fazer o que é melhor para vocês em longo prazo ou o que lhes parece mais desejável no momento? Já oraram? Quanto oraram? Como oraram? Oraram como o Salvador… ou pediram que prevalecesse sua própria vontade, mesmo que não fosse adequada”?

O Presidente Kimball então continuou. “Vocês dizem em suas orações: ‘Seja feita a tua vontade’? Dizem: ‘Pai Celestial, se me inspirares e orientares quanto ao que é certo, assim agirei’? Dizem: ‘Pai Celestial, amo-Te, creio em Ti e sei que És onisciente. Sou honesto. Tenho o desejo sincero de fazer o que é certo. Sei que vês o fim desde o início. Enxergas o futuro. Podes discernir se nesta situação que te apresento terei paz ou desassossego, felicidade ou tristeza, sucesso ou fracasso. Orienta-me, amado Pai Celestial, e prometo fazer o que me mandares’. Vocês oram assim? Não acham que seria o modo mais sábio? Têm coragem suficiente para orar dessa forma?”9

Uma maneira de orar sinceramente é aprender a formular perguntas sinceras do coração e humildemente levá-las ao Senhor. Pense nas perguntas de Joseph Smith: “Que deve ser feito? Quem, dentre todos esses grupos está certo, ou estão todos igualmente errados? Se algum deles é correto, qual é, e como poderei sabê-lo?”10 Sabiamente, ele buscou as escrituras, que são fonte da verdade divina, que o fez “refletir seriamente” e o levou “a determinação de ‘pedir a Deus’”,11 acreditando que sua oração seria respondida.

Orar sinceramente significa que pretendemos agir de acordo com a resposta recebida. A respeito de sua fervorosa oração no Bosque Sagrado, Joseph relatou: “Meu objetivo ao dirigir-me ao Senhor era saber qual de todas as seitas estava certa, a fim de saber a qual me unir”.12 Está claro que Joseph pretendia agir de acordo com qualquer coisa que Senhor quisesse revelar a ele. No entanto, antes mesmo de fazer sua simples pergunta, ele recebeu muito mais do que esperava. Foi-lhe dado o privilégio extraordinário de ver o Pai Celestial e Seu Amado Filho, Jesus Cristo! Alegro-me com esta resposta gloriosa a um simples, mas sincero desejo de adquirir conhecimento do menino profeta, Joseph Smith!

Número 2. Agir prontamente ao receber inspiração.

Um incidente sério na vida de nosso amado profeta, o presidente Thomas S. Monson, demonstra a importância de atender prontamente a inspiração do Espírito.

[Narrador:] Enquanto amadurecia no cargo, o Bispo Monson aprendeu muitas lições, entre elas a importância de seguir o Espírito e confiar no Senhor

Certa noite, numa reunião de liderança do sacerdócio da estaca, ele teve a nítida impressão de que deveria sair imediatamente da reunião e ir até o Hospital dos Veteranos no centro de Salt Lake City. Antes de sair de casa, naquela noite, ele recebera um telefonema informando que um membro idoso de sua ala estava doente e tinha sido hospitalizado. A pessoa havia perguntado se o bispo poderia passar pelo hospital e dar-lhe uma bênção. O atarefado bispo explicou que estava indo para uma reunião, mas que sem dúvida passaria no hospital mais tarde. A inspiração ficou mais forte do que nunca: ‘Saia da reunião e vá agora mesmo para o hospital’.

O Bispo Monson olhou para o púlpito. O presidente da estaca estava falando! Ele não via como poderia levantar-se no meio do discurso e abrir caminho no meio de toda uma fileira de homens. Esperou angustiado pelo fim da mensagem do presidente, então saiu às pressas, sem esperar pelo anúncio da última oração. Correndo pelo saguão do quarto andar do hospital, o jovem bispo viu uma grande movimentação junto ao quarto daquele paciente.

Uma enfermeira parou e perguntou: ‘Você é o Bispo Monson?’

‘Sou’, disse ele.

‘Sinto muito’, disse ela. ‘O paciente estava chamando seu nome pouco antes de morrer.’

Lutando para conter as lágrimas, o Bispo Monson voltou para a rua escura. Prometeu naquele momento que nunca mais deixaria de atender imediatamente a um sussurro do Espírito, aonde quer que ele o levasse.”

[Élder Jeffrey R. Holland:] Não conseguimos entender o Presidente Thomas S. Monson sem entender a frequência e constância desse tipo de inspiração espiritual em sua vida, e sua absoluta lealdade em segui-la.”13

Número 3: Estudar as escrituras diariamente.

O Élder Robert D. Hales ensinou: “Quando queremos falar com Deus, oramos; e quando queremos que Ele fale conosco, estudamos as escrituras; pois Suas palavras são ditas por meio de Seus profetas”.14

Quando tinha 20 anos, eu tinha uma decisão difícil a tomar e não conseguia obter uma resposta às minhas orações. Uma noite, meu pai chegou tarde de uma reunião da Igreja e percebeu que a luz do meu quarto estava acesa. Ele sentou-se em minha cama e perguntou se poderia me ajudar, percebendo meu sofrimento. Eu abri meu coração e ele sugeriu que eu buscasse ajuda nas escrituras para orientar minha decisão, me deu algumas passagens sobre as quais deveria ponderar e orar. Segui seu conselho inspirado e busquei as escrituras, e depois de algum tempo e esforço sincero e contínuo, fui abençoada com uma resposta inequívoca à minha oração. Depois de ofertar todos os meus melhores pensamentos e a decisão tomada ao Senhor, pedi sinceramente uma confirmação dessa decisão e senti paz e serenidade profunda em meu coração.

Aprendemos nas escrituras que os filhos dignos de Helamã, Leí e Néfi, receberam “diariamente muitas revelações”.15 Ao nos banquetearmos com as palavras de Cristo nas escrituras e ponderarmos sobre o que lemos, podemos também receber revelações diárias por meio do dom do Espírito Santo, especialmente se registrarmos cuidadosamente os sentimentos que recebemos.

Número 4. Viver a lei do jejum.

Para aumentar nossa capacidade de ouvir a voz do Espírito, nós todos faríamos bem jejuar por 24 horas cada domingo de jejum e dar, de bom grado, uma oferta de jejum para ajudar os necessitados. O Presidente Harold B. Lee aconselhou: “O Senhor disse a Isaías que aqueles que jejuarem e repartirem o pão com os famintos poderão invocar o Senhor e ser atendidos, clamar e ouvir o Senhor responder: ‘Eis-me aqui’ [Ver Isaías 58:6–9.] Essa é uma maneira de estabelecer comunicação com o Senhor. Tentem fazê-lo este ano. Vivam perfeitamente a lei do jejum”.16

No livro de Alma, aprendemos que os filhos de Mosias “haviam-se devotado a muita oração e jejum; por isso tinham o espírito de profecia e o espírito de revelação; e quando ensinavam, faziam-no com poder e autoridade de Deus”.17 A frase “haviam-se devotado” é um pensamento para refletirmos como avaliamos nossos esforços em um verdadeiro jejum.

Número 5. Ser digno e servir no templo.

De acordo com o Presidente George Albert Smith: “Cada um de nós tem direito à inspiração do Senhor, proporcionalmente ao modo pelo qual levamos uma vida justa”.18 Percebam que ele não disse que temos que ser perfeitos para receber inspiração. Mas precisamos fazer todo o esforço para viver dignamente.

Lembrem-se do exemplo negativo do povo do Rei Lími no Livro de Mórmon e aprendam com ele: “O Senhor mostrava-se vagaroso em ouvir-lhes as lamentações, por causa de suas iniquidades”.19

A dignidade parece ser um preço pequeno a ser pago para abrir as janelas do céu. Se guardarmos os convênios e partilharmos dignamente do sacramento, temos a promessa de que teremos o Espírito sempre conosco.20 Mas isso ocorre depois de prometermos e guardarmos o convênio de que nós vamos sempre nos lembrar do Salvador! Além disso, concentrar-nos em viver dignamente para entrar no templo e fazê-lo tão frequentemente quanto possível, possibilita-nos “crescer no [Senhor], e receber a plenitude do Espírito Santo”.21

Número 6: “Não tratar com leviandade as coisas sagradas”.22

Reconheçam que a revelação do Senhor é uma confiança sagrada. O Élder Richard G. Scott ensinou que o “registro detalhado da inspiração mostra a Deus que Suas comunicações são sagradas para nós. (…) Tais registros (…) devem ser protegidos contra perdas ou a intromissão de outras pessoas”.23

Uma segunda testemunha deste ensinamento é o Presidente Harold B. Lee, que disse: “Às vezes, acordo no meio da noite e não consigo mais dormir até levantar e colocar no papel o que está me incomodando. Mas é preciso muita coragem para agir conforme a resposta às orações”.24

Número 7. Estar preparado para seguir avante com fé.

Quando meu marido e eu estávamos noivos, tivemos longas conversas sobre o nosso futuro juntos. O que deveríamos fazer quanto aos estudos? Quando deveríamos ter filhos? Que profissão proveria as necessidades de nossa família e nos permitiria servir na Igreja? Por acreditarmos no conselho dado pelo profeta vivo que ensinou que poderíamos ter filhos enquanto estudávamos e trabalhávamos tudo ao mesmo tempo, prosseguimos com fé.

Não foi fácil. Meu marido acabou trabalhando em três empregos de meio período enquanto estudava para permitir que eu começasse minha carreira de mãe e educadora. Essa atitude ia em direção oposta à lógica do mundo, mesmo naquela época. Olhando para trás, agora vemos como dar aqueles passos de fé resultou em bênçãos eternas, bênçãos que poderíamos perder se não tivéssemos dado ouvidos à voz do Espírito por meio do profeta escolhido do Senhor.

Para exemplificar melhor, reflitam sobre a experiência do Élder Robert D. Hales. Ele foi designado companheiro júnior do Presidente Ezra Taft Benson em uma conferência de estaca na qual um novo presidente de estaca seria chamado. Ele conta o seguinte: “Depois de orarmos, fazermos entrevistas, estudarmos e orarmos novamente, o Élder Benson perguntou se eu sabia quem seria o novo presidente. Respondi que ainda não recebera a inspiração. Ele olhou para mim por algum tempo e disse que também não. Contudo, fomos inspirados a pedir que três portadores dignos do sacerdócio discursassem na sessão de sábado à noite da conferência. Momentos depois de o terceiro orador começar, o Espírito indicou-me que ele deveria ser o novo presidente da estaca. Olhei para o Presidente Benson e vi lágrimas nos seus olhos. Ambos tínhamos recebido a revelação — mas somente por termos continuado a buscar a vontade do Pai Celestial ao prosseguirmos com fé”.25

Número 8. Deixar que o Senhor decida os detalhes de quando e o que revelar.

A observação do autor Corrie Ten Boom parece aplicável aqui: “Cada experiência que Deus nos dá, cada pessoa que Ele coloca em nossa vida, é a preparação perfeita para um futuro que somente Ele pode ver”.26

Alguns de vocês podem ter vivido experiências semelhantes às de nossos seis filhos ao procurar um companheiro eterno digno. Olhando para trás, agora eles percebem que cada um deles precisava passar por certas experiências para conseguir reconhecer a mão do Senhor guiando-os até seus companheiros eternos. Algumas dessas experiências exigiram anos de espera paciente e que eles prosseguissem com fé. Por vezes os céus ainda pareciam fechados para eles enquanto oravam. Quando o tempo do Senhor entra em conflito com nossos próprios desejos, confie que deve haver algumas experiências preparatórias que o Senhor considera necessárias que tenhamos antes que nossas orações sejam respondidas.

O Élder Dallin H. Oaks ensinou:

“Devemos reconhecer que o Senhor falará conosco por meio do Espírito em Seu próprio tempo e a Seu próprio modo. Muitas pessoas não entendem esse princípio. Acreditam que, quando estiverem prontas e quando lhes for conveniente, podem invocar o Senhor e Ele vai responder imediatamente, da maneira exata como elas determinaram. A revelação não acontece dessa maneira. (…)

Não podemos forçar as coisas espirituais”.27

Há aproximadamente 15 anos minha mãe ficou cega. Ela lutou por meses com essa provação. Ela encontrou consolo ao orar fervorosamente pedindo entendimento, em um poema simples que se tornou seu favorito. Ele foi citado recentemente pelo presidente Monson.

Não sei por quais métodos raros

Mas isto eu sei: Deus responde as orações.

Sei que Ele deu Sua Palavra

Que me diz que a oração é sempre ouvida

E será respondida, cedo ou tarde,

Então oro e espero serenamente.

Não sei se a bênção pedida

Virá da maneira que imaginei,

Mas deixo minhas orações aos cuidados Dele

Que é mais sábio do que eu

Com a certeza de que Ele atenderá meu pedido

Ou me enviará uma reposta bem mais abençoada.”28

Como a maioria de nós, minha mãe ainda procura colocar sua confiança na vontade e no tempo de Deus. Ao fazê-lo, devemos nos lembrar deste ensinamento do Élder Richard G. Scott: “O que você faz, depois de se preparar cuidadosamente, orar com fervor, esperar durante um período de tempo razoável por uma resposta e, ainda assim, não a receber? Talvez deva expressar gratidão quando isso ocorre, porque é uma prova da confiança do [Pai Celestial] em você. Quando você vive dignamente, quando suas escolhas são consistentes com os ensinamentos do Salvador, e você precisa agir, faça-o com confiança. Conforme for a sua sensibilidade para receber a inspiração do Espírito, uma das duas coisas certamente ocorrerá, no momento certo: virá o estupor de pensamento, indicando uma escolha inadequada, ou virá paz, ou um ardor no coração, confirmando que a escolha foi correta. Se você estiver vivendo dignamente e agindo com confiança, Deus não deixará que você vá muito longe, sem uma impressão de advertência, se tiver tomado a decisão errada”.29

Esta voz de advertência do Espírito com frequência vem por meio da voz dos servos escolhidos do Senhor, o que nos leva a nosso próximo ponto:

Número 9. Ouvir as advertências dos profetas.

Reflitam cuidadosamente sobre algumas das advertências dos profetas em nossos dias. Primeiro, do presidente Boyd K. Packer:

“Um aviso! Algumas músicas são espiritualmente destrutivas (…). O ritmo, o som e o estilo de vida daqueles que as executam afastam o Espírito. São muito mais perigosas do que vocês imaginam, pois podem enfraquecer seus sentidos espirituais (…)”.

Outra advertência:

“Pode haver revelações falsas, sussurros do diabo, tentações! (…)

Se forem compelidos a fazer algo que vos faça sentir apreensivos, algo que sabeis em vossa mente ser errado e contrário aos princípios da retidão, não atendam!”

Outra ainda: “Se alguém se torna crítico e cultiva sentimentos negativos, o Espírito se afasta”.30

E o nosso querido Profeta Presidente Thomas S. Monson, levantou a voz de advertência quando disse: “Estejam alertas contra tudo que lhes roube as bênçãos da eternidade”.31

Porque devemos sintonizar o coração com a voz do Espírito? Que bênçãos obterão por fazê-lo?

Eu acabei de voltar das Filipinas onde vi as consequências do grande tufão Haiyan. Ouvi as experiências de nossos amados irmãos e irmãs nas Filipinas quando testificaram terem sidos guiados pelo Espírito naquele exato momento de necessidade para que soubessem o que fazer, aonde ir. Ouvi esses irmãos falarem a respeito de prosseguir com fé em momentos em que o caminho não é claro. Ouvi histórias de missionários, jovens élderes e sísteres, que seguiram a inspiração que os levou à segurança física em meio a um mundo que desmoronava ao seu redor. Sou muito grata sou pelo “dom inexprimível do Espirito Santo”32 que adverte, direciona, consola e guia aqueles que buscam viver em retidão.

De todos os dons que nosso Pai Celestial podia escolher para conceder a seus filhos e suas filhas ao saírem das águas do batismo, Ele escolheu dar-nos o dom do Espírito Santo.

“O Espírito Santo trabalha em perfeita unidade com o Pai Celestial e Jesus Cristo. (…)

Ele dá ‘testemunho do Pai e do Filho’ (2 Néfi 31:18) e revela e ensina ‘a verdade de todas as coisas’(Morôni 10:5). Podemos receber um testemunho seguro do Pai Celestial e de Jesus Cristo somente pelo poder do Espírito Santo. Sua comunicação com nosso espírito transmite muito mais certeza do que qualquer comunicação que possamos receber por meio de nossos sentidos naturais”.33

Irmãos e irmãs, como vocês estão cientes, o grande e espaçoso edifício cheio de gente que zomba, ridiculariza e aponta o dedo em atitude de escarnio está ao nosso redor. A voz do mundo é forte, implacável, persuasiva e persistente. A menos que aprendamos a sintonizar o coração com a voz do Espírito e refinar a capacidade de buscar e receber revelação pessoal, e agir de acordo ela, estaremos em terreno movediço. Precisamos da voz do Espírito a fim de nos guiar para longe de tudo que é impuro, vulgar, violento, egoísta e pecaminoso. Precisamos do Espírito Santo não apenas para nos guiar a tudo que é “virtuoso, amável, de boa fama e louvável”,34 mas para nos ajudar a cultivar um desejo por essas coisas a fim de que consigamos resistir às atrações do mundo.

Uma das melhores bênçãos que podemos receber ao aprender a ouvir a voz do Espírito é a capacidade de ver a nós mesmos como o Pai Celestial nos vê e, “devagarzinho e de pouquinho em pouquinho”, nos tornarmos o melhor que pudermos.

Pensem nesta bela citação de um apóstolo dos últimos dias: “O dom do Espírito Santo (…) vivifica todas as faculdade intelectuais, aumenta, amplia, expande e purifica todas as paixões e afetos naturais e os adapta, pelo dom da sabedoria, a seu uso lícito. Ele inspira, desenvolve, cultiva e amadurece todos os afetos de nossa natureza. Ele inspira a virtude, a bondade, a gentileza, a ternura, a docilidade e a caridade. Ele desenvolve a beleza da pessoa, tanto na forma quanto nas características. Ele tende à saúde, ao vigor, entusiasmo e sentimentos sociais. Ele revigora todas as faculdades físicas e intelectuais do homem. Ele fortalece e tonifica os nervos. Em resumo Ele é medula para os ossos, alegria para o coração, luz para os olhos, música para os ouvidos e vida para todo o seu ser”.35

O Espírito Santo produz em nós física, espiritual, emocional, mental e intelectualmente o um efeito que nenhum medicamento manipulado pelo homem consegue imitar.

Vocês não concordam que viver dignos de tais bênçãos vale o que for preciso, mesmo que isso exija um grande sacrifício? É o “pão” que recebemos por nossa comparativa “casquinha” de esforço. Convido todos nós a começar hoje à noite a sintonizar o coração com a voz do Espírito Santo.

Não é coincidência que o Senhor tenha escolhido o Presidente Thomas S. Monson como Seu profeta vivo para nos guiar nesses últimos dias. O Presidente Monson é um dos que aprenderam muito bem a ouvir e responder aos sussurros do Espírito. Faríamos bem em seguir seu exemplo.

Testifico que ele é o porta-voz do Senhor em nossos dias. Testifico também que nosso Pai Celestial quer que retornemos a Sua presença e proveu um meio para fazermos isso nos dando Seu Filho Unigênito e o dom do Espírito Santo. Testifico que vale a pena qualquer esforço de nossa parte para obter e reter esse inexprimível dom, em nome de Jesus Cristo. Amém.

© 2014 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Aprovação do inglês: 1/14. Aprovação da tradução: 1/14. Tradução de Tuning Our Hearts to the Voice of the Spirit.Portuguese. PD10050686 059

Notas

  1. Melvin J. Ballard citado no discurso do Presidente Henry B. Eyring, “Oportunidades de Fazer o Bem”, A Liahona, maio de 2011, p. 22.

  2. 3 Néfi 9:20.

  3. Ver Pregar Meu Evangelho, Guia para o Serviço Missionário, 2004, p. 91.

  4. Alma 5:26.

  5. Morôni 7:16–17.

  6. Ensinamentos do Presidente Gordon B. Hinckley, 1997, p. 260.

  7. Jeffrey R. Holland, “Wrong Roads”, vídeo de Mormon Messages; LDS.org/media-library/video.

  8. Doutrina e Convênios 112:10; grifo do autor.

  9. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, pp. 272–273.

  10. Joseph Smith—História 1:10.

  11. Joseph Smith—História 1:8, 13.

  12. Joseph Smith—História 1:18.

  13. On the Lord’s Errand: The Life of Thomas S. Monson; LDS.org/media-library/video.

  14. Robert D. Hales, “As Santas Escrituras: O Poder de Deus para Nossa Salvação”, A Liahona, novembro de 2006, p. 24.

  15. Helamã 11:23.

  16. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, 2000, pp. 54–55.

  17. Alma 17:3; grifo do autor.

  18. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: George Albert Smith, 2010, p. 117.

  19. Mosias 21:15.

  20. Ver Morôni 4:3.

  21. Doutrina e Convênios 109:15; grifo do autor.

  22. Doutrina e Convênios 6:12.

  23. Richard G. Scott, “Como Obter Revelação e Inspiração para a Vida Pessoal”, A Liahona, maio de 2012, p. 45.

  24. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, 2000, pp. 54–55.

  25. Robert D. Hales, “Revelação Pessoal: Os Ensinamentos e Exemplos dos Profetas”, A Liahona, novembro de 2007, p. 86.

  26. Corrie ten Boom, The Hiding Place, 2006, p. 12. Citado pelo Presidente Thomas S. Monson, “Nunca Andamos Sozinhos”, A Liahona, novembro de 2013, p. 121.

  27. Dallin H. Oaks, “Em Seu Próprio Tempo, A Seu Próprio Modo”, A Liahona, agosto de 2013, p. 24.

  28. Eliza M. Hickok, “Oração”, citado por James Gilchrist Lawson, comp., The Best Loved Religious Poems, 1933, p. 160.

  29. Richard G. Scott, “O Dom Celestial da Oração”, A Liahona, maio de 2007, p. 8.

  30. Boyd K. Packer, “Revelação Pessoal: o Dom, o Teste e a Promessa”, A Liahona, janeiro de 1995, p. 64.

  31. Thomas S. Monson, “Tenham Bom Ânimo”, Conferência Geral de maio de 2009, p. 89.

  32. Doutrina e convênios 121:26.

  33. Tópicos do Evangelho em LDS.org, “Espírito Santo”.

  34. Regras de Fé 1:13.

  35. Parley P. Pratt, Key to the Science of Theology, 9ª ed., 1965, p. 101.