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O Dia do Senhor


O Dia do Senhor

Programa dos Seminários e Institutos de Religião com Transmissão via Satélite• 4 de Agostode 2015

É um prazer estar com vocês hoje e ter sido tão bem ensinado até agora. É realmente uma alegria estar aqui. Espero que todos saibam do amor que sinto por vocês e da minha profunda gratidão e respeito por cada um de vocês e por tudo o que fazem. E estou muito feliz por estar aqui com minha esposa, Kristi. Hoje é nosso aniversário de casamento de 25 anos. Achamos que seria ótimo comemorar esta data com 98.000 de nossos amigos mais próximos. É realmente notável o que vocês e seus cônjuges fazem nessa organização. Obrigado por todas as suas contribuições e por estarem aqui. É maravilhoso fazer parte desta obra com todos vocês.

Em conjunto com a conferência geral mais recente da Igreja, as autoridades gerais receberam um treinamento sobre o tema santificar o Dia do Senhor e torná-lo deleitoso. Os quóruns presidentes da Igreja estão unidos em esforço mundial significativo para ensinar a importância da observância do Dia do Senhor na Igreja e no lar. Isso tem sido ensinado em conselhos de área, de coordenação e de estaca. Os presidentes de estaca têm treinado os bispos e, em conjunto, eles continuarão a ensinar os membros nas alas e nas estacas.

Treinamento Dado aos Líderes da Igreja

Alguns vídeos desse treinamento das autoridades gerais foram disponibilizados e serão colocados em nosso site.1 Espero que vocês os vejam, revejam e utilizem esse importante recurso. Hoje, gostaria que vocês assistissem a trechos de duas apresentações desse treinamento. Primeiro, vocês ouvirão o Presidente Russell M. Nelson. Ele será seguido pelo Élder M. Russell Ballard.

Presidente Russell M. Nelson: “Queridos irmãos e irmãs, expresso meu profundo amor e admiração por cada um de vocês. (…) A Primeira Presidência enfatizou pela manhã, todos temos uma grande preocupação com aqueles que estão perdidos, desconhecidos ou menos ativos. Ao nos concentrarmos nesse assunto, gostaríamos de enfocar a prevenção de problemas dessa natureza. Portanto, enfatizaremos nas sessões de hoje e de amanhã muito sobre edificar a fé em Deus, a fé no Senhor Jesus Cristo e em Sua Expiação. (…) Sendo um de Seus Apóstolos ordenados, sou verdadeiramente grato pela designação que me foi dada para falar sobre esse assunto. O mandamento do Senhor de santificar Seu dia e mantê-lo sagrado é um encargo que levamos muito a sério e literalmente. Se realmente alcançarmos isso — se realmente conseguirmos fazer isso — ajudaremos nossos membros a edificar a fé no Senhor e a aprofundar sua conversão a Ele e à Sua Igreja. (…) Ao aprendermos melhor a santificar o dia do Senhor, nossa fé aumentará por todo o mundo.”

Élder M. Russell Ballard: “Bem, irmãos e irmãs, certamente damos as boas-vindas a vocês neste importante treinamento da conferência geral. A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos passaram muitas horas durante nos últimos meses examinando a pesquisa que está disponível a respeito da doutrina da Igreja e os princípios que aumentam a fé em Nosso Pai Celestial, em Nosso Senhor Jesus Cristo e em Sua Expiação. Como vocês sabem, continuamos a nos preocupar com a conversão duradoura, a observância dos convênios, a permanência das famílias na Igreja por várias gerações e membros da Igreja fortalecidos espiritualmente. De todas as mudanças organizacionais e normativas ou treinamento doutrinário que pudessem acelerar o trabalho de salvação nesse momento, decidimos que elevar espírito e o poder do Dia do Senhor é o que exerceria a maior influência para que os membros e as famílias se achegassem ao Senhor Jesus Cristo.”

O Presidente Nelson mencionou uma preocupação com a inatividade e a necessidade de fortalecer a fé no Senhor Jesus Cristo e em Sua Expiação. Ele prometeu que “ao aprendermos melhor a santificar o Dia do Senhor, nossa fé aumentará por todo o mundo”.

Tenho certeza de que vocês perceberam que o Élder Ballard disse: “De todas as mudanças organizacionais e normativas ou treinamentos doutrinários que pudessem acelerar o trabalho de salvação nesse momento, decidimos que elevar espírito e o poder do Dia do Senhor é o que exerceria a maior influência para que os membros e as famílias se achegassem ao Senhor Jesus Cristo”.2

O Papel dos Seminários e Institutos de Religião

Nesse esforço mundial, os Seminários e Institutos de Religião foram instruídos especificamente pela Junta de Educação da Igreja a ajudar renovando nossa ênfase em ensinar o princípio da observância do Dia do Senhor e a doutrina associada ao sacramento e conseguindo a ajuda dos jovens e jovens adultos da Igreja em se esforçar para entender e viver melhor esses princípios. Devemos fazer isso ao enfatizar esses princípios à medida que aparecerem naturalmente em nosso ensino sequencial das escrituras e no planejamento de nossos cursos. Temos uma oportunidade maravilhosa de unir nossos esforços aos daqueles comissionados a nos liderar como profetas, videntes e reveladores. Ao fazer isso, cumpriremos melhor nosso objetivo de ajudar os jovens e jovens adultos a compreender e confiar nos ensinamentos e na Expiação de Jesus Cristo.

Para ilustrar como poderemos ensinar princípios referentes ao Dia do Senhor e ao sacramento de maneira que a fé em Jesus Cristo aumente, selecionei exemplos especialmente do Velho Testamento, pois muitos de vocês ensinarão o Velho Testamento nos próximos meses.

O Dia do Senhor

1. O Dia do Senhor é um sinal do Senhor para nós

Um princípio significativo sobre o Dia do Senhor vem de Êxodo 31:

“Guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor que vos santifica. (…)

Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações (…) por aliança perpétua”.3

A ideia de que o Dia do Senhor é um sinal do convênio de Deus conosco é significativa porque cada um de nós enfrenta um problema, o qual é que: “nada impuro pode habitar na presença de Deus”,4 e sabemos que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.5 A solução, conforme declarada em Doutrina e Convênios 60:7, é: “Posso tornar-vos santos”. E isso é feito, obviamente, por meio de Jesus Cristo, a figura central no plano de redenção do Pai. E como o Apóstolo Paulo ensinou, “[fomos] comprados por um bom preço”.6

Esse preço foi a vida, o sofrimento e a morte do Filho perfeito de Deus. E qual é a prova da compra? Qual é o indicativo de que o pagamento foi feito? O Dia do Senhor é um sinal perpétuo do cumprimento do convênio de Deus com Seus filhos, o sinal de que Ele é capaz de tornar-nos santos.

2. O Dia do Senhor é um sinal nosso para o Senhor

O Dia do Senhor não só é a prova de compra, o sinal de que o Senhor nos santificará. É também um sinal nosso para Ele de como nos sentimos em relação ao que fez por nós — como nos sentimos em relação ao Seu Sacrifício e como nos sentimos em relação aos nossos convênios.

O Presidente Nelson, na conferência geral mais recente da Igreja, ensinou: “Quando eu era bem mais jovem, estudei o trabalho de outros que tinham compilado listas de coisas para fazer e coisas para não fazer no Dia do Senhor. Foi só mais tarde que aprendi nas escrituras que minha conduta e minha atitude no Dia do Senhor constituíam um sinal entre mim e meu Pai Celestial. Com esse entendimento, não precisei mais de listas do que fazer ou evitar. Quando tinha que tomar a decisão sobre uma atividade ser ou não adequada para o Dia do Senhor, simplesmente me perguntava: ‘Que sinal quero dar a Deus?’ Essa pergunta fez com que minhas escolhas para o Dia do Senhor ficassem bem claras”.7

Cada escolha com relação ao Dia do Senhor é pessoal; é uma oferta individual, um sinal de nossa gratidão por Ele estar disposto a tornar-nos santos. Sem a intenção de sugerir uma lista de coisas a fazer e a evitar, gostaria de dizer que tenho presenciado jovens e jovens adultos de todo o mundo que escolhem santificar o Dia do Senhor. Muitos escolheram não trabalhar no domingo; outros traçaram uma meta de não estudar no domingo. Uma moça da Tailândia arriscou-se a perder amigos porque escolheu não frequentar atividades sociais no Dia do Senhor (um conceito que seus amigos jamais haviam ouvido antes). Sei de um jovem que está treinando para ser jogador de futebol na Califórnia, o qual, contra grande pressão de colegas e de técnicos e colocando em risco possibilidades de receber bolsas de estudos de alto valor, decidiu não participar de eventos esportivos no Dia do Senhor.

Tenho certeza de que o Senhor honrará esses jovens maravilhosos pois eles O honraram ao escolher santificar Seu dia. Podemos ensinar nossos alunos que nossas atitudes e ações no Dia do Senhor são um sinal para o Senhor de como nos sentimos em relação aos nossos convênios e que “santificar o Dia do Senhor é um símbolo do cumprimento de todo o convênio”.8

3. O Dia do Senhor é deleitoso

Outro princípio do Velho Testamento:

“Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia; e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,

Então te deleitarás no Senhor”.9

Êxodo 16 é uma bela ilustração desse princípio. Quando os filhos de Israel reclamaram de fome e queriam voltar para as “panelas de carne” do Egito, o Senhor disse:

“Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.

E acontecerá, no sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia”.10

Há, pelo menos, dois outros princípios nesses versículos. Um é o de que o Senhor está testando nossa obediência no Dia do Senhor. O outro é o de que o Senhor preserva e prepara um caminho para que sejamos capazes de guardar Seus mandamentos. Pensem em como isso cumpre a promessa de que o Dia do Senhor é deleitoso. Se vocês trabalhassem todos os dias recolhendo maná a fim de manterem-se vivos e, em um dia, o Senhor dissesse: “Você não precisa trabalhar hoje e mesmo assim Eu os alimentarei como se você tivesse trabalhado”, isso não seria um deleite?

Ouvi uma versão moderna dessa história contada por Síster e Élder Beecher, um casal missionário que serviu na África. Eles escreveram:

“Moramos em uma parte muito pobre do Quênia, na fronteira com a Uganda. Um dos presidentes de ramo (…) é um fazendeiro que mora em um terreno juntamente com outros parentes. Ele é um jovem pai com uma família pequena. 

(…) Há membros de seu ramo que dizem a ele (…) que não podem ir à Igreja no domingo porque (…) sentem-se inseguros de deixar seu lar por medo de que os vizinhos roubem seus grãos. (…) [Essa] é uma preocupação GENUÍNA. (…) Na verdade, as pessoas (…) esperam para plantar quando seus vizinhos também plantam para que diminua a chance de que suas primeiras colheitas sejam levadas por outros (…) 

[Eles também dizem] que não podem ir à Igreja no domingo porque precisam trabalhar, (…) uma vez que são muito pobres”.

[O presidente do ramo] continuou: “Eu digo a eles: ‘Saio de cada todos os domingos e passo muitas horas do dia na Igreja. Não trabalho no Dia do Senhor. Quando volto para casa, com frequência percebo que meus vizinhos roubaram meu [milho], minhas galinhas, meus ovos e minhas frutas, porque estão com fome e não têm o que comer. Mesmo assim, quando chega a hora da colheita, sou abençoado porque minhas terras produzem mais do que as deles, apesar de eles terem trabalhado todos os domingos. Minha terra produz mais e sou abençoado porque guardo o Dia do Senhor’”.

“Ouvindo o comentário [desse presidente de ramo], [outro presidente de ramo] disse: ‘Posso atestar a mesma coisa. Tenho menos de um hectare de [milho]. Meu vizinho tem quatro hectares. Ele trabalha todos os domingos. Eu não. Quando chega a hora da colheita, tenho bastante. Meu vizinho me procura buscando por comida porque não tem o suficiente. Eu, também, sou abençoado por viver a lei do Dia do Senhor’.”11

Os caminhos do Senhor são mais altos do que nossos caminhos — e da mesma forma, também é a aritmética Dele. É diferente da nossa. É verdade no que se refere ao dízimo, não é? Com o dízimo, dez menos um não é igual a nove. O Senhor nos abençoa com o que precisamos e mais. Isso também é verdade no caso do Dia do Senhor. Uma semana tem sete dias, mas trabalhar seis dos sete dias, na verdade, nos proporciona mais, e não menos das coisas de que realmente precisamos. Quase podemos ouvir o Senhor dizer: “Fazei prova de mim nisso (…) se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal que não haja lugar suficiente para a recolherdes”.12

O Dia do Senhor não é apenas um dia de descanso dos labores físicos, mas também um dia de refrigério espiritual. É um dia de descanso dos cuidados do mundo.

O Presidente Joseph F. Smith ensinou que o descanso do Senhor “significa entrar no conhecimento e amor de Deus, tendo fé em Seu propósito e Seu plano, (…) não sendo levados por todo vento de doutrina ou pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.13 (Pensem no poder dessa promessa em relação a nossa prioridade de ajudar os alunos a buscar a verdade e a discernir a verdade do erro).

Preciso mencionar outra bênção de extrema importância dessas referências de escrituras. Em Êxodo 31 usa-se a frase “nas vossas gerações”,14 e em Isaías 58 faz-se a promessa de que o Senhor “te [sustentará] com a herança de Jacó”.15 Ao estudar esses versículos e o treinamento de nossos líderes da Igreja, você reconhecerá que uma das maiores bênçãos de se guardar o Dia do Senhor será para seus filhos e netos. Cada domingo é uma oportunidade de ensinar a seus filhos o que priorizar na vida e que você está disposto a sacrificar suas aspirações pessoais para guardar os mandamentos do Senhor.

Isso será uma grande benção para eles. Ajudará a criar famílias de discípulos fiéis de Jesus Cristo por muitas gerações. Quando temos conhecimento dessas e de outras bênçãos associadas ao Dia do Senhor, como isso poderia não tornar-se um deleite?

4. O Dia do Senhor nos conserva limpos das manchas do mundo

Outro princípio referente ao Dia do Senhor encontra-se em Doutrina e Convênios, Seção 59: “E para que mais plenamente te conserves limpo das manchas do mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia santificado”.16

Há muitas oportunidades no Velho Testamento de se ensinar esse princípio. Por exemplo, ao ensinar sobre o convênio Abraâmico, você terá a oportunidade de ensinar nossos jovens a estar no mundo sem ser do mundo. Outra oportunidade aparecerá ao ensinar I  Samuel 8.

O Presidente Spencer W. Kimball usou esse capítulo para ensinar uma profunda lição. Ele disse:

“O Senhor e seu profeta Samuel ficaram desapontados e tristes. (…) Mas o povo clamou por um rei para ‘[ser] como todas as nações’. (…)

Não somos diferentes hoje! Queremos o glamour e a frivolidade do mundo, nem sempre percebendo as penalidades por nossa tolice. O não membro [procura entretenimento no Dia do Senhor; da mesma forma, nós queremos ser entretidos] embora, em muitos casos, isso signifique o abandono das atividades do Dia do Senhor e quebra do dia santificado do Senhor. Nossos contemporâneos tem casamentos pagãos — precisamos imitar cada estilo e padrão —, ainda que isso glamorize o mundo e nos distancie da solenidade do verdadeiro casamento.

Os estilos da moda são criados por pessoas vulgares e materialistas e passam de um extremo ao outro rapidamente, tornando fora de moda as coleções de roupas atuais. (…) Preferiríamos morrer a estar ‘desatualizados’. (…) ‘Queremos ter um rei como as outras nações!’

O Senhor diz que terá um povo peculiar, mas não desejamos ser peculiares (…)

Quando, oh quando, nossos santos dos últimos dias permanecerão livres, estabelecerão seus próprios padrões, seguirão níveis apropriados e viverão uma vida gloriosa de acordo com os padrões inspirados pelo evangelho”.17

Enquanto nossa juventude sofre com as filosofias e tradições mundanas e com padrões e estilos do mundo, ajude-os a ver que devemos ser um povo peculiar, livre das influências do mundo.18 Ajude-os a ver que guardar o Dia do Senhor é uma maneira de fazer isso, uma maneira de conservarem-se limpos das manchas do mundo.

O Sacramento

Os propósitos do sacramento

Podemos agora fazer uma transição e falar por alguns minutos sobre a importância e os propósitos do sacramento?

Partilhamos do sacramento em lembrança do corpo e do sangue do Filho. Essa é a razão que o próprio Senhor deu para o sacramento quando o instituiu pessoalmente tanto na Terra Santa quanto nas Américas.19 Essa deveria ser uma parte significativa de nossa experiência todas as semanas. O sacramento é uma oportunidade de nos lembrarmos Dele e de tudo o que Seu corpo e Seu sangue representam referente à Ressurreição literal, à redenção de nossos pecados e à graça que é suficiente para enfrentar todas as dificuldades da vida.

Nós testificamos a Deus, o Pai Eterno, que estamos dispostos a tomar sobre nós o nome de Seu Filho e guardar Seus mandamentos, dessa forma renovando todos os nossos convênios. Podem imaginar se cada um de nós realmente fizesse isso todas as semanas? A reunião sacramental seria um banquete espiritual, culminando com a promessa de que “teremos Seu Espírito conosco”, trazendo esperança, cura, fortalecimento, conforto e perdão.20

Todos nós precisamos de perdão e de cura, e alguns de nós precisam perdoar e esquecer-se de sentimentos amargos que tenham mantido por muito tempo. A Expiação e o sacramento nos dão a oportunidade de fazer isso agora.

Existem oportunidades de ensinar os propósitos do sacramento no decorrer de todas as escrituras e em todos os nossos cursos. Sugiro que procuremos pelo menos duas oportunidades específicas para fazer isso. Primeiro, todas as vezes que ensinarmos sobre um sinal ou símbolo do Salvador, temos a oportunidade de ensinar os propósitos do sacramento. E segundo, sempre que ensinarmos princípios associados aos convênios, temos a oportunidade de aplicar esses princípios ao sacramento.

Posso compartilhar apenas um exemplo de cada um desses dois tipos de oportunidades (novamente, do Velho Testamento)?

1. Sinais e símbolos nos apontam para Jesus Cristo

O primeiro exemplo que ilustra o uso de sinais e símbolos do Salvador é de Levítico, capítulo um. Ali o Senhor ensina aos filhos de Israel a levarem voluntariamente uma oferta ao Senhor. A oferta era um animal que deveria ser um macho sem defeito, o qual seria aceito para fazer a expiação pela pessoa que vinha adorar. A pessoa, então, matava o animal, e os sacerdotes espargiam o sangue em redor, sobre o altar.21

É fácil ver o simbolismo e suas relações com o sacramento e reconhecer que enquanto a pessoa estava sendo santificada, o próprio Senhor carregaria suas aflições, tristezas e pecados. Creio que seja um paradoxo incrível que os justos sejam aqueles cujas “vestes [foram] branqueadas por meio do sangue do Cordeiro”.22 Mas “o Senhor estará vestido de vermelho”. Pois, como Ele disse: “Seu sangue salpiquei em minhas vestes e manchei toda a minha vestidura”.23

Que visão — ver o Senhor de vermelho, cercado pelos anjos vestidos de branco. Por causa do sofrimento de Jesus Cristo: “Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”.24

Em seguida, a oferta era cortada em pedaços — a cabeça, as entranhas, as pernas e a gordura.25 A cabeça representava nossos pensamentos; as entranhas nosso coração, nossos sentimentos; e as pernas, nossas ações. O simbolismo nos lembra do sacramento ao nos comprometermos a amar a Deus “de todo o [nosso] coração, poder, mente e força”.26

Em outras palavras, como o Élder Neal A. Maxwell ensinou: “O sacrifício pessoal e verdadeiro nunca consistiu em colocar um animal sobre o altar. Em vez disso, é a disposição de colocar os desejos e tendências naturais que há em nós sobre o altar e deixar que eles sejam consumidos!”27

Podemos também usar a função dos sacerdotes, os filhos de Aarão,28 para ensinar a nossos rapazes a importância do papel que desempenham durante o sacramento. Ensinem aos nossos sacerdotes que eles são os filhos de Aarão, que precisam estar separados do mundo, que representam o Salvador. Ensinem aos nossos mestres do Sacerdócio Aarônico que eles estão no lugar de José de Arimatéia, preparando o corpo de Cristo. (Alguns de vocês já tiveram a experiência sagrada de preparar um corpo para um sepultamento. Conseguem imaginar a experiência sagrada de José de Arimatéia?29) Ajudem nossos jovens a compreender que a reunião sacramental é uma cerimônia memorial em lembrança do Salvador.

Um presidente de estaca ensinou essa ideia a um quórum de mestres. Agora, o presidente do quórum dos mestres de 15 anos de idade faz com que todo o seu quórum chegue 30 minutos antes da reunião sacramental todos os domingos para ler as escrituras e orar juntos, e depois, em quórum, preparam o sacramento.

Também podemos ensinar a nossos diáconos o papel que desempenham. Você pode se imaginar ajudando a carregar o caixão na cerimônia memorial do Salvador?

Ajudem-lhes a saber que estão honrando seu sacerdócio à medida que ajudam cada um de nós a ter acesso às bênçãos resultantes do sangue derramado no Getsêmani e a receber o perdão e a cura que ele oferece.

2. Ensinar sobre os convênios nos dá a oportunidade de ensinar sobre o sacramento

Outra oportunidade será ensinar sobre o sacramento ao ensinarmos os princípios relacionados aos convênios.

Um exemplo disso encontra-se no livro de Oseias, o qual utiliza o símbolo de um marido, sua noiva, a traição dela e um teste dos convênios matrimoniais a fim de ensinar nosso relacionamento de convênio com nosso Pai Celestial. O Senhor disse a Oseias: “Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituições”.30 Portanto, Oseias foi e tomou Gômer como esposa. Mas depois de tomá-la, cuidar dela e demonstrar seu amor, ela retornou ao seu estilo de vida antigo e o traiu.

Como você se sentiria se fosse Oseias? Ainda assim, ouçam como Oseias reage a essa traição:

“Eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.

“E lhe darei minhas vinhas”.31

Depois, no relato das escrituras, ocorre uma mudança de Oseias e Gômer ao Senhor e à Israel do convênio quando Ele nos diz: “ Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias”.32

Ver a maneira como Oseias sentia-se com relação a seus convênios e perceber que essa é a maneira como o Senhor se sente com relação a Seus convênios conosco, tem me abençoado grandemente.

Aprendi a amar essa história por causa de um discurso do Presidente Henry B. Eyring. Alguns de vocês devem ter estado lá quando ele falou sobre isso com relação à sua experiência ensinando o Velho Testamento no Seminário: “Por mais razões do que sou capaz de explicar, durante aqueles dias ensinando Oseias, senti algo novo, algo mais poderoso. Essa história não diz respeito a um acordo comercial entre sócios. (…) Essa era uma história de amor. Era a história de um casamento no convênio realizado pelo amor, por um amor firme. O que senti naquele momento, e tem aumentado ao longo dos anos, foi que o Senhor, com quem tenho a bênção de ter feito convênios, me ama, e ama vocês, e àqueles a quem ensinamos, com uma firmeza pela qual maravilho-me continuamente e à qual desejo emular com todo o meu coração”.33

Há muito mais nessa história, mas vou deixar que vocês examinem esse discurso incrível do Presidente Eyring, proferido no Simpósio do SEI em 1995. O que quero dizer é que temos a oportunidade de ensinar sobre os convênios. E quando o fizermos, ajudemos nossos alunos a sentir o que o Presidente Eyring sentiu: que Deus nos ama e que Ele se deleita em nos abençoar por meio de nossos convênios. Quando chegamos ao entendimento de que as ordenanças e convênios são símbolos do amor e do desejo de Deus de nos exaltar, somos mudados para sempre pelo sacramento.

Conclusão

Conseguem imaginar o que aconteceria se os jovens e os jovens adultos da Igreja participassem da reunião sacramental todas as semanas e verdadeiramente se lembrassem do Salvador, sentindo gratidão por Sua expiação, testemunhando ao Pai que vão carregar o nome do Salvador todos os dias e se esforçar para guardar Seus mandamentos e viver dignos do dom do Espírito Santo? Depois, durante a semana, frequentassem as aulas do Seminário e do Instituto que enfocassem o papel central do Salvador no plano de nosso amoroso Pai Celestial e os lembrassem de seu compromisso de serem discípulos de Jesus Cristo? E se em seu lar falassem sobre essas coisas com seus pais e planejassem juntos tornar o Dia do Senhor o centro de sua semana?34 Mal podemos imaginar as bênçãos que o Senhor tem reservadas por nós.

Encerro com meu testemunho de que, se temos de ensinar essa doutrina com poder, precisamos primeiro vivê-la. Se santificarmos o Dia do Senhor e nos lembrarmos do Salvador ao renovar nossos convênios a cada domingo, o Dia do Senhor se tornará deleitoso para nós e abençoará a nós e a nossa família durante gerações. Isso fortalecerá significativamente nossa capacidade de inspirar nossos amados alunos a reconhecer como guardar o Dia do Senhor e os ajudará a compreender e confiar nos ensinamentos e na Expiação de Jesus Cristo. Isso aprofundará nossa apreciação e comprometimento com Seus convênios como discípulos do Salvador do mundo

Que sempre nos lembremos Dele. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

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