Reunirmo-nos nos últimos dias
Conferência Anual das Mulheres da Universidade Brigham Young 2020
Quinta-feira, 30 de abril de 2020
Presidente Jean B. Bingham: é maravilhoso nos reunirmos com vocês desta forma! Somos exemplos vivos do poder da coligação, apesar dos tempos difíceis.
Nos últimos dois anos, muito se falou sobre coligar Israel nos dois lados do véu. Em outubro de 2018, o presidente Russell M. Nelson convidou todas as mulheres a “[moldar] o futuro ao ajudar na coligação da Israel dispersa”.1 Ele reiterou o que dissera aos jovens no mês de junho anterior, ao declarar que essa coligação é “‘o maior desafio, a maior causa e o maior trabalho que está sendo realizado na Terra’. Russell M. Nelson, ‘Juventude da promessa’, devocional mundial para os jovens, 3 de junho de 2018, HopeofIsrael.ChurchofJesusChrist.org”.2
O que significa “coligar Israel”? Israel é um dos nomes do povo do convênio de Deus. Somos nós — e muitas outras pessoas espalhadas pelo mundo que estão dispostas a seguir os ensinamentos do evangelho restaurado e o exemplo de Jesus Cristo. “Coligar Israel” significa simplesmente trazer você, sua família e outros entes queridos — que estão vivos agora ou que passaram para o outro lado do véu — para mais perto de nosso Pai Celestial e de Seu Filho, nosso Redentor. O objetivo é unir as famílias que estão preparadas para viver com Eles para sempre.
Mas por que agora? Por que isso é tão importante agora? Porque nesta última dispensação recebemos o encargo de preparar o mundo para a Segunda Vinda de nosso Salvador, Jesus Cristo.
O presidente Nelson explica isso claramente:
“Um prelúdio necessário para a Segunda Vinda do Senhor é a tão aguardada coligação de Israel. Essa doutrina da coligação é um dos ensinamentos importantes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. (…)
Não apenas ensinamos essa doutrina, mas também podemos participar dela. Fazemos isso ajudando a coligar os eleitos do Senhor nos dois lados do véu”.3
Estes são realmente os últimos dias — os nossos dias! Esse “agora” está cheio de grandes desafios e oportunidades. Terremotos e incêndios, guerras e contendas, tensões econômicas e instabilidade do governo, fome generalizada e doenças em todo o mundo, sem mencionar os ataques à santidade da família e do lar, tudo isso gera grande agitação e incerteza. Conforme observou o presidente Nelson: “Temos muitos motivos para nos preocupar. Mas não precisamos deixar que os temores ocupem o lugar de nossa fé. Podemos combater esses temores, fortalecendo nossa fé”.4
É por isso que cada uma de vocês quis se reunir nesta conferência de mulheres: para fortalecer sua fé em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo. Com todas as incertezas da vida, sabemos que somos filhas de nosso Pai Celestial que nos ama, e certamente nós O amamos. Entendemos que existe um plano divino que nos ajuda a nos tornar melhores quando decidimos seguir Jesus Cristo e tirar proveito das dádivas de Sua Expiação para cada uma de nós. Que bênçãos esse conhecimento traz!
Então animem-se! Ao mesmo tempo em que enfrentamos esses grandes desafios, este é um momento sem precedentes, com grandes oportunidades de crescimento pessoal. Estamos sendo lembradas das coisas de valor duradouro nas quais concentrar nossa energia. Estamos aprendendo a compartilhar a mensagem do evangelho por meio da tecnologia e também com as pessoas com as quais nos relacionamos. Estamos aumentando nossa compreensão do valor dos templos. Todos esses esforços fazem parte da coligação.
Mas como realizamos essa coligação? Novamente, o presidente Nelson, de modo entusiasmado e claro, nos disse: “Sempre que vocês fazem alguma coisa para ajudar alguém — nos dois lados do véu — a fazer os convênios fundamentais com Deus e receber as ordenanças essenciais de batismo e do templo, vocês estão ajudando na coligação de Israel” É simples assim”.5
Ao examinarmos as várias oportunidades de ajudar na “coligação”, meus pensamentos e os da irmã Eubank se voltaram imediatamente para as várias responsabilidades importantes que cada uma de nós tem como membros de convênio da Igreja: ministração, trabalho missionário, trabalho do templo e da história da família e cuidar dos necessitados. Vocês, mulheres maravilhosas, estão cumprindo essas designações de maneira simples, mas extraordinária. Ouvimos alguns de seus esforços e gostaríamos de compartilhar alguns exemplos maravilhosos do que vocês, irmãs, estão fazendo no mundo inteiro.
Ministrar como o Salvador
Irmã Sharon Eubank: À primeira vista, parecia que uma pandemia global tornaria a ministração mais difícil, mas, de fato, ela simplesmente trouxe à tona nossa criatividade de novas maneiras. “Algo extraordinário” não será interrompido por um pequeno distanciamento social! Aqui estão três exemplos de irmãs da Sociedade de Socorro de vários lugares do mundo que estão encontrando maneiras criativas de ministrar em tempos difíceis.
A irmã Anika na Estaca Hannover, na Alemanha, fez um vídeo simples de dois minutos para enviar às famílias com crianças para que pudessem aprender músicas da Primária em casa. Deem uma olhada.
Não conheço essa música em inglês, então pela primeira vez uma música vai ficar guardada em minha mente em alemão. Muitos conselhos e ministrações estão ocorrendo agora por meio da tecnologia. A tecnologia está disponível e, assim, sentimos que estamos na mesma sala, apesar de estarmos a muitos quilômetros e fusos horários umas das outras. Talvez seu álbum de fotos tenha começado a se encher de fotos como estas:
Esta é a nossa reunião da presidência geral.
Esta é a reunião da junta geral da Sociedade de Socorro com todas as irmãs.
E esta é a reunião via tecnologia da presidência da Sociedade de Socorro da Ala Takapuna na Nova Zelândia.
(Olhando de perto, dá para ver um marido ao fundo tirando a foto!)
A irmã Bernice e sua filha, em Acra, Gana, pegaram comida e fizeram uma visita a uma família vizinha que elas sabiam estar enfrentando dificuldades.
As duas não apenas ajudaram a família que estava passando por um momento difícil, mas elas também passaram um tempo caminhando e conversando, o que segundo Bernice foi um momento precioso que teve com a filha.
Na área do Pacífico, a irmã Ellie fez toalhas de mesa para o sacramento para a família que ela visita usar ao abençoarem o sacramento em casa. Ela disse: “Quando entramos em isolamento por causa da COVID-19 e começamos a fazer o sacramento em casa, pensei em como eu queria que ele fosse (…) especial, [e] sagrado, [e] uma ocasião reverente. No dia seguinte, comprei o melhor tecido que eu podia comprar e fiz toalhas para minha família e (…) para as famílias que ministramos”.
Agora, a presidente Bingham dará alguns exemplos de como compartilhar o evangelho por meio da amizade e do testemunho.
Trabalho Missionário
Presidente Bingham: Obra Missionária Às vezes, é difícil pensar em novas maneiras de compartilhar o evangelho. Por exemplo, como é possível fazer o trabalho missionário estando confinadas em seu apartamento por semanas?
Vejam o que essas sísteres da Missão Itália Milão fizeram!
Criativo, divertido e espiritual!
Na estaca Gyeonggi, na Coréia, as irmãs estão convidando suas amigas para uma aula virtual de ioga todas as manhãs. A melhor parte, dizem elas, é se sentirem conectadas e conversarem antes e depois da prática de ioga.
A Missão Paris França realizou recentemente um devocional para missionários e amigos para abordar o que eles aprenderam durante os 39 dias em que estiveram em casa e que não poderiam ter aprendido de outra maneira.
Um amigo pesquisador escreveu depois: “Obrigado do fundo do meu coração por terem me permitido participar da reunião pelo Zoom nesta noite. Foi uma bênção ver seu belo rosto e ouvir testemunhos. Então [agora] vou oferecer meus medos, meu desespero, meu coração quebrantado ao Pai Celestial, implorando que Ele me salve”.
Trabalho do templo e da história da família
E quanto às novas oportunidades de nos reunir por meio do trabalho de unir famílias para a eternidade? Durante esse período em que os templos estão fechados, muitas irmãs estão se envolvendo cada vez mais na história da família.
Uma irmã que estava servindo como missionária sênior em Independence, Missouri, escreveu: “Na semana passada, depois que as reuniões foram canceladas, nós nos isolamos em nosso apartamento, usando nosso telefone e computador para manter contato com os membros e ajudar os menos ativos. Para me manter ocupada, decidi fazer um pouco de história da família, mesmo que por um bom tempo me tivesse sido difícil encontrar um nome novo. Quando entrei no FamilySearch, encontrei a notificação de um registro que aguardava ser anexado. Aquele registro me levou a encontrar (em apenas cinco dias) umas 70 pessoas da minha linhagem genealógica, a maioria das quais precisava que muitas ordenanças fossem realizadas. E havia muitos outros registros que pude anexar cujo trabalho já havia sido feito! Eu considero isso um verdadeiro milagre. O fluxo de nomes parou nesta manhã — e esta tarde descobrimos que todos estávamos sendo desobrigados para ir para casa. Sinto-me realmente abençoada por ter podido servir aqui em Independence e estou triste por partir, mas também me sinto abençoada por ter conseguido servir à minha família do outro lado do véu nestes momentos difíceis”.6
Sandy e seu marido, Steve, começaram a usar o horário regular do templo para ajudar uma amiga nativa americana a encontrar a família no FamilySearch e a se conectar com ela. Sem ter acesso à internet em casa ou na comunidade, e depois de compilar todas as histórias orais que pôde, aquela irmã, Suzi, tinha ficado frustrada em seus esforços para descobrir mais sobre seus antepassados.
Desde o início do fechamento dos templos por causa da COVID-19, Sandy e Steve encontraram mais oito avós, tias e tios de Suzi, que agora podem receber as ordenanças de salvação e exaltação. Sandy disse: “É uma grande alegria ajudar aqueles que não conseguem ajudar a si mesmos (…) a se envolverem mais na história de sua própria família. (…) Como disse o presidente Nelson, não há realmente nada mais importante para fazermos agora do que coligar Israel nos dois lados do véu”.7
Agora, peço à irmã Eubank que dê alguns exemplos de como podemos ajudar a cuidar dos necessitados.
Cuidar dos necessitados
Irmã Eubank: Cuidar dos necessitados faz parte do nosso DNA quando somos discípulas de Jesus Cristo. Estamos sempre procurando um meio de seguir Seu exemplo. A maioria das oportunidades não é difícil, apenas exige que não procrastinemos nem pensemos que alguém fará o trabalho.
Achei interessante o que as irmãs da Nigéria disseram: “Valorizamos as ligações telefônicas agora mais do que nunca. Conversamos sobre tudo e simplesmente nos elevamos umas às outras, já que não podemos nos encontrar na igreja”. A irmã Shelley, de Gana, telefonou para uma irmã que não assistiu à conferência geral por falta de eletricidade e contou a ela sobre o templo que seria construído na cidade de Benin. Ela disse: “Fiquei preocupada por ser muito tarde, mas tive a inspiração de que deveria ligar para ela. A irmã disse que foi o melhor presente de aniversário que ela poderia ter recebido”.
A seguir, vamos contar como a Estaca Beira Moçambique trabalhou em conjunto para ajudar a manter os locais públicos mais seguros contra a transmissão da COVID-19.
Devido ao baixo número de casos de COVID-19 em Moçambique, o governo não pediu isolamento total. No entanto, tornou-se obrigatório o uso de máscaras em todos os transportes e locais públicos.
Freeman Dickie, presidente da Estaca Beira Moçambique explicou o seguinte: “A maioria das pessoas de Beira vive abaixo da linha da pobreza e não pode comprar uma máscara facial. Durante o jejum mundial, surgiu uma ideia que qualificamos como revelação. Discutimos a questão em conselho como líderes da estaca e decidimos ajudar os esforços do governo por meio dos membros da Igreja.
Por meio dos bispos, compramos e distribuímos kits de costura aos membros da ala para que confeccionassem uma média de cem máscaras por família.
“As máscaras seriam entregues através do governo municipal a mercados locais com alta concentração de pessoas. Hoje coletamos 6.140 máscaras e as entregamos ao município.
O prefeito de Beira, Davis Simango, uniu-se a nós durante a distribuição das máscaras no mercado.
A presidência da Sociedade de Socorro da estaca [também usava] coletes amarelos do Mãos Que Ajudam para explicar como usar a máscara e distribuí-las aos comerciantes.
O sentimento entre os membros que participaram foi ótimo.
Muitos disseram ser a primeira vez em que trabalharam em família até altas horas da noite tentando atingir a meta de cem máscaras. Disseram o quanto se aproximaram uns dos outros e se conheceram melhor na família. A maioria costurou as máscaras manualmente.
Todos sentiram grande amor por seus concidadãos ao ministrarem àqueles que não eram da nossa religião”.
Um último exemplo: muitas irmãs que moram na região de Salt Lake, em Utah, estão tendo a oportunidade de participar de um projeto de costura de máscaras médicas. Achei que você gostariam de saber como esse projeto começou e a repercussão que terá nos hospitais e centros de assistência médica de todo o estado.
A ideia desse projeto teve início na manhã de 20 de março. O médico Ron Day, cardiologista pediátrico do Centro Médico Infantil da Primária, havia participado de uma reunião da equipe médica em que ficou clara a escassez de equipamentos de proteção médica. Como membro da Igreja, o doutor Day sabia do que eram capazes os dedicados voluntários santos dos últimos dias. Ele ligou para o escritório da Sociedade de Socorro e pediu ajuda.
A partir dessa parceria inicial, surgiram várias entidades, que incluíram o esforço conjunto entre a Intermountain Healthcare, a Latter-day Saint Charities, a University of Utah Health e a Sociedade de Socorro. O audacioso objetivo que estabelecemos de costurar cinco milhões de máscaras clínicas para hospitais e prestadores de cuidados deste estado e de outros lugares.
Gigantescos rolos de malha cirúrgica para uso médico foram encomendados da China e entregues em Salt Lake City.
Uma empresa do vale concordou em cortar o tecido em peças a um custo mínimo.
Depois usaram cortadores gigantes para recortar os moldes e juntá-los em kits de cem.
A presidente Bingham participou da coletiva de imprensa do governador Herbert, convidando 50 mil voluntários a se inscreverem para ajudar a costurar as máscaras.
Em 21 de abril, os voluntários começaram a pegar os kits nas devidas filiais da Deseret Industries.
Participaram pessoas de todas as classes sociais e formação cultural.
Assim como em Beira, Moçambique, o projeto reuniu as famílias.
E isso uniu nossa comunidade no intuito de beneficiar os heroicos profissionais médicos.
A presidente Bingham observou que “coligar Israel” significa simplesmente levar você, sua família e outros entes queridos — vivos e mortos — para mais perto de nosso Pai Celestial e de Jesus Cristo. Algo essencial para a coligação nos últimos dias é o dom do Espírito Santo. Todos os exemplos que descrevemos hoje aconteceram quando pessoas comuns seguiram os sussurros do Espírito Santo. Esse é um dom que cada uma de nós tem. Nós o recebemos em nosso batismo, mas leva uma vida inteira de prática para usá-lo bem.
O élder Larry Corbridge falou em um devocional da BYU há pouco mais de um ano, e uma citação específica daquela palestra está em meu diário de estudo desde aquele dia. Vale a pena compartilhá-la hoje porque descreve o preço que devemos estar dispostas a pagar para nos coligarmos como povo de Deus. Não é um preço incalculável, mas exige que nos esforcemos ao máximo. Ele disse:
“De todos os problemas que encontramos nesta vida, há um que se destaca acima de todos e é o menos compreendido. A pior de todas as condições humanas nesta vida não é pobreza, doença, solidão, maus tratos ou guerra — por mais terríveis que elas sejam. A pior de todas as condições humanas é a mais comum: morrer. Morrer espiritualmente. Ser separado da presença de Deus, o que nesta vida significa ser separado de Seu Espírito ou poder. Essa é a pior de todas as condições.
Por outro lado, a melhor de todas as condições humanas nesta vida não é riqueza, fama, prestígio, boa saúde, honra dos homens, segurança … . Por mais maravilhosas que sejam essas coisas, a melhor de todas as condições humanas é estar dotados de poder celestial; é nascer de novo, ter o dom e a companhia do Espírito Santo, que é fonte de conhecimento, revelação, força, esclarecimento, amor, alegria, paz, esperança, confiança, fé e quase todas as outras coisas boas. (…)
Pague qualquer preço que for necessário, aceite todo o fardo que tiver de suportar e faça qualquer sacrifício que for preciso para obter e manter em sua vida o espírito e o poder do Espírito Santo. Tudo de bom depende (…) disso”.8
Presidente Bingham: Não é interessante notar que cada um desses exemplos de amor e serviço tenha começado com uma pessoa que ouviu o Espírito? Uma mulher, com suas próprias mãos, coração e talentos, encontrou uma maneira de servir, elevar e amar. Às vezes, esse esforço inicial se expande até incluir um grupo maior de doadores e recebedores, mas sempre o beneficiário original, mesmo que seja apenas um, é abençoado. Para Deus, o valor de uma alma é grande.9 Ele Se preocupa com o pardal que cai — aquele “um” aparentemente insignificante — tanto quanto com aqueles que são famosos, ou aparentemente perfeitos, ou que ocupam cargos importantes. O poder de um é realmente imenso. “Uma cachoeira tem início com uma única gota, mas vejam o que acontece depois.”10
Uma a uma, com o tempo, podemos realizar grandes coisas um passo de cada vez. Uma amiga da minha mãe chama isso de “princípio do narciso”, tendo-lhe dado esse nome após uma experiência pessoal que mudou para sempre sua vida. Vocês já devem ter ouvido essa história.
Há alguns anos, por insistência de sua filha, as duas levaram consigo crianças pequenas sob uma garoa com neblina até uma montanha para visitar um jardim que fica no topo das colinas da Califórnia. Ela realmente não queria ir, mas se dispôs a fazê-lo porque isso lhe proporcionaria momentos preciosos para passar com a filha e os netos pequenos. Quando chegaram, caminharam sob a garoa fria pela escura floresta até dobrarem uma curva do caminho e pararem diante de uma vista deslumbrante.
Ela disse: “À minha frente estava a visão mais gloriosa, inesperada e incomparavelmente esplêndida que eu já tivera contemplado. Parecia que alguém havia pegado um grande barril de ouro e derramado seu conteúdo sobre o topo e as encostas das montanhas, cobrindo todas as fendas e elevações. Mesmo em meio à neblina, a encosta da montanha era radiante, toda coberta por um enorme tapete de narcisos. As flores foram plantadas em majestosos padrões circulares, em grandes faixas laranjas, brancas, amarelas, rosadas e de outros tons de amarelo”.
Quando perguntou como havia surgido aquela paisagem maravilhosa, ficou sabendo que Gene Bauer, uma professora aposentada de artes do Ensino Médio, começara a plantar bulbos de narciso quando se mudou para a região e continuou a adicionar alguns a cada ano nos quarenta anos que se seguiram. Como foi feito? Em uma placa no início do caminho, Gene escreveu as seguintes palavras: “Uma de cada vez; por uma mulher, com duas mãos, dois pés e muito pouco cérebro”.
O resultado de seu paciente trabalho, realizado um pouco a cada vez, foi aquele jardim deslumbrante que cobria dois hectares, com mais de um milhão de narcisos que florescem a cada primavera. Ela convidava todas as pessoa que quisessem “vir e ver” e vislumbrar as cores deslumbrantes, apreciar a serena atmosfera natural e se maravilhar com a beleza das criações de Deus — tudo de graça.
A mulher que visitou o jardim com a filha refletiu: “Pensei naquela mulher desconhecida que, mais de 35 anos antes, havia começado (…) a levar sua visão de beleza e alegria para o cume de uma obscura montanha. (…)
Simplesmente plantando um bulbo de cada vez, ano após ano (…) aquela mulher [desconhecida para muitos] mudou para sempre o mundo em que eu vivia. Ela criara algo de indescritível grandiosidade, beleza e inspiração.
O princípio que seu jardim de narcisos me ensinou foi o de que (…) quando multiplicamos pequenos períodos de tempo por pequenos incrementos de esforço diário, nós também descobrimos que podemos realizar coisas grandiosas. Podemos mudar o mundo”.11
Vocês também fazem e podem fazer coisas grandiosas, um passo de cada vez, com a ajuda do Senhor. E ao unirmos nossos pequenos esforços, pensem na influência positiva que podemos exercer no mundo ao nosso redor!
Irmã Eubank: Às vezes, sentimos que não estamos à altura da grandeza do que as outras pessoas estão fazendo. Podemos achar que nossas contribuições são demasiadamente simples ou tão pequenas que não causam grande impacto. No entanto, sabemos pelo exemplo do Salvador que o serviço significativo não precisa ser “chamativo” nem amplamente conhecido para ser de grande valor. Deixem-me compartilhar a experiência de aprendizado de uma mulher com a qual me identifiquei:
“Tarde da noite, depois de passar um longo dia [trabalhando arduamente], apaguei a luz e me preparei para (…) deitar. Antes de trancar a porta da frente, abri-a por um momento para respirar fundo o ar fresco da noite. A lua estava prateada sobre as árvores, mas a noite estava cálida e escura. Respirei fundo, (…) uma doce fragrância encheu-me o peito (…) e olhei à minha volta, maravilhada.
Ao lado da porta, uma planta que [anteriormente] escapara à minha atenção, um arbusto bem mirrado, deixara crescer um caule alto e branco coberto de flores. Durante o dia, o caule parecia um espigão verde que precisava ser podado.
Mas ali, à noite, seus brotos verdes se abriram e flores brancas enchiam a escuridão com uma fragrância tão doce que parecia um bálsamo. A planta era de gengibre que floresce à noite, apenas nas horas mais escuras. Durante o dia, dificilmente atrairia o olhar”.12
Como o gengibre que floresce à noite, podemos florescer em lugares improváveis. Entretanto, tenham a certeza de que seus esforços estão fazendo a diferença, que são bons o suficiente. Essas ideias que compartilhamos com vocês e outras que vocês terão podem ajudá-las agora ou talvez poderão ajudá-las no futuro. Então reúnam sua coragem, seu testemunho e vamos nos unir umas às outras. Conectem-se com suas irmãs e irmãos; isso vai nos lembrar de quem somos, vai nos fortalecer e nos levar a um lugar em que sentiremos mais paz.
Presto meu testemunho inabalável de que, ao nos voltarmos para o Senhor em nossas circunstâncias difíceis e procurarmos saber o que Ele deseja que façamos por meio do Espírito Santo, Ele nos enviará a outras pessoas e enviará outras pessoas a nós.
Presidente Bingham: O apóstolo Paulo afetuosamente aconselhou aos filipenses a não ficarem preocupados com as dificuldades deles,13 dizendo: “Antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças”.14 E a promessa é a de que, se fizerem isso, “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e os vossos pensamentos em Cristo Jesus”.15 E depois, Paulo nos diz no que devemos nos concentrar para ter a paz que buscamos: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, (…) justo, (…) puro, (…) amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.16
É compreensível que as pessoas estejam agora física, econômica e emocionalmente estressadas. No entanto, vocês têm uma vantagem. Graças a seu conhecimento e testemunho do evangelho, sua força espiritual pode ajudá-las não apenas a lidar, mas também a ser resilientes diante desses desafios. De certa forma, essas circunstâncias atuais são uma bênção, porque estão nos forçando a priorizar, a simplificar, a ter sincera intenção e a ser criativas. É uma dádiva — e estamos prontas para recebê-la!
Por fim, não podemos dizer todas as coisas que deveríamos ou poderíamos fazer para tornar este um momento de paz e crescimento para nós e para os outros, mas o Espírito Santo pode.17 Lembrem-se das palavras de Morôni: “E pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as coisas”.18 Outra escritura tranquilizadora, que é uma das minhas favoritas e que está gravada em nosso coração e também emoldurada em nosso escritório, é a seguinte:
“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”.19
Há alguns meses, minha presidência teve o privilégio de se reunir com a Primeira Presidência em uma conversa informal. Eles estavam interessados em saber o que pensávamos e sentíamos a respeito de vocês, irmãs, e dos desafios que achávamos que mais afetam sua felicidade diária e seu progresso eterna. Ao término de nossa agradável conversa, perguntamos ao presidente Nelson qual mensagem sua ele gostaria que compartilhássemos com vocês. Ele disse, como costuma fazer: “Diga a elas que as amo, que agradecemos a elas e que precisamos delas!”
Nós também as amamos. Oramos por vocês e temos toda confiança de que são capazes de realizar grandes coisas. Com simplicidade e à maneira do Senhor, concentrando-se no que é eternamente importante e buscando revelação por meio do Espírito Santo, vocês realizarão coisas surpreendentes. Sabemos que, quando seguimos o exemplo de nosso Salvador Jesus Cristo e colocamos Seus ensinamentos em prática, somos abençoadas. Sabemos que nosso Pai Celestial ama cada um de Seus filhos, que estamos em Suas mãos e que Jesus Cristo nos capacitará por meio de nossos convênios a atender a todas as demandas que a vida exige de nós com fé e sucesso final.
Que vocês sintam o amor de nosso Pai Celestial nos próximos dias, semanas, meses e anos. Ele sempre estará a nosso lado! Em nome de Seu Filho Amado, Jesus Cristo. Amém.