“O Espírito Que Conduz à Prática do Bem”
O Espírito Santo será nosso companheiro constante se estivermos cumprindo a vontade de Nosso Pai Celestial.
Depois de chegar ao Vale do Lago Salgado, os pioneiros mórmons encontraram grandes dificuldades ao iniciar a colonização no deserto. Enfrentavam, diariamente, adversidades e provações, sendo constantemente lembrados de que a nova vida era muito diferente da que estavam acostumados. Precisavam construir casas, preparar a terra e os canais de irrigação, iniciar o plantio das hortas, cortar a lenha e cuidar do gado. Também havia a constante chegada de imigrantes em Utah, a seca e a praga de gafanhotos, o que deixava um ar de incerteza quanto à economia do novo território. Devido ao grande esforço exigido para o sustento familiar, alguns dos primeiros pioneiros acabaram ficando indiferentes espiritualmente. Isso foi motivo de grande preocupação para os líderes da Igreja naquela época. Acreditavam que algumas das dificuldades enfrentadas pelos santos eram o resultado direto de sua displicência em guardar os mandamentos.
Em 1856, a Primeira Presidência iniciou um movimento de reforma. Os líderes da Igreja viajaram por todo o território chamando os santos ao arrependimento. Enviaram os mestres familiares com uma lista de perguntas a serem feitas às famílias. Algumas das perguntas eram:
Já traíram seus irmãos e irmãs em alguma coisa?
Já cometeram adultério?
Já tomaram o nome de Deus em vão?
Já se embriagaram?
Já pagaram suas dívidas?
Ensinam o evangelho da salvação a sua família?
Oram com sua família de manhã e de noite?
Assistem às reuniões da ala? [Perguntas adaptadas da relação encontrada em Church History in the Fullness of Times (História da Igreja na Plenitude dos Tempos)(Manual do Sistema Educacional da Igreja), p. 366 .]
Os líderes exortaram santos a renovarem sua dedicação no serviço ao Senhor e no cumprimento de Seus mandamentos. O conselho dos líderes foi aceito e as pessoas se arrependeram.
Neste ano de 1997 nós, líderes da Igreja, temos a mesma preocupação, embora nosso mundo esteja muito diferente. Todas essas perguntas seriam válidas se fossem feitas hoje. No entanto, a lista seria provavelmente bem maior por causa de outras tentações que os pioneiros não tiveram que enfrentar. O equilíbrio entre viver no mundo sem ser do mundo torna-se cada vez mais delicado. As revistas, o rádio, a televisão e a Internet têm-nos cercado de coisas mundanas. Alguns programas de televisão provocaram tantas reclamações por parte do público que um sistema de classificação foi estabelecido a fim de que os telespectadores pudessem avaliar o conteúdo dos programas. Isso é, sem dúvida, um reconhecimento de que há muitas coisas a nossa disposição que devemos evitar. O problema é saber se devemos confiar ou não no que foi estabelecido como próprio ou impróprio para ser assistido. Somos abençoados com um poder especial para orientar-nos quanto ao que é certo ou errado.
Na ocasião especial e sagrada em que o Salvador reconheceu estar se aproximando a hora do final de Seu ministério terreno, Ele reuniu os Doze no que chamamos de A Última Ceia. Deu-lhes a esperança de que não ficariam sós depois de Sua partida. Consolou-os com estas palavras:
“Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (João 14:1–3)
Quando essa bênção foi-lhe prometida, o outro Judas (não o Iscariotes) perguntou:
“Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?” (João 14:22)
Jesus respondeu e disse-lhe:
“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. ( … )
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. (João 14:22–23, 26)
Depois da Ressurreição de Nosso Senhor e Salvador, o Consolador prometido foi concedido àqueles que aceitaram ser batizados por imersão e contados entre os Seus santos. No dia de Petencostes houve uma grande manifestação aos Doze, que os encheu do Espírito Santo. Pedro exortou os presentes a se arrependerem e a serem batizados para que recebessem o dom do Espírito Santo.
Acontecimento semelhante ocorreu quando o Salvador apareceu aos nefitas.
Depois do estabelecimento da Igreja do Salvador, vieram dias tenebrosos em que começou a haver apostasia entre os membros da Igreja. A autoridade do Sacerdócio foi tirada da Terra por causa da iniqüidade das pessoas.
A luz retornou ao mundo quando Joseph Smith teve a Primeira Visão em 1820. O Profeta Joseph Smith passou dez anos sendo preparado para restabelecer a Igreja de Deus. Ele recebeu a autoridade do Sacerdócio — primeiro o Sacerdócio Aarônico, por intermédio de João Batista e, depois, o Sacerdócio de Melquisedeque por meio de Pedro, Tiago e João. Joseph recebeu revelações ouvindo a voz de Deus diretamente dos céus. A comunicação entre Deus e um profeta na Terra havia sido restaurada.
Quando uma pequena congregação se reuniu para organizar a Igreja no dia 6 de abril de 1830, o Profeta Joseph Smith perguntou aos presentes se aceitavam-no, bem como a Oliver Cowdery, como mestres e conselheiros especiais. Os presentes levantaram a mão em apoio.
Apesar de terem recebido o Sacerdócio de Melquisedeque anteriormente, Joseph e Oliver ordenaram um ao outro ao ofício de élder nessa ocasião. Fizeram isso para oficializar o chamado na Igreja recém-organizada. O sacramento da Ceia do Senhor foi administrado em seguida. Joseph e Oliver então confirmaram os que haviam sido previamente batizados como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e concederam-lhes o dom do Espírito Santo. [Ver Church History in the Fullness of Times (História da Igreja na Plenitude dos Tempos), pp. 67–68]
Que privilégio formidável é ser contado entre aqueles que, pelo poder do Sacerdócio, foram batizados com água e receberam o Espírito Santo pela imposição das mãos.
O Élder LeGrand Richards, descrevendo os dom do Espírito Santo, disse:
“Em minha opinião, o dom do Espírito Santo é tão importante para o homem como a luz do sol e a água são para as plantas. Sem esses elementos as plantas morreriam. Se tirassem o Espírito Santo desta Igreja, ela não seria diferente de qualquer outra. A influência do Espírito manifesta-se de muitas formas na vida e devoção dos membros da Igreja. [Élder LeGrand Richards, “Gift of the Holy Ghost” (O Dom do Espírito Santo), Ensign, novembro de 1979, p. 76]
Os dons têm somente valor limitado, a não ser que sejam usados. O Espírito Santo será nosso companheiro constante se estivermos cumprindo a vontade de Nosso Pai Celestial, lembrando-nos sempre Dele e guardando Seus mandamentos.
Lembro-me de um período crítico em minha vida e de quão grato fiquei quando a voz mansa e delicada me ajudou numa importante decisão. Trabalhei para uma firma de varejo durante vários anos. Obtivemos extraordinário sucesso. Queríamos expandir o negócio, mas necessitávamos de muito capital. Numa tentativa de conseguir o dinheiro, entramos em contato com os melhores consultores financeiros que pudemos encontrar. Incentivaram-nos a incorporar nossa firma à outra maior. A fusão foi bem sucedida e pediram-me para assinar um contrato de cinco anos comprometendo-me a continuar no cargo de gerente. Em alguns meses fiquei numa situação muito delicada. Os novos donos pediram-me para fazer algo que eu não considerava correto. Depois de longas discussões eles insistiram no assunto mas eu continuei a recusar. Vendo que não haveria um modo de resolver a situação, concordei em deixar a companhia. Não podia haver pior época para isso acontecer. Minha mulher estava seriamente doente e exigia constantes cuidados médicos, uma filha estava fazendo faculdade longe de casa e um filho estava em missão. Passei o ano seguinte prestando serviços de consultoria que rendiam o suficiente para cobrir minhas despesas. Depois de quase um ano lutando, uma companhia telefonou-me da Califórnia convidando-me para ir a uma entrevista e discutir a possibilidade de trabalhar para eles. Eu fui e negociei um contrato muito bom; fiquei radiante com a oportunidade. Disse-lhes que tinha de ir para casa a fim de conversar sobre isso com a família antes de dar uma resposta. Voltei para casa e, depois de discutirmos o assunto, convenci minha família de que era o melhor a ser feito. Quando fui telefonar para a firma e aceitar a oferta, a voz mais forte e poderosa que já ouvi veio a mim e disse: “Diga não à oferta”. Não pude ignorar a voz e acabei rejeitando a oferta, mas fiquei angustiado. Não podia compreender por que teria que fazer tal coisa. Subi até meu quarto, sentei na cama, abri as escrituras aleatoriamente na seção 111 de Doutrina e Convênios. Essa foi a única seção recebida no estado de Massachusetts, exatamente onde eu morava naquela época. Estas palavras literalmente saltaram-me aos olhos:
“Não vos preocupeis por causa de vossas dívidas, ( … ) vos darei poder para pagá-las. ( … )
Demorai-vos neste lugar e nas regiões próximas”. (D&C 111:5, 7)
Senti grande paz na alma. Passados poucos dias ofereceram-me um ótimo trabalho em Boston. Alguns meses mais tarde tive o grande privilégio de organizar uma conferência em que o Presidente Harold B. Lee, que era o Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência na época, era o orador principal. A conferência foi um sucesso total devido ao fato de podermos banquetear-nos com as palavras do Presidente Lee. Em julho, o Presidente Joseph Fielding Smith faleceu e o Presidente Lee tornou-se o profeta. Três meses mais tarde fui chamado para vir a Salt Lake, onde recebi o chamado para deixar minha profissão e juntar-me às Autoridades Gerais.
Freqüentemente pergunto a mim mesmo o que teria acontecido se eu não tivesse atendido ao Espírito Santo quando aconselhou-me a não sair de Boston.
Parley P. Pratt deu-nos uma visão a respeito do que o dom do Espírito Santo pode significar para nós:
“O dom do Espírito Santo ( … ) ilumina a mente, aumenta, desenvolve, expande e purifica todas as paixões naturais e afeições e as harmoniza, pelo dom da sabedoria, para que sejam usadas adequadamente. Tal dom inspira, desenvolve, refina e amadurece todos os sentimentos de solidariedade, alegrias, gostos e sentimentos similares, bem como as inclinações de nossa personalidade. Inspira-nos virtude, bondade, brandura, ternura, gentileza e caridade. Desenvolve a beleza da personalidade, das formas e feições. Influi também para que haja saúde, vigor, entusiasmo e sensibilidade social. Revigora todas as aptidões físicas e intelectuais do homem. Fortalece e tonifica os nervos. Em resumo, é como se fosse medula para os ossos, alegria para o coração, luz para os olhos, música para os ouvidos e vida para todo o ser.” [Parley P. Pratt, Pratt, Key to the Science of Theology, (Chave para a Ciência da Teologia), 9ª ed., 1965, p. 101.]
Presto testemunho do poder e consolo que é o dom do Espírito Santo para aqueles que são dignos de tê-lo. Que segurança para nós é saber que não fomos deixados sozinhos na busca do curso que devemos seguir a fim de merecer as bênçãos eternas do Pai Celestial. Não precisamos de métodos de avaliação humanos para determinar o que devemos ler, assistir e ouvir, ou como devemos conduzir nossa vida. O que realmente precisamos fazer é viver de modo a sermos dignos da companhia constante do Espírito Santo e ter a coragem de seguir as inspirações que recebemos na vida. Que o Senhor nos abençoe para que estejamos sempre conscientes deste grande e precioso dom, o dom do Espírito Santo, eu oro humildemente em nome de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Amém. 9