2000–2009
“As Grandes Coisas Que Deus Revelou”
Abril 2005


“As Grandes Coisas Que Deus Revelou”

No sólido alicerce do divino chamado do Profeta Joseph Smith e das revelações de Deus, que vieram por seu intermédio, nós seguimos em frente.

Meus irmãos e irmãs, conforme nos foi lembrado, comemoraremos, em dezembro próximo, o 200º aniversário de nascimento do Profeta Joseph Smith. Nesse meio tempo, ocorrerão muitas coisas em homenagem a essa ocasião significativa.

Livros serão publicados, teremos simpósios com a participação de diversos eruditos, peças históricas, um novo filme e muitas outras coisas importantes.

Com essa expectativa, por ser o 15º na seqüência de seu grande pináculo de realizações, sinto que devo oferecer meu testemunho de seu divino chamado.

Tenho em minhas mãos um pequeno livro de grande valor. Ele foi publicado em Liverpool, na Inglaterra, por Orson Pratt, em 1853, há 152 anos. É a narrativa de Lucy Mack Smith da vida de seu filho.

Ele conta com mais pormenores as diversas visitas do anjo Morôni a Joseph e a revelação do Livro de Mórmon.

O livro conta que, ao ouvir a respeito do encontro de Joseph com o anjo, seu irmão Alvin sugeriu que a família se reunisse e escutasse enquanto ele contava em detalhes sobre “as grandes coisas que Deus revelou”. (Biographical Sketches of Joseph Smith the Prophet and His Progenitors of Many Generations [1853], p. 84)

Usarei essa declaração como tema para o meu discurso — as grandes coisas que Deus revelou por intermédio de Joseph, o Profeta. Citarei algumas das muitas doutrinas e práticas que nos diferem de todas as demais igrejas e todas as que foram reveladas ao jovem Profeta. Elas lhes são familiares, mas vale a pena repeti-las e refletir sobre elas.

A primeira, naturalmente, é a manifestação do Próprio Deus e de Seu Filho Amado, o ressurreto Senhor Jesus Cristo. Essa grande teofania é, a meu ver, o maior acontecimento desde o nascimento, a vida a morte e a Ressurreição de nosso Senhor no meridiano dos tempos.

Não temos registro de qualquer outro acontecimento que se iguale a isso.

Durante séculos, homens reuniram-se e discutiram a respeito da natureza da Deidade. Constantino reuniu eruditos de várias facções em Nicéia, no ano de 325. Depois de dois meses de debates amargos, chegaram a uma definição que se tornou, por gerações, a declaração doutrinária entre os cristãos concernente à Trindade.

Convido-os a ler essa definição e a compará-la com a declaração do menino Joseph. Ele simplesmente diz que Deus Se colocou diante dele e falou-lhe. Joseph pode vê-Lo e ouvi-Lo. Ele tinha a forma de um homem, um ser real. A Seu lado, estava o Senhor ressurreto, um ser separado, a quem Ele apresentou como sendo Seu Filho Amado, com quem Joseph também falou.

Creio que no curto período daquela visão notável, Joseph aprendeu mais em relação à Deidade do que todos os eruditos e o clero do passado.

Nessa revelação divina foi reafirmada, acima de dúvida, a realidade da Ressurreição literal do Senhor Jesus Cristo.

Esse conhecimento da Deidade, oculto do mundo durante séculos, foi a primeira grande coisa que Deus revelou a Seu servo escolhido.

E sobre a realidade e verdade dessa visão repousa a validade da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Falarei, agora, sobre outra coisa importante que Deus revelou.

O mundo cristão aceita a Bíblia como sendo a palavra de Deus. A maioria das pessoas não tem idéia de como ela chegou até nós.

Acabei de ler um livro recém- publicado escrito por um erudito renomado. Fica visível pelas informações que ele fornece, que os diversos livros da Bíblia foram reunidos no que parece ter sido um estilo desordenado. Em alguns casos, os escritos foram originados muito tempo depois dos eventos ocorrerem. Alguém é levado a perguntar: “A Bíblia é verdadeira? É realmente a palavra de Deus?”

Respondemos que sim, desde que esteja traduzida corretamente. A mão do Senhor estava em sua preparação. Mas ela não está mais só. Existe outra testemunha das verdades importantes e significativas lá encontradas.

A escritura declara que “pela boca de duas ou três testemunhas, será confirmada toda palavra”. (II Coríntios 13:1)

O Livro de Mórmon foi revelado pelo dom e poder de Deus. Ele fala como a voz que clama do pó em testemunho do Filho de Deus. Ele fala de Seu nascimento, de Seu ministério, de Sua Crucificação e Ressurreição e de Seu aparecimento aos justos na terra de Abundância no continente americano.

Ele é algo tangível que pode ser manuseado, que pode ser lido, que pode ser testado. Ele leva em seu interior uma promessa de sua origem divina. Milhões de pessoas colocaram-no à prova e descobriram que ele é um registro sagrado e verdadeiro.

Ele foi escolhido por pessoas que não pertencem à nossa fé como um dos 20 livros publicados na América que tiveram maior influência sobre aqueles que os leram.

Assim como a Bíblia é o testamento do Velho Mundo, o Livro de Mórmon é o testamento do Novo. Eles caminham de mãos dadas na declaração de que Jesus é o Filho do Pai.

Só nos últimos 10 anos, 51 milhões de cópias foram distribuídas. Ele está agora disponível em 106 idiomas.

Esse livro sagrado que veio como revelação do Todo-Poderoso, é de fato outro testamento da divindade de nosso Senhor.

Acredito que todo o mundo cristão devesse estender a mão, recebê-lo e abraçá-lo como um vibrante testemunho. Ele representa mais uma grande contribuição fundamental que veio como revelação ao Profeta.

Uma outra é o sacerdócio restaurado. O Sacerdócio é a autoridade para agir em nome de Deus. Essa autoridade é a pedra angular de qualquer religião. Li outro livro recentemente. Ele trata da Apostasia da Igreja primitiva. Se a autoridade daquela Igreja estava perdida, como é que foi restaurada?

A autoridade do sacerdócio veio do único lugar de onde poderia ter vindo, ou seja, do céu. Foi concedido pelas mãos daqueles que o possuíam quando o Salvador caminhou na Terra.

O primeiro foi João Batista que conferiu o Aarônico, ou sacerdócio menor. Ele foi seguido por uma visitação de Pedro, Tiago e João, Apóstolos do Senhor Jesus Cristo, que conferiram a Joseph e a Oliver Cowdery o Sacerdócio de Melquisedeque, que havia sido recebido por esses Apóstolos pelas mãos do Próprio Senhor quando em vida Ele disse:

“E eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mateus 16:19)

Como é belo o desenrolar do modelo da restauração que levou à organização da Igreja no ano de 1830, completando 175 anos esta semana. O próprio nome da Igreja veio por revelação. De quem era a Igreja? Era de Joseph Smith? Era de Oliver Cowdery? Não, era a Igreja de Jesus Cristo restaurada à Terra nestes últimos dias.

Outra revelação grandiosa e singular dada ao Profeta, foi o plano de vida eterna para família.

A família é a criação do Todo-Poderoso. Ela representa o mais sagrado de todos os relacionamentos. Representa a mais séria de todas as empreitadas. É a organização fundamental da sociedade.

Através das revelações de Deus a Seu Profeta, veio a doutrina e a autoridade sob a qual famílias são seladas não apenas para esta vida, mas para toda a eternidade.

Acredito que se tivéssemos a capacidade de ensinar eficazmente essa doutrina, ela captaria o interesse de milhões de maridos e esposas que se amam e que amam os filhos, mas cujo casamento só vale “até que a morte os separe”.

A inocência das criancinhas é outra revelação que Deus deu por meio do Profeta Joseph. A prática geral é o batismo de bebês para retirar os efeitos do que é descrito como o pecado de Adão e Eva. De acordo com a doutrina da Restauração, o batismo é para a remissão dos pecados pessoais e individuais de uma pessoa. Ele se torna um convênio entre Deus e o homem. É realizado na idade da responsabilidade, quando as pessoas têm idade o bastante para discernir o certo do errado. É pela imersão que simboliza a morte e o sepultamento de Jesus Cristo e de Sua Ressurreição.

Citarei outra verdade revelada.

É-nos dito que Deus não faz acepção de pessoas, ainda assim, em nenhuma outra igreja de que tenho conhecimento, existem opções feitas por aqueles que estão além do véu da morte para receberem todas as bênçãos oferecidas aos vivos. A grande doutrina da salvação para os mortos só existe nesta Igreja.

Os homens gabam-se de que estão “salvos” e com o mesmo fôlego, admitem que seus antepassados não foram nem poderão ser salvos.

A Expiação de Jesus em prol de todos, representa um grande sacrifício vicário. Ele estabeleceu o padrão no qual Se tornou um procurador para toda a humanidade. Esse padrão sob o qual um homem pode agir em prol de outro é levado adiante nas ordenanças da casa do Senhor. Lá servimos por aqueles que morreram sem um conhecimento do evangelho. É deles a opção de aceitar ou rejeitar a ordenança que é realizada. Eles são colocados na mesma condição dos que estão na Terra. Os mortos recebem a mesma oportunidade que os vivos. Novamente, que provisão gloriosa e maravilhosa fez o Todo-Poderoso por intermédio de Sua revelação a Seu Profeta.

A natureza eterna do homem foi revelada. Somos filhos e filhas de Deus. Deus é o Pai de nossos espíritos. Vivemos antes de virmos para cá. Tínhamos personalidade. Viemos para esta vida devido a um plano divino. Estamos aqui para testar nossa dignidade, usando o arbítrio que Deus nos deu. Quando morrermos, continuaremos a viver. Nossa vida eterna compõe-se de três fases: a primeira, nossa existência pré-mortal; a segunda, nossa existência mortal; e a terceira, nossa existência após a morte. Com a morte, nós deixamos este mundo e atravessamos o véu para a esfera em que formos dignos de entrar. Esta é, também, uma doutrina única, singular e preciosa desta Igreja, que veio por meio de revelação.

Este é um breve resumo da imensa torrente de conhecimento e autoridade de Deus sobre a cabeça de Seu Profeta. Se houvesse mais tempo, poderia falar de outros. Existe um mais que preciso mencionar. É o princípio da revelação moderna. A regra de fé que o Profeta redigiu, declara:

“Cremos em tudo o que Deus revelou, em tudo o que Ele revela agora e cremos que Ele ainda revelará muitas coisas grandiosas e importantes relativas ao Reino de Deus.” (9ª Regra de Fé)

Uma igreja em crescimento, uma igreja que está se espalhando por toda a Terra nestes tempos difíceis, precisa de revelação constante do trono do céu para guiá-la e levá-la adiante.

Com oração e com a preocupação de se procurar fazer a vontade do Senhor, testificamos que a orientação é recebida, que a revelação chega e que o Senhor abençoa Sua Igreja à medida que segue a trajetória de seu destino.

No sólido alicerce do divino chamado do Profeta Joseph Smith e das revelações de Deus, que vieram por seu intermédio, nós seguimos em frente. Muito foi realizado para trazer-nos ao dia de hoje. Mas há muito mais a ser feito no processo de levar o evangelho “a toda a nação, e tribo, e língua, e povo”. (Apocalipse 14:6)

Alegro-me com a oportunidade de associar-me a vocês ao prosseguirmos com fé. O fardo é, por vezes, pesado, como bem sabem. Mas não devemos reclamar. Caminhemos com fé, cada um fazendo sua parte.

Neste ano de comemoração, por meio de nosso próprio desempenho, homenageemos o Profeta, por intermédio de quem, Deus tanto revelou.

O sol nasceu na vida de Joseph em um dia frio de 1805, em Vermont. Ele se pôs em Illinois, em uma tarde abafada de 1844. Durante os curtos 38 anos e meio de vida, uma incomparável torrente de conhecimentos, dons e doutrinas foram transmitidos por seu intermédio. Contemplando de forma objetiva, não há nada que se compare a isso. Subjetivamente é a substância do testemunho pessoal de milhões de santos dos últimos dias de toda a Terra. Vocês e eu sentimo-nos honrados por estarmos entre eles.

Quando menino, adorava ouvir um homem que, com uma magnífica voz de barítono cantava a letra de autoria de John Taylor:

O Vidente, o Vidente, Joseph, o Vidente! (…)

Como me aprazo em pensar nele com carinho;

O escolhido de Deus e o amigo da humanidade,

O sacerdócio trouxe novamente;

Ele contemplou o passado e o futuro, também (…)

E o mundo celestial descortinou.

(“The Seer, Joseph, the Seer”, Hymns [1948], nº 296)

Ele foi verdadeiramente um vidente. Ele foi um revelador. Ele foi o profeta do Deus vivo que falou à sua própria geração e a todas as gerações futuras.

A isso acrescento meu solene testemunho da divindade de seu chamado, da virtude de sua vida e de ter selado seu testemunho com sua morte, no sagrado nome de nosso Redentor, o Senhor Jesus Cristo. Amém.