Com os Corações Entrelaçados em União
Os santos podem cumprir qualquer propósito do Senhor quando unidos em retidão.
Meus amados irmãos e irmãs. É uma grande alegria estar com vocês nesta manhã do Dia do Senhor. Cada um de nós vive nas mais diversas circunstâncias. O reino de Deus é formado por pessoas de todas as nações e muitas origens étnicas, e essa coligação profetizada vai acelerar-se.
Vemos cada vez mais conflitos entre os povos do mundo ao nosso redor. Essas divisões e diferenças podem contaminar-nos. É por isso que hoje minha mensagem de esperança é a de que um grande dia de união está chegando. O Senhor Jeová retornará para viver com aqueles que se tornaram Seu povo e os encontrará unidos, unos de coração com Ele e com o Pai Celestial.
Vocês me ouviram transmitir essa mensagem de união mais de uma vez. Quero voltar a mencioná-la no futuro. Eu a ouvi de todos os profetas de Deus por toda a minha vida. Um apelo por união é a última mensagem do Presidente David O. McKay de que me lembro. Os profetas do Senhor sempre nos exortaram à união. A necessidade de receber esse dom e o desafio de mantê-lo vão aumentar nos dias futuros, nos quais seremos preparados como povo para nosso glorioso destino.
Minha mensagem é a de que estamos melhorando. Pais e mães estão rogando por união no lar e essas orações estão sendo atendidas. As famílias estão orando juntas pela manhã e à noite. Fui convidado a ajoelhar-me na hora de dormir com uma família, quando me hospedei na casa deles. Pediram ao filho caçula que fizesse a oração. Ele orou como um patriarca por todas as pessoas da família, citando o nome de cada uma. Abri os olhos um instante para ver o rosto dos outros filhos e dos pais. Vi que cada um unia sua fé e seu coração à oração do menino.
Recentemente, algumas irmãs da Sociedade de Socorro oraram em conjunto, ao prepararem-se para visitar pela primeira vez uma jovem viúva cujo marido falecera repentinamente. Elas queriam saber o que fazer e como trabalhar juntas para ajudar a preparar a casa para a chegada dos familiares e amigos que viriam para o funeral. Precisavam saber quais palavras de consolo poderiam dizer em nome do Senhor. Receberam uma resposta a suas orações. Quando chegaram lá, cada irmã foi realizar sua tarefa. A casa ficou pronta tão rapidamente que algumas irmãs se lamentaram por não poderem fazer mais. Palavras de conforto perfeitamente adequadas foram proferidas. As irmãs serviram ao Senhor em união, com um só coração.
Vocês também devem ter visto evidências de que nos estamos tornando unos de coração. O milagre da união está-nos sendo concedido, à medida que oramos e trabalhamos para isso, à maneira do Senhor. Nosso coração se entrelaçará aos outros em união. Deus prometeu essa bênção a Seus santos fiéis, sejam quais forem suas diferenças de formação e os conflitos que estiverem sendo travados ao seu redor. Ele estava orando por nós, bem como por Seus discípulos, quando pediu: “Que todos sejam um, (…) ó Pai”.1
O motivo pelo qual oramos e pedimos essa bênção é o mesmo motivo pelo qual o Pai a concede para nós. Sabemos por experiência própria que temos alegria quando somos abençoados com união. Ansiamos, como filhos espirituais de nosso Pai Celestial, pela alegria que tivemos com Ele na vida anterior a esta. Ele quer atender a esse sagrado desejo de união, por causa do amor que tem por nós.
Ele não pode conceder-nos isso individualmente. A alegria da união que Ele tanto almeja dar-nos não é solitária. Precisamos buscá-la e tornar-nos dignos dela juntamente com outros. Não admira, portanto, que Deus peça que nos unamos para que Ele possa abençoar-nos. Ele quer que nos reunamos em família. Ele criou classes, alas e ramos e ordenou que nos reuníssemos com freqüência. Nessas reuniões que Deus planejou para nós, estão nossa grande oportunidade. Podemos orar e trabalhar em prol da união que nos trará alegria e multiplicará nossa capacidade de servir.
Para os Três Nefitas, o Salvador prometeu alegria na união com Ele como recompensa final, após seu serviço fiel. Ele disse: “Tereis alegria completa e sentar-vos-eis no reino de meu Pai; sim, vossa alegria será completa, assim como completa foi a alegria que me deu o Pai; e sereis como eu sou e eu sou como o Pai; e o Pai e eu somos um”.2
O Senhor nos providenciou guias para que saibamos o que fazer, a fim de receber as bênçãos e a alegria de uma união sempre crescente. O Livro de Mórmon nos conta a história de uma época de sucesso. Foi nos dias em que Alma estava nas Águas de Mórmon. O que as pessoas fizeram naquela situação difícil e perigosa é um guia e um incentivo para todos nós.
Tudo o que Alma e seu povo foram inspirados a fazer se relacionava com a decisão dessas pessoas, de permitirem que uma grande mudança ocorresse em seu coração por meio da Expiação de Jesus Cristo. Essa é a única maneira pela qual Deus pode conceder-nos a bênção de sermos unos de coração.
Lemos em Mosias:
“E foram chamados Igreja de Deus, ou seja, Igreja de Cristo, daquele tempo em diante. E aconteceu que todos os que eram batizados pelo poder e autoridade de Deus eram somados a sua Igreja. (…)
E mandou que não ensinassem senão as coisas que ele ensinara, as quais haviam sido declaradas pela boca dos santos profetas.
Sim, mandou-lhes que não pregassem senão arrependimento e fé no Senhor, que redimira seu povo.
E mandou-lhes que não contendessem entre si, mas que olhassem para a frente com um único fito, tendo uma fé e um batismo, tendo os corações entrelaçados em unidade e amor uns para com os outros.
Deste modo mandou que eles pregassem. E tornaram-se, assim, filhos de Deus.”3
É por isso que Alma ordenou ao povo que ensinasse fé e arrependimento. É por isso que meus filhos já esperavam, em cada aula da noite familiar, que eu incentivasse alguém a testificar a respeito do Salvador e Sua missão. Às vezes, éramos nós, pais, que fazíamos isso. Nas melhores noites, encontrávamos um meio de incentivar nossos filhos a fazê-lo, fosse por meio de uma aula dada ou respondendo a perguntas. Sempre que um testemunho do Salvador era proferido, o Espírito Santo o confirmava. Nessas noites, sentíamos que o coração de cada um se entrelaçava aos outros.
Além das ordenanças, há princípios que estamos seguindo coletivamente e que nos conduzem a maior união.
Um desses princípios é o da revelação. A revelação é a única maneira de saber como seguir a vontade do Senhor juntos. Requer luz do alto; e o Espírito Santo prestará testemunho ao nosso coração e ao coração dos que estão reunidos ao nosso redor daquilo que o Senhor deseja que façamos. E é guardando Seus mandamentos que nossos corações se entrelaçarão em união.
Um segundo princípio para guiar nosso processo de tornar-nos um é sermos humildes. O orgulho é o grande inimigo da união. Vocês já viram e sentiram seus terríveis efeitos. Há poucos dias, observei duas pessoas — e as duas eram boas pessoas — darem início a um pequeno desentendimento. Começou com uma discussão sobre o que era verdade, mas tornou-se uma disputa sobre quem estava certo. As vozes foram tornando-se cada vez mais altas. Os rostos se enrubesceram. Em vez de falar da questão, as pessoas começaram a falar de si mesmas, para demonstrar que, considerando-se sua formação e grande habilidade, era mais provável que seu ponto de vista estivesse certo.
Vocês teriam ficados alarmados, como eu fiquei. Todos já vimos os efeitos destruidores desses trágicos conflitos. Todos conhecemos pessoas que deixaram a companhia dos santos por causa de orgulho ferido.
Felizmente, tenho visto pacificadores cada vez mais habilidosos que acalmam as águas revoltas, antes que as pessoas sejam prejudicadas. Vocês poderiam ser esses pacificadores, quer estejam no conflito ou sejam observadores.
Já vi pessoas que conseguiram isso procurando algum ponto em que concordavam. Para ser esse pacificador, é preciso ter uma fé singela de que, por sermos todos filhos de Deus, apesar de todas as nossas diferenças, quando alguém é categórico em um ponto de vista, é provável que haja nele elementos de verdade. O grande pacificador, o restaurador da união, é aquele que encontra maneiras de ajudar as pessoas a ver essa verdade compartilhada. Essa verdade que compartilham sempre é maior e mais importante para eles do que suas diferenças. Vocês podem ajudar a si mesmos e outras pessoas a ver esses pontos comuns, se pedirem ajuda de Deus e depois agirem, Ele vai responder a suas orações e ajudar a restaurar a paz, tal como fez comigo.
Esse mesmo princípio se aplica quando edificamos a união com pessoas que têm formações muito diferentes. Os filhos de Deus têm mais pontos em comum do que diferenças. E até as diferenças podem ser vistas como oportunidades. Deus nos ajudará a ver o que é diferente em outras pessoas não como motivo de irritação, mas como contribuição. O Senhor pode ajudar-nos a ver e a valorizar o que a outra pessoa tem para contribuir com o que nos falta. Mais de uma vez o Senhor me ajudou a ver Sua bondade ao conceder-me oportunidades de conviver com alguém, cuja diferença era exatamente o que o Senhor precisava para ajudar-me. Essa foi a maneira de o Senhor acrescentar-me algo de que eu precisava para servi-Lo melhor.
Isso nos leva a outro princípio da união: o de falar bem uns dos outros. Pensem na última vez em que alguém lhes pediu que pensassem em como estava indo alguém de sua família ou da Igreja. Isso aconteceu comigo mais de uma vez na semana passada. Agora, há momentos em que precisamos julgar as pessoas. Às vezes, é exigido que façamos esses julgamentos. Mas com mais freqüência temos que fazer uma escolha. Suponham, por exemplo, que alguém lhes pergunte o que acham do novo bispo.
À medida que melhoramos nossa capacidade de criar união, sempre que nos fizerem essa pergunta, pensaremos em uma escritura: “E agora, meus irmãos, vendo que conheceis a luz pela qual podeis julgar, luz essa que é a luz de Cristo, tende cuidado para não julgardes erradamente; porque com o mesmo juízo com que julgardes, sereis também julgados”.4
Sabendo que vemos as pessoas sob uma luz imperfeita, é mais provável que sejamos um pouco mais generosos no que vamos dizer. Além dessa escritura vocês devem lembrar-se de ter ouvido sua mãe dizer — a minha dizia — “Se não tiver nada de bom a dizer sobre uma pessoa, não diga nada”.
Isso os ajudará a procurar o que há de melhor no desempenho e caráter do bispo. O Salvador, como nosso juiz amoroso, sem dúvida fará isso quando for julgar o nosso desempenho. Essa escritura e o que vocês ouviram de sua mãe podem levá-los a procurar o melhor no desempenho do bispo e nas suas boas intenções. Posso prometer-lhes um sentimento de paz e alegria quando forem generosos ao falar das pessoas, vendo-as pelo prisma da Luz de Cristo. Vocês terão, por exemplo, um sentimento de união em relação ao bispo e à pessoa que lhe perguntou sua opinião, não porque o bispo seja perfeito ou porque a pessoa que lhe fez a pergunta concorde com sua generosa avaliação; mas porque o Senhor fará com que vocês sintam Sua satisfação em ver que decidiram esquivar-se da possibilidade de semear a desunião.
Precisamos seguir esse mesmo princípio enquanto o Senhor reúne cada vez mais pessoas que não são semelhantes a nós. O que se tornará mais evidente para nós é que a Expiação produz as mesmas mudanças em todos nós. Tornamo-nos discípulos humildes, amorosos e de fácil convívio, ao mesmo tempo que destemidos e fiéis em todas as coisas. Vivemos ainda em países diferentes, mas entramos na Igreja por meio de um processo que nos modifica. Por meio dos dons do Espírito, nós nos tornamos o que o Apóstolo Paulo viu:
“Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.
Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus.”5
Com a união que vejo aumentar, o Senhor poderá realizar o que o mundo considerará um milagre. Os santos podem cumprir qualquer propósito do Senhor quando unidos em retidão.
Há presidentes de países, governadores e líderes de organizações de caridade do mundo inteiro que nos elogiaram — em minha presença — com palavras como estas: “Sua igreja foi a primeira a chegar para ajudar quando a calamidade aconteceu. Centenas de seus membros chegaram trazendo com eles tudo de que os sobreviventes necessitavam. Até trouxeram suas próprias tendas e suprimentos. Eram incansáveis e animados. Pareciam saber para onde deviam ir e quando fazê-lo”. Depois, normalmente ouvimos algo assim: “Sua igreja sem dúvida sabe organizar-se para fazer as coisas”.
Eu agradeço, sem dizer que o milagre não está apenas na organização, mas no coração das pessoas. Os santos vão em nome do Senhor proporcionar o socorro que Ele proporcionaria. Eles vão seguindo a orientação de líderes escolhidos pelo Senhor. Como têm os corações entrelaçados em união, são magnificados em sua capacidade.
Presto-lhes meu testemunho solene de que a união que hoje vivemos aumentará. Deus, o Pai, vive. Ele ouve e responde a nossas orações com amor. O Salvador Jesus Cristo, ressurreto e cheio de glória, vive e estende a mão para nós com misericórdia. Esta é a Igreja verdadeira Dele. O Presidente Monson é o profeta vivo de Deus. Se formos unidos em apoiá-lo de todo o coração e fizermos de boa vontade o que Deus quer que façamos, juntos veremos aumentar nossa capacidade de ir aonde Deus nos mandar e de transformar-nos no que Ele desejar que sejamos.
Deixo com vocês minha bênção de que desfrutarão de união em seu lar e na Igreja. E deixo com vocês a promessa do Senhor de que alcançarão seu desejo justo que trazem no coração de ter essa alegria e união, no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.