Orar Sempre
A oração se torna mais significativa quando nos aconselhamos com o Senhor em tudo o que fazemos, quando expressamos sincera gratidão e quando oramos pelos outros.
Minha mensagem na última conferência geral enfocou o princípio do evangelho de orar com fé. Hoje, quero abordar três outros princípios que podem ajudar nossas orações a se tornarem mais significativas, e oro pedindo a ajuda do Espírito Santo para mim e para vocês.
Princípio nº 1. A oração se torna mais significativa quando nos aconselhamos com o Senhor em todas as coisas (ver Alma 37:37).
Em termos simples, a oração é a comunicação entre o Pai Celestial e Seus filhos e filhas aqui na Terra. “Assim que aprendemos o verdadeiro relacionamento que temos com Deus (ou seja, que Deus é nosso Pai, e nós somos Seus filhos), então a oração imediatamente se torna algo natural e instintivo para nós” (Bible Dictionary, “Prayer”, p. 752). Somos ordenados a orar sempre ao Pai em nome do Filho (ver 3 Néfi 18:19–20). Recebemos a promessa de que, se orarmos com sinceridade pelo que é certo e bom, e que esteja de acordo com a vontade de Deus, podemos ser abençoados, protegidos e orientados (ver 3 Néfi 18:20; D&C 19:38).
A revelação é a comunicação entre o Pai Celestial e Seus filhos aqui na Terra. Quando pedimos com fé, podemos receber revelação sobre revelação, e conhecimento sobre conhecimento, vindo a conhecer os mistérios e as coisas pacíficas que proporcionam alegria e vida eterna (ver D&C 42:61). Mistérios são aqueles assuntos que somente podem ser conhecidos e compreendidos pelo poder do Espírito Santo (ver Harold B. Lee, Ye Are the Light of the World, [1974], p. 211).
As revelações do Pai e do Filho são transmitidas pelo terceiro membro da Trindade, sim, o Espírito Santo. O Espírito Santo é a testemunha e o mensageiro do Pai e do Filho.
Os padrões usados por Deus para criar a Terra são instrutivos para ajudar-nos a compreender como fazer orações significativas. No terceiro capítulo do livro de Moisés, aprendemos que todas as coisas foram criadas espiritualmente antes de existirem fisicamente na Terra.
“E agora, eis que eu te digo que estas são as gerações do céu e da Terra, quando foram criados, no dia em que eu, o Senhor Deus, fiz o céu e a Terra;
E toda planta do campo, antes de estar na Terra, e toda erva do campo, antes de brotar. Pois eu, o Senhor Deus, criei todas as coisas das quais falei espiritualmente, antes que elas existissem fisicamente na face da Terra” (Moisés 3:4–5).
Aprendemos nesses versículos que a criação espiritual precedeu a criação física. De modo semelhante, uma oração significativa pela manhã é um elemento importante na criação espiritual de cada dia — e precede a criação física, ou a execução propriamente dita de cada dia. Assim como a criação física estava vinculada à criação espiritual, sendo uma continuação dela, assim também uma oração significativa pela manhã está vinculada à da noite, que é uma continuação dela.
Pensem neste exemplo. Pode haver coisas em nosso caráter ou comportamento ou que tenham a ver com nosso crescimento espiritual sobre as quais precisamos aconselhar-nos com o Pai Celestial na oração matinal. Depois de expressar nossos devidos agradecimentos pelas bênçãos recebidas, suplicamos por entendimento, orientação e ajuda para fazer as coisas que não conseguimos fazer somente com nossas forças. Por exemplo, ao orar, podemos:
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Refletir sobre as ocasiões em que falamos de modo ríspido ou impróprio com as pessoas que mais amamos.
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Reconhecer que sabemos agir de modo melhor, mas nem sempre o fazemos de acordo com nosso conhecimento.
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Expressar remorso por nossas fraquezas e por não nos esforçarmos mais para abandonar o homem natural.
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Decidir que seguiremos mais plenamente o exemplo do Salvador em nossa vida.
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Suplicar por mais forças para agir melhor e tornar-nos melhores.
Uma oração assim é uma parte vital da preparação espiritual para nosso dia.
Durante o dia, mantemos uma prece no coração pedindo ajuda e orientação contínuas, como Alma sugeriu: “Que todos os teus pensamentos sejam dirigidos ao Senhor” (Alma 37:36).
Percebemos que, nesse dia em particular, haverá ocasiões em que normalmente teríamos a tendência de falar asperamente, mas não o fazemos, ou que poderíamos sentir raiva, mas não sentimos. Discernimos a ajuda e o fortalecimento celeste e humildemente reconhecemos as respostas a nossa oração. Ao reconhecermos isso, fazemos uma silenciosa oração de agradecimento.
No final do dia, ajoelhamo-nos novamente e prestamos contas a nosso Pai. Examinamos os acontecimentos do dia e expressamos sincero agradecimento pelas bênçãos e pela ajuda que recebemos. Arrependemo-nos e, com a ajuda do Espírito do Senhor, identificamos maneiras pelas quais podemos agir melhor e tornar-nos melhores no dia seguinte. Assim, a oração que fazemos à noite é um desenvolvimento e a continuação da que fizemos pela manhã. E também nos prepara para que façamos uma oração significativa na manhã seguinte.
A oração que fazemos pela manhã e à noite, e todas as que fazemos durante o dia, não são acontecimentos isolados e separados, mas estão interligadas entre si a cada dia, ao longo de dias, semanas, meses e até anos. Isso faz parte da maneira pela qual cumprimos o conselho que lemos nas escrituras de “orar sempre” (Lucas 21:36; 3 Néfi 18:15, 18; D&C 31:12). Essas orações significativas nos ajudam a receber as maiores bênçãos que Deus reservou para Seus filhos fiéis.
A oração se torna significativa quando nos lembramos de nosso relacionamento com Deus e seguimos este conselho:
“Sim, e roga a Deus por todo o teu sustento; sim, que todos os teus feitos sejam para o Senhor e, aonde quer que fores, que seja no Senhor; sim, que todos os teus pensamentos sejam dirigidos ao Senhor, sim, que o afeto do teu coração seja posto no Senhor para sempre.
Aconselha-te com o Senhor em tudo que fizeres e ele dirigir-te-á para o bem; sim, quando te deitares à noite, repousa no Senhor, para que ele possa velar por ti em teu sono; e quando te levantares pela manhã, tem o teu coração cheio de agradecimento a Deus; e se fizeres essas coisas, serás elevado no último dia” (Alma 37:36–37; grifo do autor).
Princípio nº 2. A oração se torna mais significativa quando expressamos sincera gratidão.
Enquanto trabalhei na Universidade Brigham Young — Idaho, minha mulher e eu freqüentemente hospedávamos Autoridades Gerais em casa. Nossa família aprendeu uma importante lição sobre como fazer orações significativas quando nos ajoelhamos para orar à noite com um membro do Quórum dos Doze Apóstolos.
Cedo naquele dia, tínhamos recebido a notícia do falecimento inesperado de um bom amigo, e nosso desejo premente era orar pela esposa e pelos filhos dele. Quando pedi a minha esposa que fizesse a oração, o membro dos Doze, sem saber da tragédia, sugeriu bondosamente que na oração ela expressasse apenas gratidão pelas bênçãos recebidas e nada pedisse. Seu conselho foi semelhante ao que Alma deu aos membros da antiga Igreja de “orar sem cessar e render graças por todas as coisas” (Mosias 26:39). Devido à tragédia inesperada, pedir bênçãos para nossos amigos pareceu-nos, a princípio, mais urgente do que expressar gratidão.
Minha mulher seguiu com fé a orientação que recebeu. Agradeceu ao Pai Celestial pelas experiências significativas e memoráveis que tivemos com aquele bom amigo. Expressou sincera gratidão pelo Espírito Santo, como Consolador, e pelos dons do Espírito que nos permitem enfrentar a adversidade e servir as pessoas. Mais importante de tudo, expressou gratidão pelo plano de salvação, pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo, por Sua Ressurreição, e pelas ordenanças e convênios do evangelho restaurado que permitem que as famílias sejam unidas para sempre.
Nossa família aprendeu naquele dia uma grande lição sobre o poder da gratidão em uma oração significativa. Devido àquela oração e por meio dela, nossa família foi abençoada com inspiração para várias questões que estavam exigindo nossa atenção e inquietando nosso coração. Aprendemos que a gratidão pelo plano de felicidade e pela missão do Salvador proporcionava o consolo de que necessitávamos e fortalecia nossa confiança de que tudo ficaria bem com nossos queridos amigos. Também recebemos inspiração sobre as coisas pelas quais deveríamos orar e pedir com fé.
As orações mais significativas e espirituais que já vi continham muitas expressões de agradecimento e poucos ou nenhum pedido. Como agora tenho a bênção de orar com apóstolos e profetas, encontro entre esses líderes modernos da Igreja do Salvador as mesmas características que descrevem o Capitão Morôni no Livro de Mórmon: Eles são homens cujo coração transborda de gratidão a Deus pelos muitos privilégios e bênçãos que Ele concede a Seu povo (ver Alma 48:12). Também não repetem muitas palavras, porque lhes é manifestado o que devem dizer e estão cheios de anseio (ver 3 Néfi 19:24). As orações dos profetas são semelhantes à de uma criança em sua simplicidade e vigor, devido a sua sinceridade.
Ao esforçar-nos para tornar nossas orações mais significativas, devemos lembrar que “em nada ofende o homem a Deus ou contra ninguém está acesa sua ira, a não ser contra os que não confessam sua mão em todas as coisas e não obedecem a seus mandamentos” (D&C 59:21). Recomendo que periodicamente façamos uma oração em que somente agradeçamos e expressemos gratidão. Não peçam nada. Simplesmente deixem que sua alma se regozije e se esforce para expressar gratidão com toda a energia de seu coração.
Princípio nº 3. A oração se torna mais significativa quando oramos pelos outros com real intenção e um coração sincero.
É bom e correto pedir ao Pai Celestial as bênçãos que desejamos em nossa vida pessoal. Contudo, orar sinceramente pelos outros, tanto aqueles que amamos quanto aqueles que maldosamente se aproveitam de nós, também é um elemento importante da oração significativa. Assim como o fato de expressarmos gratidão com mais freqüência em nossa oração amplia o canal de revelação, orar pelos outros com toda a energia da alma aumenta nossa capacidade de ouvir e seguir a voz do Senhor.
Aprendemos uma lição fundamental com o exemplo de Leí, no Livro de Mórmon. Leí seguiu com fé a orientação e advertência profética a respeito da destruição de Jerusalém. Em seguida, orou ao Senhor “de todo o coração, em favor de seu povo” (1 Néfi 1:5; grifo do autor). Em resposta a sua fervorosa oração, Leí foi abençoado com uma gloriosa visão de Deus e Seu Filho e da iminente destruição de Jerusalém (ver 1 Néfi 1:6–9, 13, 18). Conseqüentemente, Leí regozijou-se e seu coração transbordou por causa das coisas que o Senhor lhe havia mostrado (ver 1 Néfi 1:15). Observem que a visão veio em resposta a uma oração pelos outros, e não devido a um pedido para que recebesse edificação ou orientação pessoal.
O Salvador é o perfeito exemplo de como orar pelos outros com real intenção. Em Sua grandiosa Oração Intercessória, proferida na noite anterior a Sua crucificação, Jesus orou pelos Seus Apóstolos e por todos os santos.
“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. (…)
E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; (…)
(…) para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja” (João 17:9, 20, 26).
Durante o ministério do Salvador no continente americano, Ele orientou o povo a ponderar Seus ensinamentos e a orar pedindo compreensão. Ele curou os enfermos e orou pelas pessoas, usando uma linguagem que não podia ser escrita (ver 3 Néfi 17:1–16). O impacto de Sua oração foi profundo: “ninguém pode calcular a extraordinária alegria que nos encheu a alma na ocasião em que o vimos orar por nós ao Pai” (3 Néfi 17:17). Imaginem como deve ter sido ouvir o Salvador do mundo orando por nós.
Será que nosso cônjuge, filhos e outros familiares também sentem a força de nossas orações feitas ao Pai por suas necessidades e anseios específicos? Será que as pessoas a quem servimos nos ouvem orar por elas com fé e sinceridade? Se as pessoas a quem amamos e servimos não ouvem e não sentem a influência de nossas sinceras orações em favor delas, é hora de nos arrependermos. Se seguirmos o exemplo do Salvador, nossas orações se tornarão verdadeiramente mais significativas.
Recebemos o mandamento de “orar sempre” (2 Néfi 32:9; D&C 10:5; 90:24) — “em voz alta, assim como em [nosso] coração; (…) perante o mundo, como também em segredo” (D&C 19:28). Testifico que a oração se torna mais significativa quando nos aconselhamos com o Senhor em tudo o que fazemos, quando expressamos sincera gratidão e quando oramos pelos outros com real intenção e um coração sincero.
Testifico que o Pai Celestial vive e que Ele ouve e responde a toda oração sincera. Jesus é o Cristo, nosso Salvador e Mediador. A revelação é real. A plenitude do evangelho foi restaurada na Terra nesta dispensação. Presto testemunho disso, no sagrado nome do Senhor Jesus Cristo. Amém.