2000–2009
Pais e Filhos: Um Relacionamento Extraordinário
Outubro 2009


2:3

Pais e Filhos: Um Relacionamento Extraordinário

Pais e filhos podem desempenhar um papel muito importante ao ajudar um ao outro a se tornarem o melhor que puderem ser.

É uma visão maravilhosa contemplar todos vocês, pais, sentados lado a lado com seus filhos para ouvir os ensinamentos do Senhor e receber conselho das Autoridades Gerais da Igreja. É sempre uma alegria estar reunido com os homens e rapazes do sacerdócio, mas há algo especial em ver pais e filhos juntos neste local. É um lembrete visual de dois dos elementos mais poderosos da nossa teologia: sacerdócio e família. O sacerdócio é o poder divino por meio do qual as famílias são seladas para sempre. Tudo no evangelho restaurado de Jesus Cristo, incluindo as ordenanças do templo sagrado, é centrado na possibilidade de as famílias se tornarem parte da família eterna de Deus.

Esta noite quero falar a vocês, pais e filhos, sobre como conversar um com o outro. Não há outro relacionamento como esse que possa e deva existir entre um rapaz e seu pai. Ele pode ser um dos relacionamentos mais edificantes e alegres na vida, um relacionamento que pode exercer uma grande influência em quem os rapazes se tornam e também em quem os pais se tornam. Entendo que alguns de vocês, rapazes, não têm pais com quem possam ter esse tipo de conversa. E alguns de vocês, homens, não têm filhos ou perderam seus filhos em acidentes ou por motivo de doença. Mas muito do que eu disser hoje à noite se aplicará a tios, avós, líderes do sacerdócio e a outros conselheiros que algumas vezes preenchem a lacuna nessas importantes relações entre pai e filho.

Vocês entendem que estamos todos em uma jornada. Os pais estão um pouco adiante na estrada, mas nenhum de nós chegou ainda ao nosso destino final. Estamos todos no processo de nos tornarmos quem queremos nos tornar um dia. Pais e filhos podem desempenhar um papel muito importante ao ajudar um ao outro a se tornarem o melhor que puderem ser.

Sei que os relacionamentos entre pai e filho nunca são perfeitos, mas tudo o que vou sugerir a vocês esta noite é possível se vocês se esforçarem para que aconteça.

Rapazes, vocês são o orgulho e a alegria dos seus pais. Eles veem em vocês um futuro promissor e esperam que sejam uma versão aprimorada deles mesmos. As suas realizações são fonte de alegria para eles. As preocupações e problemas que vocês têm são as preocupações e problemas deles.

Pais, vocês são o principal modelo de hombridade para seus filhos. Vocês são os conselheiros mais importantes e, acreditem se quiserem, vocês são seus heróis de várias maneiras. As suas palavras e o seu exemplo exercem uma grande influência sobre eles.

Nesta noite quero dar a vocês, rapazes, três sugestões simples de como obter pleno proveito do relacionamento com o seu pai. E depois quero dar a vocês, pais, três sugestões sobre relacionamento e comunicação com seus filhos.

Acredito que vocês, portadores do Sacerdócio Aarônico, ao praticarem essas três coisas simples, podem tornar o relacionamento com seu pai ainda melhor do que agora.

Primeiro, confiem em seu pai. Ele não é perfeito, mas ele os ama e sempre fará o que considera ser o melhor para vocês. Então conversem com ele. Compartilhem com ele os seus pensamentos e sentimentos, seus sonhos e seus temores. Quanto mais ele conhecer sobre a sua vida, mais facilidade terá de entender suas preocupações e de dar-lhes bons conselhos. Quando vocês demonstram confiança em seu pai, ele sente a responsabilidade dessa confiança e faz mais esforços do que nunca para entender e ajudar. Como seu pai, ele tem direito à inspiração para o seu benefício. O seu conselho para vocês será a expressão sincera de alguém que os conhece e ama. Seu pai quer, mais do que qualquer outra pessoa, que vocês sejam felizes e bem-sucedidos, então por que não confiar em alguém assim? Rapazes, confiem em seu pai.

Segundo, tenham interesse na vida do seu pai. Perguntem sobre o seu trabalho, seus interesses, suas metas. Como ele decidiu pela profissão que exerce? Como ele era quando tinha a sua idade? Como ele conheceu sua mãe? Ao aprender mais sobre ele, vocês podem descobrir que as experiências dele os ajudarão a entender melhor porque ele reage de determinada maneira. Observem seu pai. Observem como ele trata a mãe de vocês. Observem como ele serve nos seus chamados na Igreja. Observem como ele se relaciona com as outras pessoas. Vocês ficarão surpresos com o que aprenderão sobre ele apenas ao observá-lo e escutá-lo. Pensem sobre o que vocês não sabem sobre ele e descubram. O seu amor, a sua admiração e o seu entendimento por ele aumentarão com o que vocês descobrirem sobre ele. Rapazes, tenham interesse pela vida do seu pai.

E terceiro, aconselhem-se com o seu pai. Sejamos francos: ele provavelmente vai dar-lhes conselhos, quer peçam ou não, mas funcionará melhor quando vocês pedirem! Aconselhem-se com ele sobre as atividades na Igreja, sobre as aulas, os amigos, a escola, o namoro, esportes e outros passatempos. Peçam o conselho dele sobre suas designações na Igreja, sobre a preparação para a missão, sobre as decisões que tenham que tomar ou escolhas que tenham que fazer. Nada mostra mais respeito por uma pessoa do que pedir seu conselho, porque o que vocês realmente estão dizendo quando pedem um conselho é: “Sou grato pelo que você sabe e pelas experiências que teve. Valorizo suas ideias e sugestões”. Essas palavras são muito boas para o pai ouvir de um filho.

Pela minha experiência, os pais a quem os filhos pedem conselhos se esforçam mais para dar conselhos bons, sadios e úteis. Ao pedir conselhos a seu pai, vocês não apenas recebem o benefício da sua opinião, mas vocês também dão a ele motivação extra para se empenhar em ser um pai melhor e um homem melhor. Ele vai pensar com mais cuidado no assunto sobre o qual o aconselhará e vai-se esforçar para “praticar o que disser”. Rapazes, aconselhem-se com seu pai!

Certo, pais, agora é a sua vez. Vamos conversar sobre algumas coisas que vocês podem fazer para melhorar o relacionamento com seus filhos. Vocês notarão que há certa conexão entre as sugestões que vou-lhes dar e as sugestões que dei para os seus filhos. Não é coincidência.

Primeiro, pais, escutem seus filhos — realmente escutem-nos. Façam as perguntas certas e ouçam o que seus filhos têm a dizer sempre que passarem algum tempo juntos. Vocês precisam saber — não adivinhar, mas saber — o que está acontecendo na vida de seu filho. Não presumam saber como ele se sente apenas por já terem sido jovens. Seus filhos vivem em um mundo muito diferente daquele em que vocês cresceram. Enquanto eles falam sobre o que está acontecendo, vocês têm que escutar atentamente, sem julgar, para entender o que estão pensando e vivenciando.

Encontrem a melhor maneira de se comunicarem. Alguns pais gostam de levar seus filhos para pescar ou para eventos esportivos. Outros gostam de sair para um passeio tranquilo ou trabalhar juntos no quintal. Alguns descobrem que seus filhos gostam de conversar à noite, antes de dormir. Façam aquilo que funciona melhor para vocês. Um relacionamento pessoal deve ser parte da rotina em sua mordomia com os filhos. Todo pai precisa ter pelo menos uma conversa individual e de qualidade com seus filhos todos os meses, em que eles falarão sobre assuntos específicos como escola, amigos, sentimentos, videogames, mensagens de texto, dignidade, fé e testemunho. Onde ou quando isso acontece não é tão importante quanto o fato de que aconteça.

E, oh, como os pais precisam escutar! Lembrem-se de que a conversa em que vocês falam 90 por cento do tempo não é uma conversa. Empreguem a palavra “sentir” tantas vezes quantas se sentirem à vontade para usá-la durante as conversas com seus filhos. Perguntem: “Como você se sente sobre o que está aprendendo na aula?” “Como se sente a respeito do que o seu amigo disse?” “Como se sente a respeito do seu sacerdócio e da Igreja?”

Não pensem que vocês têm que consertar tudo ou resolver tudo durante esses encontros. Na maior parte do tempo, a melhor coisa que vocês podem fazer é apenas escutar. Os pais que escutam mais do que falam descobrem que os filhos compartilham mais sobre o que realmente está acontecendo em sua vida. Pais, escutem seus filhos.

Segundo, orem com seus filhos e por eles. Ministrem a eles bênçãos do sacerdócio. Um filho que está preocupado com um exame importante ou com um evento especial certamente será beneficiado por uma bênção paterna do sacerdócio. Ocasiões como o início de um ano escolar, aniversário ou quando ele começar a namorar podem ser épocas adequadas para invocar ao Senhor para que abençoe seu filho. Orarem apenas os dois juntos e compartilharem o testemunho pode tanto aproximá-los um do outro quanto torná-los mais próximos do Senhor.

Não me esqueço de que muitos de vocês, pais, sofrem grande tristeza por causa de filhos que se desviaram e foram subjugados pelo mundo, assim como Alma e Mosias se entristeceram por causa dos filhos. Continuem a fazer tudo o que puderem para manter relacionamentos familiares fortes. Nunca desistam, mesmo que tudo o que puderem fazer seja orar com fervor por eles. Esses filhos preciosos são seus para sempre! Pais, orem com os filhos e abençoem-nos.

Terceiro, ousem ter “conversas sérias” com seus filhos. Vocês sabem o que quero dizer: conversas sobre drogas e bebidas, sobre os perigos da mídia de hoje — a Internet, as cyber tecnologias e a pornografia — e sobre a dignidade do sacerdócio, respeito pelas moças e pureza moral. Embora esses não devam ser os únicos assuntos das conversas com seus filhos, não evitem falar deles. Os rapazes precisam dos seus conselhos, orientação e opinião sobre esses assuntos. Ao falar desses assuntos importantes, descobrirão que a confiança entre vocês crescerá e se desenvolverá.

Uma de minhas preocupações é que conversemos com nossos filhos de maneira aberta e clara sobre assuntos de natureza sexual. Nossos filhos estão crescendo em um mundo que adota e ostenta abertamente um comportamento sexual promíscuo, sem restrições, precoce, casual e despreocupado. Seus filhos não podem simplesmente evitar as evidentes imagens, mensagens e instigações sexuais que os cercam. Os pais e líderes da Igreja precisam ter conversas abertas e regulares que ensinem e esclareçam como os rapazes do sacerdócio podem lidar com esse assunto. Sejam positivos sobre o quão bela e maravilhosa a intimidade pode ser, quando acontece dentro dos limites estabelecidos pelo Senhor, incluindo os convênios no templo e os compromissos do casamento eterno. Os estudos mostram que o melhor freio para a atividade sexual casual é uma atitude saudável que conecta tal relacionamento pessoal com um compromisso genuíno e um amor maduro. Pais, se não tiveram essa “conversa séria” com seus filhos, tenham-na logo.

Agora para encerrar, quero falar a todos vocês, ex-missionários. Tudo o que eu disse nesta noite se aplica a vocês. Confiem em seu pai. Vocês podem aproximar-se mais dele agora do que antes, não importando como era o seu relacionamento antes da missão. Nos próximos anos, vocês tomarão as decisões mais importantes de sua vida. A oração ao Pai Celestial e o conselho do seu pai terreno podem ajudá-los a tomar as decisões relacionadas aos estudos, à escolha profissional e ao casamento. A decisão mais importante que tomarão nesta vida é a decisão de se casar com a moça certa no templo! Embora ninguém deva apressar essa importante decisão, todos os ex-missionários devem estar trabalhando nesse sentido. Estejam onde possam encontrar o tipo certo de amigos. E saiam com uma garota para namorar. “Sair em grupo” não é a maneira nem é o suficiente! “Cortejar” parece ser uma arte esquecida — redescubram-na. Ela realmente funciona! Perguntem a seus pais — eles sabem! Não façam à maneira do mundo. Ao contrário, mantenham a dignidade e o Espírito que desfrutaram na missão. A Igreja precisará da sua liderança no futuro.

E pais, as três sugestões que lhes fiz há alguns momentos se aplicam perfeitamente a seus filhos ex-missionários. Escutem-nos e sintonizem-se com eles por meio de conversas regulares e individuais. Conversem com eles a sério sobre seus sentimentos e desejos. Orem com eles e abençoem-nos quando enfrentarem as decisões importantes para o futuro.

Sou grato por meus filhos e genros, que têm me ensinado tanto, e rogo agora ao nosso Pai Celestial que abençoe a todos nós, como pais e filhos, para que honremos o sacerdócio e amemos uns aos outros, tornando nosso relacionamento pessoal uma das maiores prioridades eternas de nossa vida. Para isso, oro em nome de Jesus Cristo. Amém.