2010–2019
O Consolador
Abril 2015


17:2

O Consolador

Presto meu testemunho de que o Cristo vivo envia o Espírito Santo, o Consolador, àqueles a quem prometemos ajudá-Lo a consolar.

Minhas amadas irmãs, tem sido, para mim, uma alegria estar com vocês. Tenho pensado em minha mãe, minha esposa, minhas filhas, minhas noras e minhas netas — algumas delas estão aqui. Esse maravilhoso programa fez-me ser mais grato por elas. Reconheço que ter uma família e uma vida familiar tão maravilhosa vem do fato de que elas têm o Salvador como o centro de sua vida. Lembramo-nos Dele, esta noite, na música, nas orações e por meio de sermões inspirados. Um dos atributos do Salvador que mais apreciamos é Sua infinita compaixão.

Nesta noite, vocês sentiram que Ele as conhece e as ama. E sentiram Seu amor por aquelas que estão próximas de vocês agora. Elas são suas irmãs, filhas espirituais de nosso Pai Celestial. Ele Se importa com elas, assim como Ele Se importa com vocês. Ele compreende todas as dores que elas sentem. Ele quer ajudá-las.

Minha mensagem para vocês, nesta noite, é que vocês podem e devem ser uma parte importante do consolo do Senhor àqueles que precisam. Vocês podem dar o melhor de si se souberem mais sobre como Ele responde às orações por ajuda.

Muitas pessoas oram ao Pai Celestial pedindo alívio e socorro para levarem seus fardos de dor, solidão e temor. O Pai Celestial ouve essas orações e entende suas necessidades. Ele e Seu Amado Filho, o Senhor Jesus Cristo ressuscitado, prometeram ajuda.

Jesus Cristo fez esta doce promessa:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.1

Os fardos que Seus servos fiéis têm de carregar na vida se tornam mais leves graças à Sua Expiação. Os fardos que advêm do pecado podem ser removidos, mas as provações da vida mortal para as pessoas boas ainda podem ser fardos muito pesados.

Vocês viram essas provações na vida de boas pessoas que vocês amam. Sentiram o desejo de ajudá-las. Há um motivo para seu sentimento de compaixão por elas.

Vocês são membros de A Igreja de Jesus Cristo e fizeram convênios. Uma grande mudança teve início em seu coração quando entraram para a Igreja. Fizeram um convênio e receberam uma promessa que começou a transformar sua própria natureza.

Em suas palavras nas Águas de Mórmon, Alma descreveu o que vocês prometeram ao serem batizadas e o que isso significará para vocês e para todos a seu redor — especialmente sua família. Ele se dirigia aos que estavam prestes a fazer os convênios que vocês fizeram, e eles também receberam a promessa que o Senhor fez a vocês:

“Eis aqui as águas de Mórmon (pois assim eram chamadas); e agora, sendo que desejais entrar no rebanho de Deus e ser chamados seu povo; e sendo que estais dispostos a carregar os fardos uns dos outros, para que fiquem leves;

Sim, e estais dispostos a chorar com os que choram; sim, e consolar os que necessitam de consolo e servir de testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares em que vos encontreis, mesmo até a morte; para que sejais redimidos por Deus e contados com os da primeira ressurreição, para que tenhais a vida eterna”.2

É por isso que vocês têm o sentimento de querer ajudar uma pessoa que luta sob um fardo de dor e de dificuldades a prosseguir. Vocês prometeram que ajudariam o Senhor a tornar os fardos dela mais leves e que ela seria consolada. Receberam o poder de ajudar a aliviar esses fardos quando receberam o dom do Espírito Santo.

Quando estava prestes a ser crucificado, o Salvador descreveu a forma como Ele ajuda a aliviar fardos e como dá forças para suportá-los. Ele sabia que Seus discípulos ficariam tristes. Sabia que temeriam seu futuro. Sabia que se sentiriam inseguros de sua capacidade de seguir em frente.

Assim, Ele lhes fez a promessa que faz a nós e a todos os Seus verdadeiros discípulos:

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;

O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”.3

Depois, Ele prometeu:

“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.4

Nas últimas semanas, vi essa promessa de enviar o Espírito Santo ser cumprida na vida dos filhos de Deus que rogavam em oração para que seus fardos fossem aliviados. O milagre do alívio dos fardos veio como o Senhor prometeu. Ele e o Pai Celestial enviaram o Espírito Santo como o Consolador para ajudar Seus discípulos.

Recentemente, três gerações de uma família choravam a morte de um menino de 5 anos de idade. Ele morreu em um acidente enquanto estava de férias com sua família. Foi-me concedida a oportunidade de ver, mais uma vez, como o Senhor abençoa os fiéis com ajuda e força para suportar a dor.

Observei a maneira como o Senhor fez os seus grandes fardos se tornarem mais leves. Estava com eles como servo do Senhor que fez convênios — assim como vocês o farão frequentemente em sua vida — para “chorar com os que choram e consolar os que necessitam de consolo”.5

Por saber que isso era verdade, eu estava feliz e em paz quando os avós me convidaram a reunir-me com eles e com os pais do menino antes do funeral.

Orei para saber como ajudar o Senhor a consolá-los. Eles se reuniram comigo em nossa sala de estar. Eu tinha aquecido a sala naquela noite fria acendendo a lareira.

Senti que deveria dizer-lhes que os amava. Disse-lhes que sentia o amor que o Senhor tinha por eles. Em poucas palavras, tentei dizer-lhes que sentia muito por eles, mas que somente o Senhor sabia e poderia sentir perfeitamente a tristeza e a dor que sentiam.

Após dizer essas poucas palavras, senti-me inspirado a ouvir com amor enquanto expressavam seus sentimentos.

Nos momentos em que passamos juntos, eles falaram bem mais do que eu. Senti em sua voz e vi em seus olhos que o Espírito Santo os tocava. Expressando um singelo testemunho, falaram sobre o que havia acontecido e sobre como se sentiram. O Espírito Santo já tinha-lhes dado a paz que advém da esperança da vida eterna, quando seu filho, que morrera sem pecado, seria deles para sempre.

Quando dei a cada um deles uma bênção do sacerdócio, agradeci pela influência do Espírito Santo que estava presente. O Consolador tinha proporcionado esperança, coragem e aumentado a força de todos nós.

Naquela noite, vi a demonstração de como o Senhor atua conosco para aliviar os fardos de Seu povo. Vocês se lembram do relato no Livro de Mórmon de quando Seu povo estava quase esmagado pelos fardos colocados sobre os ombros deles por feitores implacáveis.

O povo rogou pedindo alívio, como muitos daqueles a quem amamos e servimos fazem. Aqui está o registro, que sei ser verdadeiro:

“E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas no futuro e para que tenhais plena certeza de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições.

E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor”.6

Já vi esse milagre acontecer repetidas vezes. O melhor modo de aliviarmos os fardos das pessoas é ajudando o Senhor a fortalecê-las. É por isso que o Senhor incluiu em nosso encargo de consolar as pessoas o mandamento de sermos Suas testemunhas em todos os momentos e em todos os lugares.

O pai e a mãe do menino prestaram testemunho do Salvador naquela noite em minha sala de estar. O Espírito Santo estava presente e todos foram consolados. Os pais foram fortalecidos. O fardo de dor não desapareceu, mas eles se tornaram capazes de suportar o sofrimento. Sua fé também aumentou. E a força deles continuará a crescer à medida que pedirem e viverem para obtê-la.

O testemunho da Expiação vindo do Espírito naquela noite também fortaleceu Jó para carregar seu fardo:

“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.

E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus”.7

Foi esse testemunho do Espírito que lhe deu forças para perseverar. Ele passaria pela lamentação e pela falta de compaixão das pessoas a seu redor para ver a alegria que adviria aos fiéis depois de passarem fielmente por suas provações.

Isso aconteceu com Jó. Ele recebeu bênçãos em sua vida. A história de Jó termina com este milagre:

“E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro. (…)

E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos.

E depois disto viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração.

Então morreu Jó, velho e farto de dias”.8

Foi o testemunho do Espírito a respeito da Expiação que viria que ajudou Jó a passar pelos testes que a vida reserva a todos nós. Isso faz parte do grande plano de felicidade que o Pai nos deu. Ele permitiu que Seu Filho provesse, por meio de Seu Sacrifício Expiatório, a esperança que nos consola, por mais difícil que o caminho de volta à presença Dele possa ser.

O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo para consolar e fortalecer os discípulos do Mestre na jornada que trilham.

Vi esse milagre de consolo ao chegar à capela em que o funeral do menino seria realizado. Fui abordado por uma jovem adorável a qual não reconheci. Ela disse que viera para o funeral a fim de dar suas condolências e tentar consolar a família.

Disse também que estava no funeral em parte para consolar a si mesma. Contou-me que seu filho primogênito havia falecido recentemente. Ela trazia nos braços uma linda garotinha. Abaixei-me para olhar o rosto sorridente da garotinha. “Qual é o nome dela?” perguntei. Ela alegre e rapidamente respondeu: “O nome dela é Joy [‘alegria’ em inglês]. A alegria sempre vem depois da tristeza”.

Ela estava prestando seu testemunho para mim. Pude ver que ela havia recebido consolo e paz da única fonte segura. Somente Deus conhece o coração e somente Ele pode verdadeiramente dizer: “Sei como você se sente”. Portanto, não posso mais do que apenas imaginar sua alegria e a tristeza que a precedeu, mas o Senhor, que a ama, sabe.

Apenas sei parcialmente quanta alegria Ele sente cada vez que vocês, como Suas discípulas, O ajudam a levar momentos de paz e alegria a um filho de nosso Pai Celestial.

Presto meu testemunho de que o Senhor pediu que nós, Seus discípulos, ajudemos a carregar os fardos uns dos outros. Prometemos que o faríamos. Presto meu testemunho de que o Senhor, por meio de Sua Expiação e Ressurreição, quebrou o poder da morte. Presto meu testemunho de que o Cristo vivo envia o Espírito Santo, o Consolador, àqueles a quem prometemos ajudá-Lo a consolar.

Todas vocês são testemunhas, assim como eu, da verdade escrita no pingente que minha mãe usou por mais de 20 anos como membro da junta geral da Sociedade de Socorro. A inscrição dizia: “[A Caridade] Nunca Falha”.9 Ainda não conheço o significado completo dessas palavras. Mas tive uma noção ao vê-la estender a mão aos necessitados. A escritura nos ensina esta verdade: “A caridade é o puro amor de Cristo”.10

Seu amor nunca falha e nunca cessaremos de sentir em nosso coração o desejo de “chorar com os que choram (…) consolar os que necessitam de consolo”.11 A paz que Ele promete jamais nos deixará se servirmos ao próximo por Ele.

Como Sua testemunha, expresso-lhes minha gratidão por tudo o que vocês fazem para ajudar o Senhor Jesus Cristo, que vive, e o Espírito Santo, o Consolador, a fortalecer os joelhos enfraquecidos e erguer as mãos que pendem.12 Sou grato, de todo o coração, pelas mulheres em minha vida que me ajudaram e me abençoaram como verdadeiras discípulas de Jesus Cristo. Em nome de Jesus Cristo. Amém.