Tomar Sobre Nós o Nome de Jesus Cristo
Que possamos tomar sobre nós, fielmente, o nome de Jesus Cristo — vendo como Ele vê, servindo como Ele serviu e confiando que a Sua graça é suficiente.
Meus queridos irmãos e irmãs, recentemente, ao refletir sobre o dever que nos foi dado pelo Presidente Nelson de chamar a Igreja pelo seu nome revelado, abri as escrituras na passagem em que o Salvador instrui os nefitas a respeito do nome da Igreja. Ao ler as palavras do Salvador, fiquei impressionado com o facto Dele também dizer ao povo que “deveis tomar sobre vós o nome de Cristo”. Isto fez com que eu olhasse para mim mesmo e perguntasse: “Estarei a tomar sobre mim o nome do Salvador como Ele gostaria que eu o fizesse?” Gostaria, hoje, de partilhar alguns dos sentimentos que tive em resposta à minha pergunta.
Primeiro, tomar sobre nós o nome de Cristo significa esforçarmo-nos fervorosamente para ver como Deus vê. E como é que Deus vê? Joseph Smith disse: “Embora uma parte da raça humana julgue e condene a outra sem misericórdia, o Grande Pai do Universo contempla toda a família humana com cuidado, carinho e atenção paternos”, pois o “Seu amor é insondável”.
Há poucos anos, a minha irmã mais velha faleceu. Ela teve uma vida cheia de desafios. Teve dificuldades em viver o evangelho e nunca foi verdadeiramente ativa. O seu marido abandonou o casamento, deixando-a com quatro filhos pequenos para criar. Na noite em que morreu, num quarto na presença dos seus filhos, dei-lhe uma bênção para que retornasse a casa em paz. Naquele momento percebi que, muitas vezes defini a vida da minha irmã em termos das suas provações e inatividade. Naquela noite, ao impor as mãos sobre a sua cabeça, recebi uma forte repreensão do Espirito. Fiquei inequivocamente ciente da sua bondade e foi-me permitido vê-la como Deus a via — não como alguém que teve problemas a nível do evangelho e da vida, mas como alguém que teve de lidar com questões difíceis que eu nunca tive de enfrentar. Vi-a como uma mãe magnífica que, a despeito dos imensos obstáculos, havia criado quatro filhos lindos e fantásticos. Vi-a como a amiga da nossa mãe, que dedicou do seu tempo para cuidar dela e fazer-lhe companhia, depois da morte do nosso pai.
Naquela última noite com a minha irmã, creio que Deus me estava a perguntar: “Não percebes que todos ao teu redor são seres sagrados?”
Brigham Young ensinou:
“Quero exortar aos Santos… que compreendam os homens e as mulheres como eles são, e não como vós sois.”
“Frequentemente se diz: ‘Esta pessoa cometeu um erro e não pode ser um Santo’. … Ouvimos alguém a dizer palavrões e a mentir… [ou] a quebrar o dia do Senhor… Não julguem essas pessoas, pois não conhecem o desígnio do Senhor em relação a elas… [em vez disso], sejam pacientes com elas.”
Será que alguém consegue imaginar o Salvador a deixar-nos, a nós e aos nossos fardos, passar despercebidos? O Salvador olhou para o samaritano, para a adúltera, para o publicano, para o leproso, para o mentalmente enfermo e para o pecador com os mesmos olhos. Todos somos filhos do Seu Pai. Todos podemos ser redimidos.
Conseguem imaginá-Lo a voltar as costas a alguém que tenha dúvidas acerca do seu lugar no Reino de Deus ou que esteja aflito por algum motivo? Eu não consigo. Aos olhos de Cristo, toda a alma é de infinito valor. Ninguém está preordenado para fracassar. A vida eterna é possível para todos.
Com a repreensão do Espírito junto ao leito da minha irmã, aprendi uma grande lição: ao vermos como Ele vê, a nossa vitória é dupla — a redenção daqueles com quem interagimos e a nossa própria redenção.
Segundo, para tomarmos sobre nós o nome de Cristo, não devemos apenas ver como Deus vê, mas precisamos também fazer a Sua obra e servir como Ele serviu. Vivemos os dois grandes mandamentos, submetemo-nos à vontade de Deus, coligamos Israel e deixamos a nossa luz “[resplandecer] diante dos homens”. Recebemos e vivemos os convénios e as ordenanças da Sua Igreja restaurada. Ao fazermos isto, Deus investe-nos com o poder de nos abençoarmos a nós mesmos, às nossas famílias e de abençoarmos a vida de outros. Perguntem a vós mesmos: “Será que conheço alguém que não precise do poder do Céu na sua vida?”
Deus fará maravilhas entre nós à medida que nos santificarmos. Santificamo-nos, ao purificar o nosso coração. Purificamos o nosso coração, à medida que Lhe damos ouvidos, que nos arrependemos dos nossos pecados, que nos convertemos e que amamos como Ele amou. O Salvador perguntou-nos: “Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis?”
Aprendi, recentemente, sobre uma experiência da vida do Elder James E. Talmage que me fez parar e refletir sobre o modo como eu amo e sirvo as pessoas ao meu redor. Quando ele era um jovem professor, antes de se tornar Apóstolo, no auge da mortífera epidemia de difteria de 1892, o Elder Talmage soube de uma família de pessoas desconhecidas, não membros da Igreja, que moravam perto dele e que tinham sido acometidos pela doença. Ninguém queria colocar-se em risco ao entrar naquela casa infetada. O Elder Talmage, porém, dirigiu-se de imediato à casa deles. Encontrou quatro crianças: uma de dois anos e meio morta no chão, uma de cinco e outra de dez anos cheias de dores, e uma de treze anos muito enfraquecida. Os pais estavam a sofrer, cheios de tristeza e fatigados.
O Elder Talmage vestiu, tanto os vivos como a criança morta, varreu os aposentos, levou a roupa suja para fora de casa e queimou os farrapos imundos e infestados pela doença. Trabalhou o dia inteiro e voltou na manhã seguinte. A criança de dez anos faleceu durante a noite. Ele pegou a de cinco anos ao colo e acalentou-a. Ela tossiu expetoração ensanguentada sobre o seu rosto e sobre as suas roupas. Ele escreveu: “Não conseguia largá-la” e manteve-a no colo até que ela morreu nos seus braços. Ajudou a enterrar as três crianças e providenciou alimentos e roupas limpas para a família em luto. Ao voltar para casa, o irmão Talmage deitou fora as suas roupas, tomou banho numa solução de zinco, isolou-se da sua família, em quarentena, e sofreu um leve surto da doença.
A vida de muitos ao nosso redor está em risco. Os Santos tomam o nome do Salvador sobre si ao se consagrarem e ao ministrarem a todos, independentemente de onde estejam ou de qual seja a sua situação — vidas são salvas quando fazemos isso.
Por fim, creio que para tomarmos sobre nós o Seu nome precisamos confiar Nele. Numa reunião de domingo da qual participei, uma jovem perguntou algo do género: “O meu namorado e eu terminámos o nosso namoro, e ele decidiu sair da Igreja. Ele diz-me que nunca se sentiu tão feliz como agora. Como é que isto pode ser verdade?”
O Salvador respondeu a esta pergunta quando disse aos nefitas: “Todavia, se [a vossa vida] não estiver edificada sobre o meu evangelho, mas edificada sobre as obras dos homens ou sobre as obras do diabo, em verdade vos digo que terão alegria em [vossas] obras por um tempo, porque logo chegará o fim”. Simplesmente, não há alegria duradoura fora do evangelho de Jesus Cristo.
Naquela reunião, pensei nas inúmeras pessoas boas que conheço, que se debatem com grandes fardos e com mandamentos que, na melhor das hipóteses, as intimidam. Perguntei a mim mesmo: “Que mais é que o Salvador lhes diria?” Creio que Ele lhes perguntaria: “Confiam em Mim?” Para a mulher com um fluxo de sangue, Ele disse: “A tua fé te salvou; vai em paz”.
Uma das minhas escrituras favoritas encontra-se em João 4:4, onde lemos: “E era-lhe necessário passar por Samaria”.
Porque é que eu gosto tanto desta escritura? Porque não era necessário que Jesus passasse por Samaria. Os judeus da Sua época desprezavam os samaritanos e viajavam por uma estrada que contornava Samaria. Mas, Jesus escolheu ir lá,a fim de declarar pela primeira vez, diante de todas as pessoas, que Ele era o Messias prometido. Para esta mensagem, Ele não só escolheu um grupo marginalizado, como também uma mulher — e não foi uma mulher qualquer, mas uma mulher que vivia em pecado — alguém que era considerado, na época, como a menor das criaturas. Creio que Jesus fez isto para que cada um de nós consiga sempre compreender que o Seu amor é maior do que os nossos temores, do que as nossas feridas, do que os nossos vícios, do que as nossas dúvidas, do que as nossas tentações, do que os nossos pecados,do que as nossas famílias desfeitas, do que a nossa depressão e ansiedade, ou do que a nossa doença crónica, ou do que a nossa pobreza, ou do que os maus-tratos, ou do que o nosso desespero e solidão. Ele quer que todos saibam que não há nada nem ninguém que Ele seja incapaz de curar e de entregar à alegria duradoura.
A Sua graça basta. Sozinho Ele desceu abaixo de todas as coisas. O poder da Sua Expiação é o poder de superar qualquer fardo na nossa vida. A mensagem da mulher junto ao poço é a de que Ele conhece a situação da nossa vida e que podemos sempre andar com Ele, onde quer que estejamos. Para ela e para cada um de nós, Ele diz: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, [mas terá] uma fonte de água que salte para a vida eterna”.
Em qualquer das jornadas da vida, porque nos afastaríamos do único Salvador que tem todo o poder para nos curar e salvar? Seja qual for o preço que tenhamos de pagar para confiar Nele, vale a pena. Meus irmãos e irmãs, que seja a nossa decisão aumentar a nossa fé no Pai Celestial e no nosso Salvador Jesus Cristo.
Das profundezas da minha alma, presto testemunho de que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a Igreja do Salvador, dirigida pelo Cristo vivo por meio de um profeta verdadeiro. A minha oração é que tomemos fielmente sobre nós o nome de Jesus Cristo — vendo como Ele vê, servindo como Ele serviu e confiando que a Sua graça basta para nos conduzir ao nosso lar e a uma alegria eterna. Em nome de Jesus Cristo. Amém.