Conferência Geral
Eleva o Teu Coração e Regozija-te
Conferência geral de abril de 2022


11:27

Eleva o Teu Coração e Regozija-te

Nascemos nesta época para um propósito divino, a coligação de Israel.

Ao falar com Thomas B. Marsh, um recém-converso, o Senhor proferiu as seguintes palavras de incentivo: “Eleva o [teu] coração e regozija-te, pois é chegada a hora [da] tua missão” (Doutrina e Convénios 31:3).

Creio que este convite pode servir de inspiração para todos os membros da Igreja. Afinal, cada um de nós recebeu do nosso Pai Celestial a missão de coligar Israel de ambos os lados do véu.

“Essa coligação”, disse o Presidente Russell M. Nelson, “é a coisa mais importante que está a acontecer na Terra hoje em dia. Nada se compara em grandeza, em importância e em majestade”.1

Certamente, existem muitas causas dignas no mundo. É impossível nomeá-las a todas. Mas não gostariam de participar numa grande causa que está ao vosso alcance e onde a vossa contribuição faz toda a diferença? A coligação faz uma eterna diferença para todos. Pessoas de todas as idades podem participar nesta causa, independentemente das suas circunstâncias e do local onde vivem. Não há outra causa no mundo mais inclusiva.

Falando especificamente aos jovens, o Presidente Nelson disse que “o nosso Pai Celestial reservou muitos dos Seus espíritos mais nobres — talvez a Sua melhor equipa, por assim dizer — para esta fase final. Estes espíritos nobres — os melhores jogadores, estes heróis — são vocês!”2

Sim, vocês foram preparados desde antes desta vida e nasceram agora para participar no grande trabalho da coligação de Israel, de ambos os lados do véu, nestes últimos dias (ver Doutrina e Convénios 138:53-56).

Por que é que esta causa é tão importante? Porque “o valor das almas é grande à vista de Deus” (Doutrina e Convénios 18:10). E porque “os que crerem em [Jesus Cristo] e forem batizados, esses serão salvos; e (…) herdarão o reino de Deus” (3 Néfi 11:33). Além disso, “tudo o que [o] Pai possui [será] dado” àqueles que recebem as Suas ordenanças e guardam os Seus convénios (Doutrina e Convénios 84:38). Além disso, “os obreiros são poucos” (Lucas 10:2).

Apenas n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias encontramos o poder, a autoridade e a forma de oferecer tal bênção a outros, vivos ou mortos.

Tal como o Presidente Nelson disse: “Sempre que (…) fazem alguma coisa para ajudar alguém — nos dois lados do véu — a fazer os convénios fundamentais com Deus e a receber as ordenanças essenciais do batismo e do templo, [estão] a ajudar na coligação de Israel. É [tão] simples assim”.3

Embora haja muitas formas de ajudar na coligação, gostaria de falar de uma em particular: servir como missionário de tempo integral. Para muitos de vós, isto significa ser um missionário de proselitismo. Para muitos outros, isto significa ser um missionário de serviço. O mundo tenta distrair a juventude desta responsabilidade mais sagrada usando o medo e as inseguranças.

Algumas outras distrações podem ser vivenciar uma pandemia, deixar um bom emprego, adiar a formação académica, ou estar particularmente interessado em alguém a nível romântico. Todos terão o seu próprio conjunto de desafios. Tais distrações podem surgir precisamente no momento de embarcar no serviço do Senhor e as escolhas que mais tarde parecem óbvias, nem sempre são tão fáceis no momento.

Conheço, por experiência própria, a mente preocupada de uma pessoa jovem. Quando me preparava para partir para a minha missão, algumas forças surpreendentes tentaram desencorajar-me. Uma delas foi o meu dentista. Quando percebeu que a minha consulta era para que eu pudesse ser missionário, tentou dissuadir-me de servir. Eu não tinha a menor noção de que o meu dentista era contra a Igreja.

A interrupção da minha formação académica também foi complicada. Quando pedi uma licença de dispensa de dois anos do meu curso universitário, fui informado de que tal não era possível. Iria perder a minha vaga na universidade se não regressasse após um ano. No Brasil, isto era grave uma vez que o único critério de admissão num curso universitário era um exame extremamente difícil e competitivo.

Depois de insistir repetidamente, fui relutantemente informado de que, depois de estar ausente durante um ano, poderia solicitar uma exceção por motivos extraordinários. Esta poderia ser aprovada, ou não. Fiquei aterrorizado com a ideia de ter de voltar a fazer aquele difícil teste de admissão após dois anos afastado dos meus estudos.

Também estava especialmente interessado numa certa jovem. Vários dos meus amigos partilhavam esse mesmo interesse. Pensei para comigo: “Se eu for para a missão, estou a correr um risco”.

Mas, o Senhor Jesus Cristo foi a minha grande inspiração para não ter medo do futuro, à medida que me esforçava para O servir com todo o meu coração.

Ele também teve uma missão a cumprir. Nas suas próprias palavras, Ele explicou: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6:38). E será que a missão Dele foi fácil? Claro que não. O Seu sofrimento, que era uma parte essencial da Sua missão, fez com que até “Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —

Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei [os] meus preparativos para os filhos dos homens” (Doutrina e Convénios 19:18–19).

Servir uma missão de tempo integral pode parecer-nos difícil. Talvez exija que desistamos de coisas importantes por algum tempo. O Senhor certamente sabe disso e estará sempre ao nosso lado.

De facto, na mensagem aos missionários do manual Pregar [o] Meu Evangelho, a Primeira Presidência promete: “O Senhor vai [recompensar-vos] e [abençoar-vos] imensamente à medida que O [servirdes] com humildade e espírito de oração”.4 É verdade que todos os filhos de Deus são abençoados, de uma forma ou de outra, mas há uma diferença entre ser abençoado e ser imensamente abençoado, estando ao serviço de Deus.

Lembram-se dos desafios que eu pensava ter enfrentado antes da minha missão? O meu dentista? Encontrei outro. A minha universidade? Abriram uma exceção só para mim. Lembram-se daquela jovem? Ela casou com um dos meus melhores amigos.

Mas, Deus abençoou-me imensamente. E aprendi que as bênçãos do Senhor podem vir de formas diferentes daquelas que esperamos. Afinal, os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos (ver Isaías 55:8–9).

Entre as muitas e ricas bênçãos que Ele me deu por servi-Lo como missionário de tempo integral estão uma maior fé em Jesus Cristo e na Sua Expiação, e um conhecimento e testemunho mais fortes dos Seus ensinamentos, de modo que não sou facilmente influenciado por “todo o vento de doutrina” (Efésios 4:14). Perdi o meu medo de ensinar. A minha capacidade de enfrentar desafios com otimismo aumentou. Ao observar indivíduos e famílias que conheci ou ensinei como missionário, aprendi que os ensinamentos de Deus são verdadeiros quando Ele diz que o pecado não traz a verdadeira felicidade e que a obediência aos mandamentos de Deus nos ajuda a prosperar, tanto temporal como espiritualmente (ver Mosias 2:41; Alma 41:10). E aprendi por mim mesmo que Deus é um Deus de milagres (ver Mórmon 9).

Todas estas coisas foram determinantes na minha preparação para a vida adulta, inclusive possível casamento e paternidade, serviço eclesiástico, e vida profissional e comunitária.

Depois da minha missão, beneficiei da minha coragem crescente para me apresentar como um seguidor fiel de Jesus Cristo e da Sua Igreja, em todas as circunstâncias e a todas as pessoas, partilhando até o evangelho com uma bela mulher que se tornaria a minha virtuosa, sábia, divertida e amada companheira eterna, o sol da minha vida.

Sim, Deus abençoou-me imensamente, muito para além do que imaginei, tal como irá abençoar todos aqueles que “humildemente e em espírito de oração O servem”. Estou eternamente grato a Deus pela Sua bondade.

A minha missão moldou completamente a minha vida. Aprendi que vale a pena o esforço de confiar em Deus, de confiar na Sua sabedoria e misericórdia, e nas Suas promessas. Afinal, Ele é o nosso Pai e, sem qualquer dúvida, Ele quer o melhor para nós.

Caros jovens de todo o mundo, faço-vos o mesmo convite que o nosso profeta, o Presidente Nelson, fez a todos vós “para se alistarem no batalhão de jovens do Senhor para ajudar a coligar Israel”. O Presidente Nelson explicou:

“Não há nada que tenha maior consequência. Absolutamente nada.

Esta coligação deve significar tudo para vós. Esta é a missão para a qual fostes enviados à Terra”.5

Nascemos nesta época para um propósito divino, a coligação de Israel. Quando servimos como missionários de tempo integral, somos por vezes desafiados, mas o próprio Senhor é o nosso grande exemplo e guia em tais circunstâncias. Ele compreende o que é uma missão difícil. Com a ajuda Dele, podemos fazer coisas difíceis. Ele estará ao nosso lado (ver Doutrina e Convénios 84:88) e abençoar-nos-á grandemente à medida que O servirmos humildemente.

Por todas estas razões, não me surpreende que o Senhor tenha dito a Thomas B. Marsh e a todos nós: “Eleva o [teu] coração e regozija-te, pois é chegada a hora [da] tua missão”. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Presidente Russell M. Nelson, “Juventude da promessa” (Devocional mundial para os jovens, 3 de junho de 2018), HopeofIsrael.ChurchofJesusChrist.org.

  2. Russell M. Nelson, “Juventude de Israel”.

  3. Ver Russell M. Nelson, “Juventude da promessa”.

  4. Pregar [o] Meu Evangelho: Um Guia para o Serviço Missionário (2019).

  5. Russell M. Nelson, “Juventude de Israel”.