Todos Temos uma História
Por favor, venham encontrar a vossa família, todas as vossas gerações e tragam-nas para casa.
Amigos, irmãos e irmãs, todos temos uma história. À medida que descobrimos a nossa história, ligamo-nos, pertencemos, tornamo-nos.
O meu nome é Gerrit Walter Gong. Gerrit é um nome neerlandês, Walter (o nome do meu pai) é um nome americano e Gong, claro, é um nome chinês.
Os especialistas estimam que viveram na Terra entre 70 a 110 mil milhões de pessoas. Talvez apenas um se tenha chamado Gerrit Walter Gong.
Todos temos uma história. Adoro sentir “no rosto a chuva a cair [e] o vento soprando, ao Sul”.1 Cambaleio com os pinguins na Antártida. Dou aos órfãos na Guatemala, às crianças de rua no Camboja, às mulheres Maasai na Mara africana, a sua primeira fotografia de si mesmos.
Espero no hospital à medida que cada um dos meus filhos nasce — até que o médico peça a minha ajuda.
Confio em Deus. Acredito que “[existimos] para que [tenhamos] alegria”2 e que há tempos e épocas para tudo debaixo do céu.3
Conhecem a vossa história? Sabem o significado do vosso nome? A população mundial cresceu de 1,1 mil milhões de pessoas em 1820, para quase 7,8 mil milhões em 2020.4 O ano de 1820 parece ser um ponto de inflexão na história. Muitos nascidos após 1820 têm memória viva e registos para identificar várias gerações de familiares. Conseguem pensar numa lembrança especial e doce com um avô ou com um outro familiar?
Qualquer que seja o número total de indivíduos que viveram na Terra, é finito, contável, uma pessoa de cada vez. Vocês e eu, cada um de nós é importante.
E, por favor, pensem nisto: quer os conheçamos ou não, todos nascemos de uma mãe e de um pai. E cada mãe e pai nasce de uma mãe e de um pai.5 Por nascimento ou por adoção, estamos todos ligados na família de Deus e na família humana.
Nascido em 837 d.C., o meu trigésimo avô, o Primeiro Dragão Gong, começou a nossa aldeia familiar, no sul da China. A primeira vez que visitei a aldeia de Gong, as pessoas disseram: “Wenhan huilaile” (“o Gerrit voltou”).
Do lado da minha mãe, a nossa árvore genealógica viva inclui milhares de nomes de família, com mais para descobrir.6 Todos temos mais familiares a quem nos ligarmos. Se acham que a vossa tia-avó completou toda a genealogia da vossa família, encontrem os vossos primos e os primos dos primos. Liguem os vossos nomes de família de memória viva aos 10 mil milhões de nomes pesquisáveis que o FamilySearch agora tem na sua coleção online e aos 1,3 mil milhões de indivíduos na sua Árvore Familiar.7
Peçam a amigos ou familiares para desenhar uma árvore viva. Tal como o Presidente Russell M. Nelson ensina, as árvores vivas têm raízes e ramos.8 Quer sejam a primeira ou a décima geração conhecida, liguem o ontem ao amanhã. Liguem as raízes e os ramos na vossa árvore genealógica viva.9
A pergunta: “De onde és?”, questiona a linhagem, o local de nascimento e o país de origem ou a pátria. Globalmente, 25% das pessoas têm a sua terra natal ligada à China, 23% à Índia, 17% a outras partes da Ásia e do Pacífico, 18% à Europa, 10% à África e 7% às Américas.10
A pergunta: “De onde és?”, também nos convida a descobrir a nossa identidade divina e propósito espiritual na vida.
Todos temos uma história.
Conheço uma família que ligou cinco gerações da família quando visitaram a sua antiga casa em Winnipeg, no Canadá. Lá, o avô contou aos netos o dia em que dois missionários (a quem ele chamava de anjos do céu) trouxeram o evangelho restaurado de Jesus Cristo, mudando a sua família para sempre.
Conheço uma mãe que convidou os seus filhos, e os primos, a perguntar à bisavó sobre as suas experiências de infância. As aventuras e as lições de vida da bisavó são agora um precioso livro de família que une gerações.
Conheço um jovem que está a compilar um “diário do papá”. Há uns anos atrás, um carro atropelou e matou o seu pai. Agora, ao conhecer o seu pai, este jovem corajoso está a preservar memórias de infância e histórias de familiares e amigos.
Quando questionadas sobre qual é a parte mais significativa da vida, a maioria das pessoas coloca a família em primeiro lugar.11 Isto inclui tanto os familiares vivos como os que já partiram. Claro que, quando morremos, não deixamos de existir. Continuamos a viver do outro lado do véu.
Ainda muito vivos, os nossos antepassados merecem ser recordados.12 Recordamos a nossa herança através de histórias orais, registos de clãs e histórias de família, memoriais ou monumentos comemorativos, e celebrações com fotografias, comidas ou itens que nos lembram de entes queridos.
Pensem no local onde vivem: não é maravilhoso como o vosso país e a vossa comunidade recorda e honra os seus antepassados, familiares e outros que serviram e se sacrificaram? Por exemplo, na comemoração da colheita de outono em South Molton, Devonshire, na Inglaterra, eu e a irmã Gong adoramos passar pela pequena igreja e comunidade onde viveram gerações dos nossos familiares chamados Bawden. Honramos os nossos antepassados, abrindo os céus através do trabalho do templo e da história da família13 e tornando-nos um elo14 unificador na corrente das nossas gerações.15
Nesta era do “escolho-me a mim”, as sociedades beneficiam-se quando as gerações se ligam de forma significativa. Precisamos de raízes para ter asas – relacionamentos reais, serviço significativo, vida para além das facetas fugazes das redes sociais.
Ligar-nos aos nossos antepassados pode mudar a nossa vida de forma surpreendente. Das suas provações e realizações, ganhamos fé e força.16 Do seu amor e sacrifícios, aprendemos a perdoar e a seguir em frente. Os nossos filhos tornam-se resilientes. Ganhamos proteção e poder. Os laços com os antepassados aumentam a proximidade familiar, a gratidão, os milagres. Tais laços podem trazer ajuda do outro lado do véu.
Assim como as alegrias vêm às famílias, as tristezas também. Nenhum indivíduo é perfeito, nem nenhuma família o é. Quando aqueles que deveriam amar-nos, nutrir-nos e proteger-nos não o fazem, sentimo-nos abandonados, envergonhados e magoados. A família pode tornar-se numa concha oca. Porém, com a ajuda do Céu, podemos compreender a nossa família e fazer as pazes uns com os outros.17
Por vezes, o compromisso inabalável dos relacionamentos familiares duradouros ajuda-nos a realizar coisas difíceis. Nalguns casos, a comunidade torna-se numa família. Uma jovem notável, cuja família conturbada se mudava com frequência, encontrava uma família amorosa na Igreja, onde quer que se encontrasse, que a nutria e a fazia sentir-se incluída. A genética e os padrões familiares influenciam-nos mas não nos definem.
Deus deseja que as nossas famílias sejam felizes e para sempre. Mas, para sempre é muito tempo se nos fazemos infelizes uns aos outros. E a felicidade seria de pouca duração se os relacionamentos valiosos terminassem com esta vida. Através de convénios sagrados, Jesus Cristo oferece o Seu amor, poder e graça para nos mudar18 e curar os nossos relacionamentos. O serviço abnegado no templo, a favor dos nossos entes queridos, torna real a Expiação do Salvador, tanto para eles como para nós. Santificados, podemos regressar à presença de Deus como famílias unidas para a eternidade.19
Cada uma das nossas histórias é uma jornada ainda em curso, à medida que descobrimos, criamos e nos tornamos, com possibilidades que ultrapassam a imaginação.
O profeta Joseph Smith disse: “A alguns a doutrina de que falamos poderá parecer muito arrojada — um poder que [regista] ou liga na Terra e liga nos céus”.20 A sociabilidade que geramos aqui pode existir lá, acrescida de glória eterna.21 De facto, “nós, sem [os nossos familiares] não podemos ser aperfeiçoados; nem podem eles sem nós ser aperfeiçoados”, isto é, numa “total, completa e perfeita união”.22
E o que é que podemos fazer agora?
Primeiro, imaginem a vossa imagem refletida à frente e atrás, entre dois espelhos da eternidade. Numa direção, imaginem-se como filhas, netas, bisnetas; na outra direção, sorriam para vós mesmas como tias, mães, avós. Como o tempo passa depressa! Em cada época e em cada papel, reparem naqueles que estão convosco. Reúnam as suas fotografias e histórias; tornem reais as suas memórias. Registem os seus nomes, experiências e datas importantes. Eles são a vossa família — a família que têm e a família que desejam.
Ao realizarem as ordenanças do templo pelos vossos familiares, o espírito de Elias, uma manifestação do Espírito Santo que presta testemunho da natureza divina da família,23 entrelaçará o coração dos vossos pais, mães e filhos em amor.24
Segundo, deixem que a aventura da história da família seja intencional e espontânea. Liguem à vossa avó. Olhem profundamente nos olhos do novo bebé. Reservem tempo — descubram a eternidade — em cada estágio da vossa jornada. Aprendam e reconheçam com gratidão e honestidade a vossa herança familiar. Celebrem e tornem-se positivos e, quando necessário, façam, humildemente, o que estiver ao vosso alcance para não transmitirem o negativo. Deixem que as coisas boas comecem convosco.
Terceiro, visitem o FamilySearch.org. Façam o download das aplicações móveis disponíveis. São gratuitas e divertidas. Descubram, liguem-se, pertençam. Vejam como se relacionam com as pessoas numa sala, como é fácil e gratificante acrescentar nomes à vossa árvore genealógica viva, e como é fácil encontrar e abençoar as vossas raízes e ramos.
Quarto, ajudem a unir as famílias para a eternidade. Lembrem-se da demografia do Céu. Há muito mais pessoas do outro lado do véu do que deste. À medida que mais templos se aproximam de nós, por favor, ofereçam aos que esperam pelas ordenanças do templo a oportunidade de recebê-las.
A promessa na Páscoa, e sempre, é que, em Jesus Cristo e através Dele, podemos tornar-nos na nossa melhor história e as nossas famílias podem ser felizes e para sempre. Em todas as gerações, Jesus Cristo cura os quebrantados de coração, liberta os cativos e põe em liberdade os oprimidos.25 Pertencermos a Deus e uns com os outros, por convénio,26 inclui saber que o nosso espírito e o nosso corpo reunir-se-ão na ressurreição, e que os nossos relacionamentos mais preciosos podem continuar para além da morte, com uma plenitude de alegria.27
Todos temos uma história. Venham descobrir a vossa. Venham encontrar a vossa voz, a vossa música, a vossa harmonia Nele. Este é o propósito pelo qual Deus criou os céus e a Terra e viu que estes eram bons.28
Louvado seja o plano de felicidade de Deus, a Expiação de Jesus Cristo, a restauração contínua no Seu evangelho e na Sua Igreja. Por favor, venham encontrar a vossa família, todas as vossas gerações e tragam-nas para casa. No sagrado e santo nome de Jesus Cristo. Amém.