Colocando o Aluno em Ação: Como Aumentar a Participação nas Aulas
Quando os alunos estão envolvidos, pode-se alcançar o ensino eficaz.
Um líder de estaca estava dando uma aula para o quórum de élderes numa conferência de ala. Era evidente que havia gasto bastante tempo e esforço preparando-se para ensiná-la; ele falou com sinceridade. Mas os membros do quórum não prestaram atenção, alguns ficaram irrequietos o tempo todo. Por quê? Após a oração de encerramento, ao pensar sobre a lição, o professor constatou que em vez de envolver os alunos, ele tinha apenas dado um longo sermão.
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, enfatizou recentemente que os membros da Igreja necessitam melhorar o ensino do evangelho: “Numa época em que nosso Profeta pede mais fé por meio de ouvir-se a palavra de Deus, devemos revitalizar e estimular um ensino de maior qualidade na Igreja”. (“Mestre, Vindo de Deus”, A Liahona, julho de 1998, p. 27)
Em Que Consiste O Ensino Eficaz Do Evangelho?
O papel de um professor no ensino do evangelho “é ajudar as pessoas a sentirem-se responsáveis por aprender o evangelho, despertar nelas o desejo de estudar, compreender e de viver o evangelho e mostrar-lhes como fazê-lo”. [Ensino, Não Há Maior Chamado (1999), p. 61]
“O aprendizado é responsabilidade do aluno. Assim, é ele que deve ser posto em atividade. [Asahel D. Woodruff, Teaching the Gospel (1962), p. 37] O bom professor concentra-se menos em partilhar o que sabe e mais em ajudar os membros da classe a desenvolver seu próprio desejo de buscar conhecimento e inspiração.
No lar ou nas classes da Igreja somos menos eficientes quando tentamos “injetar” conhecimento e crescimento nos outros. Nas reuniões sacramentais, conferências e outras reuniões formais, os oradores não costumam convidar as pessoas a participar. Mas nas aulas, podemos seguir o modelo estabelecido pelo Senhor, nas instruções que deu em relação à Escola dos Profetas: “Dentre vós designai um professor e não falem todos ao mesmo tempo; mas cada um fale a seu tempo e todos ouçam suas palavras, para que quando todos houverem falado, todos sejam edificados por todos, para que todos tenham privilégios iguais”. (D&C 88:122; grifo do autor.)
Quais são, então, algumas maneiras de ajudarmos os alunos a participarem ativamente nas lições do evangelho?
1. Falar Menos
Os professores que falam 90% do tempo da aula estão provavelmente falando demais. Naturalmente que, como professores, vocês terão que dar explicações, instruções, exemplos, contar histórias, prestar testemunhos e assim por diante, mas vocês só devem falar se isso contribuir para promover a participação dos alunos. Numa aula eficiente, os alunos devem falar de 40 a 60 % do tempo. Esta abordagem os ajudará a evitar que sejam apenas palestrantes ou distribuidores de informação. Em vez disso, podem-se tornar facilitadores — ajudando os alunos a aprenderem com as escrituras, com outros alunos e com o Espírito. Obviamente, será necessário apresentar a lição e ajudar a estabelecer os fundamentos do conhecimento e, ao fim da aula, esclarecer e resumir a doutrina ensinada. Contudo, será necessário ter cuidado para não levar muito tempo fazendo isso.
Certo professor da Escola Dominical preparou uma lição sobre Doutrina e Convênios 135–137. Entretanto, durante a aula os alunos se envolveram num empolgante debate sobre os princípios contidos na seção 135. Os alunos compartilharam impressões, experiências e testemunhos, e com isso o tempo da aula rapidamente se esgotou. A princípio, o professor ficou frustrado, mas depois observou que, por causa da participação dos alunos, o propósito da lição fora atingido.
“Os professores devem ter o cuidado de não interromper uma boa discussão antes do tempo com o simples intuito de apresentar todo o conteúdo que haviam preparado. Mais importante do que apresentar todo o conteúdo previsto é fazer com que os alunos sintam a influência do Espírito, aumentem sua compreensão do evangelho, aprendam a aplicar os princípios do evangelho em sua vida e fortaleçam seu compromisso de viver o evangelho.” [“Ensino e Liderança no Evangelho” (1998), p. 304]
2. Fazer Perguntas Eficazes
Para iniciar uma aula, podemos chamar um aluno para ler uma escritura ou uma citação contida na lição. Depois podemos fazer perguntas que suscitem respostas significativas. Perguntas que possam ser respondidas apenas com “sim” ou “não”, perguntas para as quais todos os alunos saibam as respostas e perguntas que exigem dos alunos que adivinhem o que você está tentando dizer geralmente não incentivam a participação e as respostas significativas. Podemos substituí-las por perguntas tais como:
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O que esses versículos significam para você?
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Quais os princípios do evangelho ensinados nos versículos… ?
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Como ___________ o ajuda a compreender… ?
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O que você sublinharia ou marcaria nesses versículos? Por quê?
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Como você diria isso com suas próprias palavras?
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Quais são algumas conclusões que podemos tirar disso?
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Como podemos aplicar esses ensinamentos a nossa vida?
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Quais são seus comentários ou sentimentos a esse respeito?
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Alguém gostaria de compartilhar seu testemunho ou experiência sobre este princípio?
Eis alguns exemplos de perguntas que poderiam ser feitas para ensinar 1 Néfi 16:
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Como se sentiu cada membro da família de Leí quando o arco de Néfi se quebrou?
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Que versículos indicam o sentimento de Néfi?
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Algum de vocês poderia contar sobre um problema ou dificuldade que lhe trouxe crescimento espiritual?
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Que versículo deste capítulo você mais gosta? Por quê?
Certifique-se de dar aos alunos tempo suficiente para pensar e dar as respostas a suas perguntas ou aceitar seu convite para participar. Podemos ensinar aos alunos que o silêncio não é necessariamente incômodo, dizendo algo como: “Esperaremos alguns segundos até que pensem sobre o assunto, e quando estiverem prontos levantem as mãos”. Se o silêncio não incomodar a você, também não incomodará aos alunos. Os professores não devem pressionar os alunos a falarem de suas experiências pessoais ou sentimentos quando estes não quiserem fazê-lo espontaneamente. Algumas experiências podem ser muito sagradas para serem compartilhadas.
3. Fazer Comentários Positivos
“Caso reaja de forma positiva a todos os comentários sinceros, você pode ajudar seus alunos a sentirem-se mais confiantes em sua capacidade de participar de uma discussão.” (Ensino, Não Há Maior Chamado, p. 64) Um professor não deve ridicularizar ou criticar as perguntas, comentários, sentimentos, experiências ou testemunhos dos alunos. Deve mostrar cortesia e amor e fazer o que for possível para incentivar a participação conveniente deles. Podemos ajudar nossos alunos a sentir que sua contribuição será apreciada e que sua participação é importante, mesmo que algumas vezes tenhamos que esclarecer gentilmente algumas interpretações doutrinárias incorretas. Tenha em mente que os alunos estão correndo riscos sociais, emocionais e espirituais ao compartilharem suas impressões pessoais. Eles hesitarão em fazê-lo novamente, se seus comentários não forem bem recebidos.
Não fiquem excessivamente preocupados quando o comentário de um aluno divergir involuntariamente do tema da aula. Se o comentário não contribuir para o avanço da lição, podemos simplesmente reagir de maneira positiva ao comentário, apresentar um novo tópico e pedir nova participação. Algumas maneiras de reagir aos comentários dos alunos são:
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Obrigado(a) pelo seu comentário.
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Gostei da sua colocação!
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Obrigado(a) por compartilhar seus sentimentos.
Podemos ainda incentivar uma participação maior, dizendo:
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Essa é uma boa pergunta. Quem gostaria de respondê-la?
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Interessante. Você poderia explicar melhor?
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Como chegou a essa conclusão?
Se um aluno afirma algo que é incorreto ou inadequado, podemos dizer:
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Obrigado(a). O princípio sobre o qual quero que pense é…
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Também já ouvi isso, mas minha compreensão a esse respeito é…
Talvez tenham um ou dois alunos que parecem estar sempre dispostos a responder as perguntas ou a fazer comentários. Demonstrem gratidão por sua participação. Todavia, o Presidente Howard W. Hunter (1907–1995) aconselhou: “Não caiam na armadilha muito comum de chamar apenas aqueles que são brilhantes e ávidos de conhecimento e que têm sempre a resposta pronta. Procure e continue a questionar aqueles que hesitam em dar respostas, que são tímidos e sempre se esquivam, talvez atormentados com algum problema espiritual”. [Eternal Investments (discurso proferido aos instrutores do Sistema Educacional da Igreja), em 10 de fevereiro de 1989), p. 4] Os professores não devem, contudo, pressionar ou forçar a participação dos alunos que, por qualquer motivo, preferem não responder. Não devem também, na tentativa de envolver a todos, constranger ou fazer com que os alunos se sintam pouco à vontade.
A Alegria de Ensinar O Evangelho
Professores eficazes do evangelho são humildes e estão dispostos a renunciar aos holofotes e dar o papel principal aos alunos. A irmã Virginia H. Pearce, que serviu como Primeira Conselheira na Presidência Geral das Moças, declarou: “O professor habilidoso não deseja alunos que saiam da classe falando sobre como o professor é maravilhoso e diferente. Esse professor quer alunos que saiam da aula falando sobre a maravilha do evangelho!” (“A Sala de Aula — Um Lugar Propício ao Desenvolvimento Contínuo”, A Liahona, janeiro de 1997, pp. 12–13)
O evangelho de Jesus Cristo é verdadeiramente maravilhoso, e podemos esforçar-nos para fazer irradiar toda essa magnificência, ao usarmos o conhecimento, os sentimentos, as idéias, as experiências e os testemunhos de todos os alunos. Por meio do ensino eficaz do evangelho “todos [podem ser] edificados por todos”.
Jonn D. Claybaugh é Presidente da Missão Costa Rica San José. Amber Barlow Dahl é membro da ala Centennial, Estaca Eagle Idaho.
A Participação Leva Ao Crescimento
“Quanto mais os alunos lêem suas designações de escrituras, mais trazem as escrituras para a classe, e mais debatem sobre o que o evangelho representa em sua vida, e mais inspiração, crescimento e alegria têm enquanto buscam resolver seus problemas pessoais e superar seus desafios.” — Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze Apóstolos (“Teaching by the Spirit”, Ensign, janeiro de 1989, p. 15)
Dê Ensinamentos Aos Alunos, Não Apenas Lições
“Um professor do evangelho não se concentra em si mesmo. Aquele que entende esse princípio não irá encarar seu chamado como o ato de simplesmente ‘dar uma aula’, porque essa definição vê o ensino sob o ponto de vista do professor, não do aluno.” — Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos (“O Ensino do Evangelho”, A Liahona, janeiro de 2000, p. 96)