Os Confins da Terra
“Deus (…) vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.” (Jó 28:23–24)
Vá para a Argentina. Chegando lá, vá na direção sul. Continue em frente. Siga adiante. Quando não houver mais terra, no Estreito de Magalhães, atravesse as águas indo para a ilha da Terra do Fogo. Continue seguindo. Quando chegar ao ponto mais extremo da ilha, pare. Você está em Ushuaia, que é conhecida como a cidade mais ao extremo sul do mundo. É um lugar tão distante ao sul que os moradores geralmente se referem a ele como “o fim do mundo”.
Esse lugar de geleiras, onde montanhas pontiagudas de gelo mergulham no mar, tem dias quentes e ensolarados por dois ou três meses do ano. O resto do ano é frio, tempestuoso e escuro.
Ushuaia provavelmente não é o primeiro lugar em que pensamos como o lar de jovens santos dos últimos dias. Todavia, a Igreja aqui tem vida — e cresce. A juventude de santos dos últimos dias em Ushuaia sabe que faz parte do cumprimento da profecia de que “rolará o evangelho até os confins da Terra”. (D&C 65:2)
Encontrando um Marido para a Mãe
Analisemos a história de Ximena Martínez. Há alguns anos, Ximena, sua irmã Micaela e seu irmão Gonzalo estavam morando com sua mãe divorciada em Buenos Aires. Ximena tinha 15 anos na época. Ela recebeu a incumbência de cuidar do jardim. “Mas eu fui negligente”, explica. “Daniel Garrido, um bom vizinho que morava do outro lado da rua, ofereceu-se para ajudar. Poucos dias depois ele veio, acompanhado de missionários de tempo integral. Eles trabalharam muito e deixaram tudo com uma aparência ótima. Porém, isso foi só o começo. Daniel e sua esposa, Elisabet, continuaram a ser amigos fiéis, e os missionários ofereceram-se para ensinar-nos a respeito da Restauração do evangelho. Como poderíamos recusar?
Esse foi o início de uma jornada rumo a descobertas. Após refletir sobre os ensinamentos dos missionários, a mãe de Ximena foi batizada. Os filhos logo seguiram seu exemplo. “Decidi mudar a minha vida, ter o tipo de liberdade que somente Cristo pode dar”, continuou Ximena. “Cada vez mais, queria viver o evangelho. Contudo, faltava algo — precisávamos de um pai e queríamos ser selados no templo.
Um dia num baile da Igreja, falei com um amigo chamado Martín Morresi. Ele mencionou que seu pai era viúvo. Brincando, eu disse: ‘Bem, minha mãe precisa de um marido! Temos que apresentá-los um ao outro.’ Tínhamos apenas um problema — seu pai morava a 2.000 milhas (3.200 quilômetros) de distância.
Comecei a provocar minha mãe dizendo que havia encontrado um marido para ela. Então, em um ensaio do coro da estaca, Martín disse-me: ‘Meu pai está vindo para Buenos Aires e quer jantar com sua mãe!’ Fiquei muito empolgada, mas nem conto qual foi a reação da minha mãe. Contudo, ela aceitou. Martín acompanhou o seu pai, Rubén, e eu acompanhei a minha mãe, Susana, e tivemos uma noite maravilhosa. Rubén Morresi foi atencioso e respeitoso. Pude ver que ele era um homem honrado e fiel, um homem de Deus.“
Três meses e meio depois, Rubén e Susana casaram-se no templo de Buenos Aires Argentina. Ximena, Micaela e Gonzalo Martínez foram selados a eles e mudaram-se com eles para Ushuaia, onde se juntaram a Manuel e Micaela Morresi, seus novos irmãos e irmãs. (Os três filhos mais velhos não moram com a família.)
“Agora vivo no fim do mundo”, diz Ximena. “Estou trabalhando com todas as forças para ajudar Sião a crescer aqui. Sei que o reino do Senhor se estenderá aos quatro cantos da Terra, e é por isso que Ele nos guiou para um desses cantos.”
Cuidar Significa Compartilhar
Fale com outros jovens de Ushuaia e você verá que eles também têm um amor profundo pela Igreja e as bênçãos que ela lhes traz. Boris Zapata, de 12 anos, diz que o evangelho ensinou-o, como disse Morôni, a “esperar por um mundo melhor”. (Éter 12:4) Juan Frau, de 16 anos, fala sobre seu apreço pelo seminário. “É maravilhoso poder estudar as escrituras todos os dias”, diz ele.
“Tive a oportunidade de compartilhar o evangelho com uma das minhas amigas da escola, Elena Ayala”, diz Micaela Martínez, de 18 anos. “Quando ela foi batizada, isso me encheu de alegria. Se sabemos que Jesus Cristo vive, é maravilhoso compartilhar nossos sentimentos com outros.”
Aqui nos confins da Terra, os jovens de Ushuaia receberam a grande luz do evangelho. Eles compartilham-na alegremente uns com os outros e com qualquer um que queira recebê-la.
Uma Grande Alegria Em Meu Coração
Numa região tão isolada como Ushuaia, a vida pode parecer solitária. Alguns jovens voltam-se para a bebida, para as drogas ou passam a ter um comportamento imoral e acabam em desespero. Os jovens santos dos últimos dias encontraram felicidade seguindo a orientação do Pai Celestial. Vejam o que dizem três membros da família Quiroga, que foram batizados há dois anos:
“Sou muito feliz por ser membro da Igreja”, diz Matías, de 14 anos. “Tenho a mais profunda certeza de que estou na verdadeira Igreja, que o Pai Celestial me ajuda a cada momento. Tenho aprendido muitas coisas como membro novo. Meus professores têm-me ensinado muito e os membros têm sido bastante atenciosos comigo.”
Sua irmã Patricia, de 18 anos, concorda. “Minha vida mudou em todos os aspectos ao tornar-me membro da Igreja”, diz ela. “Sempre tive fé em Deus, mas nunca senti Sua presença como sinto na Igreja. Adoro fazer parte das Moças e trabalhar no Meu Progresso Pessoal.”
“Antes de ser batizada, perguntei em oração se estava fazendo a coisa certa”, diz Paola, de 16 anos. “Senti uma grande alegria em meu coração. Depois disso, fui batizada e senti o Espírito habitar dentro de mim. Sei que esta é a Igreja verdadeira. Não tenho dúvidas quanto a isso. Fico feliz quando faço o que é correto.”
Um Raio de Luz
As famílias Morresi, Martínez e Quiroga não são as únicas em Ushuaia que possuem muitos adolescentes. A família Cabanillas tem quatro adolescentes, e eles possuem fortes testemunhos.
“Sou membro da Igreja desde os oito anos”, diz Florencia Cabanillas, de 14 anos. “Sei que Jesus Cristo vive e que as escrituras são a palavra de Deus. Sei também que Joseph Smith foi um profeta. Sou muito feliz por ter o evangelho em minha vida e por alcançarmos nossa meta, como família, de sermos selados no templo.”
“Sei que temos um profeta, vidente e revelador hoje e que ele recebe revelação de Deus”, diz Andrea, de 15 anos. “Sei que o Livro de Mórmon é um milagre, traduzido durante uma época difícil. Joseph Smith orou com grande fé e recebeu as respostas.”
“Há pouco tempo, tive a oportunidade de ensinar sobre o Livro de Mórmon na Escola Dominical”, diz Estefania, de 17 anos. “Tive que estudar as escrituras e, ao fazê-lo, imaginava-me na cena histórica. Nunca me esquecerei de como Mórmon sentiu-se ao ver a destruição dos nefitas. Jamais me esquecerei do testemunho dos profetas. Se você ainda não estudou as escrituras, aconselho que comece hoje mesmo!”
Sabrina, de 18 anos, lembra que quando tinha dez anos as missionárias vinham a sua casa para a reunião familiar. “Elas ensinaram-me de maneira simples mas firme que Deus revela a verdade por meio da oração”, diz ela. “Elas disseram que eu precisava ajoelhar-me e pedir ao Pai Celestial, com humildade, que me desse um testemunho. ‘Eu, me ajoelhar?’ Pensei comigo mesma. Poucos dias depois, minha mãe chamou a mim e minhas irmãs para uma caminhada. Embora o dia estivesse ensolarado e eu quisesse ir com elas, algo me deteve. Eu sabia que era a ocasião perfeita para orar. Ajoelhei-me na sala de jantar. Roguei ao Pai Celestial que me fizesse saber se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Perguntei-Lhe se os princípios que aprendi na Igreja eram verdadeiros. Passaram-se cinco minutos. Depois que terminei a oração, continuei ajoelhada. De repente, um raio de luz iluminou meu rosto. Não entendi o que aconteceu, pois a casa não estava iluminada. Porém, havia uma pequena janela da cozinha sem cortina, e a luz vinha de lá.
Senti-me tão feliz. Descobri que meu Pai tinha respondido minha oração dessa maneira. Agora tenho um testemunho de todas as coisas, e sei que são verdadeiras. Sei que a oração tem um enorme poder.”