A Verdade sobre Minha Família
Poucas semanas antes do início das aulas, eu estava sentado na varanda com meus amigos Grace e Ron, quando a conversa começou a girar em torno de o quanto Grace não gostava do pai. Isso não era um assunto novo para ela.
“Ele sempre me envergonha em público só de estar presente. É irritante porque ele sempre (…).” Continuou a citar as falhas do pai, dizendo que ele não correspondia às expectativas dela.
Ron decidiu tomar a frente da conversa falando sobre sua família e de como sua mãe nunca estava em casa e de como ele detestava o modo que ela se vestia. Ele achava que não deviam impor-lhe um horário determinado para voltar para casa e que seu pai não devia gritar tanto.
Fiquei o tempo todo simplesmente sentado ali na varanda esperando que me perguntassem o que eu não gostava em minha família. Eu não podia dizer que não amava minha família. Por ter-nos mudado cinco vezes desde que eu tinha nascido, meu irmão, minha irmã e eu nos sentíamos realmente muito unidos. Contávamos uns com os outros e éramos sempre unidos. Essa nossa união era algo que deixava minha mãe muito orgulhosa.
Então, Grace disse: “E quanto à sua família, Scott?”
Não respondi por um minuto. Estava escolhendo cuidadosamente as minhas palavras, sabendo que aquilo que eu dissesse revelaria minhas crenças. Quando finalmente falei, senti o Espírito guiando minhas palavras. Nenhum deles me interrompeu enquanto eu falava sobre o quanto minha família significa para mim e que espero passar a eternidade com eles. Incentivei-os a serem mais pacientes com sua própria família. Disse-lhes que pensassem no que ela significava a longo prazo.
Corri para dentro de casa e apanhei minha cópia da proclamação sobre a família da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos. Li com eles o sétimo parágrafo, que enfoca principalmente as qualidades em que devemos basear nosso relacionamento familiar: “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. O casamento e a família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares”. ( A Liahona , janeiro de 1996, p. 114.)
Depois de ler isso, eu disse: “É nisso que minha família acredita. É assim que queremos ser, e estamos esforçando-nos para isso. Sei que se fizermos tudo isso, não teremos o que temer no dia do julgamento, como família, sabendo que viveremos juntos para sempre”.
Não sei como meus amigos aceitaram essas coisas naquele momento porque os dois fizeram um longo silêncio. Ficamos apenas ali sentados por um tempo, pensando no que fora dito.
Mais tarde, muitos pensamentos passaram-me pela cabeça. Fiquei orgulhoso por estar-me preparando para a missão ao compartilhar os ensinamentos da Igreja sobre a família com meus amigos. Mas será que estava fazendo aquilo da maneira certa? E o que eles pensariam se eu tentasse explicar mais sobre o evangelho?
Quando me preparava para dormir, abri minhas escrituras na seção 4 de Doutrina e Convênios. Ali está escrito que se servirmos o Senhor no campo missionário “de todo o coração, poder, mente e força”, então poderemos apresentar-nos “sem culpa perante Deus no último dia”. (D&C 4:2)
É claro que meus amigos e eu ainda discordamos em algumas coisas. Mas descobri que ninguém perde um amigo verdadeiro só por conversar a respeito de religião e de suas crenças. Embora Grace e Ron não tenham-se filiado à Igreja, continuei a ser amigo deles. Senti-me bem por explicar-lhes minhas crenças. Não importa que eles não tenham mudado imediatamente as coisas em que acreditavam sobre a família ou a religião. Sei que há centenas de histórias sobre o valor da perseverança no trabalho missionário. A minha pode acabar sendo uma delas.
Scott Bean é membro da ala Elkhorn, Estaca Omaha Nebraska.