2005
O Valor das Almas
Maio de 2005


O Valor das Almas

Quando vemos o efeito que uma pessoa pode ter (…) não é de admirar que o Senhor nos diga: “ Lembrai-vos [do] valor das almas”.

Um discurso que me deixou uma impressão duradoura foi proferido há vários anos numa sessão da noite de sábado de uma conferência de estaca. O discurso foi proferido por uma jovem mãe. Ela disse o seguinte:

“Estive fazendo a genealogia de meu bisavô. Ele e sua grande família de muitos filhos e filhas eram membros da Igreja.

Meu bisavô”, disse ela, “saiu da igreja, certo domingo, com a família toda e nunca mais voltou; sem nenhuma explicação do motivo.”

Ela então disse: “Em minha pesquisa, descobri que meu bisavô tem mais de mil descendentes”.

E depois, ela disse, e isso faz parte do que nunca esqueci: “Desses mil descendentes, eu sou a única ativa na Igreja hoje”.

Quando ela disse essas palavras, pensei: “Será que são apenas mil, ou poderiam ser mais?”

A resposta é evidente. A influência espiritual que a família poderia ter tido sobre seus vizinhos e amigos não aconteceu. Nenhum de seus filhos serviu como missionário, tampouco as filhas, e aqueles que eles teriam influenciado com seu testemunho não foram batizados, e aqueles que não foram batizados não serviram em uma missão. Sim, existem provavelmente muitos milhares que não são membros da Igreja hoje, e que não estão aqui nesta reunião, por causa da decisão daquele bisavô.

Ao ouvir o discurso daquela irmã, fiquei pensando: “Que tragédia! Talvez se eu estivesse lá naquela ocasião poderia ter dito algo ao pai, à família ou aos líderes do sacerdócio que pudesse ter ajudado a impedir tamanha calamidade para aquela família e para tantos das gerações seguintes”.

Bem, essa oportunidade do passado está perdida. Mas podemos olhar agora para o presente e para o futuro. Gostaria de dizer aos que se encontram na mesma situação daquele bisavô: Pensem no que podem estar fazendo a sua família e a todos os que virão depois de vocês. Pensem nos efeitos que terão seus pensamentos e ações.

Se houver dúvidas a respeito da doutrina da Igreja, ponderem o conselho dado pelo Presidente Gordon B. Hinckley em uma grande reunião de mais de 2.000 membros em Paris, na França, no ano passado. Ele disse: “Peço-lhes, irmãos e irmãs, que caso tenham dúvidas sobre a doutrina desta Igreja, que a coloquem à prova. Experimentem-na. Vivam o princípio. Ajoelhem-se e orem a respeito dela, e Deus os abençoará com um conhecimento da veracidade desta obra”.

Se sentirem que foram ofendidos, estejam prontos a perdoar. Se houver, por algum motivo, uma lembrança desagradável, procurem esquecê-la. Se necessário, conversem com seu bispo, conversem com seu presidente de estaca.

Para todos, especialmente para aqueles que um dia serão bisavós, suas bênçãos eternas e as de sua posteridade são muito mais importantes do que qualquer motivo orgulhoso que lhes negaria, a eles e a tantos outros, bênçãos tão importantes. No Livro de Mórmon, o rei Benjamim nos relembrou: “E ainda mais, quisera que considerásseis o estado abençoado e feliz daqueles que guardam os mandamentos de Deus. Pois eis que são abençoados em todas as coisas, tanto materiais como espirituais; e, se eles se conservarem fiéis até o fim, serão recebidos no céu, para que assim possam habitar com Deus em um estado de felicidade sem fim. (Mosias 2:41)

Para vocês que são filhos de futuros bisavós afastados: vocês podem continuar a ser fiéis, podem ser um bom exemplo em casa e para as pessoas ao seu redor. Podem fazer a sua parte para promover a paz e harmonia no lar e entre as pessoas de seu convívio. Podem ser a solução, e não a causa dos problemas. Lembrem-se de que no Livro de Mórmon quando o Pai Leí começou a murmurar, foi Néfi, seu filho fiel, que lhe deu incentivo e descobriu a solução para os problemas. Em muitas ocasiões, são os filhos fiéis que conseguem estabilizar o barco ao navegarem por águas turbulentas.

Para vocês que são bispos e presidentes de estaca: como eu gostaria que vocês estivessem presentes na reunião de que participei com uns poucos irmãos que serviam como representantes regionais. Ouvimos o Élder L. Tom Perry comparar os élderes em perspectiva e os que não estão ativos (os futuros bisavós) a um termômetro. Foi-nos lembrado que há muitos deles que estão mais do que apenas mornos. Eles voltariam, se simplesmente alguém os incentivasse e lhes mostrasse o caminho.

Quero contar-lhes sobre uma conferência de estaca à qual fui designado a comparecer. Era uma reorganização; o presidente da estaca e seus conselheiros seriam desobrigados e uma nova presidência seria chamada. O presidente da estaca era jovem e tinha servido maravilhosamente por quase 10 anos. Era um gigante espiritual, mas também um gigante administrativo. Em minha entrevista pessoal com esse presidente, ele me contou como tinha delegado grande parte da responsabilidade pelas funções da estaca a seus conselheiros e ao sumo conselho, ficando assim livre para entrevistar os que precisavam de incentivo. Pessoas e casais foram convidados a conversar com ele em sua sala. Nessas entrevistas, ele os conhecia melhor, conversava com eles e os convidava a agirem de modo melhor, a colocarem sua vida em ordem e a receberem as bênçãos que estão ao alcance daqueles que seguem ao Senhor. Ele os ajudava colocando-os sob os cuidados de um líder capaz, um professor que os ajudaria a compreender as belezas da doutrina. Depois, ele me disse que nessas entrevistas geralmente perguntava se as pessoas queriam uma bênção. “Coloquei as mãos sobre a cabeça de muitos membros da estaca”, disse ele.

No dia seguinte, na sessão geral da conferência da estaca, creio que vi mais lágrimas que nunca — não porque as pessoas achassem que o presidente não devia ser desobrigado, mas por causa do profundo amor de um jovem presidente de estaca que tinha abençoado a vida delas. Senti-me inspirado a perguntar: “Em quantos de vocês o presidente impôs as mãos para abençoar?” Fiquei impressionado com o número de pessoas que ergueu a mão. Pensei comigo, na ocasião: “Quantas dessas pessoas bendirão o nome desse grande homem, não apenas agora mas por todas as eternidades?” Sim, esses serão os bisavós que, graças àquele líder amoroso, deixarão um legado de gerações de milhares que o chamarão abençoado.

Quando vemos o efeito que uma pessoa pode ter na vida de tantas outras, não é de admirar que o Senhor nos diga: “Lembrai-vos de que o valor das almas é grande à vista de Deus”. (D&C 18:10)

Oro para que todos pensemos no que individualmente podemos fazer para ajudar aqueles que serão os futuros bisavós, seja uma criancinha, um adolescente ou um adulto, para que cada um deles deixe um legado justo de pessoas que conhecem e amam o Senhor.

Em nome de Jesus Cristo. Amém.