Camboja — Terra de Paz em Construção
Em 1994, o Camboja abriu as portas para os missionários de proselitismo, que hoje contam com o apoio entusiasta de mais de 6.000 membros.
Desde o reconhecimento oficial da Igreja pelo governo cambojano em 1994, histórias de fé, coragem e conversão (como as de Kun) passaram a integrar o legado pioneiro desse país. A vida de inúmeras pessoas é modificada diariamente e os missionários continuam a trabalhar lado a lado nesse país asiático tropical.
Em 1994, o Élder Donald Dobson e a Síster Scharlene Dobson foram transferidos de seu trabalho na Índia para servirem como os primeiros missionários do Camboja. Em 27 de março desse mesmo ano, foi realizada num hotel a primeira reunião da Igreja no Camboja, com uma participação de seis membros e nove pesquisadores. Em 9 de maio de 1994, a irmã Pahl Mao tornou-se o primeiro membro batizado no país. Dois anos depois, em maio de 1996, o Presidente Gordon B. Hinckley visitou o Camboja e dedicou-o para a pregação do evangelho orando de pé numa colina com vista para o rio Mekong. A obra começava oficialmente!
Estender uma Mão Amiga: Ajuda Humanitária
Em 1993, Larry R. White estava servindo como presidente da Missão Tailândia Bangcoc quando ouviu um relato favorável do progresso religioso no Camboja. Acompanhado do Élder John K. Carmack, dos Setenta, e do irmão Vichit Ith, membro residente em Bangcoc, foi ao Camboja consultar representantes governamentais sobre a possibilidade de iniciar o trabalho missionário e programas humanitários. Foi concedida autorização para a realização de projetos humanitários.
Desde essa época, muitos missionários humanitários serviram no país. Recentemente, o Élder Robert Scholes e a Síster Virginia Scholes serviram como diretores nacionais da Latter-day Saint Charities, uma organização filantrópica patrocinada pela Igreja que costuma trabalhar em conjunto com governos locais e entidades civis para auxiliar pessoas necessitadas em países do mundo inteiro. Eles compreendem que o poder do serviço caritativo pode derrubar barreiras, desfazer diferenças políticas e conferir credibilidade ao nome da Igreja.
Quando o Élder e a Síster Scholes ouviram que anualmente mais de 500 cidadãos cambojanos são mutilados, feridos ou mortos devido a minas terrestres não identificadas, decidiram fazer algo para ajudar as vítimas. Uniram esforços com a Wheelchair Foundation e a Cruz Vermelha cambojana para participar de um projeto que denominaram “Combinação Tríplice”, que deu a muitas vítimas de minas terrestres, bem como outros deficientes físicos, cadeiras de rodas novas.
História da Família: Um Valor em Comum
Numa cultura em que o culto aos antepassados faz parte das tradições, não é de admirar que os cambojanos se interessem pelo trabalho genealógico da Igreja. Os missionários idosos Élder Michael Frame e Síster Donna Frame organizaram e ministraram vários seminários de história da família em Phnom Penh, a capital do Camboja. Nos últimos anos, centenas de homens e mulheres assistiram a esses eventos, custeados pela Latter-day Saint Charities e ministrados por missionários humanitários.
“Há muitos cambojanos que sobreviveram aos horrores da era Pol Pot, quando muitos arquivos foram destruídos”, conta a Síster Frame. “Queremos ajudar as famílias a registrar sua própria história para que seus filhos e netos possam lê-las. Desejamos mostrar como é fácil registrar um gráfico de história da família.”
Pessoas interessadas vieram de toda a cidade de Phnom Penh para assistir às aulas de história da família e receberam informações preciosas sobre o registro de histórias familiares, instruções sobre como entrevistar pais e avós e coletar dados importantes e interessantes sobre os antepassados. Depois de testemunharem longos anos de conflitos políticos, muitas pessoas, compreensivelmente, estão interessadas em preservar informações familiares para a posteridade.
O Proselitismo no Camboja
Graças ao trabalho dos missionários humanitários e dos élderes e sísteres de proselitismo, milhares de cambojanos aceitaram o evangelho.
Num dia de preparação na Missão Camboja Phnom Penh, o Élder Trent Nielson, de Mesa, Arizona, estava vendo seus companheiros missionários começarem uma partida de futebol. Como o campo ficava ao lado de uma escola, a atividade dos élderes atraiu a atenção de alguns adolescentes locais, que se aproximaram do Élder Nielsen e perguntaram por que tantos americanos estavam jogando futebol no Camboja. Ele explicou que eles eram todos missionários, professores do evangelho de Jesus Cristo. Os jovens queriam saber qual era a remuneração desses professores. Quando ouviram que os missionários arcavam com suas próprias despesas, ficaram pasmos. Por que alguém faria algo assim?
Logo a curiosidade dos rapazes levou a instigantes perguntas espirituais, e eles ficaram fascinados com a mensagem dos missionários. Pouco tempo depois, o Élder Nielson estava ensinando dez jovens no gramado de um campo de futebol sobre a Restauração do evangelho.
O membro do grupo que inicialmente se mostrara mais hostil foi o que acabou por manifestar maior interesse pelo evangelho. Ele e outros pediram um Livro de Mórmon. O Élder Nielson percebeu que não tinha um número suficiente de exemplares para dar a cada rapaz interessado, assim foi buscar mais nas bolsas dos missionários que estavam jogando futebol. Antes de o grupo partir, o Élder Nielson disse-lhes como poderiam obter mais informações sobre a Igreja.
Missionárias e Membros Cambojanos
A chegada das primeiras missionárias foi comemorada em Phnom Penh como sinal de maturidade na extraordinária expansão da Igreja na área. As Sísteres Megan Jones, Kirsten Downing e Rachel Pace chegaram à capital em 21 de agosto de 2003. Em seu primeiro dia, essas missionárias foram fazer proselitismo no Mercado Central, a feira mais freqüentada da cidade. Estavam um pouco tensas, mas as companheiras — as primeiras missionárias cambojanas, as Sísteres Sokhom Suon, Molis Soun e Sodalys Sean — sentiam-se à vontade, pois estavam em terreno familiar.
A familiaridade geográfica é apenas um exemplo de como os missionários nativos fazem uma contribuição valiosa à obra. Os missionários cambojanos também parecem apreciar a oportunidade de servir em sua pátria e levam um entusiasmo contagiante a todos os lugares por onde passam.
“Quero dizer a todos os membros da Igreja que adorei minha missão”, disse o membro cambojano Eng Bun Huoch, que foi batizado em 25 de outubro de 1998. Ele serviu como missionário em Phnom Penh dois anos depois. “Servir numa missão não é fácil, mas vale a pena. Faltam-me palavras para descrever como foi uma experiência importante e proveitosa em minha vida. Em minha missão de dois anos, aprendi técnicas de liderança e ensino e a ser um melhor amigo, filho e membro.”
Depois de voltar para casa em 17 de julho de 2002, o Élder Huoch conseguiu um emprego que lhe permitiu melhorar sua qualidade de vida. Seu testemunho estava fortalecido e ele sentia-se mais preparado para lidar com os desafios da vida.
“Agradeço ao Senhor por Ele ter trazido o evangelho ao Camboja antes de eu ultrapassar a idade de servir numa missão”, regozija-se. “Eu ficaria muito triste se perdesse a oportunidade de realizar esta obra maravilhosa.”
Graças aos missionários — tanto élderes como sísteres, cambojanos e estrangeiros — a obra está avançando a cada dia.
Abençoados pelo Poder do Sacerdócio
O poder do sacerdócio é uma influência estabilizadora na vida dos recém-conversos cambojanos à medida que amadurecem no evangelho. Muitas pessoas, como Sam Nang, receberam milagres médicos que continuam a fortalecer-lhes a fé.
Bem cedo certa manhã, Sam estava a caminho do trabalho de motocicleta e foi atingida por um enorme caminhão que a lançou violentamente contra o asfalto. Ninguém quis tocá-la antes de identificá-la, e como ela estava semiconsciente, não conseguiu responder às perguntas das pessoas aglomeradas a sua volta. Ela ficou deitada na rua, sem atendimento, por quase duas horas.
No hospital, um médico examinou seus ferimentos e disse que os ossos da perna direita tinham sido “estilhaçados”. Sua intenção era amputar imediatamente a perna logo acima do joelho ou, na melhor das hipóteses, tentar, com o uso de placas e parafusos, restituir a estrutura óssea natural. A família de Sam ficou arrasada e telefonou para o presidente de ramo Un Son e o casal missionário Élder LaVon Day e Síster Marianne Day. Esses líderes pediram aos médicos que não tomassem nenhuma medida antes da chegada deles.
Depois de chegarem ao hospital, o Presidente Son e o Élder Day deram uma bênção a Sam. Apesar de inicialmente protestar, o médico concordou em adiar um pouco a cirurgia. Nesse ínterim, examinou as últimas radiografias e viu algo em que não conseguia acreditar: a perna não apresentava nenhuma fratura ou sinal de traumatismo! O único ferimento real era o rompimento de um músculo e um enorme corte, que ele costurou com vários pontos. O médico parecia não ter explicação para a mudança repentina no estado de saúde de Sam.
Com algumas outras intervenções cirúrgicas e transplantes de pele, Sam recobrará o uso completo da perna.
Camboja: Rumo a uma Vida Tranqüila
O Camboja é um país pequeno, mas em seu povo reina um forte espírito. Ao empenharem-se para promover a paz nessa região antes devastada pela guerra, os missionários e santos cambojanos preparam o caminho para que as gerações futuras prosperem no evangelho.
Trabalhar com fé
“A Igreja cresceu em todo o mundo de forma que o número de membros fora da América do Norte excede o da América do Norte. Tornamo-nos uma grande família internacional, espalhada por 160 nações. (…)
Grande é nossa esperança e forte a nossa fé. (…)
Repito agora o que disse 10 anos atrás, vamos ‘[tomar] mais consciência (…), [vejamos] mais além e [ampliemos] nossa visão para melhor compreender e entender a grandiosa missão da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em relação ao milênio’.”
Presidente Gordon B. Hinckley, “Comentários de Abertura”, A Liahona, maio de 2005, pp. 4–6.