Mudança de Último Minuto
Em novembro de 2001, foi diagnosticado em minha irmã caçula uma forma grave de câncer. Ela estava com 45 anos de idade e tinha quatro filhos, um deles servindo em uma missão em Portugal. Imediatamente, sua ala e estaca no Arizona, bem como sua família, começaram a jejuar e orar por ela. Mas antes do final de maio, o câncer venceu a batalha, e ela entrou em coma. Após receber bênçãos do sacerdócio e orar fervorosamente, decidimos retirá-la dos aparelhos que a mantinham viva. Os médicos asseguraram que sua morte seria rápida. Oito dias depois, contudo, suas condições continuavam as mesmas, tornando cada dia longo e angustiante.
Nos meses anteriores, tínhamos ponderado muito em família. Amávamos minha irmã e, embora compreendêssemos o plano de salvação, às vezes era difícil ter fé no Senhor de que tudo ficaria bem. De alguma forma, sentíamos que se tivéssemos fé suficiente, minha irmã seria curada. Por isso, questionamos o poder dessa fé. Sabíamos que o Pai Celestial ouve e atende às orações, mas estávamos arrasados com Sua resposta e não conseguíamos ter paz.
Nossa conferência de estaca em Utah estava marcada para o dia 2 de junho, com uma visita de um Setenta de Área. Devido ao grande número de membros da estaca, a conferência foi dividida em duas sessões. Nossos três filhos que freqüentavam a ala de solteiros da estaca assistiriam à sessão da manhã. O restante da família assistiria à sessão da tarde. Meu marido e eu decidimos que seria melhor assistir à sessão da manhã em família. Pouco depois de tomarmos essa decisão, porém, meu marido e eu fomos convidados a proferir as orações da sessão da tarde. Por isso, mudamos nossos planos.
Na sessão da noite de sábado da conferência, observamos uma mudança. O Élder L. Whitney Clayton, dos setenta, recebeu a atribuição de estar em nossa conferência, substituindo o Setenta de Área, no último minuto.
Na tarde do domingo, o Élder Clayton começou dizendo que se sentiu inspirado a mudar completamente o seu discurso. O Espírito lhe dissera que ele precisava falar para uma família presente naquele dia. Imediatamente senti que ele estaria falando para nossa família. Ele contou a respeito da esposa de um presidente de estaca na qual fora diagnosticado um câncer. Depois de os familiares, amigos e membros da estaca terem orado e jejuado muito, ela se recuperou completamente.
O Élder Clayton então falou de outro presidente de estaca, cuja esposa havia morrido de câncer enquanto ele servia como presidente de estaca, deixando vários filhos pequenos aos cuidados dele. Muitas pessoas também oraram e jejuaram para que ela sarasse. Essa história tinha sido particularmente pungente para o Élder Clayton, porque aquela mulher era a única irmã da esposa dele.
O Élder Clayton prosseguiu explicando que, por maior que seja a fé exercida em momentos como esse, às vezes a resposta é não. Então, ele leu o que se tornou uma das escrituras favoritas de nossa família: Daniel 3:17–18.
“Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (grifo do autor).
O Élder Clayton não citou nenhuma doutrina nova naquela tarde. Mas aconteceu um milagre que nos deixou maravilhados. O Senhor assegurou-Se de que estaríamos presentes na sessão da tarde, inspirando alguém a convidar-nos para orar. Ele também providenciou para que um de Seus servos, que tivera uma experiência semelhante à nossa, falasse para nós. E por fim, Ele providenciou alguém sábio e obediente, que vivia de modo a poder ouvir o Espírito, a atender prontamente. Nosso espírito foi tocado de maneira indescritível por aquela experiência.
No dia seguinte, recebemos um telefonema informando que minha irmã havia falecido. Embora tenhamos ficado tristes, um doce espírito de consolo estava em nosso lar quando oramos pela família dela — dessa vez com plena confiança de que a vontade do Senhor havia sido cumprida — e agradecemos a Ele por Sua preciosa resposta a nossas orações.