2008
Voltar para Casa
Novembro de 2008


Voltar para Casa

Que extraordinário impacto causamos na vida de tantas famílias quando aceitamos o convite do Salvador de apascentar Suas ovelhas.

Eduardo Gavarret

O inverno é muito rigoroso na Cidade de Minas, Uruguai, minha terra natal. Ao pôr do sol, minha mãe costumava colocar lenha na lareira para manter a sala de jantar aquecida e, um por um, meus pais, minhas irmãs e eu reuníamo-nos e ficávamos juntos depois de terminar as tarefas diárias. Esse ambiente aconchegante criado pelo calor da lareira combinado com a presença de cada um dos membros da família instilou-me sentimentos que guardarei para sempre.

Depois que minha esposa e eu formamos nossa própria família, onde quer que morássemos, também reuníamos a família toda, fosse em volta da lareira ou em qualquer outro lugar, desfrutando esse mesmo aconchego que sempre sentimos quando estamos com nossos filhos.

Que sentimento bom! Que lugar agradável é nossa casa, nosso lar, nosso refúgio!

Com o passar dos anos, nossa família morou em diferentes países, e em cada um deles pudemos encontrar na Igreja essa mesma acolhida por parte dos membros de todas as alas que freqüentamos.

Todo membro da Igreja deve ter a oportunidade de experimentar esse sentimento bom e podem senti-lo por meio de nossos esforços de reativação e do trabalho missionário.

Gostaria de compartilhar algo que vem acontecendo em algumas estacas e distritos no Peru e, ao fazer isso, vou mencionar algumas famílias: a família Causo, a família Banda, a família Vargas (…) e a lista continua, e contém cerca de 1700 nomes de membros que voltaram a freqüentar a Igreja. Eles freqüentam alas, ramos, estacas e distritos diferentes em todo o Peru, e foram convidados por presidentes de estaca, bispos e líderes dos quóruns e das organizações auxiliares para voltarem para casa. Aceitaram o convite feito pelos líderes do sacerdócio, pelos missionários de tempo integral e por outras pessoas que aceitaram a responsabilidade de ajudá-los a voltar para a Igreja e vir a Cristo. A cada um deles dizemos: Bem-vindos!

O que tornou possível a volta dessas pessoas para casa? Foi o esforço combinado de 14 estacas e 4 distritos de uma missão que trabalhou por um ano para trazer todas essas pessoas de volta por meio da reativação e das ordenanças do batismo e da confirmação.

Esse empenho foi inspirado pelas palavras do Salvador, “Amas-me? (…) Apascenta as minhas ovelhas” (João 21:16), e pelo ensinamento do Presidente Thomas S. Monson, que disse: “Ao longo dos anos, fizemos muitos apelos aos menos ativos, aos ofendidos, aos críticos, aos transgressores, para que voltem. ‘Voltem e banqueteiem-se na mesa do Senhor e provem novamente os doces e prazerosos frutos da integração com os santos’ ” (“Olhar para Trás e Seguir em Frente”, A Liahona, maio de 2008, p. 89).

Alma, sofrendo muito por seus irmãos, orou ao Senhor, dizendo:

“Ó Senhor, permite que tenhamos êxito em trazê-los novamente a ti, em Cristo.

Eis, ó Senhor, que sua alma é preciosa e muitos deles são nossos irmãos; dá-nos, portanto, ó Senhor, poder e sabedoria para trazermos esses nossos irmãos novamente a ti” (Alma 31:34–35).

O Presidente Angel Alarcón, da Estaca Puente Piedra em Lima, Peru, contou-me esta experiência: “Todos os sábados, os missionários, um bispo e alguns líderes das organizações auxiliares e eu visitamos os membros menos ativos, alguns não-membros e os novos conversos, das 8h30 da manhã até o meio-dia”.

A essa altura da história, a letra de um hino me veio à mente:

Ama o Pastor Seu Rebanho

Seu cordeirinho gentil,

Ama as ovelhas do aprisco

E a infeliz que fugiu.

O Bom Pastor as conforta,

Dá-lhes abrigo e calor,

Pois já tem pago por elas

Um infinito valor.

(“Ama o Pastor Seu Rebanho”, Hinos, nº 140)

O irmão Vargas, cuja residência se localizava numa área de difícil acesso, recebeu uma ligação certa manhã de sábado. Era o Presidente Alarcón, ligando do celular e anunciando sua chegada. O irmão Vargas disse então: “Estou surpreso; é bem difícil chegar até a minha casa”.

Ao que ele respondeu: “Bom, estou aqui na sua porta e gostaria de falar com você. Precisamos de você e gostaríamos de convidá-lo para ir às reuniões da Igreja amanhã”.

Em seguida, o homem que deixara de ir à Igreja havia muitos anos, disse: “Estarei lá”. Assim, ele iniciou sua jornada de volta para casa.

“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. (…)

Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:35–36, 40)

Enquanto participava de uma reunião dominical algumas semanas atrás, tive a oportunidade de conhecer um irmão que estava indo à Igreja pela primeira vez após muitos anos de inatividade. Estava acompanhado da esposa, que não era membro da Igreja.

Quando lhe perguntei por que tinha resolvido voltar para a Igreja, ele respondeu: “Meu amigo, Fernando, e o bom bispo desta ala convidaram-me, e eu vim. Eu conheci a Igreja há muitos anos e tenho uma pequena chama que ainda queima em meu coração. Pode não ser forte, mas está lá”.

Eu disse então: “Bom, como seus irmãos, vamos ativar essa chama para mantê-la acesa”. Depois nos abraçamos.

O interesse, a atenção e os cuidados que dispensamos a nossos irmãos são manifestações profundas do amor por nosso Pai Celestial. Na verdade, expressamos nosso amor a Deus quando servimos e quando esse serviço se centraliza no bem-estar do nosso próximo.

O Rei Benjamim ensinou: “E eis que vos digo estas coisas para que aprendais sabedoria; para que saibais que, quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17).

Que extraordinário impacto causamos na vida de tantas famílias menos ativas e na daqueles que não são membros da Igreja, quando aceitamos o convite do Salvador de apascentar Suas ovelhas e ajudar todos a achegarem-se a Cristo!

Essas experiências são apenas algumas das milhares pelas quais os irmãos têm passado sem que muitas pessoas saibam: aceitar o convite do Senhor de apascentar Suas ovelhas. Lembremo-nos de que o amor e o serviço são como irmãos gêmeos que buscam a companhia um do outro.

Que cada um de nós aceite, como demonstração de nosso amor pelo Pai Celestial, a responsabilidade de, como membros desta Igreja, buscar aqueles que não estão aqui conosco! Se por meio desse serviço amoroso conseguíssemos trazer tão somente uma alma para a Igreja e nos responsabilizássemos por ela, quanta alegria nós e as pessoas que ajudamos a se achegarem a Cristo sentiríamos!

O Bom Pastor quer salvá-la

Ei-lo ansioso a clamar:

Minha ovelhinha perdida

Depressa, ide buscar.

(Hinos, nº 140)

Testifico que somos filhos e filhas de um Pai Celestial que nos ama e que conhece cada um de nós pelo nome.

Presto testemunho do amor do Pai Celestial e do Salvador. Ele nos amou primeiro e deu Seu Filho para que, por meio Dele, pudéssemos voltar para casa. Expresso meu amor por Ele, meu Salvador, meu Senhor e Mestre, meu Redentor, em nome de Jesus Cristo. Amém.