O Milagre da Tortilla
“Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa [de] Deus” (2 Néfi 12:3).
Dois rapazes de camisa branca e gravata vieram até nossa casa, em Honduras. “Somos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disseram eles.
Mama os deixou entrar. Os missionários ensinaram o evangelho de Jesus Cristo para nossa família. Embora eu tivesse apenas nove anos, senti a veracidade de suas palavras em meu coração.
“O que precisamos fazer para tornar-nos membros da Igreja de Cristo?” perguntou Papa.
“Ser batizados”, disse um dos élderes.
Mama, Papa e eu fomos batizados um mês depois. Meu irmão, Tomas, que tinha seis anos, seria batizado dois anos mais tarde.
Enquanto nos ensinavam mais a respeito do evangelho, os élderes explicaram como as famílias podiam ser seladas no templo.
O templo mais próximo ficava na Guatemala, a muitos quilômetros de distância. Teríamos de pagar uma viagem de dois dias de ônibus e duas diárias de hotel na cidade. Não tínhamos dinheiro para uma viagem dessas, mas Mama e Papa se recusaram a permitir que isso nos impedisse de ir ao templo.
Todos os anos, nossa família plantava milho. Costumávamos fazer tortillas para vender aos viajantes que passavam por nossa vila.
Mama pegou papel e lápis. Fez algumas contas e disse: “Teremos que vender 2.500 tortillas para pagar nossa viagem”.
Arregalei os olhos. Tantas tortillas assim! “Nunca vendemos tantas”, disse eu.
Mama não pareceu preocupada. “O Senhor vai prover”, disse ela. “Raoul, você e Tomas precisam ajudar Papa a colher o milho”, disse-me Mama.
Tomas e eu ajudamos Papa a colher o milho. Todos os dias, Mama ralava o milho, fazia a massa e fritava. Tomas e eu levávamos as tortillas para a vila.
“Chegou um ônibus de turistas hoje”, eu disse para Mama quando voltei para casa no primeiro dia. “Vendemos muitas tortillas.”
“É um milagre”, exclamou Mama.
Todos os dias, vendíamos cada vez mais tortillas. Em poucos meses, tínhamos economizado o dinheiro necessário para fazer a viagem até a Guatemala. Mas eu ainda estava preocupado. Tinha ouvido histórias de ladrões que paravam os ônibus que passavam pela floresta. Eles levavam tudo de valor que os passageiros possuíssem.
“E os ladrões?” perguntei.
“O Senhor vai proteger-nos”, disse Mama. Então, ela perguntou: “Raoul, você acredita no evangelho?”
“Acredito.”
“Então, você sabe que precisamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para seguir o Senhor e Seus profetas.”
Um ano depois de termos sido batizados, minha família estava pronta para fazer a viagem ao templo. Fomos de ônibus até a Cidade da Guatemala. Nunca me esquecerei do Espírito que senti quando minha família foi selada para esta vida e por toda a eternidade.
Naquela noite, ao ajoelhar-me para orar, agradeci ao Pai Celestial pelas bênçãos do templo.