Por Que Preciso Estar Aqui?
Megan Robinson, Utah, EUA
Uma semana antes do Natal de 2007, dois de meus filhos tiveram laringite e infecção de ouvido. Jacob, de 5 anos, gemia quando fomos até a farmácia para tomar uma injeção, e Beth, de 19 meses, estava muito manhosa em meu colo.
Quando chegamos, encontramos uma grande fila no balcão de atendimento. Enquanto Jacob se agarrava a minha perna e reclamava do ouvido, Beth soltou-se dos meus braços. Achei que ela ia ficar ao meu lado, mas assim que se soltou, correu para um senhor idoso que estava sentado num banco, perto da fila.
O homem estava olhando para o chão, com o rosto apoiado nas mãos. Chamei Beth, não querendo sair da fila, mas ela se aproximou do homem e se inclinou para olhar o rosto dele, então sorriu e deu uma risadinha.
Mandei que Jacob fosse buscá-la. Ele a agarrou pela mão e tentou puxá-la para longe do homem, mas ela se recusou a sair dali. Então, ela começou a empurrar a testa do homem para que ele erguesse a cabeça. Fui ficando ansiosa, então vi Beth tirar os sapatos, que estavam desamarrados, e colocá-los no colo do homem. Ele ergueu o rosto e sorriu.
“Beth!” chamei.
“Está tudo bem”, disse o homem, com uma voz cansada. “Vou amarrar os sapatos para ela.”
Fiquei um pouco nervosa, quando ele começou a calçar os sapatos na Beth. Quando terminou, ele a abraçou e deu-lhe um beijo na testa. Ele demorou para largá-la, por isso saí rapidamente da fila para tirar minha filha dos braços daquele estranho.
Quando me aproximei, vi que ele tinha lágrimas nos olhos. Preocupada, sentei-me ao lado dele.
“Tenho que lhe dizer algo”, disse ele, fitando o vazio a sua frente. “Há pouco mais de um mês, minha esposa morreu e, há uma hora, fiquei sabendo que estou com câncer terminal. Vim aqui para comprar remédios e fiquei pensando na vida, achando que deveria adiantar o inevitável. Achei que não conseguiria suportar o Natal e as dores do câncer sem minha querida esposa ao meu lado.”
Ele disse que estivera orando e pedindo a Deus: “Se eu preciso ficar aqui por algum motivo, é melhor que me mostre agora, senão vou para casa dar um fim em tudo”. Antes mesmo de terminar a frase, Beth começou a incomodá-lo e a chamá-lo de “vovô”.
“Agora eu sei por que preciso continuar aqui por mais algum tempo”, disse ele. “Preciso ficar aqui por causa dos meus netos. Eles precisam de mim.”
Eu o abracei e não pude conter as lágrimas. Depois, fui comprar nossos remédios. Beth, que estivera tão abatida havia apenas alguns instantes, beijou o homem no rosto e se afastou comigo e com Jacob, acenando e dizendo: “Tchau, vovô”.
Não perguntei o seu nome, mas nunca me esquecerei de que até uma menina que incomoda um homem idoso pode ser a resposta a uma oração.