Clássicos do Evangelho
Resolver Problemas Emocionais à Maneira do Senhor
Este artigo foi extraído de um discurso de conferência geral proferido originalmente em abril de 1978. Pontuação padronizada; subtítulos acrescentados. O texto completo deste artigo pode ser encontrado no site liahona.lds.org [em inglês].
Nossos bispos recebem um número cada vez maior de solicitações para aconselhar membros com problemas que estão mais relacionados com necessidades emocionais do que com falta de alimento, roupas ou abrigo.
Minha mensagem, portanto, refere-se a este assunto: como resolver problemas emocionais à maneira do Senhor.
Felizmente, os princípios de bem-estar material também se aplicam a problemas emocionais. (…)
Princípios de Autossuficiência
O manual de bem-estar instrui: “[Precisamos] diligentemente ensinar e instar os membros da Igreja a ser tão autossuficientes quanto puderem. Nenhum santo dos últimos dias irá (…) voluntariamente transferir a outra pessoa o fardo de prover seu próprio sustento. Enquanto puder, sob a inspiração do Todo Poderoso e com seu próprio trabalho, ele irá suprir suas próprias necessidades vitais” (1952, p. 2). (…)
Temos sido razoavelmente bem-sucedidos no empenho de ensinar aos santos dos últimos dias que eles devem cuidar das próprias necessidades materiais e depois contribuir para o bem-estar daqueles que não conseguem sustentar-se.
Se um membro não conseguir seu próprio sustento, ele deve pedir ajuda à própria família e depois à Igreja, nessa ordem. (…)
Se a pessoa for capaz, porém não estiver disposta a cuidar de si mesma, temos a responsabilidade de aplicar o mandamento do Senhor de que o ocioso não comerá o pão do trabalhador (ver D&C 42:42).
Em termos simples, a regra é que cada um deve cuidar de si mesmo. Este ditado verdadeiro tem sido o padrão a seguir: “Limpe o prato, use até gastar, ajeite-se com o que tem ou fique sem”.
Quando o programa de bem-estar da Igreja foi criado, em 1936, a Primeira Presidência disse:
“O objetivo da Igreja é ajudar as pessoas a ajudar-se a si mesmas” (Conference Report, outubro de 1936, p. 3; grifo do autor). (…)
É um sistema de autoajuda, e não de distribuição rápida de mantimentos. Exige-se um cuidadoso levantamento de todos os recursos individuais e familiares, os quais devem ser utilizados antes de qualquer recurso externo ser acrescentado.
O bispo não estará sendo rude nem insensível ao exigir que o membro trabalhe o máximo de sua capacidade para pagar o que receber de ajuda dos fundos de bem-estar da Igreja.
Não deve haver o mínimo constrangimento para que um membro seja auxiliado pela Igreja, desde que ele tenha contribuído com tudo o que puder. (…)
Em essência, quero dizer o seguinte: o mesmo princípio de autossuficiência se aplica tanto às coisas espirituais quanto às coisas emocionais. (…)
Se não formos cautelosos, estamos prestes a cometer, em termos emocionais (e, portanto, espirituais), os mesmos erros que trabalhamos arduamente por várias gerações para evitar, em termos materiais.
Aconselhamento
Parece que desenvolvemos uma epidemia de “conselhite”, que drena a força espiritual da Igreja, tal como o resfriado comum retira mais força da humanidade do que qualquer outra doença. (…)
Falando figurativamente, muitos bispos guardam no canto da mesa um grosso bloco de receitas para alívio emocional.
Quando alguém chega com um problema, o bispo, infelizmente, sem fazer perguntas, entrega a receita, sem meditar no que está fazendo ao seu povo. (…)
A independência e a autossuficiência espiritual é um poder de sustentação na Igreja. Se roubarmos isso dos membros, como é que eles vão receber revelação por si mesmos? Como saberão que existe um profeta de Deus? Como receberão resposta a suas orações? Como saberão com certeza absoluta por si mesmos? (…)
Aplicação para a Família
(…) O pai tem a responsabilidade de presidir a família.
Às vezes, com a maior das boas intenções, exigimos tanto do bispo, como filhos e como pai, que ele não consegue ajudar.
Bispo, se meu filho precisar de conselhos, a responsabilidade é minha, em primeiro lugar, e depois, é sua.
Se meu filho precisar de atividades recreativas, bispo, eu devo provê-las, em primeiro lugar, e depois, você.
Se meu filho precisar ser corrigido, a responsabilidade, em primeiro lugar, é minha, e depois, é sua.
Se eu estiver falhando como pai, ajude-me primeiro, e depois, meus filhos.
Não se apresse demais em tirar de mim o encargo de criar meus filhos.
Não se apresse em aconselhá-los e resolver todos os problemas. Envolva-me. Esse é meu ministério.
Vivemos numa época em que o adversário ressalta a todo instante a filosofia da gratificação imediata. Parece que exigimos que tudo seja instantâneo, inclusive a solução para nossos problemas. (…)
A vida foi feita para ser desafiadora. É normal sofrermos um pouco de ansiedade, depressão, decepções e até alguns fracassos.
Ensinem nossos membros que, se tiverem um dia difícil, de vez em quando — ou vários em seguida — que continuem firmes e os enfrentem. As coisas acabarão dando certo no final.
Há um grande propósito nas dificuldades que enfrentamos na vida.