2011
Somos os Soldados
Novembro de 2011


Somos os Soldados

De cada homem, jovem ou idoso, que possui o sacerdócio, peço uma voz mais forte e mais dedicada, uma voz (…) do bem, uma voz do evangelho, uma voz de Deus.

Elder Jeffrey R. Holland

No espírito desse absolutamente vigoroso hino e com a eloquente oração do Élder Richard G. Hinckley no coração, desejo falar com franqueza hoje, irmãos, e incluo nessa intenção os rapazes do Sacerdócio Aarônico.

Quando falamos da grandiosidade da Primeira Visão de Joseph Smith, às vezes omitimos o confronto ameaçador que ocorreu pouco antes dela, um confronto que pretendia destruir o menino, se possível, e bloquear de qualquer forma a revelação que viria. Falamos apenas o necessário a respeito do adversário, e não gosto de falar dele, mas o que aconteceu com o jovem Joseph nos faz recordar o que todo homem, inclusive os rapazes, desta congregação precisa lembrar.

Número um: Satanás, Lúcifer ou o pai das mentiras — chamem-no como quiserem — é real. Ele é a própria personificação do mal. Sua motivação é sempre maldosa, e ele entra em convulsão quando surge a luz redentora, só de pensarmos na verdade. Número dois: ele se opõe eternamente ao amor de Deus, à Expiação de Jesus Cristo e à obra de paz e salvação. Ele vai lutar contra essas coisas sempre que puder e onde puder. Ele sabe que será derrotado e expulso no final, mas está decidido a levar consigo tantos outros quanto lhe for possível.

Portanto, quais são algumas das táticas do diabo nessa disputa em que a vida eterna está em jogo? Novamente, é muito instrutivo o que aconteceu no Bosque Sagrado. Joseph relatou que, procurando opor-se ao que viria, Lúcifer exerceu uma influência “tão assombrosa (…) que se [lhe] travou a língua, de modo que [ele] não podia falar”.1

Como o Presidente Boyd K. Packer nos ensinou esta manhã, Satanás não pode tirar uma vida diretamente. Essa é uma das muitas coisas que ele não pode fazer. Mas, aparentemente seu empenho de impedir a obra será considerado bem-sucedido, se ele puder travar a língua dos fiéis. Irmãos, se esse for o caso, estou olhando hoje para homens e rapazes que se importam o suficiente com essa batalha entre o bem e o mal para dar um passo à frente e abrir a boca. Estamos em guerra, e nos próximos minutos, quero ser um recrutador.

Será que preciso entoar alguns trechos do hino “Somos os Soldados”? Vocês conhecem o verso que diz: “Fazem falta mais soldados de alto valor”?2 Evidentemente, o bom dessa convocação é que não estamos chamando soldados para disparar um rifle ou jogar uma granada. Não. Queremos batalhões que terão como arma “toda palavra que sai da boca de Deus”.3 Portanto, procuro hoje missionários que não vão deliberadamente travar a língua, mas que, com o Espírito do Senhor e o poder do sacerdócio que possuem, vão abrir a boca e falar milagres. Essa fala, como ensinaram os primeiros irmãos da Igreja, será o meio pelo qual “as mais vigorosas obras de fé foram e serão realizadas”.4

Peço especialmente aos rapazes do Sacerdócio Aarônico que se endireitem no banco e prestem atenção. Para vocês, farei uma analogia com os esportes. Esta é uma batalha de vida ou morte, rapazes; por isso, vou aproximar o meu nariz do seu e dizer energicamente algumas coisas, da mesma forma que um técnico faz quando o jogo está acabando e a vitória significa tudo. E com a bola em campo, o que este treinador está-lhes dizendo é que, para jogar esta partida, alguns de vocês têm de ser mais moralmente limpos do que são hoje. Nesta batalha entre o bem e o mal, vocês não podem jogar para o adversário, sempre que a tentação surgir e, depois, esperar vestir a camisa do Salvador durante a missão ou dentro do templo, como se nada tivesse acontecido. Isso, meus jovens amigos, vocês não podem fazer. Deus não Se deixa escarnecer.

Portanto esta noite, temos um dilema, vocês e eu. O dilema é que já existem milhares de rapazes da faixa etária do Sacerdócio Aarônico nos registros desta Igreja que constituem nossa fonte de candidatos para um futuro serviço missionário. Mas o desafio é fazer esses diáconos, mestres e sacerdotes se manterem ativos e dignos o suficiente para serem ordenados élderes e para servirem como missionários. Portanto, é preciso que os rapazes que já estão no time permaneçam nele e parem de sair de campo justo quando precisamos deles no jogo, dando tudo de si! Em quase toda competição esportiva que conheço, existem áreas demarcadas por linhas, dentro das quais todo participante precisa ficar para competir. Muito bem, o Senhor demarcou linhas de dignidade para os que são chamados para trabalhar com Ele nesta obra. Nenhum missionário pode ficar sem se arrepender de transgressões sexuais, de linguagem profana ou de problemas com a pornografia e, depois, esperar desafiar outros a se arrependerem dessas mesmas coisas! Vocês não podem fazer isso. O Espírito não estará com vocês, e as palavras vão entalar em sua garganta quando tentarem dizê-las. Vocês não podem enveredar por caminhos a que Leí chamou de “proibidos”5 e achar que podem guiar outros pelo “caminho estreito e apertado”6. Não podem.

Mas há uma resposta a esse desafio para vocês, assim como para o pesquisador a quem vocês vão ensinar. Sejam vocês quem forem e seja o que for que tiverem feito, vocês podem ser perdoados. Todos vocês, rapazes, podem deixar para trás qualquer transgressão contra a qual estejam lutando. Esse é o milagre do perdão; é o milagre da Expiação do Senhor Jesus Cristo. Mas vocês não podem fazer isso sem um comprometimento ativo com o evangelho, e não podem fazer isso sem o arrependimento, quando ele for necessário. Estou pedindo a vocês, rapazes, que sejam ativos e puros. Se necessário, estou-lhes pedindo: fiquem ativos e tornem-se puros.

Irmãos, falamos ousadamente com vocês, porque parece que nada que seja mais sutil funciona. Falamos ousadamente porque Satanás é um ser real que está decidido a destruí-los, e vocês enfrentam sua influência cada vez mais cedo na vida. Portanto, agarramos vocês pelo colarinho e berramos com toda a força:

Ouçam! A batalha se [trava] com grande clamor:

Firmes marchai! Firmes marchai!7

Meus jovens amigos, precisamos de outras dezenas de milhares de missionários nos meses e anos à frente. Eles precisam vir de uma porcentagem maior de jovens do Sacerdócio Aarônico que serão ordenados e estarão ativos, puros e dignos de servir.

Para vocês que serviram ou que estão servindo, somos gratos pelo bem que fizeram e pelas vidas que tocaram. Que o Senhor os abençoe! Também reconhecemos que há alguns que esperaram a vida inteira para servir missão, mas que, por motivos de saúde ou por outros impedimentos que estão além de seu controle, não podem ir. Publicamente e com orgulho cumprimentamos vocês desse grupo. Sabemos que têm o desejo e aplaudimos sua devoção. Vocês têm nosso amor e nossa admiração. Vocês estão “no time” e sempre estarão, mesmo que estejam honrosamente isentos do serviço de tempo integral. Mas precisamos do restante de vocês!

Dirijo-me agora a vocês, irmãos do Sacerdócio de Melquisedeque. Não sorriam e se acomodem confortavelmente no banco. Não terminei. Precisamos de outros milhares de casais que sirvam nas missões da Igreja. Todo presidente de missão implora por eles. Em todos os lugares em que servem, nossos casais levam uma maturidade para o trabalho que nenhum jovem de dezenove anos, por melhor que seja, pode oferecer.

Para incentivar mais casais a servir, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze fizeram um dos gestos mais ousados e generosos já vistos no trabalho missionário nos últimos 50 anos. Em maio deste ano, os líderes do sacerdócio que estão no campo receberam a notícia de que os custos de moradia para casais (e falamos apenas dos custos de moradia) serão complementados pelos fundos missionários da Igreja, caso excedam um valor pré-determinado por mês. Que grande bênção! Esse é um auxílio enviado pelo céu para a maior despesa que nossos casais enfrentam em sua missão. As Autoridades Gerais também determinaram que os casais missionários podem servir por 6 ou 12 meses, além dos 18 ou 23 tradicionais. Em outro gesto maravilhoso, foi dada permissão para que os casais retornem brevemente para casa, em ocasiões familiares críticas, pagando suas próprias despesas. E parem de se preocupar se vão ter que bater em portas ou seguir a mesma programação dos jovens de dezenove anos! Não pedimos que façam isso, mas temos uma boa porção de outras coisas que vocês podem fazer, com grande flexibilidade em relação ao modo de fazê-lo.

Irmãos, por motivos de saúde, familiares e financeiros, sabemos que alguns de vocês talvez não possam ir agora, ou talvez nunca. Mas, com um pouco de planejamento, muitos de vocês podem fazê-lo.

Bispos e presidentes de estaca, discutam essa necessidade em seus conselhos e em suas conferências. Sentem-se ao púlpito em suas reuniões e olhem em espírito de oração para a congregação, em busca de inspiração para saber quem deve receber um chamado. Depois conversem com eles e ajudem-nos a estabelecer uma data para o serviço. Irmãos, quando isso acontecer, digam a sua esposa que, se vocês podem deixar a poltrona e o controle remoto por alguns meses, então ela pode deixar os netos. Aqueles queridos pequeninos vão ficar bem, e prometo que vocês farão por eles, no serviço ao Senhor, muitíssimo mais do que poderiam fazer se ficassem em casa mimando-os. Que dádiva maior poderiam os avós dar para sua posteridade do que declarar por ações e palavras: “Nesta família, servimos missão!”

O trabalho missionário não é a única coisa que precisamos fazer nesta grande e maravilhosa Igreja. Mas quase todas as outras coisas que precisamos fazer dependem, primeiramente, de que as pessoas ouçam o evangelho de Jesus Cristo e se filiem à Igreja. Sem dúvida, é por isso que o último encargo dado por Jesus aos Doze foi simplesmente esta exigência básica: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.8 Depois, e somente depois disso, é que o restante das bênçãos do evangelho pode vir plenamente: a solidariedade familiar, os programas de jovens, as promessas do sacerdócio e as ordenanças que fluem do templo. Mas, como Néfi testificou, nada disso pode vir até que “entrem pela porta apertada”.9 Com tudo o que há para fazer ao longo do caminho para a vida eterna, precisamos de muitos mais missionários abrindo essa porta e ajudando outros a entrar.

De cada homem, jovem ou idoso, que possui o sacerdócio peço uma voz mais forte e mais dedicada, uma voz não só contra o mal e contra aquele que é a personificação desse mal, mas também uma voz do bem, uma voz do evangelho, uma voz de Deus. Irmãos de todas as idades: destravem a língua e vejam suas palavras fazerem maravilhas na vida daqueles “que só [estão afastados] da verdade por não saber onde encontrá-la”.10

Já na batalha vamos entrar

E a verdade lá conquistar.

Nosso pendão bem alto plantar

E nosso lar celestial vamos preparar!11

Em nome de Jesus Cristo, nosso Mestre. Amém.