Ter a Visão de Fazer
Se quisermos prosperar e não perecer, devemos ter uma visão de nós mesmos como o Salvador nos vê.
Como todos os bons pais, os meus também desejavam um futuro brilhante para seus filhos. Meu pai não era membro da Igreja, e devido a circunstâncias incomuns que existiam naquela época, meus pais determinaram que meus irmãos, minhas irmãs e eu deveríamos deixar a nossa casa na ilha, na Samoa Americana, no Pacífico Sul, e viajar para os Estados Unidos, a fim de irmos à escola.
A decisão de se separarem de nós foi difícil para meus pais, especialmente para minha mãe. Eles sabiam que haveria desafios imprevisíveis ao sermos colocados em um ambiente desconhecido. No entanto, com fé e determinação, seguiram em frente com seu plano.
Por ter sido criada na Igreja, minha mãe estava acostumada com os princípios do jejum e da oração, e meus pais sentiram que precisavam das bênçãos do céu para ajudar os filhos. Nesse espírito, começaram a reservar um dia por semana para jejuar e orar por nós. Sua visão era a de preparar os filhos para um futuro brilhante. Agiram de acordo com aquela visão, exercendo fé e buscando as bênçãos do Senhor. Por meio do jejum e da oração, receberam a certeza, o consolo e a paz de que tudo ficaria bem.
Como é que nós, em meio aos desafios da vida, adquirimos a visão necessária para fazer as coisas que nos levarão para mais perto do Salvador? Falando de visão, o livro de Provérbios ensina esta verdade: “Não havendo profecia, o povo perece” (Provérbios 29:18). Se quisermos prosperar e não perecer, devemos ter uma visão de nós mesmos como o Salvador nos vê.
O Salvador viu mais nos pescadores humildes, que Ele chamou para segui-Lo, do que eles viam em si mesmos. Ele teve uma visão do que eles poderiam se tornar. Conhecia a bondade e o potencial deles, e agiu de acordo com essa visão ao chamá-los. Eles não tinham experiência, no início, mas à medida que O seguiam, viram Seu exemplo, aprenderam Seus ensinamentos e se tornaram Seus discípulos. Houve um momento em que alguns de Seus discípulos deixaram de segui-Lo, porque as coisas que ouviram lhes foram difíceis de entender. Sabendo que outros poderiam também fazer o mesmo, Jesus perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?” (João 6:67). A resposta de Pedro mostrou como ele tinha mudado e adquirido a visão de quem era o Salvador. “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna?” (João 6:68), respondeu ele.
Com essa visão, aqueles discípulos fiéis e dedicados foram capazes de fazer coisas difíceis ao viajar para pregar o evangelho e estabelecer a Igreja depois que o Salvador partiu. Por fim, alguns deles sacrificaram a vida por seus testemunhos.
Há outros exemplos, nas escrituras, de pessoas que captaram a visão do evangelho e, em seguida, agiram de acordo com essa visão. O profeta Alma adquiriu sua visão quando ouviu Abinádi ensinar e testemunhar corajosamente perante o rei Noé. Alma agiu de acordo com os ensinamentos de Abinádi e começou a ensinar as coisas que havia aprendido, batizando muitos que acreditaram em suas palavras (ver Mosias 17:1–4; 18:1–16). Enquanto perseguia os primeiros santos, o Apóstolo Paulo foi convertido na estrada para Damasco e, em seguida, agiu de acordo com essa visão ao ensinar e prestar testemunho de Cristo (ver Atos 9:1–6, 20–22, 29).
Em nossos dias, há muitos rapazes, muitas moças e muitos casais idosos que atenderam ao chamado de um profeta de Deus para servir missão. Com fé e coragem, deixaram sua casa e tudo o que lhes era familiar devido a sua fé no grande bem que poderiam fazer como missionários. Ao agir de acordo com sua visão para servir, abençoam a vida de muitos e, nesse processo, mudam a própria vida. Na última conferência geral, o Presidente Thomas S. Monson nos agradeceu pelo serviço que prestamos uns aos outros e nos lembrou da nossa responsabilidade de ser as mãos de Deus para abençoar Seus filhos aqui na Terra (ver “Até Voltarmos a Nos Encontrar”, A Liahona, novembro 2011, p. 108). O cumprimento desse encargo foi emocionante, ao vermos os membros da Igreja agirem de acordo com essa sua visão.
Antes de o Salvador partir, compreendendo que precisaríamos de ajuda, Ele disse: “Não vos deixarei órfãos” (João 14:18). Ele ensinou a Seus discípulos: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26). Esse é o mesmo Espírito Santo que pode capacitar-nos e motivar-nos a fazer as coisas que o Salvador e nossos profetas e apóstolos modernos ensinam.
Ao colocar em ação os ensinamentos de nossos líderes, ganhamos uma compreensão mais profunda da visão que nosso Salvador tem de nós. Nesta conferência, recebemos conselhos inspirados dos profetas e apóstolos. Estudem seus ensinamentos e ponderem-nos em seu coração, buscando o Espírito Santo para ajudá-los a adquirir uma visão desses ensinamentos em sua vida. Com essa visão, exerçam sua fé e ajam de acordo com seus conselhos.
Examinem e estudem as escrituras para receber mais luz e conhecimento da mensagem deles para vocês. Ponderem-nas em seu coração e permitam que elas os inspirem. Em seguida, ajam de acordo com sua inspiração.
Como aprendemos em nossa família, agimos quando jejuamos e oramos. Alma falou do jejum e da oração como uma maneira de receber a confirmação da verdade, quando disse: “Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo” (Alma 5:46). Nós também podemos aprender a lidar com os desafios da vida por meio do jejum e da oração.
Passamos por coisas difíceis em nossa vida e isso, às vezes, diminui nossa visão e fé para fazer as coisas que devemos fazer. Ficamos tão ocupados que muitas vezes nos sentimos sobrecarregados e incapazes de fazer mais nada. Embora cada um seja diferente, sugiro humildemente que concentremos nossa visão no Salvador e em Seus ensinamentos. O que Ele viu em Pedro, Tiago, João e nos outros apóstolos que O levou a agir, convidando-os a segui-Lo? Assim como o Salvador tinha uma visão deles, Ele tem uma grandiosa visão do que podemos nos tornar. Precisaremos da mesma fé e coragem que os primeiros apóstolos tiveram, para que possamos redirecionar a atenção às coisas que mais importam, a fim de alcançarmos felicidade duradoura e grande alegria.
Quando estudamos a vida de nosso Salvador e Seus ensinamentos, nós O vemos em meio às pessoas ensinando, orando, inspirando e curando. Quando O imitamos e fazemos as coisas que O vimos fazer, começamos a ter a visão de quem podemos nos tornar. Seremos abençoados com visão por meio da ajuda do Espírito Santo para fazer mais coisas boas. Começarão a ocorrer mudanças, trazendo uma ordem diferente para nossa vida, e isso vai abençoar a nós e a nossa família. Durante Seu ministério entre os nefitas, o Salvador perguntou: “Que tipo de homens devereis ser?” Ele respondeu: “Devereis ser como eu sou” (3 Néfi 27:27). Precisamos de Sua ajuda para nos tornarmos como Ele é, e Ele nos mostrou o caminho: “Portanto, pedi e recebereis; batei e ser-vos-á aberto; porque aquele que pede, recebe; e ao que bate, ser-lhe-á aberto” (3 Néfi 27:29).
Sei que, à medida que adquirirmos uma visão de nós mesmos como o Salvador nos vê, e ao agirmos de acordo com essa visão, nossa vida será abençoada de maneira inesperada. Graças à visão de meus pais, não só minha vida foi abençoada com experiências educacionais, mas fui colocado em circunstâncias que me permitiram encontrar e aceitar o evangelho. E o mais importante é que aprendi a importância de ter pais bons e fiéis. Em termos simples, minha vida mudou para sempre.
Assim como uma visão levou meus pais a jejuar e orar pelo bem-estar de seus filhos, e assim como a visão dos primeiros apóstolos os levou a seguir o Salvador, essa mesma visão está a nosso alcance para inspirar-nos e ajudar-nos a agir. Irmãos e irmãs, somos um povo com uma história de visão, fé e coragem para fazer. Vejam aonde chegamos e as bênçãos que recebemos! Creiam que Ele pode abençoar-nos com visão em nossa vida e com coragem para agir.
Presto-lhes meu testemunho do Salvador e de Seu desejo de que voltemos à presença Dele. Para isso, devemos ter fé para agir — para segui-Lo e para ser como Ele é. Em vários momentos de nossa vida, Ele estende a mão e nos convida:
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:29–30).
Assim como o Salvador viu um grande potencial em Seus primeiros discípulos, Ele também vê o mesmo em nós. Que possamos ver-nos como o Salvador nos vê. Oro para que tenhamos essa visão, com a fé e a coragem de fazer, em nome de Jesus Cristo. Amém.