O Poder da Libertação
Podemos ser libertados dos caminhos do mal e da iniquidade, voltando-nos para os ensinamentos das sagradas escrituras.
Tenho um grande amigo que me envia uma gravata nova para usar na sessão em que vou falar em cada conferência geral. Ele tem bom gosto, vocês não acham?
Meu jovem amigo tem alguns desafios difíceis que o limitam em alguns aspectos, mas de outras maneiras, ele é extraordinário. Por exemplo, seu destemor como missionário se compara ao dos filhos de Mosias. A simplicidade de sua crença faz com que suas convicções sejam incrivelmente firmes e sólidas. Creio que na mente do Scott é inimaginável que alguém não seja membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e que nem todos tenham lido o Livro de Mórmon e tenham um testemunho de sua veracidade.
Quero contar-lhes algo que aconteceu com o Scott quando ele estava fazendo sozinho seu primeiro voo de avião para visitar o irmão. Um vizinho que estava sentado perto dele ouviu a conversa do Scott com a pessoa ao lado dele:
“Olá, meu nome é Scott. Qual é o seu nome?”
A pessoa a seu lado lhe disse o nome.
“O que você faz?”
“Sou engenheiro.”
“Que bom. Onde você mora?”
“Em Las Vegas.”
“Temos um templo lá. Sabe onde fica o templo mórmon?”
“Sei. É um belo edifício.”
“Você é mórmon?”
“Não.”
“Ora, devia ser. É uma ótima religião. Você já leu o Livro de Mórmon?”
“Não.”
“Bem, devia ler. É um livro excelente.”
Concordo plenamente com o Scott, o Livro de Mórmon é um livro excelente. As palavras do Profeta Joseph Smith citadas na página introdutória do Livro de Mórmon sempre me tocaram: “Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro”.
Este ano, em nossas classes da Escola Dominical, estamos estudando o Livro de Mórmon. À medida que nos prepararmos e participarmos das aulas, talvez sejamos motivados a seguir o corajoso exemplo do Scott e compartilhar nosso apreço por esse livro especial de escrituras com pessoas que não sejam membros da Igreja.
Um tema dominante do Livro de Mórmon foi expresso no versículo final do primeiro capítulo de 1 Néfi. Néfi escreveu: “E eis, porém, que eu, Néfi, vos mostrarei que as ternas misericórdias do Senhor estão sobre todos aqueles que ele escolheu por causa de sua fé, para torná-los fortes com o poder de libertação” (1 Néfi 1:20).
Gostaria de falar sobre como o Livro de Mórmon, que é uma terna misericórdia do Senhor preservada para estes últimos dias, liberta-nos, ensinando-nos de modo puro e “mais correto” a doutrina de Cristo.
Muitas histórias do Livro de Mórmon falam de libertação. A partida de Leí para o deserto com sua família fala de como eles foram salvos da destruição de Jerusalém. A história dos jareditas é uma história de libertação, tal como a história dos mulequitas. Alma, o filho, foi libertado do pecado. Os jovens guerreiros de Helamã foram preservados na batalha. Néfi e Leí foram libertados da prisão. O tema da libertação é bem evidente em todo o Livro de Mórmon.
Há duas histórias do Livro de Mórmon que são muito semelhantes e ensinam uma importante lição. A primeira está no livro de Mosias, começando pelo capítulo dezenove. Lemos ali a respeito do rei Lími, que morava na terra de Néfi. Os lamanitas travaram guerra contra o povo de Lími. O desfecho da guerra foi que os lamanitas permitiram ao rei Lími que governasse seu povo, mas eles seriam escravos deles. Foi um período de paz muito tenso (ver Mosias 19–20).
Quando o povo de Lími se fartou dos maus-tratos impostos pelos lamanitas, convenceram o rei a guerrear contra eles. Por três vezes o povo de Lími foi derrotado. Pesados fardos lhes foram impostos. Por fim, eles se humilharam e clamaram vigorosamente ao Senhor, pedindo que os libertasse (ver Mosias 21:1–14). No versículo 15 do capítulo 21 lemos a resposta do Senhor: “E o Senhor mostrava-se vagaroso em ouvir-lhes as lamentações, por causa de suas iniquidades; não obstante, o Senhor ouviu-lhes os lamentos e começou a abrandar o coração dos lamanitas, de modo que principiaram a aliviar-lhes a carga; contudo o Senhor não julgou oportuno livrá-los do cativeiro”.
Logo em seguida, chegou Amon com um pequeno grupo de homens de Zaraenla, e com a ajuda de Gideão, um dos líderes do povo de Lími, elaboraram um plano que foi bem-sucedido e fugiram dos maus-tratos impostos pelos lamanitas. O Senhor foi vagaroso em ouvir o clamor deles. Por quê? Por causa de suas iniquidades.
A segunda história é semelhante em muitos aspectos, mas também diferente. O relato se encontra em Mosias 24.
Alma e seu povo tinham-se estabelecido na terra de Helã, quando um exército dos lamanitas chegou às fronteiras daquela terra. Eles se reuniram e elaboraram uma solução pacífica (ver Mosias 23:25–29). Logo, os líderes dos lamanitas começaram a impor sua vontade sobre o povo de Alma e a colocar pesados fardos sobre eles (ver Mosias 24:8). No versículo 13, lemos: “E aconteceu que a voz do Senhor lhes falou em suas aflições, dizendo: Levantai a cabeça e tende bom ânimo, porque sei do convênio que fizestes comigo; e farei um convênio com o meu povo e libertá-lo-ei do cativeiro”.
O povo de Alma foi libertado das mãos dos lamanitas e trilhou em segurança o caminho de volta para junto do povo de Zaraenla.
Qual era a diferença entre o povo de Alma e o povo do rei Lími? Obviamente, havia várias diferenças: o povo de Alma era pacífico e mais justo; eles já tinham sido batizados e feito um convênio com o Senhor; eles se humilharam perante o Senhor, mesmo antes de suas tribulações começarem. Todas essas diferenças fizeram com que fosse adequado e justo que o Senhor os livrasse rapidamente, de maneira milagrosa, da mão dos que os mantinham em cativeiro. Essas escrituras nos ensinam sobre o poder de libertação que o Senhor possui.
As profecias que predizem a vida e a missão de Jesus Cristo prometem-nos a libertação que Ele proverá. Sua Expiação e Ressurreição proporcionam a todos nós um escape da morte física e, se nos arrependermos, um escape da morte espiritual, trazendo consigo as bênçãos da vida eterna. As promessas da Expiação e da Ressurreição, as promessas de livramento da morte física e espiritual, foram declaradas por Deus a Moisés quando Ele disse: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39).
Em contraste com as crenças lindamente descritas para nós nas sagradas escrituras, encontramos as forças de oposição do secularismo que se empenham em questionar as crenças de longa data nos escritos sagrados — escritos esses que nos orientaram ao longo de muitos séculos na definição dos padrões e valores eternos para nossa conduta na vida. Declaram que os ensinamentos da Bíblia são falsos e que os ensinamentos do Mestre estão ultrapassados. Erguem a voz dizendo que todos devem ter a liberdade de definir seus próprios padrões; procuram alterar os direitos daqueles que creem, contrariando o que é ensinado nas escrituras e nas palavras dos profetas.
Que bênção é ter o relato da missão de nosso Senhor e Salvador, registrado no Livro de Mórmon, para acrescentar uma segunda testemunha à doutrina declarada na Bíblia. Por que é importante que o mundo tenha tanto a Bíblia quanto o Livro de Mórmon? Creio que a resposta se encontra no capítulo treze de 1 Néfi. Néfi escreveu: “E falou-me o anjo, dizendo: Estes últimos registros que viste entre os gentios [O Livro de Mórmon] confirmarão a verdade dos primeiros [a Bíblia], que são dos doze apóstolos do Cordeiro, e divulgarão as coisas claras e preciosas que deles foram suprimidas; e mostrarão a todas as tribos, línguas e povos que o Cordeiro de Deus é o Filho do Pai Eterno e o Salvador do mundo; e que todos os homens devem vir a ele, pois do contrário não poderão ser salvos” (1 Néfi 13:40).
Nem a Bíblia nem o Livro de Mórmon são suficientes por si mesmos e isoladamente. Ambos são necessários para que ensinemos e aprendamos a doutrina plena e completa de Cristo. A necessidade do outro não diminui a importância de nenhum dos livros. Tanto a Bíblia quanto o Livro de Mórmon são necessários para nossa salvação e exaltação. Como o Presidente Ezra Taft Benson ensinou de modo tão vigoroso: “Quando usados em conjunto, a Bíblia e o Livro de Mórmon confundem as doutrinas falsas” (“A New Witness for Christ”, Ensign, novembro de 1984, p. 8).
Quero encerrar citando duas histórias, uma do Velho Testamento e outra do Livro de Mórmon, para mostrar como os livros funcionam harmoniosamente juntos.
A história de Abraão começa com sua libertação dos caldeus idólatras (ver Gênesis 11:27–31; Abraão 2:1–4). Ele e a esposa, Sara, foram posteriormente libertados de sua tristeza, sendo-lhes prometido que, por meio de sua posteridade, todas as nações da Terra seriam abençoadas (ver Gênesis 18:18).
O Velho Testamento contém o relato de quando Abraão levou consigo Ló, seu sobrinho, e saiu com ele do Egito. Sendo-lhe oferecido o direito de escolher a terra, Ló escolheu a campina do Jordão e armou sua tenda de frente para Sodoma, uma cidade de grande iniquidade (ver Gênesis 13:1–12). A maioria dos problemas que Ló enfrentaria mais tarde na vida — e houve vários — teve início em sua decisão de posicionar a porta de sua tenda de frente para Sodoma.
Abraão, o pai dos fiéis, teve uma vida diferente. Com certeza, houve muitas dificuldades, mas sua vida foi abençoada. Não sei para que lado se voltava a porta da tenda de Abraão, mas há um forte indício no último versículo do capítulo treze de Gênesis, onde lemos: “E Abrão [ou Abraão] mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor” (Gênesis 13:18).
Embora eu não saiba a resposta, pessoalmente acredito que a porta da tenda de Abraão se voltava para o altar que ele construiu para o Senhor. Como cheguei a essa conclusão? É porque conheço a história do Livro de Mórmon sobre as instruções do rei Benjamim para o seu povo quando eles se reuniram para ouvir seu discurso final. O rei Benjamim os instruiu a posicionar a porta de suas tendas de frente para o templo (ver Mosias 2:1–6).
Podemos ser libertados dos caminhos do mal e da iniquidade, voltando-nos para os ensinamentos das sagradas escrituras. O Salvador é o Grande Libertador, pois Ele nos livra da morte e do pecado (ver Romanos 11:26; 2 Néfi 9:12).
Declaro que Jesus é o Cristo, e que podemos achegar-nos a Ele lendo o Livro de Mórmon. O Livro de Mórmon é outro testamento de Jesus Cristo. Os primeiros testamentos de nosso Salvador são o Velho e o Novo Testamentos, ou seja, a Bíblia.
Novamente, vamos lembrar como o meu amigo Scott descreveu o Livro de Mórmon: “É um livro excelente”. Testifico a vocês que grande parte da excelência do Livro de Mórmon advém da harmonia que ele tem com a Bíblia Sagrada, em nome de Jesus Cristo. Amém.