Do Campo Missionário
Um Milagre no Aeroporto
Uma pequena inspiração pode mudar a vida das pessoas para melhor.
Como novo missionário no Japão, eu tinha muita dificuldade para entender as pessoas, que dirá para conhecê-las. Foi difícil aprender a amar pessoas que eu nem sequer conhecia, principalmente quando eu não compreendia o que diziam. Mas me esforcei muito para mostrar meu amor por elas e fiquei grato pelo empenho delas de vir até mim.
Todas as semanas, meu companheiro e eu ganhávamos um pão caseiro de uma senhora da ala chamada irmã Senba. Ela demonstrava seu amor pelos missionários fazendo pão caseiro e escrevendo bilhetinhos carinhosos.
Fiquei tocado por alguém se importar comigo. Senti-me inspirado a mostrar minha gratidão a ela de alguma maneira, por mais singela que fosse. Escrevi-lhe um bilhete expressando como era grato por ela e pelos sacrifícios que ela e sua família faziam para ajudar os missionários. Ficamos amigos, e passei a considerá-la uma segunda mãe.
Passaram-se alguns meses. Numa quarta-feira, recebi bem cedinho um telefonema do presidente de missão, que anunciou minha transferência para Okinawa. Ao desligar o telefone, um sentimento agridoce me subjugou. Eu já estava com medo das despedidas. Sentia um aperto no coração em cada telefonema para anunciar aos membros da ala minha partida no dia seguinte. Despedir-me de pessoas que eu tinha aprendido a amar tanto foi mais difícil do que eu esperava.
Quando terminei as ligações, percebi que a única pessoa que não tinha atendido era a irmã Senba. Fiquei triste por não poder me despedir de um membro que se tornara tão importante para mim.
Na manhã seguinte, fui para o aeroporto com outros dois missionários. Quando chegamos ao balcão para comprar as passagens, os funcionários disseram que nossos cartões tinham sido recusados. Não tínhamos dinheiro para pagar as passagens, e o voo partiria dentro de dez minutos! Nós três entramos em pânico. Estávamos prestes a perder o voo e ficaríamos presos no aeroporto o dia inteiro.
Mas todo o meu pânico virou consolo quando me virei e vi a irmã Senba chegar ao aeroporto. Fiquei muito surpreso ao vê-la, pois ela não sabia o horário de nosso voo. Ao dirigir-se a nós, sorriu e deu pão a todos nós para levarmos na viagem.
Ao explicarmos a ela que iríamos perder nosso voo, ela ficou triste. Nenhum de nós sabia o que fazer. Em seguida, a irmã Senba começou a vasculhar sua bolsa, procurando algo que poderia nos ajudar. Ela saltou de alegria ao encontrar um pequeno envelope na bolsa onde, semanas antes, ela colocara ¥ 50.000 ienes — a quantia exata de que precisávamos. Ela nos deu o dinheiro, e conseguimos comprar as passagens a tempo. Agradecemos com toda a gratidão que havia em nosso coração, nos despedimos e corremos para o avião.
Depois da decolagem, um dos missionários que estavam comigo se voltou para mim e disse: “Ela não é incrível? Foi um milagre mesmo!”
Foi então que me dei conta da magnitude do milagre. Em seguida ele perguntou: “O que está escrito em seu bilhete?” Vi que ele estava lendo um bilhete que acompanhava o pão que a irmã Senba lhe dera. Ao perceber que eu também tinha um bilhete, peguei-o e li um papelzinho dirigido a mim e que imediatamente me trouxe lágrimas aos olhos. Estava escrito: “Amo-o! Por favor, não se esqueça de mim! Nunca o esquecerei!”
Naquele momento senti o Espírito mais fortemente do que nunca antes. O exemplo da irmã Senba me ensinou a importância de seguir os sussurros do Espírito — por mais insignificantes ou estranhos que pareçam. Por meio desses sussurros, temos o poder de mudar a vida das pessoas para melhor. Sei que não foi por acaso que ela foi ao aeroporto. Foi um milagre mesmo.
Verdadeiramente o Senhor lança mão de pequenas coisas para realizar Sua obra. Somos imensamente abençoados como membros desta Igreja por contar com Sua influência em nossa vida. Permaneçamos todos dignos de receber esses sussurros e abençoar a vida dos filhos de Deus.