Manuais da Igreja — A Ordem Escrita das Coisas
Ao seguirmos os manuais e ao utilizarmos a sabedoria conjunta que oferecem, o Senhor vai ajudar-nos e as pessoas a quem servimos a tornar-nos “perfeitos nele”.
Ilustração: Suat Gürsözlü/iStock/Thinkstock
Após retornar da missão, estando muito atarefado com uma jovem família e minha própria empresa, fui chamado para ser o presidente de um ramo de tamanho razoável, com muitos membros fiéis e experientes. Por acaso me senti preparado, treinado e instruído para começar a servir? Não! Eu tinha bons conselheiros com quem discutia as questões. Mas será que a ajuda deles era suficiente? Não!
O Senhor espera que “todo homem aprenda seu dever” (D&C 107:99), e “[entesoure] (…) [na] mente as palavras de [Deus]” (D&C 84:85). Então, Ele espera que confiemos na inspiração do Espírito Santo — aquele dom especial dado a todos os membros com a promessa de orientação e revelação contínuas.
Relembrando aquele chamado e outros que tive, dou-me conta de que, além do Espírito Santo e das escrituras, o que realmente me ajudou foram os manuais da Igreja! Eles eram um tesouro de informações — eram como um guia para meu aprendizado inicial e uma valiosa fonte de referência ao longo do caminho.
Por Que Precisamos dos Manuais da Igreja?
O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “Embora os manuais não tenham o mesmo status das escrituras, eles representam as mais atuais interpretações e orientações referentes a procedimentos dadas pelas mais elevadas autoridades da Igreja”.1 O Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, acrescentou que essas autoridades — a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos — são homens que têm “maturidade e experiência, além de extensa preparação”.2
Assim, os manuais da Igreja retratam a sabedoria conjunta — decorrente da experiência comprovada e testada — de profetas e apóstolos. Essa sabedoria nos ensina a melhor maneira de alcançar bons resultados no cumprimento da missão da Igreja ao longo do tempo. O Senhor aconselhou: “Buscai diligentemente e ensinai-vos uns aos outros palavras de sabedoria; sim, nos melhores livros buscai palavras de sabedoria” (D&C 88:118; 109:7). Sem dúvida, a sabedoria contida nos manuais os incluem entre os “melhores livros”.
Os Manuais Nos Ajudam a Manter as Normas, os Procedimentos e os Programas
O Presidente Thomas S. Monson declarou que, sem os manuais, “seria quase impossível manter a integridade das normas, dos procedimentos e dos programas da Igreja”. Ele acrescentou: “Ao longo dos anos, tivemos de corrigir muitas tentativas de líderes bem-intencionados que se propuseram a alterar alguns programas da Igreja”.
O Presidente Monson disse que, quando os líderes não seguem corretamente os procedimentos, “a Primeira Presidência precisa ratificar a ação ou fazer com que seja refeita”. Em outras palavras, se ignorarmos os manuais, podemos acabar aumentando o fardo de trabalho da Primeira Presidência.
Ele disse: “Em quase todos os casos, se os líderes tivessem apenas lido, compreendido e seguido os manuais, esses problemas não teriam acontecido. (…) Há segurança nos manuais”.3
O Presidente Monson acrescentou que, seja qual for nosso chamado, os manuais contêm um tesouro de informações e orientação que nos ajuda a ministrar eficazmente, a entender o devido funcionamento da Igreja, a aprender e cumprir nossos deveres (ver D&C 107:99) e a preparar-nos para futuros cargos de liderança.
Os Manuais Ensinam o Que É Essencial
Os manuais ensinam que, embora “os pais [tenham] a vital responsabilidade de ajudar os filhos a prepararem-se para retornar ao Pai Celestial”, “a Igreja [do Salvador] proporciona a organização e os meios para que o evangelho de Jesus Cristo seja ensinado a todos os filhos de Deus”. Os manuais também ensinam que a Igreja “provê a autoridade do sacerdócio para ministrar as ordenanças de salvação e exaltação a todos os que forem dignos e estiverem dispostos a aceitá-las”.4
A estrutura doutrinária para a administração da Igreja se encontra nos três primeiros capítulos do Manual 2: Administração da Igreja:
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A Família e a Igreja no Plano de Deus
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Princípios do Sacerdócio
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Liderança na Igreja de Jesus Cristo
Devemos estudar cuidadosamente esses três capítulos. Eles nos lembram que a Igreja “foi organizada por Deus para auxiliar em Sua obra de levar a salvação e exaltação a Seus filhos”.5 Ela faz isso por meio de atividades, oportunidades e programas para servir, abençoar e proporcionar crescimento pessoal, concentrando-se nas responsabilidades designadas por Deus que apoiam e fortalecem as pessoas e as famílias.
Essas responsabilidades incluem “ajudar os membros a viver o evangelho de Jesus Cristo, coligar Israel por meio do trabalho missionário, cuidar dos pobres e necessitados e possibilitar a salvação dos mortos por meio da edificação de templos e da realização de ordenanças vicárias”.6
Ao entendermos essa estrutura doutrinária, o propósito e o papel de todos os chamados da Igreja se tornam claros: “Os líderes e professores do sacerdócio e das auxiliares se esforçam para ensinar as pessoas a tornarem-se verdadeiras seguidoras de Jesus Cristo”. Além disso, “as organizações e os programas da Igreja existem para abençoar as pessoas e as famílias, e não são um fim em si mesmos”.7
Os manuais se baseiam doutrinariamente nas escrituras, inclusive na admoestação que o Salvador fez a Pedro: “Quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lucas 22:32).
Os Manuais Facilitam a Revelação
Ao ajudar um membro menos ativo a retornar à Igreja, o bispo daquele membro analisou o capítulo sobre as ações disciplinares da Igreja no Manual 1: Presidentes de Estaca e Bispos. Então, depois de conversar com sua presidência de estaca, o bispo decidiu realizar um conselho disciplinar.
“Reunimo-nos previamente como bispado e estudamos o manual para lembrar os procedimentos adequados e identificar os pontos que seriam relevantes para o caso em questão”, disse o bispo. “Sentimos fortemente o Espírito do Senhor auxiliar-nos ao conversarmos com o membro.”
Mais tarde, depois de o bispado ter orado pedindo a ajuda do Senhor, um dos conselheiros sentiu que deveriam ler novamente em voz alta os trechos relevantes do Manual 1. Quando terminaram, o bispo perguntou a cada conselheiro qual seria sua recomendação.
“Bispo, pode ser que fique surpreso, mas foi isto que senti”, disse o primeiro conselheiro ao expressar sua recomendação. O segundo conselheiro sentiu o mesmo, e o bispo também.
“A leitura do manual uns para os outros permitiu que o Espírito nos iluminasse a mente”, relembrou o bispo. “Ficou mais claro como os princípios se relacionavam àquela situação, e cada um de nós foi guiado para a mesma resposta. Estávamos bem preparados para dar o conselho adequado para ajudar nosso querido irmão a voltar a Cristo.”
Assim como aquele bispado descobriu, as instruções encontradas nos manuais da Igreja “podem facilitar a revelação se forem usadas para obter a compreensão de princípios, normas e procedimentos a serem aplicados enquanto se busca a orientação do Espírito”.8
Os Manuais Nos Ajudam a Abençoar as Pessoas a Quem Servimos
Ao lermos, entendermos e seguirmos os manuais, eles se tornam uma bênção para as pessoas a quem servimos.9 Uma mudança de norma destacada no Manual 2, por exemplo, ajudou um bispo a abençoar e a fortalecer um pai que achava que não poderia ordenar seu filho de 12 anos ao Sacerdócio Aarônico.
O capítulo 20 declara: “Os bispos e presidentes de estaca podem usar de discernimento e permitir que portadores do sacerdócio que não são plenamente dignos de ter uma recomendação para o templo realizem algumas ordenanças e bênçãos ou participem delas”, inclusive batismos e ordenações ao Sacerdócio Aarônico.10 Sem uma recomendação para o templo, aquele pai achava que não poderia ordenar o filho. Mas seu bispo, “conforme [guiado] pelo Espírito”,11 concedeu a permissão após uma entrevista.
“Aquele foi um ponto decisivo na vida dele”, comentou o bispo atual. “Isso fez parte do processo pelo qual ele se tornou digno de entrar no templo, de ser selado à esposa no templo e de os filhos serem selados a ele”.
Flexibilidade e Adaptação — Dentro dos Devidos Limites
A uniformidade nos princípios, nas normas e nos procedimentos da Igreja “trará a influência do Espírito Santo à vida dos líderes e membros”, disse o Élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos.12 Mas numa Igreja mundial em que os membros se deparam com diversas situações políticas, sociais e econômicas, alguns ramos e algumas alas podem carecer de membros, liderança e recursos para executar o programa completo da Igreja. Outras unidades podem se deparar com questões relacionadas à segurança, ao transporte, às comunicações e às situações econômicas familiares.
O capítulo 17 do Manual 2 esclarece “onde a uniformidade é obrigatória” e quais são as “circunstâncias que podem permitir adaptações locais” no quadro de chamados, nos programas das auxiliares e no formato e na frequência das reuniões e atividades de liderança. Evidentemente, as adaptações devem ser feitas somente depois que os líderes buscarem a orientação do Espírito Santo.13
Ao fazerem isso, “todas as unidades da Igreja, a despeito de seu tamanho ou de suas circunstâncias, podem vivenciar a mesma abundância do Espírito do Senhor”.14
A Ordem Escrita das Coisas
Os manuais nos fornecem o que poderia ser chamado de “a ordem escrita das coisas”.
O Manual 1, que está disponível para os bispos e presidentes da estaca, descreve “as responsabilidades gerais dos presidentes de estaca e dos bispos” e fornece “informações detalhadas sobre normas e procedimentos”15 referentes ao templo, ao casamento, aos missionários de serviço, ao bem-estar, às ações disciplinares e às finanças da Igreja.
O Manual 2, disponível (inclusive no site LDS.org) a todos os líderes da Igreja, reduz a complexidade dos programas da Igreja, permitindo, conforme mencionado anteriormente, que haja flexibilidade e algumas adaptações locais. Trata-se de “um guia para os membros do conselho da ala e da estaca”16 e suas auxiliares na administração da Igreja e de sua obra de salvação.
A sabedoria conjunta encontrada nos manuais está organizada de modo a possibilitar fácil acesso e a ser utilizada de modo a criar a verdadeira cultura de serviço que deve existir em todas as alas e estacas da Igreja do Salvador. Mas, para ter acesso a essa sabedoria, precisamos estudar os manuais, aprender com eles, incorporar seus princípios e colocá-los em prática! O resultado será luz, entendimento e a bênção a longo prazo de descobrir o melhor modo de servir nossos irmãos e irmãs.
Em relação a nosso serviço na Igreja, o Presidente Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, comentou: “Ao estendermos nossas mãos e o nosso coração com amor cristão, na direção de outras pessoas, algo maravilhoso acontecerá a nós. Nosso próprio espírito fica curado, mais refinado e mais forte. Ficamos mais alegres, mais calmos e mais receptivos aos sussurros do Espírito Santo”.17
Os Manuais Nos Ajudam a Ver o Quadro Completo
Na conferência geral de abril de 2015, o Élder Rafael E. Pino, dos Setenta, contou a história de como um de seus filhos ficou frustrado ao montar um quebra-cabeça. “Por fim, [ele] aprendeu a montar o quebra-cabeças”, relembrou o Élder Pino, “quando entendeu que cada pecinha tinha seu lugar na imagem final”.18
Seja em que cargo for que sirvamos na Igreja, os manuais, tal como a gravura da caixa de um quebra-cabeça, dão-nos uma visão — a imagem final. Essa imagem vai guiar-nos e dar-nos maior entendimento do que o Senhor deseja que realizemos a serviço Dele. Ao seguirmos os manuais e utilizarmos a sabedoria conjunta que oferecem, o Senhor vai ajudar-nos e as pessoas a quem servimos a tornar-nos “perfeitos nele” (Colossenses 2:10).
Os manuais continuarão a ser uma parte importante da administração da Igreja, abençoando seus membros e líderes, independentemente de mudanças futuras no formato e conteúdo. Como declarou o Presidente Eyring, Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência, os manuais se tornarão “um tesouro para vocês se os [usarmos] para ajudar as pessoas a escolher o caminho para a vida eterna. Esse é o objetivo [deles]”.19