Glória a Deus nas alturas
Extraído de um discurso proferido em um evento da BYU Management Society — Salt Lake Chapter, em Salt Lake City, Utah, EUA, em 13 de dezembro de 2016.
Sempre que agimos em conjunto com o Senhor — fazendo o que Ele nos pede, elevando as pessoas a nosso redor —, estamos prestando testemunho de que Ele vive e nos ama.
Setecentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo em Belém da Judeia, o profeta Isaías declarou: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Isaías 7:14).
O rei Benjamim, 125 anos antes do nascimento do Salvador, profetizou: “Ele chamar-se-á Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai dos céus e da Terra, o Criador de todas as coisas desde o princípio; e sua mãe chamar-se-á Maria” (Mosias 3:8).
Na véspera do nascimento do menino Jesus, Néfi, filho de Néfi, ouviu uma voz dizendo: “Amanhã virei ao mundo” (3 Néfi 1:13).
No dia seguinte, do outro lado do oceano, o Cristo infante nasceu. Não há dúvidas de que Sua mãe, Maria, olhou maravilhada para seu filho recém-nascido, o Unigênito do Pai na carne.
Nas montanhas da Judeia ao redor de Belém, Lucas conta que pastores estavam nos campos (ver Lucas 2:8). Aqueles pastores eram “homens justos e santos” (ver Alma 13:26) que prestariam testemunho do menino Jesus.
“E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.
E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo.
Pois hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. (…)
E no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lucas 2:9–11, 13–14.)
Imaginem essa cena na Judeia — o céu recoberto pelo brilho de uma estrela magnífica e coros celestes assinalando esse acontecimento inigualável. Os pastores foram então “apressadamente” (Lucas 2:16) ver o bebê deitado numa manjedoura. Mais tarde, “divulgaram a palavra” (Lucas 2:17) do que haviam visto e ouvido.
Todo ano, no Natal, acrescentamos nosso testemunho ao daqueles pastores — de que Jesus Cristo, o Filho literal do Deus vivo, veio a um canto da Terra a que damos o nome de Terra Santa.
Os pastores foram reverentemente ao estábulo adorar o Rei dos reis. Como vamos adorá-Lo nesta época? Fazendo compras incessantemente? Correndo de um lado para o outro em casa, decorando e embrulhando presentes? Será esse o nosso tributo a nosso Salvador? Ou também levaremos paz a corações aflitos e boa vontade aos que necessitam de um propósito maior, dando glória a Deus em nossa disposição de fazer o que Ele nos pede?
Jesus declarou simplesmente: “Vem, segue-me” (Lucas 18:22).
O evangelho de Jesus Cristo, restaurado por meio do profeta Joseph Smith, ressoou no coração de fiéis do mundo inteiro. Desde as ilhas do mar até a imensidão da Rússia, testemunhei pessoalmente o fervor daqueles que aceitaram a palavra sagrada do Salvador.
A mensagem do Natal
Entre os primeiros santos que se reuniram em Sião estava Hannah Last Cornaby, que se estabeleceu em Spanish Fork, Utah, EUA. Nos difíceis primeiros dias da Igreja restaurada, o Natal era às vezes comemorado com uma preciosa laranja, um brinquedo entalhado em madeira ou talvez uma boneca de trapos — mas nem sempre. Hannah escreveu o seguinte em 25 de dezembro de 1856:
“Chegou a véspera de Natal, e meus queridos filhos, com fé infantil, penduraram as meias, imaginando se algo seria colocado dentro delas. Com dor no coração, que procurei ocultar deles, garanti que não seriam esquecidos. Eles foram dormir, cheios de alegria e esperança em relação à manhã seguinte.
Sem ter nada com que adoçar a comida, eu não sabia o que preparar. Mas eles não podiam ficar decepcionados. Então, lembrei que tínhamos algumas abóboras em casa e as cozinhei. Depois, coei o caldo e deixei ferventar por algumas horas, formando uma calda adocicada. Com essa calda e algum condimento, fiz uma massa de pão de gengibre, que cortei de todas as formas possíveis e imagináveis, assei numa frigideira (já que não tinha forno), coloquei-os dentro das meias e alegrei meus filhos como se aqueles fossem os melhores doces de confeiteiro do mundo”.1
Nas entrelinhas dessa história está o relato de uma mãe que trabalhou a noite inteira, sem ter sequer um forno para aliviar seu trabalho. Mas ela estava comprometida a alegrar os filhos, reforçar-lhes a fé e afirmar em seu lar: “Que dia feliz! Tudo bem!”2 Não é essa a mensagem do Natal?
O presidente Thomas S. Monson ensinou: “As oportunidades que cada um de nós tem de doar de si mesmos são, de fato, ilimitadas, mas também são passageiras. Há corações a alegrar, palavras gentis a proferir, presentes a oferecer”.3
Sempre que agimos em conjunto com o Senhor — fazendo o que Ele nos pede, elevando as pessoas a nosso redor —, estamos prestando testemunho de que Ele vive e nos ama, sejam quais forem nossas dificuldades materiais.
Depois que o converso escocês John Menzies Macfarlane se filiou à Igreja com sua mãe viúva e seu irmão, os três viajaram até Salt Lake City, Utah, em 1852. Ele estava com 18 anos de idade. Ao longo dos anos, tornou-se agrimensor, construtor e até juiz distrital, mas foi na música que se destacou.
Organizou seu primeiro coro em Cedar City, Utah, e levou seu conjunto em turnê pelo Sul de Utah. Após uma apresentação em St. George, o élder Erastus Snow (1818–1888), apóstolo e líder da colônia, incentivou John a mudar-se para St. George, levando consigo sua família e música.
Os tempos tinham sido difíceis em 1869, e o élder Snow pediu ao irmão Macfarlane que montasse um programa de Natal para elevar o ânimo das pessoas. O irmão Macfarlane queria uma música nova e envolvente para o acontecimento. No entanto, por mais que tentasse, não conseguia compor nada. Orou repetidas vezes para pedir inspiração.
Então, certa noite, acordou a mulher, exclamando: “Tenho a letra de um hino e acho que tenho a música também!” Correu para o teclado de um pequeno harmônio e tocou a melodia, escrevendo-a enquanto a esposa segurava diante dele a tremulante luz de um pavio de flanela aceso flutuando numa tigela de graxa. A letra e a música fluíram:
Lá na Judeia onde Cristo nasceu
Os pastorzinhos ouviram do céu:
Glória a Deus!
Glória a Deus!
Glória a Deus nas alturas
E na terra sempre paz
E na terra sempre paz!4
O irmão Macfarlane nunca tinha estado na Judeia para saber que as planícies eram, na verdade, encostas rochosas, mas a mensagem inspirada de sua música veio de sua alma como um testemunho do nascimento do Salvador em Belém, um acontecimento que mudaria o mundo para sempre.5
John Menzies Macfarlane testificou de Jesus Cristo por meio de sua música, e Hannah Last Cornaby testificou de Cristo por meio do serviço prestado a seus filhos. Podemos da mesma forma servir ao Senhor e prestar testemunho Dele por meio de simples atos de abnegação. Também podemos fazer uma diferença em nossa família, em nossa ala, em nosso local de trabalho e em nossa esfera de responsabilidade.
Faça a diferença
Um modo simples de fazer a diferença é envolver-nos na campanha anual da Igreja na mídia social. A campanha visa a ajudar os santos — e os filhos de Deus do mundo inteiro — a concentrarem-se no Salvador. Este ano, a Igreja está lançando outro empenho mundial para comemorar o nascimento de Cristo e incentivar as pessoas a imitá-Lo, servindo ao próximo na época de Natal.
A Igreja está repetindo seu tema bem-sucedido do ano passado: “Seja a luz do mundo” (ver Mormon.org). Esse tema é extraído de João 8:12, em que lemos: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
A campanha inclui um calendário do advento e versículos das escrituras correlatos que dão sugestões de como as pessoas podem servir e compartilhar a luz do Natal.
“Cada um de nós que veio à Terra recebeu a Luz de Cristo”, disse o presidente Monson. “Ao seguirmos o exemplo do Salvador e vivermos como Ele viveu e como Ele ensinou, essa luz vai arder dentro de nós e iluminar o caminho para outras pessoas.”6
Passamos a conhecer o Salvador quando fazemos o que Ele fez. Ao servirmos ao próximo, aproximamos as pessoas, e nós mesmos, Dele.
“Um nome acima de todos os nomes”
Na época de Natal, sentimos muita saudade de nosso netinho Paxton. Por ter nascido com uma rara doença genética, Paxton sofria uma infinidade de problemas de saúde. O Pai Celestial ensinou a nossa família muitas lições especiais e ternas nos três breves anos em que Paxton abençoou nossa vida.
Minha irmã, Nancy Schindler, fez uma bela colcha em homenagem a Paxton. Chamou-a de “Um nome acima de todos os outros”. A colcha mostra 26 dos nomes de Jesus Cristo — começando do A e chegando ao Z. A colcha me lembra da futura e gloriosa reunião de nossa família com Paxton, possibilitada pelo sofrimento, pelo sacrifício e pela Ressurreição do Salvador.
A colcha me inspirou a iniciar um estudo dos nomes de Jesus Cristo, conforme revelado nas escrituras. A pesquisa de Seus nomes se tornou parte de meu estudo pessoal das escrituras. Até agora, já identifiquei centenas de nomes do Salvador.
Uma de minhas responsabilidades como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, conforme declarado em Doutrina e Convênios, é a de prestar testemunho de Jesus Cristo. Lemos em Doutrina e Convênios: “Os doze conselheiros viajantes são chamados para ser os Doze Apóstolos, ou seja, testemunhas especiais do nome de Cristo no mundo todo” (D&C 107:23; grifo do autor).
Recentemente, foi-me pedido que discursasse numa reunião sacramental realizada no Hospital Infantil da Primária, em Salt Lake City. Senti-me inspirado a falar de Jesus Cristo e Seus nomes repletos de esperança. Prestei testemunho do Salvador como “a resplandecente estrela da manhã” (Apocalipse 22:16), “o sumo sacerdote dos bens futuros” (Hebreus 9:11), “um Deus de milagres” que se levantará “com poder de cura em suas asas” (2 Néfi 27:23; 25:13), “Príncipe da Paz” (Isaías 9:6; 2 Néfi 19:6) e “a ressurreição e a vida” (João 11:25).
Na época do Natal, gosto de recitar os vários nomes do Salvador ao caminhar até meu escritório, passando pelas luzes de Natal da Praça do Templo. Começo por “o Alfa e o Ômega” (Apocalipse 1:8); o “menino” de Belém (Lucas 2:12, 16); “Conselheiro” (Isaías 9:6; ver 2 Néfi 19:6); “o Libertador” (Romanos 11:26); “poderoso” (Salmos 89:19); “o fundador da paz” (Mosias 15:18); e assim por diante.
Ao longo da época de Natal, anseio por memorizar mais nomes Dele e procuro oportunidades de honrar Seu nome. Ao nos esforçar para fazer a diferença nesta época de Natal, espero que façamos do Salvador o ponto central de nosso empenho e que demos glória a Ele ao servirmos o próximo em Seu nome.
Presto testemunho de que nosso Pai Eterno vive. Seu plano de felicidade abençoa profundamente a vida de cada um de Seus filhos em todas as gerações. Sei que Seu Filho amado, Jesus Cristo, o infante nascido em Belém, é o Salvador e Redentor do mundo.
Estas palavras de louvor declaram a verdade a meus ouvidos: “Glória a Deus nas alturas e na terra sempre paz”.7