2018
Agora é o momento
Novembro de 2018


Agora é o momento

Se há algo em sua vida sobre o que você precisa refletir, agora é o momento.

Há alguns anos, enquanto me preparava para uma viagem de negócios, comecei a sentir uma dor no peito. Um pouco preocupada, minha esposa decidiu me acompanhar. No primeiro trecho de nosso voo, a dor se intensificou a ponto de eu ter dificuldade para respirar. Quando pousamos, deixamos o aeroporto e fomos ao hospital local, onde, depois de vários testes, o médico que nos atendeu declarou que estávamos seguros para continuar nossa viagem.

Voltamos ao aeroporto e embarcamos em um voo para nosso destino. Quando estávamos pousando, o piloto falou pelo sistema de som e pediu que eu me identificasse. A comissária de bordo se aproximou e disse que eles haviam acabado de receber um telefonema de emergência e me falaram que havia uma ambulância esperando no aeroporto para me levar ao hospital.

Entramos na ambulância e fomos levados às pressas para o pronto socorro. Lá encontramos dois médicos ansiosos que explicaram que eu havia sido diagnosticado de modo errado e que eu estava enfrentando uma grave embolia pulmonar, ou um coágulo de sangue em meu pulmão, que exigia atenção médica imediata. Os médicos nos informaram que muitos pacientes não sobrevivem a essas condições. Sabendo que estávamos longe de casa e sem a certeza de que estávamos preparados para esses eventos que poderiam mudar nossa vida, os médicos disseram que, se houvesse algo em nossa vida sobre o que precisássemos refletir, aquele era o momento.

Lembro-me bem de como quase instantaneamente, naquele momento de ansiedade, toda a minha perspectiva mudou. O que parecia ser tão importante apenas alguns momentos antes não tinha mais tanta importância. Minha mente se distanciou dos confortos e cuidados desta vida e se voltou para uma perspectiva eterna — pensamentos sobre a família, os filhos, minha esposa e, por fim, uma avaliação de minha própria vida.

Como estávamos nos saindo como família e individualmente? Estávamos vivendo em harmonia com os convênios que fizemos e com as expectativas do Senhor ou, talvez, permitimos sem querer que os cuidados do mundo nos distraíssem das coisas mais importantes?

Eu os convido a refletir sobre a importante lição que aprendi com essa experiência: desligar-se das coisas do mundo e avaliar sua vida. Ou, nas palavras do médico, se há algo em sua vida sobre o que você precisa refletir, agora é o momento.

Avaliar nossa vida

Vivemos em um mundo sobrecarregado de informações, dominado por distrações sempre crescentes que cada vez mais nos impedem de nos desligarmos das confusões desta vida e nos concentrarmos nas coisas de valor eterno. Nossa vida diária é bombardeada com notícias chamativas, mostradas a nós por tecnologias que mudam rapidamente.

A menos que reservemos um tempo para refletir, podemos não perceber o impacto desse ambiente tão agitado em nossa vida diária e nas escolhas que fazemos. Nossa vida pode ser consumida por explosões de informações embaladas em memes, vídeos e notícias ofuscantes. Embora sejam interessantes e nos entretenham, a maioria dessas coisas tem pouco ou nada a ver com nosso progresso eterno e, mesmo assim, moldam o modo como vemos nossa experiência mortal.

Essas distrações mundanas podem ser comparadas àquelas do sonho de Leí. Ao seguirmos pelo caminho do convênio com nossa mão firmemente apegada à barra de ferro, ouvimos e vemos pessoas com atitude “de escárnio e [que apontam] o dedo” do grande e espaçoso edifício (1 Néfi 8:27). Podemos não o fazer de modo consciente ou intencional, mas às vezes paramos e mudamos nosso olhar para ver o que é todo aquele tumulto. Alguns de nós podem até soltar a barra de ferro e se aproximar para ver melhor. Outros podem sair completamente “por causa dos que [zombam] deles” (1 Néfi 8:28).

O Salvador nos alertou “acautelai-vos, não aconteça que o vosso coração se sobrecarregue (…) [com os] cuidados desta vida” (Lucas 21:34). Revelações modernas nos relembram que muitos são chamados, mas poucos são escolhidos. Eles não são escolhidos “porque seu coração está (…) fixo nas coisas deste mundo e aspiram (…) às honras dos homens” (Doutrina e Convênios 121:35 ver também o versículo 34). Avaliar nossa vida nos dá uma oportunidade de nos desligar do mundo, refletir onde estamos no caminho do convênio e, se necessário, fazer ajustes para garantir que vamos nos manter firmes na barra de ferro e com o olhar voltado para frente.

Recentemente, em um devocional mundial para os jovens, o presidente Russell M. Nelson convidou os jovens a se desligarem do mundo, afastando-se das mídias sociais por meio de um jejum de sete dias. Ontem à noite, ele fez um convite semelhante para as irmãs durante a sessão das mulheres na conferência. Ele então pediu que os jovens observassem quaisquer diferenças no modo como se sentiam, o que eles pensavam ou até mesmo no modo como eles pensavam. Ele então os convidou a fazer “uma avaliação completa de sua vida com o Senhor (…) para garantir que seus pés [estivessem] firmemente plantados no caminho do convênio”. Ele os incentivou dizendo que, se houvesse alguma coisa na vida que precisavam mudar, aquele era o momento perfeito para mudar.1

Ao avaliar as coisas em nossa vida que precisam de mudança, podemos nos fazer uma pergunta prática: Como podemos ficar acima das distrações deste mundo e manter fixas diante de nós as visões da eternidade?

Em um discurso da conferência em 2007 intitulado “Bom, muito bom, excelente”, o presidente Dallin H. Oaks ensinou como priorizar as escolhas entre as muitas demandas conflitantes do mundo. Ele aconselhou: “Temos de renunciar a algumas coisas boas em prol de outras muito boas ou excelentes, pois elas desenvolvem a fé no Senhor Jesus Cristo e fortalecem a família”.2

Gostaria de afirmar que as melhores coisas nesta vida estão centralizadas em Jesus Cristo e em compreender as verdades eternas de quem Ele é e de quem somos em nosso relacionamento com Ele.

Buscar a verdade

Ao buscar conhecer o Salvador, não devemos ignorar a verdade fundamental de quem somos e por que estamos aqui. Amuleque nos lembrou de que “esta vida é o tempo para (…) [nos prepararmos] para o encontro com Deus”, tempo que “nos é dado a fim de nos prepararmos para a eternidade” (Alma 34:32–33). Uma citação bem conhecida nos relembra: “Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual. Somos seres espirituais passando por uma experiência humana”.3

Entender nossa origem divina é essencial para nosso progresso eterno e pode nos libertar das distrações desta vida. O Salvador ensinou:

“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31–32).

O presidente Joseph F. Smith proclamou: “A maior realização que a humanidade pode alcançar neste mundo é conhecer a verdade divina de modo tão completo e perfeito, que o exemplo ou o comportamento de nenhuma criatura viva do mundo possa desviá-la do conhecimento que adquiriu”.4

No mundo de hoje, o debate sobre a verdade atingiu um tom febril, com todos os lados reivindicando a verdade como se fosse um conceito relativo, aberto à interpretação individual. O jovem Joseph Smith percebeu que “tão grandes eram a confusão e a contenda” na vida dele que “era impossível chegar a qualquer conclusão definitiva acerca de quem estava certo e de quem estava errado” (Joseph Smith—História 1:8). Foi “em meio a essa guerra de palavras e divergência de opiniões” que ele buscou orientação divina procurando a verdade (Joseph Smith—História 1:10).

Na conferência de abril, o presidente Nelson ensinou: “Se quisermos ter a esperança de filtrar as diversas opiniões e filosofias dos homens que atacam a verdade, precisamos aprender a receber revelação”.5 Devemos aprender a confiar no Espírito da verdade, “que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece” (João 14:17).

Enquanto este mundo se move rapidamente para realidades alternativas, devemos nos lembrar das palavras de Jacó de que “o Espírito fala a verdade e não mente. Portanto, fala de coisas como realmente são e de coisas como realmente serão; assim, estas coisas nos são manifestadas claramente para a salvação de nossa alma” (Jacó 4:13).

Este é o momento de refletir sobre quais mudanças precisamos fazer à medida que nos desligamos do mundo e avaliamos nossa vida. Podemos ter grande esperança em saber que nosso exemplo, Jesus Cristo, mostrou-nos qual caminho seguir. Antes de Sua morte e Ressurreição, Ele estava trabalhando para ajudar aqueles que estavam ao Seu redor a entender Seu papel divino. Ele os lembrou: “Em mim [tereis] paz; no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Dele presto testemunho, em nome de Jesus Cristo. Amém.