Um reservatório de testemunho
Ilustração: Phil, i2iArt.com
No meu primeiro ano do Ensino Médio, meus pais se divorciaram. Por anos, vi meu pai não tomar o sacramento. Eu sabia que ele tinha dificuldades para guardar os mandamentos, mas não entendia até que ponto e quanto tempo duravam aqueles problemas. Foi só quando meus pais me contaram que ele tinha sido excomungado que minha irmã e eu finalmente ficamos sabendo dos detalhes.
“Odeio você!”, gritei muitíssimas vezes, soluçando. Eu estava furiosa. Como ele podia ter feito aquilo para nossa família?, pensei. Como pudera ter mentido para nós por tanto tempo?
O choque e a raiva iniciais não duraram muito. Em poucas semanas, minha raiva se transformou em entorpecimento. A princípio, o entorpecimento foi um alívio da raiva e dor que eu sentia, mas, no final, meu alívio acabou virando desespero. Senti a vida desmoronando a meu redor. Mais do que nunca, eu precisava me sentir conectada ao céu. Precisava sentir o amor, a orientação, a paz e a cura de Deus.
Pouco depois, chegou a conferência geral. Em uma sessão, ouvi e esperei sentir o consolo de Deus. Mas ele não veio. Ali, na capela escura, pensei, não consigo sentir o Espírito Santo, mas tenho certeza de que Ele está aqui. Ele tinha de estar ali. Ao pensar naquilo, comecei a lembrar dos muitos pequenos testemunhos que eu havia recebido de que as escrituras eram verdadeiras, de que Joseph Smith era um profeta, de que o Pai Celestial tinha abençoado minha família e de que o cumprimento dos mandamentos proporcionava paz. Foi como se eu tivesse um reservatório de testemunho.
Quanto mais eu refletia a respeito de meus testemunhos espirituais passados, mais me dava conta de que, por mais que eu quisesse sentir o Espírito, pouco importava se eu não conseguisse sentir Sua influência naquele exato momento. Eu já tinha uma provisão de testemunhos serenos e constantes de que o evangelho era verdadeiro.
Esse conhecimento me susteve e me deu o desejo de continuar a guardar os mandamentos mesmo que não parecesse haver uma recompensa imediata. Gradualmente, senti mais o amor do Pai Celestial e do Salvador em minha vida. Ao permanecer próxima Deles, mesmo que nem sempre sentisse Sua presença, isso me proporcionou uma paz inegável e um testemunho mais forte do evangelho do Salvador. Isso continua a me influenciar agora ao me deparar com incertezas ou tristezas. Sei que posso confiar no Pai Celestial e no Salvador, e que Eles vão curar, elevar e fortalecer a mim e a cada um de nós.