MENSAGEM DA PRESIDÊNCIA DA ÁREA
Pescadores de Homens
O trabalho missionário não é um evento ou uma atividade; faz parte de quem somos ao vivermos o evangelho de Jesus Cristo.
Para falar sobre como se tornar pescador de homens, gostaria de compartilhar duas experiências.
Depois que concluí meus estudos, eu e a minha esposa Alessandra nos mudamos dos Estados Unidos, onde havíamos estudado, de volta ao Brasil. Estávamos começando nossa vida adulta e eu estava à procura de emprego. Foi um período difícil de nossas vidas, porque não tínhamos muitos recursos, mas estávamos fazendo o melhor para sermos espiritual e materialmente autossuficientes. Nessa época, vi uma oportunidade de trabalho em uma empresa que admirava muito. Eu sabia que não tinha a experiência profissional necessária; entretanto, durante a entrevista, fui inspirado a falar sobre os dois anos que servi como missionário de tempo integral para a Igreja. Ao falar sobre minha missão, comecei a compartilhar o plano de salvação e a palavra de sabedoria, entre outras coisas. Foi uma conversa muito fácil e natural.
Eu gosto de correr, e participava de grupos de corrida onde treinávamos e corríamos juntos. Muitas vezes as pessoas me perguntavam por que eu não treinava com eles aos domingos e participava de corridas que aconteciam aos domingos. Eu sempre respondia dizendo que domingo era o dia em que ia à Igreja com minha família. Essa resposta costumava gerar uma pergunta subsequente: A qual igreja você frequenta? Ao responder à segunda pergunta, quase sempre surgia uma terceira que me permitia compartilhar nossas crenças básicas.
Quando tive essas experiências, nunca pensei muito sobre elas até ler Doutrina e Convênios 30:5: “Eis que te digo, Peter, que farás tua viagem com teu irmão Oliver; porque é chegada a hora em que me é conveniente que abras a boca para proclamar meu evangelho; portanto, não temas, mas dá ouvidos às palavras e aos conselhos de teu irmão.”
Esse convite de abrir minha boca para declarar o evangelho teve um impacto pessoal sobre mim. Era como se eu estivesse lendo: “Eis que te digo, Ciro, (…) que abras a boca para proclamar meu evangelho”. Então percebi que nas experiências acima eu estava proclamando o evangelho conforme mandado nas escrituras.
Frequentemente, quando pensamos no trabalho missionário, pensamos em convidar nossos amigos para virem a nossa casa com a meta de ter missionários de tempo integral lá para ensinar o evangelho a eles. Isso é ótimo e devemos continuar fazendo isso. Mas o que eu estava fazendo durante essas duas experiências, também é trabalho missionário. Eu estava compartilhando o evangelho de maneira normal e natural. É para isso que somos chamados: para amar, compartilhar e convidar as pessoas a virem a Cristo de maneira normal e natural.
Normalmente temos a expectativa de que a obra missionária traga resultados imediatos. Não podemos medir nosso sucesso em proclamar o evangelho pelo número de pessoas que eventualmente se filiam à igreja por meio de nossos esforços. Nunca sabemos o impacto e o alcance de nossas palavras e testemunhos. Por exemplo, as duas experiências que mencionei não resultaram em batismos até agora. Mas estou feliz porque abri minha boca e proclamei o evangelho e continuo a falar sobre o evangelho com outras pessoas. Às vezes, as sementes que estamos plantando demoram muito para crescer e dar frutos. Em outras ocasiões, isso acontecerá mais rápido. Nossa responsabilidade é fazer o nosso melhor para abrir a boca e ajudar as pessoas a sentir o amor de Deus.
Para ilustrar isso, podemos olhar para a conversão de Parley P. Pratt. Quando ele leu o Livro de Mórmon, foi quase imediatamente convertido e batizado. Em contraste, Brigham Young levou dois anos estudando o evangelho antes de aceitar ser batizado. Portanto, é tão importante que amemos, compartilhemos e convidemos. Mesmo quando as pessoas não atendem imediatamente aos nossos convites, continuamos a amar, compartilhar e convidar como o Salvador Jesus Cristo nos ensinou.
Em Mateus 4:19 lemos o seguinte: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” É o mesmo convite que o Salvador Jesus Cristo dirige a cada um de nós: de segui-lo e partilhar a sua mensagem.
Então, o que compartilhamos? Em 2 Néfi 25:26 lemos: “E falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo com nossas profecias, para que nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados.” Falamos de Cristo no versículo acima, poderíamos substituir “nossos filhos” por “nossos amigos”: “Para que [nossos amigos] saibam em que fonte procurar a remissão dos seus pecados”.
Devemos fazer isso de forma normal e natural. As pessoas vão querer saber mais sobre o Salvador e Seu evangelho porque nos conhecem. O trabalho missionário não é um evento ou uma atividade; faz parte de quem somos ao vivermos o evangelho de Jesus Cristo.
O Élder Ciro Schmeil foi apoiado como Setenta Autoridade Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em abril de 2020. Ele nasceu em Ponta Grossa, Brasil. É casado com Alessandra Machado Louza. Eles são pais de dois filhos.