Espaço para crescer

Por Deborah L. Dougal

O Senhor sabia que eu seria revigorada e floresceria novamente.

Já se passaram vários anos desde a morte do meu marido, Jerold. O câncer o acometeu de maneira fulminante e agressiva e, em apenas três meses, ele se foi. Estava pensando agora mesmo em Jerold, enquanto trabalhava no quintal e,

ao mudar uma planta de vaso, algo me veio à mente. Antes de eu mexer na plantinha, tudo corria bem com ela. Ali estava ela, morando no seu vaso, mas não florescia. Eu sabia que, se não a replantasse, ela provavelmente deixaria de florescer e, quem sabe, até mesmo de crescer. A planta não conseguiria produzir o seu melhor.

Decidi, então, dar espaço à planta para crescer ao transplantá-la para um vaso maior. Não precisava ser um vaso muito grande. Bastava ter uns cinco centímetros a mais de diâmetro. Se eu desse espaço demais, a planta poderia acabar enxarcada de água e morrer por apodrecimento da raiz.

Eu esperava que a planta sofresse um pouco para se adaptar, já que vivia confortavelmente feliz no vaso ao qual estava acostumada. Eu não estava muito certa se a mudança a ajudaria a continuar crescendo e precisava nutri-la, dar-lhe luz adequada, água e os nutrientes extras necessários nesse período de adaptação. Eu sabia que, ao fim, ela seria revigorada e floresceria novamente.

Ao refletir sobre minha vida de viúva, percebi que eu era como aquela planta. Tinha uma situação confortável e tudo corria muito bem. Mas, quando meu marido faleceu, ouvi o Espírito sussurrar que eu estava entrando em uma nova fase de crescimento, que eu ainda precisava aprender e fazer certas coisas nesta vida.

Nos dois anos seguintes, sete outros homens da nossa ala também faleceram. Comecei a convidar minhas amigas recém-viúvas para nos reunirmos, conversar, visitar e servir ao próximo. Assim, nos sentiríamos um pouco menos sozinhas. Nenhuma de nós faria a escolha de ser “replantada”, mas, ao me adaptar à vida mortal sem meu marido, descobri que poderia dar apoio a outras pessoas confrontadas por desafio semelhante. Descobri também inúmeras oportunidades de passar tempo com filhos e netos e relembrá-los de que, por meio da Expiação de Jesus Cristo, nossa família poderá se reunir novamente na vida futura.

Eu jamais preveria que a perda do meu esposo me proporcionaria tamanho crescimento. O Pai Celestial, porém, interviu e me “replantou”, dando-me espaço para crescer ao me transportar para um vaso ligeiramente maior e me colocar diante de um novo desafio, que me proporcionou uma oportunidade de crescimento.

Sinto falta de Jerold todos os dias. Mesmo depois de todos esses anos, ainda tenho dificuldades para me adaptar à mudança de estar sem ele. Sei, no entanto, que o Senhor me nutrirá ao longo do caminho. Com o tempo e confiança Nele, florescerei novamente.

A autora mora em Idaho, EUA.