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Meus caminhos não são os Teus caminhos
No final de 2001, sentimos que deveríamos nos mudar para uma cidade a cerca de 400 quilômetros de onde vivíamos. Foi uma decisão difícil, visto que envolvia deixar o emprego que tínhamos, ainda mais estando minha esposa grávida de nossa primeira filha. Apesar das dificuldades em vista, sentimos claramente que era a vontade do Senhor; sendo assim, saímos de nossos empregos e seguimos rumo à nova cidade.
Era o mês de dezembro, uma época bem difícil para conseguir emprego, então decidi aguardar a virada do ano e começar a minha busca por uma nova colocação profissional. Passou janeiro, fevereiro, março, e infelizmente não tive sucesso em minha busca por um emprego que proporcionasse o sustento de minha família. Até aquele momento, vivíamos do seguro-desemprego, além da ajuda de familiares, em especial minha sogra, com quem morávamos em nossa nova cidade.
A busca estava se tornando bastante desgastante. Era dia após dia de respostas negativas ou mesmo promessas vagas, que em nada eram concretizadas.
Obviamente, como era de se esperar, a barriga de minha esposa ia aumentando a cada dia, e nossa filha crescendo e se preparando em todas as coisas para encher nossa vida de alegria. Porém eu ainda continuava com essa grande preocupação, como conseguir um emprego para sustentar minha família?
Estudamos nas escrituras que o Senhor atende aos desejos justos de seus filhos fiéis, teria um desejo mais justo que um pai de família buscar por um emprego para sustentar esposa e filha? Com certeza esse era, e sempre será, um desejo bastante justo.
Então, chegou abril, e com ele o oitavo mês da gestação de minha esposa. O tempo não estava do meu lado, e os dias passavam em tempo desproporcional às oportunidades de emprego que conseguia.
Um dia então, depois de horas buscando por uma vaga de trabalho, subindo a rua de casa, elevei meu pensamento ao Senhor e disse: “Senhor, por que me desamparou? Por que razão não atende ao meu justo desejo de ter um emprego? Tenho sido fiel em todas as coisas, e a única coisa que estou pedindo é por um trabalho para sustentar minha família”. Foram poucos segundos de conversa em pensamento e, logo em seguida, disse a Ele: “Me desculpe, Senhor, é só mais um dia de cansaço, vai passar”.
Naquela mesma noite, minha esposa começou a sentir uma forte dor abdominal. Ligamos para o médico, que nos mandou ir imediatamente para o hospital onde ele atendia. Após examiná-la, ele nos deu a tranquilizante notícia de que tudo estava bem com ela e com nossa filha, mas que ela precisaria permanecer em observação aquela noite. Na manhã seguinte, o médico passou no quarto e, após avaliá-la, disse que estava tudo bem e que poderíamos ir embora.
Por se tratar de um hospital particular, precisei ir até a secretaria para fazer o acerto daquela noite no hospital. Naquele mês havia sobrado um valor do seguro-desemprego, e não foi nenhuma surpresa saber que o valor referente ao hospital era exatamente o valor que havia sobrado. No entanto, esse não foi o maior milagre. No momento em que a funcionária disse para mim o valor, ouvi uma voz me dizendo: “Quem disse que me esqueci de ti?”
Um filme de toda a gestação de minha esposa veio à minha mente, e vi claramente que a mão do Senhor estava sobre nossa família durante todo o tempo. Em nenhum momento durante os oito meses, ela havia precisado de algum medicamento ou tido qualquer intercorrência. Tudo o que precisamos até então havia sido provido, em todos os aspectos.
Muitas vezes, esperamos que o Senhor nos abençoe com coisas específicas e, em grande parte das vezes, esses desejos e expectativas são justos. Mas às vezes essa não é a vontade do Senhor para nossa vida naquele momento. Que desejo mais justo poderia ter um pai de família, com sua filha prestes a nascer, do que a de ter um emprego para sustentá-los?
Aprendi, por meio dessa experiência, a reconhecer sempre a mão do Senhor em nossa vida, nas menores coisas. Os caminhos e desejos do Senhor não são nossos caminhos. Que possamos ser como Néfi, filho de Helamã, que alinhou seu desejo com o Senhor de tal forma, que todas as coisas se realizavam de acordo com a sua palavra, pois nada pedia que fosse contrário à vontade do Senhor (ver Helamã 10:5).