Novo Testamento em contexto
Jerusalém no tempo de Jesus Cristo
Saiba mais sobre a cidade que desempenhou um papel importante no ministério do Salvador.
A cidade de Jerusalém foi o ponto central da vida judaica no primeiro século e foi o local de alguns dos acontecimentos mais significativos na vida e no ministério de Jesus Cristo.
Por exemplo, os evangelhos do Novo Testamento registram que Jesus frequentemente visitava Jerusalém para assistir aos festivais de peregrinação judaica no templo (onde Ele ensinava com frequência nos pátios externos)1 e relatam também que Ele passou a última semana de Sua vida mortal na cidade enquanto Se preparava para a celebração da Páscoa.2 Nesse ambiente, Jesus proferiu Seus últimos discursos públicos, entrou em conflito com as autoridades locais, teve Sua Última Ceia com os discípulos, agonizou e orou no Getsêmani e sofreu as provações, abusos e crucificação que, por fim, levaram à Sua morte, a Seu sepultamento e a Sua Ressurreição.
Como Jerusalém foi o local desses acontecimentos cruciais na vida e missão de Jesus, entender a paisagem da cidade durante o início do período romano pode iluminar bastante nossa leitura dos relatos do evangelho.
A cidade sob o governo de Herodes, o Grande, e seus sucessores
A Jerusalém que Jesus teria conhecido tem pouca semelhança com a cidade visitada por turistas modernos, mas os detalhes fornecidos pelas escrituras, fontes históricas e escavações arqueológicas permitem uma reconstrução fascinante das características da Jerusalém do século 1.3
Ao contrário do local da vila da Galileia, onde Jesus passou a maior parte de Seu ministério,4 Jerusalém era uma cidade rica e imponente que havia sido reformada recentemente por Herodes, o Grande, e seus sucessores para refletir os mais recentes padrões de construção, tecnologia e conveniências do estilo romano. Isso incluía:
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O monumental Monte do Templo, onde peregrinos judeus de todo o mundo mediterrâneo podiam adorar o Deus de Israel no templo. Jesus, é claro, também ia ao templo quando visitava Jerusalém.5
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Uma série de muros e fortificações (como a Fortaleza Antônia) que protegiam a cidade.
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Instituições de entretenimento, como um teatro e um hipódromo.
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Um sistema de aquedutos que canalizava água para a cidade a fim de suprir as necessidades crescentes de seus habitantes e o fluxo regular de visitantes.
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Várias poços — como o tanque de Betesda, ao norte, e o tanque de Siloé, ao sul — para o ritual de imersão dos peregrinos judeus que vinham regularmente à cidade para celebrar os festivais descritos na Torá. O próprio Jesus visitou esses tanques.6
A cidade baixa e a cidade alta
A parte mais antiga e transitória de Jerusalém naquele período era a cidade baixa, ao sul do Monte do Templo. Ela continha mercados fervilhantes, ruas movimentadas, hospedarias para peregrinos e aglomerados de casas mais simples, bem como habitações maiores para alguns dos moradores mais proeminentes da cidade.
A oeste estava a cidade alta — a parte mais alta e mais rica de Jerusalém. Lá Herodes construiu sua extravagante mansão (com duas alas residenciais, agradáveis jardins e piscinas), enquanto os membros da classe superior da Judeia procuravam imitar a aristocracia romana.
Essas famílias de elite, que incluíam sacerdotes que administravam o templo de Jerusalém, moravam em mansões urbanas adornadas com afrescos de parede no estilo pompeiano, pisos de mosaico com motivos florais e geométricos, além de belos jardins. Eles também jantavam em salas romanas chamadas triclínios (aposentos com sofás onde as pessoas repousavam durante banquetes), com pratos finos e ingredientes importados.
Os últimos dias de Jesus em Jerusalém
Devido ao fato de que grande parte desse estilo aristocrático de vida era proporcionado pelos dízimos devidos às famílias sacerdotais e à estrutura econômica do templo de Jerusalém, Jesus Cristo condenou publicamente as classes superiores da cidade por sua exploração dos pobres, suas exibições exteriores de riqueza e poder e seu tratamento aos marginalizados na sociedade judaica.7
Esse conflito com a aristocracia local levou aos eventos culminantes da vida de Jesus, que se desenrolaram nas terras de Jerusalém.
Durante Sua última noite, Jesus compartilhou Sua Última Ceia com Seus discípulos em algum lugar da área residencial da cidade (que, apesar da localização tradicional no Monte Oeste, pode ter ocorrido em uma casa modesta perto da cidade baixa). Depois, Ele Se retirou para uma propriedade agrícola fora das muralhas da cidade, no Monte das Oliveiras, chamada Getsêmani, ou lagar de azeite, onde sofreu em agonia e foi preso. Foi então julgado por blasfêmia pelas autoridades sacerdotais locais em um dos lares ricos da cidade alta.
Na manhã seguinte, Jesus foi julgado novamente pelo governador romano Pôncio Pilatos (evento que provavelmente ocorreu no palácio antes ocupado por Herodes, o Grande). Jesus foi então forçado a levar Sua cruz para fora das muralhas da cidade e foi crucificado publicamente em um local de execução chamado Gólgota, ou lugar da caveira (provavelmente perto de uma pedreira abandonada ao lado noroeste da cidade).8 Após Sua morte, Jesus foi sepultado por Seus seguidores em um sepulcro próximo, onde Seu corpo permaneceu até Sua gloriosa Ressurreição no terceiro dia.9
Embora hoje nem sempre saibamos com certeza os locais exatos associados à última semana de Jesus, entender as características principais e a disposição urbana de Jerusalém no século 1 pode levar a ideias valiosas durante nossa leitura dos relatos do evangelho, trazer à vida os acontecimentos dos últimos dias de Jesus e nos ajudar a nos achegarmos a Ele ao sentirmos o poder da Expiação que Ele proporcionou na Cidade Santa.