Capítulo 26
Sacrifício
O Significado do Sacrifício
Sacrifício significa dar ao Senhor qualquer coisa que Ele requeira de nós em termos de tempo, bens terrenos e disposição para levar avante a Sua obra. O Senhor ordenou: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça” (Mateus 6:33). Nosso desejo de sacrificar é uma indicação de nossa devoção a Deus. As pessoas sempre são testadas para ver se colocarão as coisas de Deus em primeiro lugar na vida.
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Por que é importante sacrificar quando o Senhor pede, sem esperar nada em troca?
A Lei do Sacrifício Era Praticada na Antiguidade
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Qual era o significado do sacrifício realizado pelo povo do convênio do Senhor no passado?
Da época de Adão e Eva até a época de Jesus Cristo, o povo do Senhor praticou a lei do sacrifício. Era ordenado ao povo que oferecesse em sacrifício os primogênitos de seus rebanhos. Esses animais deviam ser perfeitos, sem manchas. A ordenança foi dada para lembrar ao povo que Jesus Cristo, o Primogênito do Pai, viria ao mundo. Ele seria perfeito de todas as formas e Se ofereceria como sacrifício pelos nossos pecados (ver Moisés 5:5–8).
Jesus realmente veio e ofereceu-Se como sacrifício, exatamente como havia sido ensinado que Ele faria. Devido a esse sacrifício, todos serão salvos da morte física pela Ressurreição, e todos poderão ser salvos dos seus pecados pela fé em Jesus Cristo (ver o capítulo 12 deste livro).
O sacrifício expiatório de Cristo marcou o fim dos sacrifícios de sangue, que foram substituídos pela ordenança do sacramento. A ordenança do sacramento foi dada para lembrar-nos do grande sacrifício do Salvador. Devemos participar do sacramento com frequência. Os emblemas do pão e da água nos lembram do corpo de Cristo e do sangue que Ele derramou por nós (ver o capítulo 23 deste livro).
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Por que a Expiação é considerada o grande e último sacrifício?
Ainda Precisamos Sacrificar
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Como observamos a lei do sacrifício hoje em dia?
Embora o sacrifício por derramamento de sangue tenha terminado, o Senhor ainda nos pede que sacrifiquemos. Mas agora Ele exige um tipo diferente de oferta, como lemos na seguinte escritura: “E vós não me oferecereis mais derramamento de sangue; (…) vossos sacrifícios e holocaustos cessarão (…). E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um espírito contrito” (3 Néfi 9:19–20). “Um coração quebrantado e um espírito contrito” significa que ofereceremos profunda tristeza por nossos pecados, humilhando-nos e arrependendo-nos.
Devemos Estar Prontos para Sacrificar Tudo o que Temos ao Senhor
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Por que as pessoas se dispõem a fazer sacrifícios?
O Apóstolo Paulo escreveu que devemos tornar-nos sacrifícios vivos, santos e aceitáveis a Deus (ver Romanos 12:1).
Se quisermos tornar-nos um sacrifício vivo, devemos estar prontos a dar tudo o que temos para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias a fim de edificar o reino de Deus na Terra e esforçar-nos para estabelecer Sião (ver 1 Néfi 13:37).
Um jovem príncipe perguntou ao Salvador: “Que hei de fazer para herdar a vida eterna?” Jesus respondeu: “Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe”. E o príncipe disse: “Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade”. Quando Jesus ouviu isto, disse: “Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me”. Quando o príncipe ouviu isso, ficou triste porque era muito rico e tinha colocado o coração nas riquezas (ver Lucas 18:18–23; ver também a gravura deste capítulo).
O jovem príncipe era um bom homem mas, quando foi testado, não se dispôs a sacrificar seus bens terrenos. Por outro lado, os discípulos do Senhor, Pedro e André, estavam prontos a sacrificar tudo pelo reino de Deus. Quando Jesus lhes disse: “Vinde após mim, (…) eles, deixando logo as redes, seguiram-no” (Mateus 4:19–20).
Assim como os discípulos, podemos oferecer nossas atividades diárias como um sacrifício ao Senhor. Podemos dizer: “Seja feita a tua vontade”. Abraão fez isso. Ele viveu na Terra antes de Cristo, nos dias em que eram exigidos sacrifícios e holocaustos. Como um teste para a fé de Abraão, o Senhor ordenou que ele oferecesse o filho Isaque como sacrifício. Isaque era o único filho de Abraão e Sara. O mandamento de oferecê-lo como sacrifício foi extremamente doloroso para Abraão.
Não obstante, ele e Isaque fizeram a longa jornada até o Monte Moriá onde o sacrifício deveria ser realizado. Viajaram por três dias. Imaginem os pensamentos de Abraão e a dor que sentia no coração. Seu filho deveria ser sacrificado ao Senhor. Quando chegaram ao Monte Moriá, Isaque carregou a lenha, e Abraão, o fogo e a faca ao local onde deviam construir o altar. Isaque disse: “Meu pai (…) eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” Abraão respondeu: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho”. Então, Abrão construiu um altar e arrumou a lenha nele. Amarrou Isaque e o colocou sobre a lenha. Pegou então a faca para matar Isaque. Naquele momento, um anjo do Senhor o impediu, dizendo: “Abraão (…) porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho” (ver Gênesis 22:1–14).
Abraão deve ter-se enchido de alegria quando não lhe foi mais exigido que sacrificasse seu filho. Porém, ele amava tanto o Senhor, que estava disposto a fazer tudo o que Ele lhe ordenasse.
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Que exemplos de sacrifício vocês já observaram na vida das pessoas que conhecem? Que exemplos de sacrifício vocês já viram na vida de seus antepassados? Na vida dos primeiros membros da Igreja? Na vida das pessoas mencionadas nas escrituras? O que aprenderam com esses exemplos?
O Sacrifício Nos Prepara para Vivermos na Presença de Deus
Apenas por intermédio do sacrifício podemos tornar-nos dignos de viver na presença de Deus e ter vida eterna. Muitos que viveram antes de nós sacrificaram tudo o que possuíam. Precisamos estar dispostos a fazer o mesmo, se desejamos usufruir das ricas recompensas que eles têm hoje.
É possível que não seja exigido que sacrifiquemos tudo o que possuímos. Mas, como Abraão, precisamos estar prontos a sacrificar tudo para nos tornar dignos de viver na presença do Senhor.
O povo do Senhor sempre sacrificou muito e de diferentes maneiras. Alguns suportaram aflições e escárnio por causa do evangelho. Alguns novos conversos foram deserdados da família. Amigos de longa data afastaram-se. Alguns perderam o emprego, e outros, a vida. Mas o Senhor sabe de nossos sacrifícios e prometeu: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna” (Mateus 19:29).
À medida que nosso testemunho do evangelho cresce, tornamo-nos capazes oferecer sacrifícios cada vez maiores ao Senhor. Observem os sacrifícios feitos nos exemplos verídicos a seguir:
Um membro da Igreja na Alemanha guardou o dízimo por anos até que alguém com autoridade do sacerdócio pudesse ir até lá para recebê-lo.
Uma professora visitante da Sociedade de Socorro serviu por 30 anos sem deixar de cumprir uma designação sequer.
Um grupo de santos da África do Sul viajou três dias em pé, para poder ver e ouvir o profeta do Senhor.
Numa conferência de área no México, alguns membros da Igreja dormiram no chão e jejuaram durante os dias da conferência, pois haviam usado todo o dinheiro no transporte e não tinham com o que comprar comida ou pagar hospedagem.
Uma família vendeu seu carro para conseguir dinheiro e contribuir para o fundo de construção de um templo.
Outra família vendeu a casa para conseguir dinheiro para ir ao templo.
Muitos santos dos últimos dias fiéis têm pouco para a própria subsistência, mas, ainda assim, pagam dízimos e ofertas.
Um irmão sacrificou o emprego porque se recusou a trabalhar aos domingos.
Em um ramo, os jovens ofereceram-se para cuidar das crianças enquanto os pais ajudavam a construir a capela.
Rapazes e moças deixam ou adiam bons empregos e oportunidades educacionais e esportivas para servir como missionários.
Muitos outros exemplos poderiam ser citados a respeito de pessoas que se sacrificaram pelo Senhor. Entretanto, um lugar no reino do Pai Celestial vale qualquer sacrifício que tenhamos que fazer quanto ao nosso tempo, nossos talentos, nossa energia, nosso dinheiro e também nossa vida. Fazendo sacrifícios, podemos obter de Deus a certeza de que somos aceitáveis a Ele (ver D&C 97:8).
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Por que vocês acham que nossa disposição em sacrificar-nos está relacionada a quanto estamos preparados para viver na presença de Deus?
Escrituras Adicionais
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Lucas 12:16–34 (o tesouro está onde está o coração)
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Lucas 9:57–62 (sacrifício para ser merecedor do reino)
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D&C 98:13–15 (os que perdem a vida pelo Senhor, encontram-na)
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Alma 24 (o povo de Amon preferiu sacrificar a vida a quebrar seu juramento ao Senhor)