2020
Castidade Num Mundo Não Casto
Agosto de 2020


Castidade Num Mundo Não Casto

As revistas da Igreja reuniram-se com um grupo de jovens adultos de várias partes do mundo para discutir os desafios e as bênçãos de permanecer castos num mundo que não valoriza a castidade e até zomba dela. Achamos a franca, honesta e sincera troca de ideias muito inspiradora e positiva, e esperamos que você também descubra nos comentários deles algo que o ajude a valorizar a santidade do casamento e das intimidades físicas.

Com tantas pessoas justificando a conduta imoral, que verdades do evangelho os ajudam a permanecer sexualmente puros?

Martin Isaksen, Noruega: As escrituras dizem que devemos ser castos. Isso basta para mim.

Lizzie Jenkins, Califórnia, EUA: A castidade é um compromisso. É algo que vivemos. É um estilo de vida.

Liz West, Inglaterra: A compreensão de quem eu sou, de que há mais na vida do que o aqui e o agora, e do que apenas esta noite me ajuda muito. O plano de salvação — mesmo que eu não o pudesse explicar especificamente quando era adolescente — é muito útil. O conceito do casamento eterno é maravilhoso! Quando as pessoas compreendem esse compromisso, entendem quão incrível é o fato de Deus ter-nos colocado aqui em uma família e nos dado mandamentos para que não apenas estejamos seguros, mas que sejamos felizes. Ao colocar em prática esses princípios e compartilhá-los com meus amigos, dizendo: “Não vou beber” ou “Não vou a essa festa” ou “Não farei isso”, eles me respeitam. No final, eles acabam me apoiando. A compreensão de que tenho valor como filha de Deus e que o Pai Celestial sabe quem sou e que realmente Se importa comigo é uma grande força.

Anna (Anya) Vlasova, Rússia: Algo que me ajuda muito é pensar que faço parte de uma família celestial. Amo e respeito a Deus e não quero que Ele Se sinta envergonhado com as escolhas que faço.

Kaylie Whittemore, Flórida, EUA: Acho sem dúvida que a santidade da família deu-me a forte determinação de viver a lei da castidade. Outra coisa foi a compreensão de que quando violamos os mandamentos há consequências negativas que não quero sofrer.

Falande (Fae) Thomas, Haiti: Pensei muito no que as pessoas dizem: “Por que esperar se podemos ter tudo agora?” Mas me perguntei quanto tempo esse tipo de felicidade duraria. Prefiro viver a lei da castidade e assim sentir paz.

Hippolyte (Hip) Kouadio, Costa do Marfim: Uma das coisas que me ajudam muito é a proclamação da família: “Nós (…) declaramos também que Deus ordenou que os poderes sagrados de procriação sejam empregados somente entre homem e mulher, legalmente casados”.1

Outra coisa que ajuda é a forma como as Autoridades Gerais nos explicam a castidade. Elas nos advertem quanto a como começa a imoralidade e ensinam que quando fazemos mau uso do corpo, prejudicamos a alma. O Élder Jeffrey R. Holland ensinou que o Salvador pagou um preço por nós para que um dia tenhamos um corpo ressuscitado. O modo de sermos gratos pelo preço que Ele pagou é manter nosso corpo limpo e puro.2

Liz: Lembro-me nitidamente de uma conversa que tive com alguém quando estava com uns quinze anos. Conversamos sobre minha crença em não ter intimidades antes do casamento, e lembro que ela disse: “Sei, mas e se simplesmente acontecer? E se uma noite, você simplesmente … ?” Mas eu sabia que tinha escolha. Nada simplesmente “acontece”.

Acho incrível que o Pai Celestial nos tenha concedido o arbítrio e os mandamentos para tornar-nos livres, e que mesmo assim Satanás faça tudo o que pode para prender-nos ou restringir-nos. As ocasiões a que minha amiga se referia quando algo poderia “acontecer” eram as festas nas quais as pessoas bebiam e formavam casais. Por isso, não me coloco nessas situações. A escolha não deve ser feita no momento em que temos de dizer sim ou não. A decisão é tomada antes, quando nos perguntamos: “Devo ir à festa?”

Muitas pessoas, caso não pensem no que vão fazer antes que aconteça e não pensem nas consequências, fazem o que querem no momento. Mas se dissermos: “Quero que o resultado final seja este, portanto vou tomar estas decisões”, evitaremos muitos problemas.

Vocês mencionaram o arbítrio e os mandamentos. Mas os convênios — os convênios batismais ou os convênios do templo — ajudam vocês a seguir os padrões?

Fae: Penso em minha vida antes de ser batizado e em como ela tem mais sentido agora que fiz convênios. É assombroso imaginar que podemos ser perdoados graças à Expiação. Quando recordo meus convênios, penso em como posso me arrepender, me tornar melhor e seguir em frente.

Anya: No templo, em especial, adquirimos uma perspectiva eterna. O templo nos ajuda a pensar na eternidade e não apenas no agora, assim fazemos escolhas mais sábias.

Lizzie: Muitas vezes acreditamos que as intimidades são algo ruim, mas não são. Apenas precisam ser sancionadas pela devida autoridade, no momento certo, e com a pessoa certa. É nisso que consistem os convênios. Assumimos compromissos. Dizemos: “Estou mesmo pronta para esse passo em minha vida”. Os convênios me ajudam porque sei que estou fazendo as coisas na ordem que devo fazê-las. E sei que se eu fizer o que o Pai Celestial deseja, vou ser mais feliz.

Jonathan Tomasini, França: Eu não seria verdadeiro comigo mesmo e não seria fiel a Deus se quebrasse meus convênios. Os convênios do casamento me ajudam a ver que quero poder oferecer à minha esposa alguém que tem autocontrole, que se preparou para ser um bom marido e que se manteve puro.

Há muitos argumentos no mundo, muitos deles bem persuasivos e complexos, sobre a razão pela qual a lei da castidade é algo ultrapassado. Que argumentos vocês ouviram e como responderam aos que questionam seus padrões?

Lizzie: Em meu último ano no Ensino Médio, lembro-me de uma professora que nos deu alguns “conselhos”. Ela tinha se casado logo depois de concluir o Ensino Médio, e seu casamento acabou dando errado, por isso ela basicamente nos disse que “havia muitos peixes no mar”. Ela quis dizer que havia muitas coisas que podíamos tentar fazer, vários candidatos para experimentar. Lembro-me de ter ficado chocada por minha professora ter dito aquilo. Desde aquela época tenho pensado que, sim, há muitas pessoas, mas não quero muitas pessoas!

Jonathan: Uma pessoa que conheço disse que quando está num relacionamento, quer ver se é sexualmente compatível com a outra pessoa. Ela deu o exemplo de sair com um rapaz de quem ela gostava, e depois de ficarem íntimos, ela sentiu que eles não eram compatíveis, e o relacionamento não deu certo. Ela usou aquela experiência pessoal para dar força a seu argumento e me pareceu muito persuasiva. No final, expliquei a ela que acreditava que podemos conhecer muito bem um ao outro de outras formas e que se o fizermos e desenvolvermos a confiança vivendo a lei da castidade, haverá maior compatibilidade quando formos casados.

Anya: O argumento mais comum que sempre ouço é que se duas pessoas se amam, não há problemas. As intimidades são apenas uma expressão de amor.

Martin: Algo que me vem à mente quando ouço a desculpa “Nós nos amamos” é uma citação do Presidente Spencer W. Kimball. Ele disse que, com muita frequência, quando as pessoas acham que estão apaixonadas na verdade o que sentem é desejo carnal.3 Esse é o caso de muitas pessoas quando trocam intimidades antes do casamento. Trata-se de paixão sensual, embora achem que se amam. Se realmente se amassem, respeitariam mais um ao outro, apoiariam um ao outro e compreenderiam que há um tempo certo para as intimidades. Para mim, as intimidades antes do casamento mostram que não vamos realmente apoiar um ao outro tanto quanto achamos que iríamos. Porque se não somos capazes de ajudar um ao outro a viver os padrões agora, como é que vamos apoiar um ao outro depois?

Kaylie: Algumas pessoas que não acreditam em Deus acham que a Bíblia e a lei da castidade são coisas ultrapassadas. Tive alguns amigos no Ensino Médio que eram ateus ou agnósticos e uma amiga discordava totalmente dos ensinamentos de sua religião. Ela simplesmente vivia de acordo com o que queria, o que achava certo para ela. As intimidades físicas, do ponto de vista dela, eram a satisfação dos próprios desejos, e tudo o que restringisse essa satisfação era indesejável.

Acho que minha amiga ficou surpresa ao saber que eu acreditava na Bíblia e nos mandamentos de Deus, mas procurei ajudá-la a compreender que eu não via os mandamentos como restrições. Eu os cumpria porque me tornavam mais feliz. Embora discordássemos, ela me respeitava, e continuamos a ser boas amigas.

Liz: Todos esses argumentos têm respostas nos princípios básicos do evangelho. Quando acreditamos que há um Deus, quando acreditamos que há um plano maior, quando acreditamos que teremos de prestar contas de nossa vida, quando acreditamos que há alguém que nos ama e se importa conosco e quando acreditamos que temos um valor intrínseco por sermos filhos de Deus, então é bem mais provável que nos consideremos de valor e respeitemos nosso corpo. Quando as pessoas não conhecem esses princípios ou não acreditam neles, olham para outras pessoas e outros lugares para ver seu próprio valor.

Que influências ou exemplos os ajudaram a comprometer-se a viver a lei da castidade?

Hip: O rapaz com quem divido o apartamento ficou noivo. Certo dia, quando estávamos conversando sobre o casamento dele que estava próximo, alguém perguntou: “Que compromissos vocês acham que vão mantê-los firmes?” Sua resposta foi: “O não cumprimento da lei da castidade pode destruir nosso relacionamento. Por isso decidimos que não faríamos nada que não nos sentíssemos à vontade para fazer diante do bispo ou de nossos pais”. Essa continua a ser uma influência em minha vida.

Jonathan: Agora que sou jovem adulto, é mais fácil dar ouvidos aos profetas e ponderar nas coisas que os líderes da Igreja dizem. Antes disso, porém, acho que grande parte da responsabilidade recai sobre os pais e a família. A Igreja pode prover informações e muitas coisas excelentes, mas o exemplo de minha família foi determinante para me ajudar a perceber que o evangelho é uma coisa boa e nos traz felicidade.

Liz: Em minha infância e adolescência, o membro da Igreja de minha idade mais próximo morava a uma hora e meia de nós, assim não havia nenhum outro membro na escola. Mas algo que me deixava grata era que mesmo que fosse só eu, minhas líderes sempre iam à Mutual. Sempre iam ao seminário, sempre me davam aula, todas as vezes. Nunca diziam: “Bem, temos só uma aluna, por isso não teremos aula hoje”. Sem dúvida aprendi muito, mas o que realmente ficou em minha memória foi a constância das minhas líderes. Graças a elas, tive oportunidades de sentir o Espírito.

Acho que não somos capazes de compreender plenamente o dom do Espírito Santo. Mesmo que eu tivesse meus pais, minha família e meus líderes, quando eu estava na escola, estava sozinha. Mas o Espírito estava comigo. Por isso, tudo o que mantém o Espírito na vida de alguém será uma grande influência para ajudar essa pessoa a cumprir a lei da castidade.

Lizzie: Uma das maiores influências para mim foi ter adquirido meu próprio testemunho. Se não estivermos firmemente enraizados no evangelho, será muito fácil seguir um caminho diferente. Mas se começarmos com a certeza de que temos um firme alicerce do evangelho, tudo o mais entrará nos eixos.

Hip: Quando queremos ser fisicamente fortes, fazemos exercícios físicos, e se fazemos isso, conseguimos resultados. Se aplicarmos isso em termos espirituais, teremos que exercitar nossa espiritualidade. Há muitas coisas que temos de fazer para exercitar-nos espiritualmente, como ler as escrituras e fazer tudo o que pudermos para ter o Espírito. Também temos que estabelecer metas justas e nos esforçar para alcançar essas metas. Mas para atingir essas metas, não podemos fazê-lo sozinhos. Precisamos ter o Senhor conosco. Dele recebemos forças e o Espírito para vencer nossos desafios. Então, podemos seguir o apelo do Presidente Thomas S. Monson:

“Não permitam que suas paixões destruam seus sonhos. Resistam às tentações.

Lembrem-se das palavras do Livro de Mórmon: ‘Iniquidade nunca foi felicidade’”.4

Notas

  1. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, novembro de 2010, última contracapa.

  2. Ver Jeffrey R. Holland, “Of Souls, Symbols, and Sacraments”, Brigham Young University 1987–1988 Devotional and Fireside Speeches, 1988, pp. 77–79.

  3. “No momento em que duas pessoas se entregam ao pecado, o amor puro é expulso por uma porta e a luxúria entra sorrateiramente por outra. O afeto é substituído pelo desejo carnal e pela paixão desenfreada. Logo, passa-se a aceitar a doutrina que o diabo tenta impor com tenacidade: a de que as relações sexuais ilícitas são justificáveis” (Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball, 1982, p. 279).

  4. Presidente Thomas S. Monson, “Sê o Exemplo”, A Liahona, maio de 2005, p. 112.

Fotografias: Craig Dimond