Nutrientes vitais do evangelho
Conferência de educadores religiosos do SEI – Junho de 2024
Meus queridos irmãos e irmãs, sinto-me grato pela oportunidade de falar aos educadores religiosos nesta transmissão mundial. Obrigado por dedicarem seu tempo e por tudo o que fazem para ajudar a levar adiante a obra do Senhor. Saibam que o sucesso de vocês “é medido principalmente por seu comprometimento em ajudar os filhos de Deus a se tornarem discípulos fiéis de Jesus Cristo”. Esse sucesso não é determinado por quantos de seus alunos se tornam discípulos do Salvador; não depende de como eles decidem responder aos seus ensinamentos, convites ou atos sinceros de bondade. Sua responsabilidade é ensinar com clareza e poder para que eles façam uma escolha consciente que os abençoará. Cada indivíduo tem seu arbítrio. Direi a vocês o que o profeta Joseph Smith disse aos primeiros missionários da Igreja nesta dispensação: “Se cumprir seu dever, você se sentirá tão bem como se todos os homens tivessem abraçado o evangelho”.
Em 1916, o presidente David O. McKay disse: “Nenhuma responsabilidade maior pode recair sobre homem algum [ou mulher] do que ser um mestre dos filhos de Deus”. O mesmo é válido hoje em dia. Um professor que tenha fé e ensine fé é fundamental em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, especialmente para a nova geração.
Em alguns instantes, vou ler uma citação do presidente Jeffrey R. Holland, e vocês verão a conexão. Mas convidei alguns voluntários para ajudarem. E vamos convidar os Reese e os Ashton para virem à frente, e eles vão ganhar um Twinkie. Como sabem, o Twinkie é um bolo de baunilha com recheio de creme. E queremos que eles abram o Twinkie e comecem a comê-lo. Cada um vai receber um guardanapo. E eu vou tentar fazer esta conexão.
Em 1998, o presidente Jeffrey R. Holland enfatizou a importância de se concentrar no ensino dos elementos vitais do evangelho. Em seu discurso, ele ensinou: “Devemos revitalizar e estimular um ensino de maior qualidade na Igreja, em casa, ao púlpito, (…) e, com certeza, na sala de aula. (…)
Quando surgem crises em nossa vida, (…) as filosofias dos homens mescladas com algumas escrituras e poemas simplesmente não funcionam. Estamos realmente ensinando nossos jovens e membros novos de uma maneira que os firmará nos momentos difíceis? Ou será que estamos dando-lhes um tipo de [Twinkie] teológico, com quase nada de nutrição espiritual?”
Agora que comeram uma parte do seu bolinho, presidente Reese, quanta fibra alimentar você acha que havia nele? Na verdade, zero.
Síster Reese, quantos miligramas de cálcio você acha que há nesse Twinkie? Na verdade, zero.
E Síster Ashton, quantas miligramas de vitamina A você acha que há no bolinho? Na verdade, zero.
E irmão Ashton, quantas miligramas de vitamina C que há bolinho? Sim, existe um padrão. Não continha nenhuma vitamina C.
Quando eu era jovem, adorava esses bolinhos. Se meus pais tivessem permitido, eu teria comido apenas bolinhos no café da manhã, almoço e jantar. Agora, se meus pais tivessem permitido que eu comesse apenas bolinhos, sabem para quem estariam olhando? Para ser sincero, eu seria um homem com prisão de ventre, cego, com osteoporose e escorbuto. Não seria uma visão bonita.
Obrigado aos nossos voluntários. Não vim aqui para discutir o impacto das deficiências nutricionais em nossa saúde física. Os bolinhos podem ter um sabor delicioso, mas não são nutritivos. Vim aqui para discutir a nutrição espiritual que vocês estão oferecendo aos seus alunos.
Quando temos alunos ansiosos diante de nós, precisamos alimentá-los com a boa palavra de Deus e não com bolinhos espirituais desprovidos de nutrição espiritual. É improvável que aqueles que são alimentados com esse tipo de bolinho espiritual se tornem discípulos de Jesus Cristo por toda a vida — indivíduos que cresceram no Senhor e receberam “a plenitude do Espírito Santo”. Ao serem alimentados por esses bolinhos, é mais provável que cresçam e se tornem espiritualmente teimosos, confusos e sem fé.
Para combater a desnutrição espiritual, nossos alunos precisam de pelo menos quatro elementos básicos muito importantes. O primeiro é um testemunho do Pai Celestial e de Seu plano, de Jesus Cristo e de Sua Expiação, e da Restauração da plenitude do evangelho de Jesus Cristo nestes últimos dias. Para isso, precisamos ensinar a verdade restaurada e prestar testemunho dessas verdades.
Deixem-me dar um exemplo disso. Há alguns anos, uma médica chinesa chamada Grace passou 18 meses visitando instituições médicas em Salt Lake City. Ela veio para aprender os aspectos médicos do transplante de coração. Minha família fez amizade com ela e a incluímos em muitas atividades. Em um dia de Natal que caiu em um domingo, nós a convidamos para ir à Igreja para a reunião sacramental. Esperávamos que as mensagens ensinassem sobre Jesus Cristo e enfatizassem os motivos das comemorações de Natal. Eu servia como presidente de estaca e sentei-me ao púlpito durante a reunião. Minha esposa e minha filha sentaram-se com a Grace na congregação.
Após o sacramento, o primeiro orador contou uma história bem conhecida, mas fictícia, de um quarto homem sábio. Foi muito bem contada e evocou sentimentalismo. O orador seguinte baseou suas observações em uma história de três árvores antropomorfizadas. Um deles queria ser um belo baú, mas em vez disso tornou-se uma manjedoura para animais na qual foi colocado um bebê em Belém. A segunda queria se tornar um admirado barco a vela. Em vez disso, tornou-se um barco comum usado por pescadores comuns no Mar da Galileia. Durante uma tempestade violenta, um homem a quem os outros se referiam como “Mestre” disse: “Paz”, e a tempestade acalmou. A terceira árvore queria ser transformada em algo que pudesse ser admirada de longe. Em vez disso, ela se transformou em vigas sobre as quais um homem foi crucificado em uma colina chamada Calvário. Novamente, outra história de Natal fictícia, mas sentimental.
Fiquei desapontado com o conteúdo da reunião e senti que não poderia deixar que ela terminasse daquele jeito para a Grace. Apesar de já termos passado do tempo, inclinei-me para o bispo e perguntei: “Você vai consertar essa reunião ou quer que eu o faça?” Ele disse que cuidaria do assunto. Então foi ao púlpito e, em cinco minutos, explicou quem era o bebê de Belém e o que Ele realizaria. O bispo prestou um vigoroso testemunho de Jesus Cristo como o Salvador de toda a humanidade. Ele anunciou o hino e a oração de encerramento e se sentou.
Quando o hino de encerramento estava sendo cantado, Grace se inclinou para minha esposa e disse: “Ruth, quando aquele bispo falou, algo mudou na reunião!” De fato, mudou. Os oradores eram bem-intencionados, mas serviram bolinhos teológicos, calorias espiritualmente vazias, expressões anêmicas de fé e testemunho que eram desprovidas do poder da palavra de Deus e, consequentemente, do Espírito.
O testemunho sincero do bispo estava fundamentado nas verdades ensinadas nas escrituras e nos ensinamentos dos profetas do Senhor; foi isso que trouxe o Espírito para a reunião. Concluí que é difícil para o Espírito prestar testemunho da veracidade de uma história fictícia. Seja o que for que tenhamos feito em nossa aula, precisamos sempre trazer nosso ensino de volta para Jesus Cristo e Sua Expiação, para o Pai Celestial e Seu plano e para a Restauração do evangelho. É claro que é bom usar histórias, mesmo que sejam fictícias, para chamar a atenção dos alunos. Ou seja, usei os bolinhos para chamar a atenção dele. Mas, uma vez que tenhamos a atenção de nossos alunos, precisamos fornecer o alimento que muda vidas. Acho que eu deveria, depois dos bolinhos, ter servido cenouras, brócolis e homus, mas não servi.
O apóstolo Paulo declarou: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Em seguida, Paulo fez uma série de perguntas que nos ajudam a entender a importância de um professor autorizado ensinando esse elemento essencial. Ele perguntou: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” Paulo então apresentou esta conclusão: “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus”. Para que seus alunos desenvolvam fé em Jesus Cristo e em Seu papel central no plano do Pai, é fundamental ensiná-los sobre o Pai Celestial e Jesus Cristo. O tema desta conferência diz tudo: “Que busqueis esse Jesus sobre quem os profetas e apóstolos escreveram”.
O famoso reformador religioso e pregador escocês Thomas Chalmers escreveu sobre suas experiências ao aprender esse princípio. Chalmers viveu de 1780 a 1847. Perto do fim de sua vida, Chalmers percebeu que havia realizado um experimento não planejado durante sua pregação. Durante anos, ele pregou contra todas as formas de imoralidade e defeitos de caráter. Ele se concentrava no comportamento externo de seus paroquianos, essencialmente ensinando os Dez Mandamentos. O resultado foi decepcionante. Chalmers descobriu que suas palavras “tinham o peso de uma pena sobre os hábitos morais” dos paroquianos. Ele percebeu que, mesmo convencendo alguém a não roubar, a alma do homem permanecia inalterada; o homem não se tornava diferente por dentro, mesmo que se abstivesse de um comportamento ruim. Em outras palavras, você pode mudar o comportamento sem alterar o coração do aluno.
Então, Chalmers começou a pregar a reconciliação com Deus e o perdão dos pecados por meio do sangue de Cristo. Somente quando ele ensinou seus paroquianos dessa forma, eles reformaram a vida deles. A grande lição que ele aprendeu é que “pregar sobre Cristo é a única maneira eficaz de pregar sobre moralidade”. Ele percebeu seu erro anterior, pois ele havia trabalhado para mudar o comportamento, não o coração. Então ele passou a trabalhar para mudar o coração, e o comportamento mudou de modo natural e concomitante.
Saber que Jesus é o Cristo, que Ele é meu Salvador e Redentor, mudou minha vida e meu coração. Esse conhecimento mudou meu comportamento de uma forma que nada mais poderia mudar. Sei que fui o beneficiário de Seu infinito sacrifício expiatório. Esse conhecimento é o que realmente muda vidas.
O segundo elemento repleto de nutrientes espirituais para os alunos é um relacionamento pessoal com você. Isso porque um relacionamento pessoal com você pode facilitar que os alunos sejam atraídos para o Salvador. Ele sempre será a verdadeira fonte de nutrição espiritual. Mas o relacionamento entre o professor e o aluno ajuda os alunos a se abrir para as palavras de Cristo. Mesmo anos após o término do ensino formal dos alunos, o relacionamento de vocês pode continuar a exercer uma influência positiva na vida deles. Sua influência duradoura se deve ao fato de que, graças ao profundo amor e preocupação com o bem-estar deles, você os direcionou para o Senhor e Sua doutrina, e não para si mesmo.
Eu tive essa experiência. Uma de minhas professoras da Primária, Becky, teve esse tipo de influência sobre mim. Quando eu era criança, em vez de insistir em meus erros óbvios, Becky me pegava fazendo algo bom, apertava minha bochecha, dava tapinhas na minha cabeça e dizia: “Dale, você é um menino muito bom”. Eu não achava isso humilhante; pelo contrário, esperava ansiosamente pelas ocasiões em que isso acontecia. Mais tarde, quando eu era jovem e não estava mais na Primária, minha família voltou para aquela ala depois de morar por anos na Finlândia e na Suécia. Becky se aproximou de mim depois que tomei o sacramento, apertou-me o rosto, deu-me um tapinha na cabeça e disse: “Dale, você é um menino muito bom”. Quando voltei da missão, depois de relatar minhas experiências missionárias em uma reunião sacramental, Becky veio até mim, apertou minha bochecha, deu-me um tapinha na cabeça e disse: “Dale, você é um menino muito bom”. Nas décadas seguintes, fiz escolhas melhores do que teria feito de outra forma — em parte porque Becky havia me direcionado ao Salvador, e eu não queria decepcioná-la.
Certo domingo, depois que fui chamado para os Doze, fui visitar a ala onde cresci. Becky ainda mora nessa ala. Sentei-me mais ao fundo do púlpito, falei brevemente na reunião sacramental e sentei-me. Após a bênção, Becky, então com 80 e poucos anos, fez um ataque sorrateiro. Ela veio até os assentos do coro atrás de mim, apertou minha bochecha, deu um tapinha na minha cabeça e disse: “Dale, você é um menino muito bom”.
Cada aluno precisa de uma ou mais Beckys em sua vida — professores que tenham um relacionamento duradouro com eles, alguém que os tenha indicado o Salvador, que afete seu pensamento e comportamento, alguém que eles não queiram decepcionar. Quando os alunos sofrerem com as crises pelas quais, sem dúvida, passarão, você pode oferecer um lugar seguro em que encontrem amor e segurança. É certo que alguns podem resistir às suas tentativas de conhecê-los, mas isso não o impede de amá-los. Você pode ter uma influência maior do que imagina sobre os alunos resistentes.
Um terceiro elemento muito importante de que cada aluno precisa é a capacidade de lidar com perguntas e preocupações que eles possam ter sobre a Igreja. Há oito anos, o élder M. Russell Ballard aconselhou o seguinte aos educadores religiosos:
“Já se foram os dias em que um aluno fazia uma pergunta sincera e o professor respondia: ‘Não se preocupe com isso!’ Já se foram os dias em que um aluno demostrava uma preocupação sincera e um professor prestava seu testemunho como resposta, na tentativa de evitar o problema. Já se foram os dias em que os alunos eram protegidos das pessoas que atacavam a Igreja. (…)
Antes de enviá-los para o mundo, vacinem seus alunos, fornecendo-lhes interpretação fiel, ponderada e precisa da doutrina do evangelho, das escrituras, de nossa história e daqueles tópicos que algumas vezes são mal compreendidos”.
Professores, vocês podem ajudar seus alunos ensinando-lhes o que significa combinar o estudo e a fé enquanto aprendem. Vocês podem ensiná-los exemplificando essa técnica e essa abordagem em sala de aula.
O evangelho de Jesus Cristo foi restaurado em nossos dias por meio de revelação. Portanto, sabemos como retornar ao nosso lar celestial, mas talvez ainda tenhamos perguntas e preocupações para as quais gostaríamos de ter respostas. Seus alunos observarão como você reage às perguntas difíceis; esquivar-se ou ignorar perguntas honestas suscitará mais perguntas. Você precisa estar preparado para orientar outras pessoas em sua busca por respostas e ajudá-las a desenvolver fé no Senhor e em Suas fontes divinas de verdade. O élder Dieter F. Uchtdorf ensinou: “Fazer perguntas não é um sinal de fraqueza, mas, sim, um precursor do crescimento”. Com esse objetivo, a Igreja compilou um recurso maravilhoso e confiável para pessoas que buscam respostas para suas próprias perguntas e para os que estão se esforçando para ajudá-las. Nosso objetivo é ajudar a fortalecer a fé em Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que fornecemos algumas sugestões sobre como abordar tópicos complexos e, às vezes, difíceis.
Esse recurso pode ser encontrado no site ChurchofJesusChrist.org e no aplicativo Biblioteca do Evangelho. Caso você não esteja familiarizado com esses recursos, deixe-me mostrar a localização no aplicativo Biblioteca do Evangelho. Abra seu aplicativo Biblioteca do Evangelho. Na página inicial, navegue até a biblioteca. Toque na opção “Tópicos e Perguntas”. Aqui você verá uma seção chamada “Buscar respostas para suas perguntas”, outra seção chamada “Ajudar outras pessoas com suas perguntas” e uma lista em ordem alfabética de vários assuntos de possível interesse.
A seção “Buscar respostas para suas perguntas” ensina princípios que podem orientar nosso estudo ao buscarmos sinceramente respostas para nossas perguntas — seja sobre fé, doutrina ou história da Igreja. A introdução a esta seção explica que as perguntas são uma parte importante do crescimento espiritual e que a busca de respostas pode durar a vida toda. Os princípios encontrados nessa seção nos incentivam a centralizar nossa vida em Jesus Cristo, pois é sobre Ele que devemos construir o alicerce de nossa fé. Somos lembrados de que o plano de salvação de Deus traz perspectiva para nossas perguntas. Essa perspectiva nos ajuda a distinguir as verdades fundamentais do evangelho das coisas que não são tão essenciais. Para que a fé cresça, precisamos decidir ter fé. Em seguida, devemos agir com fé e nos apegar ao que sabemos. Ao fazermos isso, aprofundamos nossa compreensão e fé em Jesus Cristo.
Os outros princípios discutidos nesta seção nos incentivam a ser pacientes com nós mesmos, com os outros e com o tempo do Senhor. Precisamos nos lembrar de que a revelação é um processo que geralmente começa com perguntas, frequentemente vem linha sobre linha e, às vezes, pode ser uma luta. Ao procurarmos respostas, devemos buscar a orientação do Espírito Santo e trabalhar para entender o passado, colocando as coisas dentro de um contexto.
A seção “Ajudar outras pessoas com suas perguntas” sugere princípios que podem nos orientar ao interagirmos com outras pessoas que têm dúvidas. Não importa o que aconteça, devemos falar com respeito, ouvir com empatia e demonstrar amor semelhante ao de Cristo. Portanto, ouça e responda com amor. Procure entender e reconheça a experiência que os outros têm e evite julgá-los ou tratá-los com desdém. Ao fazermos isso, podemos reconhecer nossas limitações. Lembre-se de que, embora tenhamos a plenitude do evangelho, não temos as respostas para todas as perguntas. Algumas respostas terão que esperar por mais revelação. Com algumas perguntas e com alguns questionadores, simplesmente não sabemos o suficiente sobre a vontade do Senhor e a plenitude da doutrina da Igreja para satisfazer completamente os alunos. Nessas situações, uma tentativa de persuadir os que têm perguntas com mais lógica ou raciocínio pode não ajudar.
Uma armadilha em que muitos professores podem cair inadvertidamente é dar razões ou explicações que o Senhor não deu. Quando isso acontece, a razão ou a resposta dada pode acabar não servindo, e o aluno pode terminar tendo menos fé. É melhor dizer que não sabemos do que fabricar um motivo ou uma explicação. Afinal de contas, a fé é uma escolha e, às vezes, a única resposta é confiar na fé no Senhor Jesus Cristo e na Restauração de Seu evangelho e ser paciente ao esperar pelas respostas do Senhor quando Ele decidir revelá-las. Confiamos no Senhor e tentamos ser uma fonte segura e confiável para que outras pessoas busquem ajuda.
Podemos incentivar os alunos a desenvolver seu próprio testemunho espiritual do amor do Pai Celestial e de que Jesus Cristo expiou por eles. Lembrem-se de que mesmo que os alunos não aceitem o evangelho em sua totalidade, eles ainda podem acreditar e ser fiéis às palavras de Jesus Cristo. Quando eles tiverem dificuldades com um aspecto da Igreja, ainda assim poderão ter um testemunho sólido de que o Pai Celestial os ama e quer o melhor para eles e que Jesus Cristo é seu Salvador.
Você notará que muitas das sugestões para ajudar outras pessoas com suas perguntas são feitas de modo mais eficaz individualmente. Acredito que essa seja a melhor maneira. Talvez não seja sensato para um professor permitir que toda a classe se dedique a responder a uma pergunta importante de uma pessoa. As perguntas dos alunos não devem impedir que as aulas planejadas sejam ministradas, porque elas foram feitas para edificar a fé. Lembrem-se sempre que seu objetivo é edificar a fé da classe toda, e não se distrair com alguns alunos que insistem em suas perguntas. Como em todo ensino, lidar com perguntas requer a orientação do Espírito.
O conteúdo dessa seção também nos lembra de nutrir nossa própria fé, mesmo quando ajudamos outras pessoas. A irmã Tamara W. Runia nos aconselhou que “não devemos perseguir os entes queridos que se sentem perdidos”. Em vez disso, como Leí na visão da árvore da vida, “você fica onde está e os chama. Você vai à árvore, fica na árvore, continua comendo o fruto e, com um sorriso no rosto, continua a acenar para as pessoas que você ama e a mostrar pelo exemplo que comer do fruto é uma coisa boa!”
Os princípios contidos nos “Tópicos e Perguntas”, especialmente os ensinados nas seções “Buscar respostas para suas perguntas” e “Ajudar outras pessoas com suas perguntas”, ajudaram-me a buscar respostas para minhas próprias perguntas de uma maneira que fortaleceu minha fé no Senhor e aprofundou minha compreensão Dele e de Sua obra. Os princípios também me auxiliaram a ajudar outras pessoas a lidar com suas preocupações e dúvidas. Mais conteúdo será adicionado no futuro para ajudar com perguntas e tópicos específicos, portanto, volte sempre a este recurso e nunca pense: “Eu já li isso”. Tenho certeza de que vocês acharão essas seções e tópicos igualmente úteis. Oro para que o uso desses materiais ajude vocês e outras pessoas a aprofundar a fé no Salvador.
O quarto e último elemento importante que eu adoraria que todos os alunos tivessem é o ingrediente vital que cria e mantém um coração brando. Por coração brando, quero dizer um coração sensível ao Espírito. Um coração duro, o oposto de brando, é espiritualmente fatal. As escrituras frequentemente descrevem os perigos que aguardam aqueles que têm um coração duro. Néfi aprendeu que “as névoas de escuridão [vistas na visão da árvore da vida] são as tentações do diabo que cegam os olhos e endurecem o coração dos filhos dos homens, conduzindo-os a caminhos espaçosos para que pereçam e se percam”.
Um coração duro ou com rigidez física tem dificuldade para se encher de sangue. Portanto, quando o coração se enche enquanto se prepara para se contrair, esse coração endurecido tem dificuldade para expandir e permitir que o sangue entre. E isso pode causar a um tipo de insuficiência cardíaca que é tão grave quanto a insuficiência cardíaca decorrente de uma disfunção na contração. Da mesma forma que um coração duro tem dificuldade para se encher de sangue, um coração espiritualmente duro tem dificuldade para se encher do Espírito.
Em 2 Néfi 33, Néfi especifica que as pessoas que endurecem o coração não permitirão que o Espírito Santo conduza as palavras de Deus para o coração delas. Ele disse: “Quando um homem fala pelo poder do Espírito Santo, o poder do Espírito Santo leva as suas palavras ao coração dos filhos dos homens”. Néfi continuou: “Mas eis que muitos há que endurecem o coração contra o Santo Espírito, de modo que neles não encontra espaço; portanto, lançam fora muitas coisas que estão escritas e consideram-nas sem importância”.
O élder David A. Bednar salientou: “Observem que o poder do Espírito leva a mensagem ao coração e não necessariamente para dentro dele. (…) No final, (…) o conteúdo da mensagem e o testemunho do Espírito Santo só penetrarão no coração se o aluno permitir que entrem”.
Se nossos alunos não tiverem um coração brando, eles podem se tornar como aqueles que dizem: “Recebemos a palavra de Deus e não necessitamos de mais (…), porque temos o bastante!” Para eles, “assim diz o Senhor Deus: Darei aos filhos dos homens linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali; e abençoados os que dão ouvidos aos meus preceitos e escutam os meus conselhos, porque obterão sabedoria; pois a quem recebe darei mais; e dos que disserem: Temos o suficiente, destes será tirado até mesmo o que tiverem.”
Com o coração endurecido, os alunos podem bloquear o caminho através do qual podem receber mais da palavra de Deus ou respostas às suas orações. Eles, como nós, precisam estar abertos ao Espírito para que sejam ensinados sobre todas as coisas que devem fazer. Como Alma ensinou: “E aos que endurecerem o coração será dada a menor parte da palavra, até que nada saibam a respeito de seus mistérios; e serão então escravizados pelo diabo e levados por sua vontade à destruição”. Corações brandos promovem o resultado prometido pelo Salvador. “Aquele que guarda os mandamentos [de Deus] recebe verdade e luz, até ser glorificado na verdade e conhecer todas as coisas”. Um coração duro, entretanto, permite que “o ser maligno [venha] e [tire] a luz e a verdade”.
Falando metaforicamente, o rei Benjamim resumiu os componentes desse alimento básico espiritual repleto de nutrientes que criam e mantêm o coração brando. Ele declarou: “Quisera que vos lembrásseis e sempre guardásseis na memória a grandeza de Deus e vossa própria nulidade; e sua bondade e longanimidade para convosco (…) e que vos humilhásseis com a mais profunda humildade, invocando diariamente o nome do Senhor e permanecendo firmes na fé naquilo que está para vir”. Os componentes são estes: que sempre nos lembremos de que a redenção só vem por causa de Jesus Cristo, que sem Ele nossa situação é desesperadora. Isso nos motiva a nos humilhar profundamente e a orar diariamente e, depois, permanecer firmes em nossa fé em Jesus Cristo e Sua Expiação. A consequência natural é que “sempre vos regozijareis e estareis cheios do amor de Deus e conservareis sempre a remissão de vossos pecados; e crescereis no conhecimento da glória daquele que vos criou”.
Você ajuda os alunos a se lembrar e a manter sempre em mente a grandeza de Deus enquanto trabalha diligentemente para persuadi-los a acreditar em Cristo “e a reconciliarem-se com Deus; pois sabemos que é pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos fazer”. Portanto, você e eu “falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, (…) para que nossos [alunos] saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados”. Esse conhecimento os ajuda a permanecer humildes, levando-os a invocar o nome de Deus diariamente e a permanecer firmes na fé. E os ajuda a manter o coração brando, suscetível a ser preenchido pelo Espírito Santo.
Todos os quatro elementos vitais de que falei se sobrepõem e se reforçam mutuamente. Hoje é um bom dia para fazer uma autoavaliação de nosso ensino. Por favor, perguntem a si mesmos:
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Minha didática está centralizada em Jesus Cristo?
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Ensino com testemunho e amor?
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Procuro desenvolver relacionamentos duradouros com meus alunos?
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Ajudo os alunos a responder às suas próprias perguntas e não os deixo com mais perguntas?
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Sou um exemplo em termos de coração brando, expressando gratidão a Deus e permanecendo firme na fé?
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O que meus alunos estão aprendendo com meu exemplo e com o que ensino?
Irmãos e irmãs, obrigado pelo que fazem para ajudar os filhos de nosso Pai Celestial a se tornar discípulos fiéis de Jesus Cristo, para ajudá-los a manter um coração brando, ajudá-los a permitir que o Espírito penetre seu coração e, com clareza, direcioná-los para Jesus Cristo, o Redentor do mundo. Como ouvimos no hino, todos nós temos a tendência a vagar e a nos distanciar do Deus que amamos. Precisamos ser lembrados de Sua bondade para que essa bondade, como o elo de uma corrente, prenda nosso coração errante a Deus. E é por isso que Robert Robinson escreveu: “Eis aqui meu coração. Toma-o e sela-o. Sela-o para Tuas cortes nas alturas”. Ele queria ser lembrado do motivo pelo qual desejou entoar aquele cântico do amor que redime nos momentos em que não sentia o desejo entoá-lo. E nossa tarefa é a mesma; a de ajudar nossos alunos nesse caminho.
Deus os abençoe pelo que fazem. Deus os abençoe por sua bondade, Deus os abençoe por sua fé, sua fidelidade e seu testemunho. Obrigado por servirem ao Mestre. Obrigado por serem Seu amigo, porque Ele é nosso bondoso e sábio amigo celestial. Tenho total certeza de que isso é verdade. Em nome de Jesus Cristo, amém.