Trilhar a jornada da vida com fé e otimismo
Conferência de Mulheres da BYU — 2021
Quinta-feira, 29 de abril de 2021
Introdução
Sou grato pela oportunidade de participar desta Conferência de Mulheres da BYU. Obrigado por quem vocês são e por seu legado de fé. Vocês são uma bênção inigualável para toda a Igreja. Oro para que o Espírito Santo esteja com vocês — que Ele as eleve e inspire e lhes confirme no coração e na mente as verdades ditas e as não ditas.
Tenho orado por vocês e pedido ao Senhor que as abençoe à medida que participam desta sessão. Não conheço todos os fardos que vocês carregam e as provações que vocês enfrentam, mas sei que eles existem. Eles são uma parte essencial da experiência da mortalidade.
Em várias ocasiões, o presidente Henry B. Eyring ensinou: “Quando você encontrar uma pessoa, trate-a como se ela estivesse passando por um grande problema, e você vai acertar em mais da metade das vezes”.1 Essa declaração nos faz sorrir porque reconhecemos que ela é verdadeira. Algumas de nossas provações são conhecidas por pessoas próximas a nós. Outras são conhecidas apenas pelo Senhor. Oro para que Ele preencha sua alma com paz, ministrando a vocês como só Ele é capaz, enquanto juntos aprendemos mais sobre como trilhar a jornada da vida com fé e otimismo.
Ao contemplar esse tópico em espírito de oração, o Senhor iluminou meu entendimento linha sobre linha e preceito sobre preceito e me ensinou dois princípios fundamentais, os quais me senti inspirado a compartilhar hoje:
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O plano do Pai Celestial para esta vida mortal inclui provações, desafios, doenças e oposição. Essas coisas fazem parte do plano para o nosso crescimento espiritual individual.
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Jesus Cristo, por meio de Seu sacrifício expiatório por nós, sentiu e venceu toda provação, todo desafio, toda doença e toda tristeza que podemos encontrar. Ele venceu o mundo. Ele caminhará conosco. Nós não estamos sozinhos.
Quanto mais profundamente compreendermos essas duas verdades básicas e crermos nelas, mais seremos capazes de trilhar os caminhos da vida com êxito.
Vamos debater esses dois princípios em detalhes.
O plano do Pai para esta vida mortal
Na Pérola de Grande Valor recebemos essa visão ampliada do plano de Nosso Pai Celestial por meio da visão que Abraão teve dos espíritos “[organizados] antes de o mundo existir”.
“E estava entre eles um que era semelhante a Deus; e ele disse aos que se achavam com ele: Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes materiais, e faremos uma terra onde estes possam habitar;
E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar;
E os que guardarem seu primeiro estado receberão um acréscimo; (…) e os que guardarem seu segundo estado terão um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre.”2
As palavras “os provaremos” implicam um “teste” ou “verificação” de quem realmente somos. Esta vida, portanto, é um teste. Esse é o plano.
Ela não seria um teste se não tivéssemos desafios ou oposição de qualquer tipo. Assim ensinou Leí a seu filho Jacó:
“Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas. Se assim não fosse, meu primogênito no deserto, não haveria retidão nem iniquidade, nem santidade nem miséria, nem bem nem mal”.3
A retidão se concretiza ao usarmos o arbítrio para tomar decisões justas — por escolhermos a retidão e rejeitarmos seu oposto. Sem oposição, essa escolha não tem significado. A oposição dá às escolhas a tração que nos faz avançar ao longo do caminho do convênio.
Em nossa vida pré-mortal, aceitamos o plano de nosso Pai para a vida mortal e compreendemos que seríamos testados. Entendemos que haveria “oposição em todas as coisas”.
Todos estamos atualmente vivenciando essa oposição. Não precisamos ficar surpresos. Nossos desafios podem fortalecer nossa resolução de caminhar fielmente no caminho do convênio. Que plano maravilhoso nosso Pai criou — uma experiência na mortalidade personalizada para cada um de nós!
O Pai enviou Seu Filho, Jesus Cristo
O Pai Celestial está ciente de nossas provações e tentações e não nos deixou sós para enfrentá-las. Nosso Pai Celestial enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para nos ajudar.
O profeta Alma oferece uma compreensão inspiradora de tudo o que o Salvador fez e faz por nós por meio de seu sacrifício expiatório:
“E ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo.
E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades.
Ora, o Espírito sabe todas as coisas; não obstante, o Filho de Deus padece segundo a carne para tomar sobre si os pecados de seu povo, para apagar-lhes as transgressões, de acordo com seu poder de libertação; e eis que agora esse é o testemunho que está em mim”.4
Observem o que Jesus Cristo tomou sobre Si e por que Ele fez isso:
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Ele tomou sobre Si a morte para “soltar as ligaduras da morte”.
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Ele tomou sobre Si nossos pecados para que pudesse apagá-los.
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E Ele tomou sobre Si “dores e aflições e tentações de toda espécie”, até mesmo nossas doenças e fraquezas, para que soubesse como nos socorrer quando enfrentamos tais desafios.
A palavra socorrer significa “ajudar” ou “aliviar”. O Salvador não queria que enfrentássemos nossas provações sozinhos. Ele “pisou no lagar” sozinho para que não tivéssemos de fazê-lo.5 A despeito do que enfrentarmos, o Salvador nos ajudará e nos susterá. Podemos emergir vitoriosos de nossos desafios, provações e tristezas da vida mortal.
Com grande devoção e gratidão por Jesus Cristo cantamos “grandioso és Tu”!6
Estas duas verdades — que provações fazem parte do plano de Deus e que Deus enviou Seu filho para nos ajudar — são tão básicas em nossa crença que é fácil subestimar o poder que elas têm. Mas pensem em como essas verdades podem afetar a maneira como pensamos a respeito da adversidade. Por entendermos o propósito do plano de Deus, sabemos que nossa adversidade não é um sinal de fracasso nosso ou de que o plano está falhando. Isso significa que estamos progredindo. E por entendermos a abrangência da Expiação de Jesus Cristo, sabemos que nunca temos de enfrentar nossas provações sozinhos. O Salvador compreende mesmo as nossas lutas mais íntimas e pessoais e sabe exatamente como nos ajudar a passar por elas.
“Graças damos a Deus pela incomparável dádiva de Seu Filho divino.”7
Talvez eu possa ilustrar como a compreensão do plano do Pai e da missão divina do Salvador nos dá poder para enfrentar os desafios da vida.
Todas as coisas contribuirão para o vosso bem
Gostaria de apresentá-los nossa família. Anne Marie e eu fomos abençoados com sete filhos maravilhosos. Eles e seus cônjuges nos honram pela bondade que têm em sua vida. Temos 21 netos. Sei o nome de cada um deles e eles são uma alegria enorme.
Outro dia, enquanto Anne Marie e eu estávamos olhando uma foto na parede de nosso lar, compreendi que cada família na foto tinha seus desafios — cada uma delas. Não há exceções. Esses desafios são muito variados, mas cada família tem os seus. Eles trabalham, oram e seguem em frente com fé. Às vezes, eles se entristecem e choram, mas compreendem o plano de salvação. Eles entendem que a oposição faz parte do plano e compreendem a Expiação do Salvador. Eles sabem que podem voltar-se para Jesus Cristo para obter ajuda.
No verão passado, comecei a sentir dores no ombro esquerdo sem saber por quê. Como a dor não passava, finalmente, no final de outubro, fui ao médico. Ele olhou o raio-X e sugeriu uma tomografia. Na tarde seguinte, o médico me ligou — o que não era um bom sinal — e me disse que a tomografia identificara uma metástase em meu ombro. Em outras palavras, ele disse que eu tinha câncer. Além disso, ele me explicou que aparentemente o câncer tinha migrado para o ombro a partir de outra parte do corpo.
Levantei-me da cadeira, fui até o outro quarto e disse a Anne Marie que eu estava com câncer. Naquela tarde, nossa vida mudou. Tudo pareceu mudar.
Liguei para meu pai e perguntei a ele se ele poderia me dar uma bênção. Ele tem 95 anos. Reunimo-nos em família na casa de meus pais. Todos os filhos estavam conosco. Foi um milagre todos eles estarem na cidade. Tivemos o cuidado de usar máscaras, exceto para esta foto. (Meu pai olhou para esta foto e perguntou como ele conseguiu ficar tão baixinho!)
Eu esperava que, durante a bênção, meu pai acertasse o câncer em cheio e ordenasse que ele desaparecesse. Mas não foi essa a bênção que ele proferiu. Ele me abençoou para que o câncer fosse identificado, que houvesse um tratamento adequado, que eu me submetesse ao tratamento e que eu fosse curado.
No momento em que meu pai e meus filhos tiraram as mãos de minha cabeça, um sentimento de paz tomou conta de mim. Sei que aquele sentimento de paz veio pela influência do Espírito Santo.
Durante o mês seguinte, do ponto de vista médico, eu não entendia nada do que ocorria. Eu sabia que tinha câncer no ombro e em pelo menos outro local do meu corpo, mas não sabia que tipo de câncer era nem o quanto ele havia se espalhado. Eu não sabia de quase nada.
Mas eu sabia que meu pai, acompanhado de meus quatro filhos, tinha pronunciado uma bênção sobre mim pela autoridade do Sacerdócio de Melquisedeque e eu tinha grande fé no poder daquela bênção. Eu também tinha fé que a bênção estava de acordo com a vontade do Senhor.
Os exames continuaram por todo o mês de novembro. À medida que aguardávamos os resultados, Anne Marie falava muito sobre o futuro e sobre nossa fé no plano de nosso Pai Celestial. Falamos sobre a possibilidade de que talvez meu tempo na mortalidade seria um pouco mais curto do que esperávamos. No entanto, a despeito do lado do véu em que eu estivesse, isso não mudou nosso amor, nosso casamento ou nossa família. Isso não mudou nossa gratidão ao Pai Celestial pela dádiva de Seu Filho, Jesus Cristo, e pela bênção de participarmos desta maravilhosa experiência da mortalidade.
Em nossas orações como casal, oramos para que a minha vida fosse poupada, mas se o plano incluísse ser chamado de volta ao lar nesta época, aceitaríamos isso também. Também orei para que eu aprendesse o que o Senhor queria que eu aprendesse com essa experiência. Lembrei-me de que o élder Neal A. Maxwell disse certa vez que o Senhor lhe deu o câncer para que ele pudesse ensinar às pessoas com autenticidade.8 Continuo a ponderar sobre isso.
Enquanto esperávamos o diagnóstico, continuei a sentir paz. Eu me sentia muito grato pela bênção dada por meu pai. Ele acertou em cheio e me tornou são. Ele me curou espiritualmente.
Durante tudo isso, senti a fé e as orações de amigos, parentes e daqueles a quem amo. Faz uma grande diferença saber que seus filhos e seu cônjuge, assim como seus netos, estão orando por você com grande fé. Os missionários e os santos com quem servimos na Missão Espanha Barcelona estão também exercendo sua fé e orações em meu favor. Que bênçãos pode haver maiores do que essas? Essas orações de fé e apoio de tantas pessoas criaram um enorme tsunami de amor que tem me emocionado.
Por fim, o diagnóstico chegou. Estou com câncer no rim direito, o qual teve metástase para o ombro esquerdo. O câncer está alojado no ombro há cerca de um ano e, portanto, há mais tempo no rim. Por alguma razão que desconheço, não há câncer no cérebro ou nos pulmões. O Senhor é muito bondoso. Há um protocolo de tratamento que estou seguindo e confio que em cerca de um ano estarei curado, “mas se não”9, estou disposto a aceitar a vontade do Senhor.
Bem, não sou o único neste recinto que tem desafios de saúde ou preocupações ou tristezas de diferentes tipos. Assim como vocês, tenho fé no Senhor Jesus Cristo. Assim como vocês, tenho fé no plano do Pai Celestial. E assim como vocês, tenho fé de “todas as coisas contribuirão para o vosso bem, se andardes retamente e vos lembrardes do convênio que fizestes uns com os outros”.10
A nossa fé não necessariamente remove nossas provações, mas ela nos dá poder e perspectiva para que passemos por essas provações com êxito.
Ensinamentos proféticos dos últimos dias
Pensando em quanto o Senhor nos ama, não deveria ser surpresa que Ele muitas vezes inspira Seus apóstolos e profetas a testemunhar sobre a ajuda celestial à nossa disposição nos desafios da vida. Citarei apenas alguns exemplos da orientação e da perspectiva inspirada que Ele nos deu por meio de Seus servos.
O élder Orson F. Whitney ensinou: “Nenhuma dor que sentimos, nenhuma provação que vivemos é vã. Com elas aprendemos a desenvolver qualidades como paciência, fé, força e humildade. Todo o sofrimento e todas as coisas por que passamos, especialmente quando suportadas com paciência, edificam o caráter, purificam o coração, engrandecem a alma e tornam-nos mais sensíveis e caridosos, mais dignos de sermos chamados filhos de Deus. (…) E é por meio da tristeza e do sofrimento, do trabalho árduo e da tribulação que alcançamos o conhecimento que viemos adquirir aqui e que nos tornará mais semelhantes a nosso Pai e Mãe Celestiais”.11
O élder Neal A. Maxwell fez estas profundas perguntas: “Como poderia haver um fogo refinador sem se suportar-se certo calor? Ou mais paciência sem suportar certa espera instrutiva? Ou mais empatia sem carregarmos mutuamente nossos fardos — não só para que os fardos alheios sejam aliviados, mas para que sejamos iluminados por maior empatia? Como pode haver uma futura glorificação sem algum sacrifício presente?”12
O élder Jeffrey R. Holland expressou recentemente: “Fé significa confiar em Deus nos bons e maus momentos mesmo que isso inclua algum sofrimento até vermos Seu braço revelado em nossa vida. Isso pode ser difícil em nosso mundo atual quando muitas pessoas passaram a acreditar que evitar todas as provações é a melhor coisa na vida e que ninguém deve sofrer. Mas essa crença nunca nos levará ‘à medida da estatura completa de Cristo’ [Efésios 4:13]”.13
Aprendemos com o presidente Dallin H. Oaks: “Todos vivenciamos vários tipos de oposição que nos testam. Algumas dessas provações são tentações para pecar. Algumas são desafios da mortalidade não relacionados a pecados pessoais. Algumas são muito grandes. Algumas são pequenas. Algumas são contínuas e algumas são meros episódios. Nenhum de nós está imune. A oposição permite que cresçamos em direção àquilo que nosso Pai Celestial deseja que nos tornemos”.14
O presidente Russel M. Nelson ensinou: “Vocês que no momento estiverem desanimados, lembrem-se de que a vida não foi feita para ser fácil. As provações devem ser suportadas e o sofrimento tolerado ao longo do caminho. Ao se lembrarem de que ‘para Deus nada será impossível’ [Lucas 1:37], saibam que Ele é seu Pai. Vocês são filhos e filhas criados à Sua imagem, com direito a, por meio de sua dignidade, receber revelação para ajudar em seus esforços justos”.15
O exemplo de Alma: paciência e fé
Além dessas poderosas lições de apóstolos modernos, as escrituras nos oferecem muitos exemplos inspiradores de pessoas que passaram por provações com fé e otimismo. Com o exemplo deles, vemos como os discípulos de Jesus Cristo lidam com todo tipo de desafios e permanecem fiéis e justos.
O livro de Mosias conta a inspiradora história de Alma e de seu povo. Vocês devem se lembrar de que Alma tinha sido um dos sacerdotes do rei Noé. Ele estava presente quando Abinádi ensinou e testificou sobre Jesus Cristo. Ao contrário dos outros sacerdotes, Alma acreditou nas palavras de Abinádi e rogou ao rei Noé para libertar Abinádi. O rei Noé ficou irado com Alma e enviou seus servos para matá-lo. Alma se escondeu e escreveu as palavras de Abinádi.16 Que bênção é o registro dele para nós hoje em dia.
Alma ensinou ao povo as palavras de Abinádi em segredo. Muitos aceitaram o evangelho e foram batizados nas Águas de Mórmon, que se tornou um lugar sagrado para aqueles corajosos crentes.
Logo, entretanto, o rei descobriu onde Alma e seu povo se escondiam e enviou um exército para destruí-los. Temendo por sua vida, eles tomaram sua família e partiram para o deserto.
Eles viajaram por oito dias até chegarem a um lugar seguro e pacífico, a que chamaram de terra de Helã. Eles eram industriosos e estabeleceram uma comunidade próspera e feliz. Eram um povo fiel que decidiu seguir o Salvador com o risco de perder a própria vida. Eles mereciam alguma paz e prosperidade, certo?
“Não obstante, o Senhor julga conveniente castigar seu [povo, mesmo os que são fiéis a Ele]; sim, ele prova sua paciência e sua fé.
Entretanto, quem nele confia será elevado no último dia. E assim foi com este povo.”17
Por uma série de circunstâncias infelizes, o povo de Alma foi capturado pelos lamanitas e colocado sob o jugo de Amulon, outro dos sacerdotes do rei Noé. Amulon se lembrava de Alma e tirou vantagem de sua posição de autoridade para perseguir o povo de Alma e colocar pesados fardos sobre eles. Quando o povo de Alma clamou “fervorosamente a Deus” por libertação, Amulon colocou guardas para vigiá-los e ordenou “que fosse morto quem quer que encontrassem clamando a Deus”.18 Alma e seu povo pararam de orar em voz alta, mas Amulon não podia impedi-los de abrirem seu coração ao Senhor.
“E aconteceu que a voz do Senhor lhes falou em suas aflições, dizendo: Levantai a cabeça e tende bom ânimo, porque sei do convênio que fizestes comigo; e farei um convênio com o meu povo e libertá-lo-ei do cativeiro.
E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas no futuro e para que tenhais plena certeza de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições.
E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor.”19
Conseguem ver a si mesmas nessa história? Notaram que o Senhor nem sempre remove nossos fardos, embora Ele faça com que sejam mais leves ao nos dar força adicional para que possamos ser felizes mesmo “enquanto [estivermos] no cativeiro”? E por que Ele age dessa maneira? Para pôr nossa paciência e nossa fé à prova. Lembrem-se: esta vida é um teste.
Mesmo assim, o Senhor sempre Se lembra de Seus convênios conosco e Ele nos libertará em Seu devido tempo. E assim foi com o povo de Alma:
“E aconteceu que tão grande era a sua fé e paciência, que a voz do Senhor tornou a falar-lhes, dizendo: Tende bom ânimo, porque amanhã vos libertarei do cativeiro”.20
Com essa promessa, mas sem muitos detalhes sobre como aconteceria, o povo se preparou a noite toda, reunindo seus rebanhos. Pela manhã, depois de o povo exercitar sua fé, “o Senhor fez com que os lamanitas caíssem num profundo sono”, e o povo de Alma libertou-se do cativeiro saindo tranquilamente.21 Eles viajaram para a terra de Zaraenla, onde Alma e seu povo foram capazes de ser testemunhas — em primeira mão — de que o Senhor verdadeiramente “visita [Seu] povo nas suas aflições”.
É claro que nem a história nem a provação de Alma termina aí. Enquanto estamos na mortalidade, a provação continua. Alma posteriormente enfrentou a provação com a qual muitos estamos familiarizados: um de seus filhos se tornou inimigo da fé. Alma, o Filho, com a companhia dos filhos do rei Mosias, “tornou-se um grande obstáculo à prosperidade da Igreja de Deus, atraindo o coração do povo”.22
Podem imaginar a angústia de Alma? Tenho certeza de que muitas de vocês se identificaram com isso. Não sabemos de tudo o que Alma fez para ajudar seu filho, mas sabemos que ele orou com grande fé.
Essa história é bem conhecida. Um anjo de Deus apareceu a Alma, o Filho, e aos filhos do rei Mosias. Observem as palavras dele para Alma:
“Eis que o Senhor ouviu as orações de seu povo e também as orações de seu servo Alma, que é teu pai; porque ele tem orado com muita fé a teu respeito para que tu sejas levado a conhecer a verdade; portanto, vim com o propósito de convencer-te do poder e autoridade de Deus, para que as orações de seus servos possam ser respondidas de acordo com sua fé”.23
Às vezes, tudo o que podemos fazer é orar com toda a fé que pudermos reunir. Acredito que o Senhor ouve e responde às orações dos pais que oram com grande fé pelo bem-estar de seus filhos. Embora as respostas Dele para essas orações nem sempre venham no momento ou da maneira que desejamos, elas sempre virão de acordo com Seu perfeito conhecimento e em Seu tempo.
Alma, o Filho, arrependeu-se e voltou seu coração a Cristo. Sua vida tornou-se uma vida de grande devoção e serviço ao Senhor e à Sua Igreja. O legado de fé continuou de Alma, o pai, para Alma, o Filho, e continuou por gerações. Como resultado, é interessante observar que o tetraneto de Alma estava presente quando o Salvador ressuscitado apareceu e “inclinou-se perante o Senhor e beijou-lhe os pés”.24
A fé e a devoção de Alma não o pouparam dos desafios e das dificuldades da vida, mas o ajudaram a voltar-se para o Senhor quando esses desafios surgiram. Ele confiou no Senhor e confiou no tempo do Senhor. As bênçãos resultantes foram ricas e estenderam-se por muitas gerações.
O exemplo de Joseph Smith: suportar bem
Podemos ser inspirados também pelo exemplo do profeta Joseph Smith. Com apenas 24 anos de idade, o Senhor deu a ele este conselho profético e tranquilizador:
“Sê paciente nas aflições, pois terás muitas; suporta-as, contudo, pois eis que estou contigo até o fim dos teus dias”.25
Desde a Primeira Visão até seu martírio, Joseph Smith sofreu muitas aflições e o Senhor estava com ele em todas elas, mesmo até o fim.
Um bom exemplo disso é a experiência do profeta na Cadeia de Liberty, de onde ele clamou:
“Ó Deus, onde estás? E onde está o pavilhão que cobre teu esconderijo?
Até quando tua mão será retida e teu olho, sim, teu olho puro, contemplará dos eternos céus os agravos contra teu povo e contra teus servos e teu ouvido será penetrado por seus lamentos?
Sim, ó Senhor, até quando suportarão esses agravos e essas opressões ilícitas, antes que se abrande teu coração e tuas entranhas deles se compadeçam?”26
Em resposta, o Senhor o abençoou — assim como a todos nós — com este inspirado conselho:
“Meu filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não durarão mais que um momento;
E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre todos os teus inimigos”.27
O profeta Joseph Smith aprendeu, que mesmo quando parece que Deus está longe, Ele está muito perto, especialmente em nossas provações. E por ter suportado tudo tão bem, o profeta foi capaz de nos abençoar com revelações, doutrina restaurada, escrituras modernas e ordenanças do sacerdócio — tudo isso apesar de enfrentar constante oposição.
O exemplo do Salvador: “Não se faça a minha vontade, senão a Tua”
Nosso Salvador, que é nosso exemplo em todas as coisas, ensinou-nos a suportar a adversidade fielmente. Sua experiência no Getsêmani é muito tocante:
“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice, porém não se faça a minha vontade, senão a tua.
E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia”.28
Como vimos nos muitos exemplos analisados hoje, o Pai não removeu esse cálice de sofrimento, mas tampouco abandonou Seu Filho Amado. Ele enviou um anjo para fortalecê-Lo e, com essa força, o Salvador foi capaz de levar a efeito a Expiação infinita.
Da mesma forma, quando enfrentamos provações, o Pai nem sempre remove nosso fardo, mas quando nos submetemos à Sua vontade, podemos contar com Ele para nos dar forças igual ao desafio.
Paz
O Salvador ensinou esta consoladora doutrina:
“Tenho-vos dito essas coisas para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.29
Testifico a respeito de Jesus Cristo, a verdadeira fonte da paz duradoura. Porque Ele venceu o mundo, Ele nos oferece força para enfrentarmos qualquer provação que o mundo nos der. Ele oferece uma perspectiva eterna por meio de Seu evangelho restaurado e consolo por meio da influência do Espírito Santo. Verdadeiramente o evangelho de Jesus Cristo é a resposta para qualquer questão da vida.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;” disse o Salvador, “não vô-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.30
Em nome de Jesus Cristo. Amém.