Tende bom ânimo, o programa “Crianças e Jovens” chegou!
Conferência de Mulheres da BYU — 2021
Quinta-feira, 29 de abril de 2021
Introdução
Enquanto Kalleen e eu estávamos em uma missão no sul dos Estados Unidos, ouvimos falar de uma família de cinco pessoas em férias no estado da Flórida que decidiu alugar bicicletas e passar o dia pedalando pelo Parque Nacional Everglades. Eles colocaram o filho mais novo em uma cadeirinha na parte traseira da bicicleta da mãe e saíram juntos pelo parque. Enquanto pedalavam, o filho pequeno de sete anos fez o que toda criança de sete anos faria: disparou na frente, deixando para trás sua família, que lutava para manter todos juntos enquanto ficavam de olho nele.
Quando a família chegou no topo da colina, viram seu filho pegar velocidade enquanto descia e se aproximava de uma pequena ponte que cruzava um riacho. Para seu horror, eles o viram bater em uma saliência na rampa de acesso à ponte e perder o controle da bicicleta, colidindo com o parapeito da ponte e voando por cima do guidão e do parapeito, caindo na água rasa abaixo. E ainda ficou pior. A água de repente borbulhou e um grande jacaré que estava à espreita na água turva surgiu violentamente, agarrando o menino pela mandíbula e o submergindo sem esforço.
O pai foi o primeiro a chegar na ponte. Ele pulou rapidamente da bicicleta por cima do parapeito e entrou na água, onde lutou contra o jacaré até que ele subisse para a superfície para que seu filho pudesse respirar. Mas não conseguiu forçar as enormes mandíbulas daquele dinossauro dos dias modernos a se abrirem enquanto se debatia com as garras e os dentes, puxando os dois de volta para a água.
Mas, então, a mãe entra em cena. Ela coloca a bicicleta no chão com cuidado para não machucar o bebê e dá ordens a todos enquanto pula o parapeito e cai na água.
Bem, o jacaré estava se saindo bem com o pai e o filho, mas ele não tinha ideia do que enfrentaria quando a mãe chegou. Ela começou a espancá-lo com tanta ferocidade que, de repente, temendo pela própria vida, o jacaré soltou seu aperto mortal sobre o pai e o filho, tentou morder a mãe e apressou sua retirada para as profundezas tenebrosas. Eles se juntaram e foram até a margem, claramente prontos para enfrentar qualquer desafio que aparecesse em seguida.
Isso significa que não há nada que uma mãe não possa fazer para salvar seus filhos, o que nos trás à Conferência das Mulheres, e ao programa Crianças e Jovens.
Em abril do ano passado, o irmão Ahmad Corbitt, o irmão Brad Wilcox e eu fomos chamados para servir na presidência geral dos Rapazes. Estávamos animados para ver como o novo programa Crianças e Jovens seria implementado.
Então, algo inesperado aconteceu. O programa sentiu o impacto causado pela pandemia global.
Entretanto, nossa simples designação de mudar a cultura da Igreja continuou. Depois de 100 anos do programa de escotismo — 100 anos de mães levando os filhos aos consultores escoteiros, que muitas vezes eram outras mães; incentivando os filhos a participar dos acampamentos; e guiando novamente cada participante no caminho para se tornar um Eagle — depois de 100 anos, começaríamos a percorrer juntos um caminho diferente a fim de preparar nossos jovens para um mundo diferente.1
Quando nossa presidência chamou novos membros para a junta geral, que agora é o conselho consultor geral, tivemos a forte impressão de que, se quiséssemos ser bem-sucedidos na mudança da cultura da Igreja, precisaríamos de todo o entusiasmo das mães e mulheres. Enquanto as mulheres da Igreja não abraçassem o programa Crianças e Jovens com a mesma bravura com que abraçaram os programas anteriores, nossos jovens nunca veriam os benefícios do programa.
Quando compartilhamos nossa visão de termos mulheres como consultoras em nosso conselho, nossas líderes gerais — as presidentes Cordon, Jones e Bingham — concordaram em nos emprestar de vez em quando algumas irmãs de seu conselho para nos ajudar a percorrer a trilha correta.
Então, reunimos esse superconselho logo no início e descrevemos nosso dilema: o lançamento do programa Crianças e Jovens acabara de contrair a Covid-19, o que nos levou a uma nova realidade de liderança e treinamento remotos. Isso reduziu nossos padrões normais de integração, serviço, ensino e treinamento. Explicamos às irmãs o que elas já haviam percebido, que o programa Crianças e Jovens não estava totalmente implementado em todo o mundo.
Pior ainda, sentimos que às vezes havia entre alguns membros — jovens, mães e pais — um sentimento contraditório com relação ao programa. Alguns pais se perguntavam se o programa realmente representava o maior e melhor uso do tempo comparado às alternativas que tinham, como: tempo extra para os deveres de casa ou programas extracurriculares após as aulas, ou tênis, música ou dança.
Nesse contexto, perguntamos às “irmãs emprestadas”: “Como devemos falar com as mulheres sobre isso? Como podemos persuadir as mães a apoiar o programa Crianças e Jovens?”
Rapidamente, a irmã Salote Tukuafu, do conselho consultor geral da Primária disse: “Vocês não podem”.
“Não podemos o que?”
“Persuadir as mães.”
“Mas não deveríamos? Não vemos como este programa possa ser bem-sucedido sem elas.”
Ela ficou mais incisiva: “Sim. Mas mesmo assim não podem. As mulheres da Igreja já estão sobrecarregadas, cansadas e não dormem o suficiente. Se vierem com algo a mais para elas fazerem, elas podem, ou não, ser educadas, mas não vão ouvir vocês”. Então, ela disse: “Nós teremos que falar com elas”.
“Vocês?”
“Sim. Elas terão que ouvir de nós — de outras mães. Este programa é inspirado e vai funcionar. Fará de nossos filhos líderes. Fortalecerá a resiliência deles. Vai conectá-los a homens e mulheres de fé que serão grandes exemplos. Vai ajudá-los a conhecer o Salvador. E quando isso acontecer, então, as mães começarão a sentir que o programa Crianças e Jovens está levando seus filhos a Cristo e isso é tudo o que elas precisam ouvir.”2
Nosso propósito hoje é falar por que temos essa fé no programa Crianças e Jovens, na esperança de que vocês receberão seu próprio testemunho a respeito dele e, depois, o compartilharão umas com as outras.
Ao longo do caminho, vou recorrer às palavras de algumas mulheres que aprendemos a amar e confiar — mulheres que como vocês, passaram horas incontáveis de joelhos, às vezes, curvadas sobre travesseiros encharcados de lágrimas, implorando pela intervenção do Pai Celestial na vida de seus filhos e suas filhas que amam.
Primeiro, o programa Crianças e Jovens é uma ferramenta poderosa para uma Igreja centralizada no lar.
Vocês ficarão surpresas em saber que as líderes das organizações gerais das mulheres tiveram um papel fundamental na criação da estrutura do programa Crianças e Jovens.
O interessante para mim é que conheci as presidentes Joy Jones, Bonnie Cordon e Jean Bingham, que naquela época formavam a presidência geral da Primária, em um acampamento de escoteiros dos Rapazes. Ao longo de três anos trabalhando juntas naquela presidência, acho que elas passaram um total de seis semanas nas florestas do Novo México, estudando como funcionava o programa da Igreja para os jovens.
Então, elas receberam o pedido de buscarem inspiração dos céus enquanto desempenhavam papéis essenciais na concepção e no conteúdo do novo programa Crianças e Jovens.
E elas ajudaram a desenvolver o programa para que fosse simples. É um recurso para ajudar a aumentar a fé das famílias e dos indivíduos. Ele inclui todos os aspectos das atividades da Igreja, representando o ideal de que tudo o que fazemos na Igreja está associado a um único trabalho.
O programa Crianças e Jovens se concentra em três áreas:
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Aprendizado do evangelho: isso não é uma surpresa. Significa participar plenamente na Escola Dominical, no Vem, e Segue-Me, no seminário e assim por diante.
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Serviço e atividades: são encontros que costumam acontecer no meio da semana ou aos sábados. São planejados pelos jovens para ajudar uns aos outros a progredir no caminho do convênio. Caminhadas, acampamentos, conferências FSY e acampamentos e conferências locais se integram para criar um programa dinâmico.
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Desenvolvimento pessoal: o programa começa com uma lista de várias ideias, mas os incentivamos a determinar seus próprios objetivos, centrados nos interesses individuais dos jovens para ajudá-los a se prepararem para a vida espiritual, intelectual, física e socialmente.
O programa também fornece emblemas de participação. Esses emblemas terão significados diferentes para cada jovem, mas a “participação” é importante para todos nós.
Com isso em mente, a presidente Bingham ensinou a Sociedade de Socorro que o programa Crianças e Jovens é um recurso indispensável para as famílias na edificação do crescimento espiritual centralizado no lar. Vamos ouvi-la:
“Como vocês viram no vídeo, as famílias estão entusiasmadas com o programa, com a oportunidade de se aproximarem mais de seus filhos e de ajudá-los a desenvolver o testemunho e os talentos deles. Os pais e a família são essenciais para o sucesso desse programa. O papel mais importante dos pais é o de ajudar seus filhos a se comunicarem com o céu, a desenvolver o sistema de valores básicos do evangelho para ajudá-los a enfrentar os problemas da vida.”3
O programa Crianças e Jovens fornece apoio para as famílias ao se esforçarem para alcançar um desenvolvimento pessoal centralizado no lar.
A ex-presidente geral da Primária, Joy Jones, contou uma história encantadora sobre o poder do programa Crianças e Jovens, quando se concentra em famílias no caminho do convênio. Vamos ouvir:
“Élder Gong, posso contar uma história sobre uma menina? Ela tem oito anos de idade; o nome dela é Nicole. Ela mora nas Filipinas. Ela não era membro da Igreja, nem seus pais, mas seu irmão mais velho, era. Toda a família mudou quando estabeleceram a meta de ler o Livro de Mórmon juntos como parte do programa Crianças e Jovens. Agora todos são membros da Igreja e planejam ir ao templo daqui a um ano.”4
A presidente Bonnie Cordon, agora presidente geral das Moças, explicou por que a participação em todo o programa Crianças e Jovens é importante.
“As pessoas mais felizes são aquelas que se envolvem social e espiritualmente em edificar os outros ao mesmo tempo em que edificam a si mesmas.”5
A irmã Sharon Eubank, primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, resumiu a importante conexão entre as mulheres e o programa Crianças e Jovens. Ela disse:
“Quando mães, tias, avós e irmãs conversam, falamos sobre como podemos ajudar as pessoas que amamos a conhecer Jesus Cristo. Todos estamos nos desenvolvendo de maneiras diferentes ao longo do caminho. Ninguém é exatamente igual. O programa Crianças e Jovens reconhece isso e abre espaço para que o aprendizado pessoal possa se transformar em um amor profundo por Jesus Cristo e Seus caminhos.”6
Próximo, o programa Crianças e Jovens foi desenvolvido para esses dias peculiares.
O programa Crianças e Jovens foi criado porque seus filhos e jovens nasceram neste mundo e nesta época singular para se envolverem em uma grande obra.
Há cerca de um ano, o presidente Nelson convidou Kalleen e eu para irmos a seu escritório, quando ele me chamou para ser o presidente geral dos Rapazes. Enquanto estávamos perplexos com essa notícia inesperada, ele se levantou e disse: “Esta é uma época muito importante para os jovens da Igreja porque é uma época importante para a Igreja. Os jovens desempenharão um papel crucial nessa época maravilhosa”. E ele acrescentou: “Você sabe que eu os convidei a fazer parte do exército de Deus?”
“Sim, presidente Nelson, eu sei e sei que eles estão ouvindo”.
“Bem, é importante que eles escutem, porque eles são valiosos”.
Estou apenas parafraseando um pouco, mas ele continuou a falar com grande energia sobre a coligação há tanto tempo profetizada que está ocorrendo, e a importante obra que o Senhor tem designado para nossos jovens. Ele falou com um senso de urgência e grande imediatismo que eles foram enviados especificamente para preparar o retorno do Salvador.
As mesmas coisas que o presidente Nelson nos disse naquele dia, foram ditas em seu discurso para a juventude em junho de 2018. Em ambas as ocasiões ele falou com a voz de um vidente. Ele disse:
“Meus queridos e extraordinários jovens, vocês foram enviados à Terra nesta época específica, a época mais importante da história do mundo, a fim de ajudarem na coligação de Israel. Não há nada acontecendo neste momento na Terra que seja mais importante do que isso. (…)
Esta é a missão para a qual vocês foram enviados à Terra.”7
As palavras do presidente Nelson foram escolhidas com grande precisão. Quando relemos o discurso, percebemos que ele não os chamou para o exército de Deus, ele os convidou. Para eles, isso é uma escolha. Ele não disse que eles eram a melhor geração, apenas que tinham a capacidade de serem. Isso também é uma escolha. Essas escolhas para participar da coligação encontrarão um lugar, em grande parte, no programa Crianças e Jovens.
O programa Crianças e Jovens proporciona uma oportunidade para que os homens e as mulheres na vida de nossos filhos os ensinem e os preparem para as tarefas de coligar e defender Sião.
É nesse ponto que vocês e eu entramos. Se as crianças e os jovens de hoje realmente nasceram “para tal tempo como este”,8 então nós também — vocês e eu, assim como os pais e os líderes deles — nascemos em uma época na qual uma geração está sendo preparada com a capacidade de cumprir as profecias milenares. “Capazes”, como declarou o presidente Nelson — capazes, como afirmam nossos rapazes e moças, sempre que pensam nos temas que memorizam e recitam — capazes de preparar o mundo para o fim dos tempos.
Esta geração tem a capacidade incomparável para a tarefa, mas não nasceu com o conhecimento e as habilidades necessárias para iniciar a regeneração do mundo. Eles precisarão adquiri-los conosco. E, às vezes, precisaremos adquiri-los juntos.
Não haveria filhos de Helamã sem suas mães, que certamente sabiam, e sem seus pais que se recusaram a violar seus convênios, mesmo à custa da própria vida. Aqueles líderes, colocados pelo poder divino no caminho de seus filhos, permitiram que um pouco mais de 2 mil jovens marchassem decididamente para o turbilhão de uma sociedade problemática e dividida e salvassem a liberdade de sua nação.
Em nossos dias, vocês e eu somos os que nasceram para os capacitar, para curar suas feridas e os preparar para a tarefa de Sião.
Para os jovens da Igreja, o presidente Nelson continuou o que disse no ano passado em seu escritório para mim e Kalleen:
“Por isso, convido todas as moças e todos os rapazes entre 12 e 18 anos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias a se juntarem ao exército de jovens do Senhor a fim de ajudarem na coligação de Israel.”9
Isso não é algo que escutamos todos os dias. A maioria dos rapazes e das moças tem apenas uma vaga noção do que é um exército. Um exército é um grupo de jovens que são transformados em soldados e se tornam uma organização altamente treinada em instruções específicas que lhes permitem ir ao resgate quando convocados.
O presidente Nelson convidou nossa juventude para fazer parte do exército de jovens de Deus porque, quer eles escolham entrar nele ou não, eles já estão envolvidos em uma batalha. A batalha que começou nos céus ainda não terminou. Ela continua aqui e agora e os jovens da Igreja precisam das mesmas defesas e armas que derrotaram o mal antes do mundo existir. O livro de Apocalipse descreve nossa armadura pré-mortal. É explicado de maneira simples que eles “venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho”.10
Nossos jovens precisam que vocês apoiem o programa Crianças e Jovens porque eles realmente precisam de vocês.
Neste mundo de grande oposição e distrações gigantescas, nossos filhos estão entrando e saindo de um território hostil, armados com as pedras e as fundas que fornecemos a eles. Felizmente, quando vocês e eu decidimos preparar nossos jovens com o poder da retidão e da confiança, nós também recebemos esse poder. Nossos jovens precisam que suas mães e seus pais, amigos e vizinhos, bispos, consultores, presidências de quórum e de classe e cada um de nós, emprestemos nossa confiança espiritual e nossa sabedoria do mundo para sua causa. Essa confiança e essa sabedoria as mulheres da Igreja têm de sobra. Vocês viram muitas coisas. E realizaram muitas coisas. Por terem nascido nesta época e sido colocadas nessas guarnições, vocês foram chamadas ao trabalho.
O relacionamento com membros fiéis como vocês pode ser o fator de fé mais importante na vida de um jovem.
Uma das coisas mais surpreendentes e úteis que aprendemos como nova presidência foi um estudo sobre longevidade da Igreja. Foi perguntado a adultos ativos que coisas importantes aconteceram quando eram jovens que os ajudaram a se identificar como membros ativos da Igreja depois da juventude.
“Os pesquisadores da Igreja descobriram que o desenvolvimento de uma identidade religiosa de um membro da Igreja depende basicamente da qualidade de certos relacionamentos. Rapazes que têm relacionamentos fortes e positivos com uma família ativa na Igreja, com colegas e líderes que os ajudam a desenvolver um relacionamento com o Pai Celestial têm maior probabilidade de permanecerem ativos. Elementos específicos de programas — como o currículo das aulas dominicais, o programa de atividades para os Rapazes e o Dever para com Deus — podem ter efeitos menores independentes desses relacionamentos.”11
A essência dessa descoberta é surpreendente: os jovens que cresceram se identificando como membros ativos na Igreja — como membros da tripulação e não apenas turistas — disseram aos pesquisadores que mais importante do que a qualidade das atividades, das aulas da Escola Dominical — e o presidente geral da Escola Dominical está aqui; as aulas são muito importantes — foi a formação de relacionamentos positivos com líderes ativos que os ajudaram a desenvolver um relacionamento com o Salvador e com o Pai Celestial. Trata-se de segundas testemunhas, sobre a capacidade dos nossos jovens de encontrá-las.
Ninguém sai da Igreja porque não sabia dar um nó quadrado, fazer um gol, tocar violão, ou porque não tinha um determinado chamado. Eles saem, muitas vezes, quando não acham um guia que possa ajudá-los a encontrar o Salvador.
É claro que há valor em desenvolver excelência em atividades seculares dignas, mas essas atividades por si só não serão suficientes para defendê-los e capacitá-los quando as questões da alma ficarem sem respostas. Quando esses momentos surgirem, e certamente surgirão, a necessidade mais urgente deles será trazer fé e poder às seguintes palavras: “Por meio do poder do sacerdócio e em nome de Jesus Cristo, eu te abençoo (…)”
Então, onde no mundo físico são melhor criados esses relacionamentos e laços humanos que são feitos para durar? Não é de surpreender que isso esteja acontecendo em programas como o programa Crianças e Jovens. Mesmo agora, suprimidos pelos efeitos das máscaras e do isolamento, muito pode ser feito e muito mais será feito, para unir nossos jovens e seus líderes com o Salvador por meio de experiências em comum. Começando já, e aumentando à medida que os efeitos da pandemia começam a diminuir, os relacionamentos se aprofundam melhor em ambientes ricos em sentidos e altas aventuras, em projetos de serviço trabalhando lado a lado com seus líderes, no seminário e na Escola Dominical e nas classes do quórum, onde aprenderão a respeitar e amar seus líderes e outros membros da Igreja, que eles aprenderão que os amam e os terão ajudado a liderar.
O mais importante, a formação desses relacionamentos fundamentais geralmente não estão ligados a atividades bem-sucedidas. Quando eu tinha 13 ou 14 anos de idade, meu grupo de Rapazes criou laços de união com nosso líder em um acampamento com neve na Califórnia. Chegamos no local e, enquanto dormíamos com a primeira neve que muitos de nós jamais havia tocado, no meio da noite começou a chover granizo. A água infiltrou em nossas barracas e encharcou nossos sacos de dormir e nossas roupas, nos deixando ensopados até a alma, terrivelmente congelados e quase hipotérmicos. Depois de acender uma fogueira patética em um banco de neve com madeira molhada, que não derreteria um floco de neve, acabamos nos amontoando em uma desconfortável cabine de picape, e por pouco escapamos com vida enquanto voltávamos para casa antes mesmo de o sol nascer por completo. Essa atividade foi um desastre — exceto pelo fato de que a coisa mais importante que poderia ter acontecido, aconteceu. Soubemos que podíamos fazer coisas difíceis — até mesmo aquilo — e que podíamos confiar uns nos outros e em nossos líderes. Com o passar do tempo, aqueles líderes nos ajudaram ao longo do caminho do convênio. Quando eles disseram: “a missão é importante”, as missões passaram a ter maior importância para nós, para mim.
Com o Espírito do Senhor ao nosso lado, essa confiança e esses relacionamentos podem acontecer em qualquer lugar, quando acontece a combinação certa. Eles podem se formar em um instante — em uma conversa, em um ato de bondade — é como procurar uma agulha em um palheiro: alguém tem que estar por perto no momento certo e isso significa que precisa estar por perto muitas vezes, ou perderá a oportunidade. Esses relacionamentos surgem com mais frequência ao ar livre, longe das distrações da tecnologia e da civilização.
Não deixem ninguém vender os equipamentos de acampamento. O plano é que os jovens acampem mais e não menos. Se por algum motivo os equipamentos forem vendidos, está na hora de fazer uma atualização. Então, vamos fazer isso — e a tempo de começar a usá-los neste verão.
Essas conexões extremamente importantes podem crescer ali, mas também crescem durante os projetos de serviço e nas atividades semanais, quando as amizades criam raízes na confiança, fazendo coisas divertidas — e, às vezes, sem sentido — servindo e se envolvendo na obra de salvação e exaltação. As noites de quarta-feira na igreja, ou no Zoom, são muito mais do que atividades. Elas servem para desenvolver conexões e relacionamentos com o bispo, os líderes do quórum, os próprios colegas e outras pessoas que possam ter mais influência espiritual sobre seus filhos, por um tempo, do que os pais — pais como vocês, que estão prontos para pular nas mandíbulas de um jacaré pelos filhos.
O apóstolo Pedro descreveu nosso mundo, representando Satanás como um leão rugindo que anda pela Terra pronto para devorar.
A parábola do semeador fala sobre nosso mundo moderno, onde as sementes da espiritualidade são semeadas, e até mesmo nossos filhos, às vezes, as receberão em solo seco e pedregoso, e como nos caminhos pisoteados. É para um mundo infestado de leões, pedregoso, espiritualmente árido e perigoso que mandamos nossos filhos todos os dias, onde eles precisam ser confiantes e fortes como leões. O programa Crianças e Jovens vai prover para eles — se participarem constantemente — água e nutrição por meio de amigos e líderes. Talvez não todas as semanas — mas com frequência.
O programa Crianças e Jovens edifica a fé em Cristo ao colocar as crianças e os jovens no caminho Dele.
Estamos descobrindo que o programa está edificando a fé em Cristo, ao mesmo tempo que nos adaptamos às restrições da Covid-19. Há algumas semanas, reunimos um grupo informal de reflexão no norte da Califórnia. Perguntamos aos presidentes de quórum e de classe o que eles observaram depois de realizar reuniões semanais. Uma moça de 14 anos ligou seu microfone antes mesmo de eu terminar a pergunta e disse: “Sinto-me mais próxima do Salvador”.
“De que maneira?”
“Porque quando começo a pensar com mais frequência sobre como ajudar meus amigos a se aproximarem Dele, eu fico mais próxima Dele também.”
Para navegar nesses tempos confusos, o mundo e o reino de Deus precisam de líderes — líderes como essa moça de 14 anos que, ao encontrar alegria em Seu serviço, continuará a servir por toda a vida. O programa Crianças e Jovens é o programa de treinamento de liderança da Igreja.
Se não os tornarmos líderes agora, eles irão para o mundo como o quê? Como seguidores. E os seguidores seguirão qualquer um para um penhasco qualquer.
O programa Crianças e Jovens é um programa para os nossos dias.
O élder Dieter F. Uchtdorf nos ensinou durante a Conferência Geral de Outubro de 2020 que “esse vírus não pegou nosso Pai Celestial de surpresa”.12 Isso quer dizer que não foi por acidente que o programa Crianças e Jovens foi implementado em uma época na qual nossa mente estava sendo preparada para mudanças importantes durante os meses de isolamento.
Com frequência, parece que quando há grandes mudanças, o Senhor primeiro faz coisas impressionantes para preparar os membros. A família de Leí padeceu no oceano antes de assumir um mundo novo. Antes dos nefitas deixarem para trás a lei de Moisés, houve três dias de escuridão. Antes de Deus, o Pai, e Jesus Cristo aparecerem ao jovem Joseph Smith, Joseph pensou que morreria envolto pela escuridão. Antes da migração para o oeste, houve o Acampamento de Sião. Todos ficamos surpresos com a época do lançamento do programa Crianças e Jovens, mas como um medicamento de longa duração, essa lenta e terapêutica implementação revelará, sem dúvida, razão e propósito. O Senhor está fazendo algo bom, grande e maravilhoso.
Outra razão pela qual nossos jovens precisam da estabilidade do programa Crianças e Jovens é que, neste mundo em constante mudança, eles estão sofrendo com crises emocionais e o evangelho, à medida que for aplicado por meio dos recursos deste programa, oferece apoio para uma boa saúde emocional. As atividades para definição de metas de desenvolvimento pessoal trazem equilíbrio a uma cultura jovem que está obviamente desequilibrada. Os benefícios de se definir e cumprir diversas metas — metas alcançáveis, diretas e apropriadas — dão a eles sucessos que os nutrem à medida que crescem “em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”.13
Um dos nossos especialistas em saúde emocional, Dr. Sheldon Martin, conversou recentemente com a nossa presidência sobre jovens e saúde emocional. Ele disse:
“A melhor maneira de ajudar os jovens a melhorar a saúde emocional é se envolvendo no programa Crianças e Jovens, devido à ênfase constante no crescimento em uma variedade de áreas.”
Essa é a fórmula para uma boa saúde emocional. Ele continuou:
“As crianças que compreendem as maravilhas do caminho do convênio não procurarão motivos para não participar. Por meio do programa Crianças e Jovens, os convênios e as conquistas serão claros para eles, especialmente quando a vida começa a ficar confusa.”14
Em um artigo programado para ser publicado na revista Liahona, o Dr. Martin declarou em um título ousado: “[O programa Crianças e Jovens] [é] um padrão de crescimento e de bem-estar mental e emocional”. Ele conclui que faz sentido que a melhora da saúde emocional contribua para a melhora da espiritualidade, mas as pesquisas mostram que o contrário também é verdadeiro: a melhora da espiritualidade beneficia a saúde emocional.
Conclusão
O programa Crianças e Jovens coloca nossos entes queridos e nossos próprios pés firmemente no caminho do convênio. Mostra-nos como é a vida no caminho e nos qualifica para as bênçãos por meio de promessas compreendidas e cumpridas.
O programa Crianças e Jovens investe profundamente nos recursos da ala para abençoar os jovens. Os irmãos e as irmãs solteiros da Igreja tiveram grandes experiências, vidas instrutivas e planos de carreira. A nova geração precisa que vocês sirvam de guias no caminho do convênio. Não subestimem a influência motivadora que vocês podem ter na vida de muitos que procuram mentores e alguém em quem se espelhar. Em minha própria família temos um tio favorito, ainda solteiro, que faz um trabalho incrível com nossos familiares como estabilizador e uma voz de fé e amor.
Um perigo muito real de não apoiar plenamente e com entusiasmo o programa Crianças e Jovens é a mensagem não intencional que daríamos aos nossos filhos de que a Igreja é apenas um bufê onde podemos simplesmente escolher que práticas e mandamentos queremos seguir e, de alguma maneira, optar por não obedecer aos outros mandamentos sem ter consequências.
O élder Neal A. Maxwell, falou sobre isso:
“Aquilo que você considera simples indiferença com relação ao cristianismo, poderá representar, para seus filhos, hostilidade; pois as coisas que você não defendeu, seus filhos poderão rejeitar com indignação.”15
Satanás trabalha arduamente contra nós — como pais e exemplos — porque, quando vacilamos, ele pode arruinar nossos filhos e confundir nossos jovens. Mas é bom notar que o Salvador não é apenas um pouco mais poderoso do que Satanás. Ele é infinitamente mais poderoso e infinitamente capaz de estender proteção, cura e poder para encontrar alegria e compartilhá-la com outras pessoas. Como os filhos de Helamã, nossos filhos e nossas filhas acumularão feridas e lesões ao servir e viver. Nunca foi tão importante, que ao enfrentar dias difíceis, eles aprendam de vocês que “[Ele] tomará sobre si as suas enfermidades (…) para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo”.16
O programa Crianças e Jovens apresentará as verdades para seus filhos e suas filhas e essas verdades os levarão ao conhecimento do Salvador.
Testifico que seu empenho em acolher o programa Crianças e Jovens abençoará sua vida e a vida de seus filhos.
Em nome de Jesus Cristo. Amém.