2000–2009
Elevar Nossos Padrões
Outubro 2007


2:3

Elevar Nossos Padrões

Assegurem-se de ser capazes de atingir facilmente os padrões mínimos para o trabalho missionário e de elevar continuamente a barra.

Fui privilegiado no mês passado com a incumbência de participar de um seminário com os presidentes de missão da Área América do Norte Oeste. Entre os presidentes de missão que lá compareceram estava meu filho, Lee. Ele tinha sido chamado para servir antes que eu tivesse terminado minha designação de um ano na Presidência da Área Europa Central. Fazia três anos que eu não passava algum tempo com ele, exceto por algumas visitas muito breves quando passei por sua área para cumprir outras incumbências.

Depois de um jantar de confraternização com todos os presidentes de missão e suas respectivas esposas, Lee e eu, minha esposa e minha nora fomos para o meu quarto de hotel para conversar um pouco. O assunto, é claro, girou em torno da obra missionária. Lee explicou o que tinha acontecido com seus missionários depois que o Presidente Hinckley pediu-nos que elevássemos os padrões de qualificação para o serviço missionário. Ele relatou que houve uma melhora significativa na preparação dos missionários que chegavam ao campo. A conversa fez-nos lembrar de uma experiência que Lee e eu tivemos, quando ele estava cursando o ensino médio.

Lee fazia parte do time de atletismo da escola, participando de corridas de curta distância e salto em altura. Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1968, realizados na Cidade do México, o mundo ficou encantado com um saltador pouco conhecido chamado Dick Fosbury. Ele experimentou uma técnica nova de salto em altura em que o atleta corria na diagonal em direção à barra, depois saltava girando no ar e passava de costas sobre o sarrafo, o que ficou conhecido como Salto Fosbury.

Como muitos outros, Lee ficou intrigado com essa nova técnica, mas até o início do ano letivo seguinte, ele não teria onde praticá-la. Um dia, cheguei a nossa casa à noite e o encontrei treinando o salto Fosbury em nosso porão. Lee havia improvisado dois suportes para a sua “barra”, tombando cadeiras, e saltava sobre um cabo de vassoura apoiado nelas, usando um sofá para ampará-lo na queda. Para mim, era óbvio que o sofá não agüentaria os impactos, por isso dei um basta naqueles saltos em altura dentro de casa. Convidei-o então para irmos a uma loja de artigos esportivos, onde compramos um colchão sobre o qual ele pudesse cair, e suportes para a barra, assim ele poderia treinar ao ar livre.

Depois de experimentar o salto Fosbury, Lee decidiu voltar para a técnica que usava antes. Ainda assim, até o fim das férias e início das aulas, ele treinou salto em altura por muitas horas em nosso quintal.

Uma noite, ao voltar para casa depois do trabalho, encontrei Lee treinando seu salto em altura. Perguntei: “A que altura está a barra?”

Ele disse: “1,74 m”.

“Por que essa altura?”

“É necessário conseguir pular essa altura para se qualificar para o campeonato estadual de atletismo”.

“E como está-se saindo?”, perguntei.

“Estou conseguindo pular essa marca todas as vezes. Não perco uma.”

Sugeri: “Então, vamos subir a barra para ver como você se sai”.

Lee argumentou: “Aí, pode ser que eu não consiga”.

Nesse ponto, fiz a pergunta-chave: “Mas, se você não subir a barra, como vai saber qual é o seu potencial?”

Assim, começamos a subir a barra para 1,80 m; depois para 1,85 m, e assim por diante, de acordo com seu progresso. Lee tornou-se um saltador melhor porque não se contentara em atingir apenas o padrão mínimo. Ele aprendeu que, mesmo que isso significasse não conseguir ultrapassar a barra depois de certa altura, ele queria continuar subindo a barra para se tornar o melhor saltador que pudesse.

Recordar essa experiência com meu filho fez-me lembrar também da mensagem do Élder M. Russell Ballard, na sessão do sacerdócio da conferência geral de outubro de 2002, na qual ele fez um desafio aos rapazes da Igreja para que se tornassem a melhor de todas as gerações de missionários. Ele disse que a barra, o padrão mínimo para o serviço missionário, tinha-se elevado. Ele instruiu os rapazes do Sacerdócio Aarônico a prepararem-se com mais vigor para alcançar esse novo padrão mínimo mais elevado. Também deu instruções aos pais, bispos e presidentes de estaca sobre como ajudar os rapazes a se prepararem para servir como missionários de tempo integral (ver “A Melhor de Todas as Gerações de Missionários”, A Liahona, novembro de 2002, pp. 46–49).

No discurso de encerramento naquela mesma sessão do sacerdócio, o Presidente Hinckley comentou o discurso do Élder Ballard, dizendo: “O Élder Ballard falou a vocês a respeito dos missionários. Gostaria de endossar o que ele disse. Espero que nossos rapazes e nossas jovens estejam à altura do desafio que ele fez. Precisamos elevar os padrões de dignidade e qualificação daqueles que servem pelo mundo como embaixadores do Senhor Jesus Cristo” (“Aos Homens do Sacerdócio”, A Liahona, novembro de 2002, p. 57).

Pouco depois disso, na carta datada de 11 de dezembro de 2002, a Primeira Presidência instruiu os líderes da Igreja sobre os princípios de qualificação para o trabalho missionário de tempo integral. A instrução dizia: “O trabalho missionário de tempo integral é um privilégio para os que são chamados por inspiração pelo Presidente da Igreja. Os bispos e presidentes de estaca têm a séria responsabilidade de identificar membros dignos e qualificados que estejam espiritual, física e emocionalmente preparados para esse trabalho sagrado e que possam ser recomendados sem restrições. Os indivíduos que não forem capazes de atender às exigências físicas, mentais e emocionais do trabalho missionário de tempo integral estão honrosamente desobrigados de cumpri-lo e não devem ser recomendados. Eles podem ser chamados para servir em outros cargos significativos.”

Os padrões foram elevados pelos líderes da Igreja e, agora, o padrão mínimo para participar da obra missionária é: dignidade moral absoluta, saúde e vigor físicos, desenvolvimento intelectual, social e emocional. Em todas as competições de salto em altura há uma altura mínima, a partir da qual começa a competição. O atleta não pode pedir para começar por uma altura menor. Da mesma forma, vocês não devem esperar que os padrões baixem para que sejam autorizados a servir em uma missão. Se quiserem ser missionários, precisam ser capazes de atingir os padrões mínimos.

Mas, uma vez que esses padrões mínimos sejam atingidos, vocês não deveriam tentar manter a barra sempre um pouco mais acima? Faço a vocês a mesma pergunta que fiz ao meu filho, muitos anos atrás: “Se você não subir a barra, como vai saber qual é o seu potencial?” Meu desafio a vocês é de que reconheçam que existe um padrão mínimo — e vocês precisam alcançá-lo para servir como missionários de tempo integral — mas não parem por aí. A melhor de todas as gerações de missionários não atingirá seu pleno potencial a menos que continue a elevar seus padrões.

Gostaria de dar algumas sugestões sobre o que cada um de vocês pode fazer para subir a barra cada vez mais ao se prepararem para o trabalho missionário.

O padrão físico mínimo para o serviço missionário de tempo integral refere-se ao potencial de saúde e vigor físicos do missionário. Por exemplo, uma das perguntas no formulário de recomendação missionária indaga se você pode trabalhar de 12 a 15 horas por dia, caminhar de 10 a 13 quilômetros por dia, andar de bicicleta de 16 a 24 quilômetros por dia, e subir escadas diariamente. O trabalho missionário é difícil e os missionários de tempo integral precisam ter uma boa condição física para servir. Subir a barra para um padrão físico mais elevado pode exigir mais condicionamento físico.

Pode também incluir melhorar a aparência física. Espera-se que um missionário se vista de uma determinada maneira, projetando uma aparência asseada e bem arrumada, o que inclui um corte de cabelo adequado, estar bem barbeado, vestir uma camisa branca limpa, uma gravata e um terno bem passado, e daí por diante, inclusive os sapatos, em boas condições e bem engraxados. Comecem agora a se preparar para uma missão de tempo integral, adotando a aparência de um missionário de tempo integral.

Subam a barra no que tange a sua preparação intelectual. Levem a escola a sério. É importante ser capaz de ler, falar e escrever com inteligência. Ampliem seu conhecimento do mundo ao seu redor, lendo bons livros. Aprendam a estudar. Depois, apliquem seus métodos de estudo aperfeiçoados ao estudo do evangelho de Jesus Cristo. Leiam constante e regularmente o Livro de Mórmon.

Não negligenciem a oportunidade de freqüentar as aulas do seminário e do instituto. Participem dessas aulas e tirem o máximo proveito das escrituras ensinadas nesses importantes locais de educação religiosa. Isso vai prepará-los para apresentar a mensagem do evangelho restaurado àqueles que vocês tiverem a oportunidade de conhecer. Estudem o manual Pregar Meu Evangelho, enfatizando as doutrinas básicas ensinadas no Capítulo 3. Sempre que pedirem a vocês que façam um discurso na Igreja ou dêem a mensagem na noite familiar, concentrem-se nessas doutrinas básicas.

Em Doutrina e Convênios 11:21, o Senhor nos diz: “Não procures pregar minha palavra, mas primeiro procura obter minha palavra e então tua língua será desatada; e então, se o desejares, terás meu Espírito e minha palavra, sim, o poder de Deus para convencer os homens”. A idade pré-missionária é a época ideal para subir a barra, enquanto vocês preparam a mente ao adquirir mais luz e verdade do evangelho de Jesus Cristo.

Vocês precisam reconhecer que o trabalho missionário exige muito da pessoa emocionalmente. Vocês não terão o apoio costumeiro das pessoas com quem convivem quando saírem de casa para o mundo. Muitas formas que vocês utilizam hoje para combater o estresse, como ficar com os amigos, ficar sozinhos, jogar videogames ou ouvir música, não serão permitidas pelas regras de conduta missionária. Haverá dias em que vocês serão rejeitados e sentirão desânimo. Aprendam agora quais são seus limites emocionais e aprendam a controlar suas emoções nas circunstâncias que encontrarão quando forem missionários. Agindo assim, subirão a barra para um patamar mais elevado; na verdade, vocês se fortalecerão para enfrentar os desafios emocionais do trabalho missionário.

Embora o Presidente Hinckley não o tenha mencionado, os missionários em perspectiva também devem estar preparados com habilidades sociais. Cada vez mais os jovens estão-se isolando dos outros, jogando videogames, usando fones de ouvido, e se comunicando por celular, e-mail, mensagens de texto, etc., em vez de pessoalmente. Muito do trabalho missionário envolve relacionar-se diretamente com as pessoas; e, a menos que subam a barra para desenvolver habilidades sociais, vocês se sentirão despreparados. Gostaria de dar-lhes uma sugestão simples: arranjem um trabalho no qual tenham de interagir com as pessoas. Como motivação contínua, façam uma meta de ganhar dinheiro suficiente com seu trabalho — de meio período ou de período integral — para pagar pelo menos uma parte significativa de sua missão. Prometo-lhes grandes bênçãos: bênçãos sociais, físicas, mentais, emocionais e espirituais a todo jovem que pagar uma parte significativa de sua missão.

Dignidade pessoal é o padrão espiritual mínimo para servir em uma missão. Isso significa que devem ser dignos, em todos os sentidos, de fazer e cumprir os convênios sagrados do templo. Não cometam transgressões que os façam perder o direito de servir e de receber as bênçãos reservadas aos que cumprem esse chamado especial.

Reconheçam que por mais persuasivo que seja seu ensino como missionário, somente o Espírito converte. Pregar Meu Evangelho faz uma boa descrição do que é o trabalho missionário. Nele lemos: “Como representante autorizado de Jesus Cristo, você pode ensinar às pessoas com poder e autoridade que ‘a redenção nos vem por intermédio do Santo Messias’ e que ninguém ‘pode habitar na presença de Deus a menos que seja por meio dos méritos e misericórdia e graça do Santo Messias’ (2 Néfi 2:6, 8)” ([2004], p. 2).

Queremos lembrá-los de que daquele a quem muito é dado, muito é exigido. Reiteramos o chamado para que todos os rapazes espiritual, física e emocionalmente qualificados estejam preparados para se tornarem missionários da Igreja de Jesus Cristo. Assegurem-se de ser capazes de atingir facilmente os padrões mínimos para o trabalho missionário e de elevar continuamente a barra. Preparem-se para ser mais eficazes nesse grande chamado.

Que o Senhor os abençoe para que esse seja o seu desejo, ao saírem desta sessão do sacerdócio da conferência geral, e que comecem agora a se preparar para o glorioso trabalho que os espera como missionários do Senhor Jesus Cristo. Em nome de Jesus Cristo. Amém.