Coisas Pequenas e Simples
Que redescubramos o poder divino da oração diária, a influência persuasiva do Livro de Mórmon e a verdadeira devoção durante o sacramento.
Todos os que viverem o evangelho de Jesus Cristo diariamente e perseverarem até o fim conquistarão a vida eterna: essa é a promessa do Senhor.1 Em sua essência, o evangelho é simples, de fácil compreensão e ao alcance da capacidade até dos mais fracos.2 Alma, profeta do Livro de Mórmon, observou com propriedade: “Ora, podes supor que isto seja tolice de minha parte; mas (…) é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas; (…) e por meios muito pequenos o Senhor confunde os sábios e efetua a salvação de muitas almas”.3
Recentemente, tive o privilégio de observar esse processo na vida de um irmão chamado Stan, que ficara menos ativo por cerca de 45 anos. Levava uma vida honrada e apoiava a esposa e um filho em suas atividades de membros fiéis da Igreja, mas por motivos pessoais preferia manter-se afastado dos círculos da Igreja. Ainda assim, todos os meses recebia os mestres familiares.
Em fevereiro de 2006, Stan ganhou uma nova dupla de mestres familiares. A primeira visita foi agradável, embora Stan não tenha mostrado real interesse pelo evangelho ou por nenhum assunto relacionado, ainda que remotamente, às coisas espirituais. Na visita seguinte, os mestres familiares não perceberam grandes mudanças, mas Stan se mostrou um pouco mais amigável e caloroso. Na terceira visita, porém, perceberam uma transformação visível no semblante e no comportamento de Stan. Para grande surpresa dos mestres familiares, mesmo antes da apresentação da mensagem, Stan lhes dirigiu várias perguntas profundas. Na conversa que se seguiu, relatou as experiências que teve no mês anterior, quando ele e a esposa tinham começado a ler um capítulo do Livro de Mórmon por dia.
O élder Bruce R. McConkie descreveu com eloqüência o tipo de renascimento vivido por Stan: “é o caso de um homem que ganha um exemplar desse livro abençoado, começa a lê-lo e continua (…) até que, ao terminar o livro, sua alma faminta é saciada pelo pão da vida. é-lhe impossível parar de ler e de pensar nos ensinamentos. é como se a água da vida estivesse fluindo pelos desertos estéreis da sua alma, extinguindo a sensação árida e vazia que até então o separava de Deus”.4
Os mestres familiares tiveram assim mais uma confirmação do poder notável do Livro de Mórmon e de como é real a influência do Espírito do Senhor quando lemos suas páginas sagradas. Também passaram a entender melhor a declaração do Profeta Joseph Smith, que disse que “o Livro de Mórmon [é] o mais correto de todos os livros da Terra (…) e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro”.5
A sede de conhecimento de Stan e sua redescoberta do evangelho restaurado logo o levaram a ler mais do que um capítulo por dia, a meditar profundamente e a orar com fervor. Àqueles que às vezes se perguntam se o Senhor de fato ouve suas orações, o Salvador afirmou:
“E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? (…)
Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai Celestial dará boas dádivas, por meio do Espírito Santo, àqueles que lho pedirem?”6
Nosso profeta amado, o Presidente Gordon B. Hinckley, também nos aconselhou: “Não nos é possível vencer sozinhos. (…) Precisamos da ajuda do Senhor (…) e o que é maravilhoso é que temos a oportunidade de orar com a esperança de que nossas preces serão ouvidas e atendidas. (…) Ele está pronto para estender-nos a mão”.7
Em agosto de 2006, Stan teve a coragem de ir com a esposa, que sempre foi membro fiel, a uma reunião sacramental de sua ala — a primeira em 45 anos. Lá, com o coração humilde e fervoroso, ouviu as orações sacramentais simples proferidas pelos jovens sacerdotes. Sentindo-se indigno e consciente da seriedade e do significado dessa ordenança sagrada, meditou profunda e dolorosamente, mas não partilhou do pão e da água por várias semanas.
O Presidente Joseph Fielding Smith, num testemunho pungente há muitos anos, declarou: “A meu ver, a reunião sacramental é a mais sagrada e santa de todas as reuniões da Igreja. Quando penso na ceia do Salvador com Seus apóstolos na noite memorável em que introduziu o sacramento, (…) meu coração se enche de assombro e emoção. Considero essa reunião uma das mais solenes e maravilhosas desde o início dos tempos”.8
Stan continuou a estudar, a orar, a freqüentar a Igreja e a receber conselhos sábios e incentivo dos seus mestres familiares. Então, chegou o dia em que, com alegria, sentiu-se preparado para estender a mão e tomar o precioso sacramento. Quando tomamos o santo sacramento em dignidade e com reflexão e reverência, temos a oportunidade de tornar-nos participantes da “natureza divina”9, em virtude da Expiação de Cristo e do poder do Espírito Santo.
Ao voltar à atividade na Igreja, Stan recebeu um chamado e, alguns meses depois, foi ordenado élder. Em julho de 2007, Stan e a esposa ajoelharam-se diante do altar, na casa do Senhor, e, pela autoridade e eterna lei de Deus, casaram- se para esta vida e para toda a eternidade.10
Irmãos e irmãs; que redescubramos o poder divino da oração diária e da influência persuasiva do Livro de Mórmon e das santas escrituras. Aos domingos, ao tomar o sacramento, que o façamos em espírito de verdadeira devoção Àquele que nos concede todas as coisas.11
Com nosso empenho máximo — que ainda assim é tão pouco — e devido à infinita bondade do Senhor, “grandes [coisas] são realizadas” por intermédio das “coisas pequenas e simples”.
Por fim, a respeito desses princípios sagrados, permitam-me acrescentar meu testemunho e afirmar minha certeza, em nome de Jesus Cristo. Amém.