2000–2009
A Pedra Cortada da Montanha
Outubro 2007


2:3

A Pedra Cortada da Montanha

O Senhor está cumprindo Sua promessa de que Seu Evangelho será como a pedra cortada da montanha, sem auxílio de mãos.

Pois é, irmãos, eu vivo um fenômeno interessante. O solista canta a mesma música repetidas vezes; a orquestra volta a tocar a mesma música; mas do orador, espera-se que traga algo novo, sempre que falar. Vou romper essa tradição esta manhã e, de certa forma, repetir o que já disse em outra ocasião.

A Igreja tornou-se uma grande família que se espalha pelo mundo. Existem agora mais de 13 milhões de membros em 176 nações e territórios. Algo maravilhoso e extraordinário está acontecendo: O Senhor está cumprindo Sua promessa de que Seu evangelho será como a pedra cortada da montanha, sem auxílio de mãos, que rolaria e encheria toda a Terra, conforme a visão de Daniel (ver Daniel 2:31–45; D&C 65:2). Um grande milagre está acontecendo bem diante de nossos olhos.

Voltemos 184 anos no tempo, para 1823. Era o mês de setembro, a noite de 21 para 22 de setembro, mais precisamente.

O jovem Joseph Smith tinha orado naquela noite antes de se deitar. Ele pediu ao Senhor que perdoasse suas imprudências. Então aconteceu algo miraculoso. Diz ele:

“Enquanto estava assim suplicando a Deus, descobri uma luz surgindo em meu quarto, a qual continuou a aumentar até o aposento ficar mais iluminado do que ao meio-dia; imediatamente apareceu ao lado de minha cama um personagem (…).

Chamou-me pelo nome e disse-me que era um mensageiro enviado a mim da presença de Deus e que seu nome era Morôni; que Deus tinha uma obra a ser executada por mim; e que meu nome seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas, ou que entre todos os povos se falaria bem e mal de meu nome” (Joseph Smith — História 1:30, 33).

Como ele deve ter ficado surpreso com essas palavras! Aos olhos de quem o conhecia, era apenas um jovem pobre e inculto, do interior. Ele não tinha riquezas. Seus vizinhos também não tinham. Seus pais eram agricultores pobres. A região que habitavam era rural e pouco conhecida. Eram pessoas comuns, que sobreviviam à custa de trabalho árduo.

No entanto, o anjo disse a Joseph que seu nome “seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas”. Como seria possível? Essa descrição abrange o mundo inteiro.

Agora, ao contemplar esses 177 anos de organização da Igreja, maravilhamo-nos com o que já ocorreu. Quando a Igreja foi organizada, em 1830, não havia mais que seis membros, um número reduzidíssimo de fiéis, todos moradores de um lugarejo desconhecido. Hoje, tornamo-nos a quarta ou quinta maior igreja da América do Norte, com congregações em todas as cidades de alguma importância. As estacas de Sião hoje florescem em todos os estados norte-americanos, em todas as províncias do Canadá, em todos os estados do México, em todas as nações da América Central e em toda a América do Sul.

Existem congregações da Igreja por toda parte das Ilhas Britânicas e da Europa, onde milhares de pessoas tornaram-se membros ao longo dos anos. Esta obra já alcançou as nações dos Bálcãs, incluindo a Bulgária, a Albânia e outros países daquela parte do mundo. Ela se encontra espalhada pela vastidão da Rússia. Estende-se até a Mongólia, atravessa as nações asiáticas, chega à Oceania, à Austrália e à Nova Zelândia, e alcança a Índia e a Indonésia. Ela está florescendo em muitas nações africanas.

Nossas conferências gerais são transmitidas via satélite e por outros meios, em 92 idiomas.

E isso é apenas o começo. Esta obra continuará a crescer e a prosperar, e cobrirá toda a Terra. Tem de ser assim para que se cumpra a promessa de Morôni a Joseph.

Esta obra é ímpar e maravilhosa. Ela é fundamentalmente diferente de qualquer outro conjunto de doutrinas religiosas que eu conheça.

Quando Jesus habitava a Terra, disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

Aos 14 anos de idade, Joseph teve uma experiência naquela gloriosa Primeira Visão que foi diferente de qualquer outra experiência já registrada de qualquer homem. Em nenhuma outra ocasião de que tenhamos registro, Deus, o Pai Eterno, e Seu Filho Amado, o Senhor ressurrecto, apareceram juntos na Terra.

Quando Jesus foi batizado por João, no Rio Jordão, a voz de Deus foi ouvida, mas Ele não foi visto. No Monte da Transfiguração, mais uma vez a voz de Deus fez-se ouvir, mas não há registro de que Ele tenha aparecido. Estevão viu o Senhor à mão direita do Pai, mas Eles não lhe falaram, nem o instruíram.

Após a Ressurreição, Jesus apareceu aos nefitas no hemisfério ocidental. A voz do Todo-Poderoso foi ouvida três vezes, apresentando o Cristo já ressurrecto, mas o Pai não Se mostrou.

Quão verdadeiramente extraordinária foi essa visão, em 1820, quando Joseph orou no bosque e viu a sua frente o Pai e o Filho, juntos. Um Deles falou-lhe, chamando-o pelo nome e, apontando para o outro, disse: “Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (Joseph Smith — História 1:17).

Nada semelhante havia acontecido antes. Isso nos leva a indagar por que seria tão importante que o Pai e o Filho aparecessem juntos. Acho que foi porque Eles iniciavam aí a dispensação da plenitude dos tempos, a última e final dispensação do evangelho, na qual seriam reunidos os elementos de todas as dispensações anteriores. Esse seria o capítulo final da longa crônica da comunicação de Deus com os homens e mulheres da Terra.

Após a morte do Salvador, a Igreja que Ele estabelecera caiu em apostasia. Cumpriram-se assim as palavras de Isaías, que disse: “A terra está contaminada por causa de seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna” (Isaías 24:5).

Conscientes da importância de conhecer a verdadeira natureza de Deus, os homens buscaram encontrar uma maneira de defini-Lo. O clero erudito discutiu o assunto. Quando Constantino se tornou cristão, no século IV, reuniu um grande número de eruditos na esperança de que eles chegassem a uma compreensão conclusiva sobre a natureza de Deus. Mas tudo o que conseguiram foi uma acomodação de vários pontos de vista, cujo resultado foi o Credo de Nicéia, no ano de 325 d.C. Esse credo e outros que se seguiram tornaram-se a declaração doutrinária da natureza de Deus adotada pela maior parte da cristandade.

Já os li todos, várias vezes, mas não consigo compreendê-los e acho que outras pessoas também não os compreendem. Tenho certeza de que o Senhor sabia que muitos não os compreenderiam. Por isso, em 1820, naquela visão incomparável, o Pai e o Filho apareceram ao jovem Joseph. Eles lhe falaram de viva voz, e ele falou com Eles. Eles enxergavam; Eles falavam; Eles ouviam. Eram pessoas reais. Tinham corpos físicos. Não eram seres imaginários; eram seres revestidos com um tabernáculo de carne. E dessa experiência resultou a nossa compreensão ímpar e verdadeira da natureza de Deus.

Não me admira que, ao escrever as Regras de Fé, em 1842, Joseph tenha declarado na primeira delas: “Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo” (Regras de Fé 1:1).

Como todos vocês bem sabem, ao longo dos anos surgiu uma verdadeira “nuvem de testemunhas”, como Paulo descreveu profeticamente (ver Hebreus 12:1).

Primeiro veio Morôni, com as placas das quais foi traduzido o Livro de Mórmon. Que fato incomum e extraordinário! A história que Joseph contou sobre as placas de ouro era fantástica: difícil de se acreditar e muito fácil de se questionar. Será que ele teria capacidade para escrever um livro desses sozinho? O livro está aí, irmãos, para quem quiser ver, manusear e ler. Todas as explicações para sua origem, exceto a dada por Joseph, caíram por terra sozinhas. Joseph tinha pouco estudo; no entanto, em pouquíssimo tempo, fez a tradução que ao ser publicada tinha mais de 500 páginas.

Paulo declara que “por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (II Coríntios 13:1).

Tínhamos a Bíblia há séculos, e ela é um livro precioso e maravilhoso. Então, surgiu uma segunda testemunha que declara a divindade de Cristo. O Livro de Mórmon é o único livro já publicado, que eu saiba, que traz em si a promessa de que àquele que o ler em espírito de oração e perguntar na oração se é verdadeiro, será revelado, pelo poder do Espírito Santo, o conhecimento de sua veracidade (ver Morôni 10:4).

Desde sua primeira publicação, numa tipografia rural de Palmyra, em Nova York, mais de 133 milhões de exemplares já foram produzidos e ele já foi traduzido para 105 idiomas. Há algum tempo, foi apontado como um dos vinte livros mais influentes já publicados na América do Norte.

Recentemente, um exemplar da primeira edição foi vendido por 105 mil dólares. Porém, mesmo a edição mais barata tem o mesmo valor para o leitor que ama sua linguagem e sua mensagem.

Ao longo de todos esses anos, os críticos tentam explicá-lo. Já falaram contra ele; já zombaram dele; mas ele sobreviveu a tudo e sua influência hoje é maior do que em qualquer outra época de sua história.

Nessa série de eventos, seguiu-se a restauração do sacerdócio, conferido por seres ressurrectos que o possuíam quando o Salvador estava na Terra. Isso ocorreu em 1829, quando Joseph tinha apenas 23 anos de idade.

Depois da restauração do sacerdócio, a Igreja foi organizada em 6 de abril de 1830, quando Joseph ainda era um jovem de 25 anos incompletos. Mais uma vez, sua organização é ímpar e difere de tudo o que existe na cristandade tradicional. Ela funciona principalmente por meio de ministério leigo, e o serviço voluntário é a sua essência. E à medida que ela cresce e se expande pelo mundo, milhares e milhares de homens fiéis e capazes dirigem suas iniciativas.

Hoje, admiro-me das coisas maravilhosas que Deus revelou ao Seu profeta escolhido, que ainda era tão jovem e amplamente desconhecido. A própria linguagem dessas revelações transcende a até ao que homens de grande conhecimento poderiam produzir.

Eruditos de outras denominações, que não aceitam nossas doutrinas peculiares, ficam perplexos diante do grande desenvolvimento desta obra, que toca o coração das pessoas no mundo inteiro. Devemos tudo isso a Joseph, o Profeta, o vidente e revelador, o Apóstolo do Senhor Jesus Cristo, que foi preordenado para vir ao mundo nesta geração, como instrumento nas mãos do Todo-Poderoso, para restaurar à Terra aquilo que o Salvador ensinou quando caminhava pelas estradas da Palestina.

A vocês, hoje, afirmo meu testemunho do chamado do Profeta Joseph, de suas obras, de seu testemunho o qual selou com o próprio sangue, como mártir da verdade eterna. Cada um de vocês pode testificar essas mesmas coisas. Nós todos nos vemos diante da questão pura e simples de aceitar ou não a verdade da Primeira Visão e de tudo o que a seguiu. Sobre a questão de sua veracidade repousa todo o fundamento desta Igreja. Se a visão é verdadeira — e testifico que é — então, a obra na qual estamos empenhados é a mais importante de toda a Terra.

Deixo-lhes o meu testemunho da veracidade dessas coisas, e invoco sobre vocês as bênçãos dos céus. Que as janelas dos céus se abram e as bênçãos se derramem sobre vocês, como o Senhor prometeu. Nunca se esqueçam de que Ele fez a promessa e de que Ele tem todo o poder e é perfeitamente capaz de fazer com que se cumpra. Isso rogo em oração e deixo-lhes meu amor e bênção, no sagrado nome de nosso Redentor, sim, do Senhor Jesus Cristo. Amém.