Liderar o caminho na América do Sul
Quase todos os primeiros conversos da Igreja na Argentina eram imigrantes europeus que buscavam melhorar sua situação financeira. Os conversos alemães Wilhelm Friedrichs e Emil Hoppe foram os primeiros a pregar o evangelho restaurado na Argentina, fazendo um enérgico trabalho de proselitismo embora não tivessem autoridade para batizar. Friedrichs e Hoppe escreveram artigos de jornal, fizeram palestras e bateram de porta em porta para divulgar a mensagem.
O trabalho era difícil, e a dupla era frequentemente rejeitada. “Não podíamos entrar nas casas”, relatou Friedrichs, “mas tínhamos que ficar na rua e bater palmas, então, se alguém viesse para fora e aceitasse um folheto, tudo bem, mas, na maioria dos casos, eles não aceitavam”.
Inicialmente, eles realizavam as reuniões da Igreja na casa de Friedrichs, e seu filho acompanhava os hinos num bandolim. Um ano depois, eles estavam realizando reuniões em três subúrbios de Buenos Aires para reduzir o tempo de viagem das pessoas. Algumas pessoas estavam tão comprometidas que começaram a pagar o dízimo enquanto aguardavam o batismo. Friedrichs informou à sede da Igreja o que estava acontecendo e pediu que fossem enviados missionários para a Argentina.
O élder Melvin J. Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos, Rulon S. Wells e Rey L. Pratt chegaram a Buenos Aires em dezembro de 1925. Imediatamente se reuniram com as congregações dali. Em 12 de dezembro, seis pessoas — Jacob, Anna e Herta Kullick; Ernst e Maria Biebersdorf; e Elisa Plassman — tornaram-se as primeiras da Argentina e da América do Sul a serem batizadas. Duas semanas depois, no dia de Natal, Ballard dedicou a América do Sul para o trabalho missionário.
Quando Ballard e Pratt pediram para visitar os imigrantes italianos Donato e Emilia Gianfelice, o casal inicialmente hesitou em aceitar a visita porque sua casa era construída com caixotes de madeira empilhados sobre um piso de terra batida. Em sua primeira reunião, a família Gianfelice desejou ouvir uma lição sobre a oração. Aprenderam a se ajoelhar e a fazer uma oração básica, e logo foram batizados. Depois disso, dedicaram-se inteiramente ao evangelho.
Numa fria noite de domingo, Donato andou 65 quarteirões, sob a chuva em ruas inundadas, até o apartamento dos missionários. Suplicou-lhes que “orassem para que o Senhor o perdoasse”. Quando pagou seu dízimo naquela tarde, tinha “calculado errado e pago 20 centavos a menos ao Senhor” (o que na época correspondia a 5 centavos de dólar). Não podia esperar até a terça-feira, quando os missionários estariam em sua casa, porque, disse ele, “eu não conseguiria dormir sabendo que havia trapaceado o Senhor em relação ao meu dízimo”.
O imigrante espanhol Mariano Borén frequentou várias igrejas por anos, em busca da verdade. A família de sua esposa se opunha àquela busca, alegando que ele era louco, e eles o internaram. Os médicos logo lhe deram alta, dizendo que era “um homem normal, muito religioso”. Sem se deixar abater, ele continuou até que, sem conseguir encontrar a verdade, alugou um salão onde ele e amigos que pensavam de modo semelhante se reuniram todos os domingos, por alguns anos, para estudar a Bíblia.
Por fim, 27 anos depois de chegar à Argentina, Borén recebeu um folheto da Igreja. Com uma Bíblia na mão, ele e um amigo fizeram muitas perguntas aos missionários sobre passagens que os intrigavam. Depois de duas sessões, ele anunciou: “Encontrei a igreja que eu procurava”. Ele foi batizado no dia de Natal de 1934, e quase todos os membros do grupo de estudo também se filiaram.
Depois de seu batismo, Borén disse a seu filho Samuel que “fizesse uma placa: ‘Esta loja está fechada aos domingos’”. Samuel achou que era um erro fechar no dia mais lucrativo. “Faça outra placa”, disse o pai. “‘Não vendemos mais café nem chá preto.’” Apesar dessa redução nos negócios, Borén ainda assim foi capaz de prover seu sustento e ainda subsidiar o aluguel de muitos membros pobres.
Na metade final do século 19, mais de 6 milhões de imigrantes do mundo inteiro se estabeleceram na Argentina. No final da década de 1920, a Argentina era um país diversificado e cosmopolita. Como resultado, grande parte do sucesso inicial da Igreja na Argentina foi em meio a comunidades de imigrantes. Na sessão de uma conferência de missão, em 1942, a Igreja comemorou essa diversidade, fazendo com que conversos de 13 países diferentes lessem cada um em seu idioma nativo uma das Regras de Fé.