Uma Prova de Minha Fé
Durante uma época de debilidade espiritual em minha vida como membro da Igreja, um incidente em particular renovou minha fé.
Estava em um barco nas Filipinas, indo visitar minha mãe. O barco estava lotado de passageiros, alguns apreciando a beleza do horizonte azul, outros rindo e conversando com amigos e conhecidos. Sentia-me só e perdida no meio de todas aquelas pessoas. A visita à minha mãe, depois de alguns anos de separação, causava-me tanto ansiedade como hesitação.
Pertenço a uma família muito religiosa. Quando seus rituais religiosos diários começaram a parecer infindáveis e sem sentido, pesquisei outras igrejas, até que, finalmente, filiei-me à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Devido aos vigorosos programas da Igreja, as doutrinas sólidas, os ensinamentos relevantes do evangelho e a atmosfera amigável, senti-me muito mais feliz do que antes de abraçar o evangelho. Minha família, no entanto, não ficou satisfeita com minha decisão.
Mas depois de meu batismo, no que mais tarde reconheci como um teste de fé, comecei a duvidar, e gradualmente perdi a firmeza para segurar na barra de ferro. Não cometi nenhum pecado grave, mas já não era tão diligente como deveria ser. Então, lembrei-me de minha mãe, uma mulher devota, bondosa e compreensiva que, a despeito de todas as provações de sua vida, permaneceu fiel à sua crença. Quando contei-lhe sobre minha decisão de filiar-me a outra igreja, ela disse com um olhar pesaroso: “A religião a que pertencemos é um legado de nossos antepassados, mas se você acha que estará melhor nessa nova igreja, vá em frente. Mas assegure-se de ser fiel a ela e defender a verdade que você segue”.
Esse pensamento trouxe-me uma onda de constrangimento. Como posso encarar minha mãe com essa chama quase apagada de fé? E se ela me perguntar como estou indo em minha nova religião? Conseguirei encará-la sem sentir-me constrangida?
Enquanto pensava em todas essas questões, ouvi as palavras igreja e religião. Um homem, de aproximadamente quarenta anos, parecia estar forçando a senhora ao meu lado a interessar-se pelos princípios de sua igreja. Percebendo que estava sendo molestada, tentei ajudar.
Olhando fixamente para o homem, perguntei: “A que igreja o senhor pertence?” Por um segundo, seus olhos brilharam, mostrando seu entusiasmo e satisfação, como se dissesse: “Eis uma alma desejosa de ouvir minha pregação.” Levantou-se de um salto e aproximou-se de mim. Apresentou-se como um ministro. Reconheci o nome de sua igreja —conhecida pelos acalorados debates religiosos.
Fiquei preocupada, mas tentei não deixar transparecer. Pensei: Não agora, que estou perdendo meu equilíbrio espiritual. Como posso defender minha fé com a mente repleta de dúvidas ? Uma rápida olhada para a senhora, fez-me desejar não me ter intrometido. Ela fitou-me, reafirmando sua confiança em mim, incentivando-me a defender minha crença. Reuni coragem e orei em silêncio e sinceramente por ajuda nesse confronto inesperado.
Um sentimento de confiança envolveu todo o meu ser. Disse-lhe, então: “Sou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Sem dar-me chance de dizer mais, ele interrompeu: ”Sei tudo sobre sua igreja e seu fundador”. E continuou a fazer comentários ofensivos sobre o Profeta Joseph Smith, as placas de ouro e o Livro de Mórmon. Disse que tudo não passava de falácia.
O que senti depois disso me surpreendeu. Senti um forte desejo de defender minha religião. Mas não estava eu sendo levada à deriva da Igreja?
O que mais me surpreendeu foram as firmes declarações que saíram de minha boca, atestando a veracidade e realidade do Profeta Joseph Smith, da Primeira Visão e do Livro de Mórmon. Acrescentei que as opiniões negativas das pessoas a respeito de Joseph Smith não mudariam meu testemunho de que ele foi escolhido por Deus para restaurar Sua Igreja, nesta última dispensação.
Mal podia acreditar na fluência com que aquelas verdades saíram de minha boca. Naquele momento, tive a certeza de que o Espírito estava lá para testificar na prova de minha fé.
Com a fé renovada, lembrei-me da declaração em Éter 12:6: “Não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé”. Quando este versículo penetrou em meu coração, fiz uma oração em agradecimento ao meu Pai Celestial. Um sentimento de paz envolveu-me, e descobri que estava pronta para encontrar minha mãe e compartilhar com ela as bênçãos de alegria e paz que o evangelho traz à minha vida.
Aurelia S. Diezon é membro do Ramo Calape, Distrito Calape Filipinas.