Dízimo: Uma Prova de Fé com Bênçãos Eternas
Paguem o dízimo. Destranquem as janelas do céu. Vocês serão grandemente abençoados por sua obediência e fidelidade às leis e mandamentos do Senhor.
O dízimo é uma prova de fé com bênçãos eternas.1 No Velho Testamento, Abraão provou sua fé ao pagar seus dízimos ao sumo sacerdote Melquisedeque.2 O neto de Abraão, Jacó, prometeu solenemente ao Senhor: “De tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.3
O dízimo foi estabelecido nestes últimos dias como uma lei essencial aos membros da Igreja restaurada do Senhor. É um dos meios fundamentais pelos quais testificamos nossa fé Nele e nossa obediência a Suas leis e mandamentos. O dízimo é um dos mandamentos que nos qualificam, por causa de nossa fé, para entrar no templo — a casa do Senhor.
Apenas três meses depois do martírio do Profeta Joseph Smith, quando os santos estavam construindo o Templo de Nauvoo, Brigham Young escreveu, em nome do Quórum dos Doze Apóstolos:
“Entrem séria e regularmente em uma observância rígida da lei do dízimo; (…) venham, então, à Casa do Senhor e sejam ensinados em seus caminhos, e andem em suas veredas.”4
A estrita observância da lei do dízimo não só nos qualifica para receber as mais elevadas ordenanças salvadoras do templo, mas também nos permite recebê-las em lugar de nossos antepassados. Certa vez perguntaram ao Presidente John Taylor, então membro do Quórum dos Doze, se os membros da Igreja que não pagavam o dízimo poderiam batizar-se pelos mortos. Ele respondeu: “Aquele que não paga seu dízimo não serve para ser batizado em favor de seus mortos. (…) Se alguém não possui fé suficiente para cumprir coisas assim pequenas, não terá fé suficiente para salvar-se nem a seus amigos.”5
O dízimo desenvolve e prova a nossa fé. Ao sacrificarmos ao Senhor aquilo que julgamos ser-nos necessário ou desejável, aprendemos a depositar nossa confiança Nele. Nossa fé no Senhor ajuda-nos a guardar os convênios e receber as bênçãos eternas do templo. A pioneira Sarah Rich, esposa de Charles C. Rich, escreveu em seu diário, depois de sair de Nauvoo: “Foram muitas as bênçãos que recebemos na Casa do Senhor, as quais nos trouxeram felicidade e consolo em meio a todo esse sofrimento, e nos possibilitaram ter fé em Deus e saber que Ele nos guiaria e susteria durante a jornada desconhecida que se estendia diante de nós.”6
Assim como os pioneiros, a obediência ao pagamento do dízimo fortalece nossa fé, e essa fé dá- nos sustento para sobrepujar as provações, tribulações e sofrimentos durante a jornada de nossa vida.
O dízimo também nos ensina a controlar nossos desejos e paixões pelas coisas do mundo. O pagamento do dízimo incentiva-nos a ser honestos em todas as transações com nosso próximo. Aprendemos que o que nos é dado, por meio das bênçãos do Senhor e do nosso esforço diligente, é suficiente para suprir nossas necessidades.
O dízimo tem um propósito especial como lei preparatória. No início desta dispensação, o Senhor mandou determinados membros da Igreja viverem a lei da consagração, uma lei recebida por convênio. Quando esse convênio deixou de ser cumprido, vieram grandes tribulações sobre os Santos.7 A lei da consagração foi então revogada. Em seu lugar, o Senhor revelou a lei do dízimo para toda a Igreja.8 Em 8 de julho de 1838, Ele declarou: “E este será o início do dízimo de meu povo. (…) Os que assim tiverem pagado o dízimo pagarão a décima parte de toda a sua renda anual; e isto será uma lei permanente para eles.”9
A lei do dízimo prepara-nos para viver a lei da consagração, que é mais elevada e consiste em dedicar e doar todo o nosso tempo, talentos e recursos em prol da obra do Senhor. Até o dia em que nos for exigido viver essa lei maior, precisamos cumprir o mandamento de viver a lei do dízimo, que é doar liberalmente10 dez por cento de nossa renda anual.
Para aqueles que vivem a lei do dízimo fiel e honestamente, o Senhor promete bênçãos em abundância. Algumas dessas bênçãos são materiais, assim como o dízimo é material. Mas do mesmo modo que as ordenanças do batismo e do sacramento têm aparência física, o mandamento de pagar o dízimo exige sacrifício material, o que acaba por produzir grandes bênçãos espirituais.
Conheço um casal que morava a milhares de quilômetros do templo mais próximo. Embora seus ganhos fossem parcos, pagavam fielmente o dízimo e economizavam tudo o que podiam para fazer uma viagem até a casa do Senhor. Depois de um ano, o irmão do marido, que não era membro da Igreja, ofereceu-lhes inesperadamente duas passagens de avião. Essa bênção material tornou possível a bênção espiritual da investidura e selamento do casal, no templo. Outra bênção espiritual veio mais tarde, quando esse irmão, tocado pela humilde fidelidade do casal, veio a tornar-se também membro da Igreja.
As bênçãos materiais e espirituais do dízimo são especificamente adaptadas a nós e a nossa família, de acordo com a vontade do Senhor. Mas para recebê-las, precisamos obedecer à lei na qual elas se baseiam.11 No que se refere ao dízimo, o Senhor nos disse: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”12
Há alguém entre nós que rejeite intencionalmente as bênçãos que o Senhor tem para derramar? Infelizmente, é isso que fazemos quando deixamos de pagar nosso dízimo. Dizemos não justamente às bênçãos que buscamos e pelas quais oramos. Se vocês duvidam das bênçãos do dízimo, eu os incentivo a aceitar o convite feito pelo Senhor, de “fazer prova Dele nisso”. Paguem o dízimo. Destranquem as janelas do céu. Vocês serão grandemente abençoados por sua obediência e fidelidade às leis e mandamentos do Senhor.
Asseguro-lhes que essas bênçãos são derramadas igualmente sobre ricos e pobres. Como diz a letra de um hino, “é o sacrifício que nos garante as bênçãos do céu”, e não o montante das contribuições que fizemos.13 Os membros que doam liberalmente 10 por cento de seu rendimento anual recebem todas as bênçãos prometidas do dízimo, quer o total doado corresponda às moedas da viúva ou ao tesouro do rei.
Há anos visitei uma capela de outra denominação religiosa. Havia janelas de um belíssimo vidro jateado, trazido da Europa, e nelas estava inscrito o nome de quem as doara; no majestoso púlpito, feito dos cedros do Líbano, incrustavam-se as iniciais de um rico benfeitor; os melhores bancos estavam reservados para as famílias proeminentes que fizeram as maiores doações para o fundo de construção da capela.
Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é diferente, todo aquele que paga integralmente seu dízimo é reconhecido e abençoado igualmente pelo Senhor, sem honras e recompensas públicas especiais. Ele “não faz acepção de pessoas”.14 Sua lei quanto à renda da Igreja é realmente igualitária.
O modo segundo o qual o dízimo é distribuído é significativo em nossos dias. Quando vemos os exemplos de cobiça e avareza entre alguns funcionários irresponsáveis de entidades, sentimo-nos gratos porque o Senhor nos proveu um modo para a administração do dízimo, sob Sua direção.
Por revelação, os bispos são ordenados para “manter o armazém do Senhor; receber os fundos da igreja”.15 Espera-se que tanto o bispo quanto os secretários paguem integralmente seu dízimo e vivam prudentemente, dentro do próprio orçamento. Imediatamente após receber as doações de dízimo dos membros de sua ala ou ramo, esses líderes locais transferem esses fundos diretamente para a sede da Igreja.
Depois, segundo a revelação do Senhor, o uso do dízimo é determinado por um conselho formado pela Primeira Presidência, o Quórum dos Doze Apóstolos e o Bispado Presidente. O Senhor afirma especificamente que o trabalho do conselho deverá ser dirigido “por minha própria voz a eles”.16 Esse conselho denomina-se “Conselho de Uso do Dízimo”.
É notável presenciar esse conselho prestando atenção à voz do Senhor. Cada membro tem conhecimento e participa de todas as decisões do conselho. Nenhuma decisão é tomada sem que o conselho chegue à unanimidade. Todos os fundos de dízimo são usados para os propósitos da Igreja, o que inclui o bem-estar (que é o auxílio aos pobres e necessitados) os templos, a construção e manutenção das capelas, a educação, os materiais de currículo, em resumo, a obra do Senhor.
Um amigo do Presidente George Albert Smith perguntou-lhe o que achava do projeto que fizera de doar o dinheiro com que pagaria o dízimo para instituições de caridade que ele mesmo escolhesse. O Presidente Smith deu esta opinião:
“Acho que você é muito generoso com a propriedade de outrem. (…) Contou-me o que fez com o dinheiro do Senhor, mas não me disse ter dado um centavo de seu para quem quer que fosse. Ele é o melhor sócio que você tem no mundo: dá-lhe tudo o que você tem, até mesmo o ar que respira. O Senhor disse que você deve tirar um décimo do que ganha e dá-lo à Igreja, conforme indicado por Ele. Você não fez isso; pegou o dinheiro de seu melhor sócio e o distribuiu.”17
O dízimo dos membros da Igreja pertence ao Senhor. Ele decide, por meio de um conselho formado por Seus servos, como deve ser usado.
Aos membros da Igreja e a outros, no mundo inteiro, eu presto meu testemunho a respeito do Conselho de Uso do Dízimo. Fiz parte desse conselho por 17 anos, como Bispo Presidente da Igreja e, atualmente, como membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Sem exceção, os fundos do dízimo desta Igreja têm sido usados para Seus propósitos.
O Senhor quer que todos os Seus filhos recebam as bênçãos do dízimo. Com freqüência nós, como pais, não ensinamos e incentivamos nossos filhos a viver essa lei porque sua contribuição totaliza somente alguns centavos. Mas sem um testemunho do dízimo, eles ficam vulneráveis. Quando atingirem a adolescência, sentir-se-ão atraídos por roupas, entretenimento e coisas caras, arriscando-se dessa forma a perder a proteção especial que o dízimo proporciona.
Com o passar do tempo, qual será a possibilidade de que um rapaz seja ordenado élder, sirva em uma missão e ensine eficazmente a lei a outras pessoas, se ele mesmo não a viveu? Quando voltar para casa e precisar enfrentar as pressões de formar-se, de iniciar uma família e uma carreira profissional, será que a lei do dízimo ficará mais fácil de seguir? Do mesmo modo, uma jovem será digna de servir ao Senhor e realizar os convênios do casamento celestial sem ter recebido um testemunho próprio a respeito do dízimo? Será que estará preparada para ensinar a seus filhos uma lei que ela mesma ainda não aprendeu por experiência própria? Oh, quanta fidelidade é exigida dos pais e mães que, unidos, invocam as bênçãos de proteção do dízimo sobre sua família, bênçãos que são deles por direito! O Presidente Lorenzo Snow disse: “Ensinai vossos filhos a pagar o dízimo, para que isso seja observado perpetuamente. Se observarmos essa lei, não importa o que o inimigo venha a fazer, o Senhor nos preservará”.18
Dentro de algumas semanas, cada um de nós terá a sagrada oportunidade de apresentar-se diante do bispo e fazer o acerto de dízimo com o Senhor. Seu bispo será bondoso e gentil. Compreenderá os problemas que vocês enfrentam. Se não puderem pagar tudo o que deixaram de pagar no passado, sigam em frente. Comecem hoje. Fale com o bispo sobre sua determinação em pagar o dízimo integralmente doravante e façam um planejamento para voltar a freqüentar o templo o quanto antes. Assim que houverem demonstrado sua fé, pagando o dízimo por um determinado período e cumprindo os demais mandamentos necessários, vocês estarão aptos a desfrutar das bênçãos eternas do templo. Imploro a vocês, não deixem que passe essa oportunidade. Não deixem para depois.
Pais e mães, ao prepararem-se para o acerto do dízimo, eu os incentivo a reunirem seus filhos pequenos e a ajudá-los a contar os centavos. Ajudem seus filhos adolescentes a consultar os registros que tiverem e a fazer um levantamento de seus rendimentos anuais. Que oportunidade de ouro para plantar a semente da fé no coração de seus filhos! Com isso, vocês os colocarão no caminho que conduz ao templo. Tanto as gerações de seus antepassados, que vieram antes de vocês, quanto sua posteridade, que virá depois, levantar-se-ão e os chamarão bem-aventurados, pois estarão preparando seus filhos para realizar as ordenanças de salvação em seu benefício. Não é coincidência, amados irmãos e irmãs, que sob a direção do profeta vivo de Deus sobre a Terra, nos dias de hoje, o Presidente Gordon B. Hinckley, os templos estejam-se espalhando sobre a face da Terra. Se obedecermos aos mandamentos, que incluem o pagamento do dízimo, estaremos qualificados para entrar nesses templos, ser selados à nossa família e receber as bênçãos eternas.
Exorto-os a que não procrastinem e a que atendam ao mandamento do Senhor de viver a lei do dízimo. Conheço dois missionários que visitaram uma família muito pobre. A casa era de taipa, o chão era de terra e não havia eletricidade, nem camas. Todas as noites o pai, lavrador, gastava todo o ganho do dia em alimentos, que trazia para o modesto jantar. Ao sair desse lar tão humilde, o companheiro sênior pensou consigo mesmo: “A lei do dízimo será certamente um grande obstáculo para essa família. Talvez seja prudente não tocar nesse assunto por enquanto”. Alguns momentos depois, o companheiro júnior, que crescera em situação semelhante em seu próprio país, expressou em voz alta o que pensava: “Sei que o princípio do dízimo não será ensinado nas próximas quatro palestras, mas por favor, vamos ensiná-lo na próxima visita? Eles precisam ficar sabendo do dízimo agora, pois necessitam muito da ajuda e das bênçãos do Senhor”.
Esse missionário sabia que “há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes da fundação deste mundo, na qual todas as bênçãos se baseiam— e quando recebemos uma bênção de Deus, é por obediência à lei na qual ela se baseia”.19 O Senhor quer abençoar essa família e espera ansiosamente por sua obediência, para que possa fazê-lo.
Amados irmãos e irmãs, as bênçãos eternas do dízimo são reais. Já as experimentei em minha vida e na vida de minha família. A prova de nossa fé consiste em ver se viveremos a lei do dízimo por nossa obediência e sacrifício. Pois, segundo o Profeta Joseph Smith: “Uma religião que não exige o sacrifício de todas as coisas não tem força suficiente para produzir a fé necessária à vida e à salvação”.20
Testifico a vocês que o Senhor Jesus Cristo sacrificou Sua vida para trazer essa salvação a cada um de nós. Como Sua testemunha especial, eu testifico que Ele vive e, em Seu nome, expresso minha gratidão a vocês, às crianças, às viúvas, aos jovens, às famílias — aos fiéis — por seus dízimos sagrados. “Tu que soubeste assim me amar, dando aos humildes teu amor, vem para o gozo do Senhor.”21 No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.