Luz em uma Terra de Mistério
A luz do evangelho expande-se no Nepal, graças aos jovens que aceitaram seu papel de pioneiros.
Para a maior parte do mundo, o Nepal é uma terra de mistério. No mapa, mal pode ser encontrado, incrustado como está entre o Tibete Chinês e a Índia. O Nepal é uma terra de gentileza, beleza e cores vibrantes. É a terra do Sagarmatha, como é chamado popularmente o Monte Everest.
É uma terra de hinduísmo e budismo, e um lugar onde tudo que é adorado—rochas, árvores, estátuas de pedra com muitos braços—está coberto por um pó vermelho e desgastado pela constante esfregação do pó. Esfregar pó nesses objetos é uma forma de respeito, e, ao fazê-lo, o povo nepalês ora ao deus representado pela rocha ou árvore. A saudação nepaleza namaste , significa “inclino-me ao deus que está em teu interior”.
Abaixo dos degraus de arrozais que escalam as encostas da montanha, no centro da movimentada capital de Kathmandu, existe um pequeno ramo da Igreja. Em um país onde os missionários não estão autorizados a ensinar, este ramo de 50 membros ativos está progredindo. Muito de seu sucesso deve-se aos jovens que se tornaram pioneiros da Igreja e do cristianismo no Nepal.
Como conseguiram ser tão bem-sucedidos, tendo em média 12 batismos por ano, quando não há missionários de tempo integral para disseminar o evangelho? Uma vez convertidas, as pessoas nepalezas podem ensinar umas às outras, e esses jovens não têm tido medo de falar sobre sua nova religião.
Irmãs e Amigas
Se perguntarem a Manita Maharjan, de 13 anos de idade, a respeito da Igreja, ela alegremente lhes contará sua história em belo inglês. Quando tinha sete anos, morava perto de duas amigas, irmãs Usha e Sabita Thapa, que se tinham afiliado à Igreja. Elas a traziam regularmente à Igreja e Manita diz que sempre se sentia feliz ali. “Quando pequena, recebia muito amor dos membros do ramo”, diz ela. “Ao crescer, aprendi a tocar piano, reger a música e compartilhar meus talentos. Aprendi a orar e estudar o evangelho. Agradeço a Usha e Sabita por me trazerem a este mundo feliz.” Manita tornou-se a melhor aluna de sua classe na escola e regularmente traz suas colegas à Igreja.
Esse mesmo tipo de amor trouxe outra mocinha para o evangelho. Monika Gurung, atualmente com 14 anos, também veio sob as asas das irmãs Thapa. Sua família já era cristã, mas ela diz que sentiu um prazer imenso ao se unir à Igreja. “Aqui todos me amam, e eu os amo também”, diz ela. “Ainda sou o único membro de minha família, mas todos os sábados trago meus irmãozinhos comigo.” (No Nepal, o dia santificado é o sábado.)
Monika também é uma das melhores alunas de sua classe na escola. Ela recebeu permissão para fazer um discurso na escola sobre e Igreja e o Livro de Mórmon. Isso não é comum nas escolas, mas Monika pôde fazer a apresentação por ser uma ótima aluna.
Para demonstrar seu amor pela sua cultura, tanto Monika como Manita apresentam danças folclóricas nepalezas, vestidas com trajes típicos, com graça e habilidade profissionais.
Verdadeiramente Comprometido
No dia seguinte ao batismo de Veswengal Gharti Chhetri (conhecido como G.C.) um grupo político do Nepal convocou uma bund (greve). Isso significava que nenhum veículo podia transitar pelas estradas. Mas G.C., que mora a uma grande distância do local onde o ramo se reúne, sabia que as pessoas estavam contando com sua presença na Igreja, a fim de ser confirmado. Ele caminhou 2 horas e meia para chegar à igreja pelas estradas que, sem trânsito de veículos, estavam cheias de pessoas e animais.
Ele ouviu falar sobre a Igreja na escola em que leciona, quando escutou uma jovem professora SUD conversando sobre o evangelho com o diretor. Logo chegou-se a Ramesh Shrestha e começou a fazer perguntas. Agora, com 21 anos e membro da Igreja há apenas alguns meses, ele foi chamado como presidente dos Rapazes. “A Igreja era algo mais do que eu esperava.” Ele gosta muito dos conceitos de casamento eterno, arbítrio, a Palavra de Sabedoria e o plano de salvação. Os talentos de G.C. são o calor de sua personalidade e o grande amor que tem pelas pessoas, que o fazem bem enquadrar-se ao seu segundo chamado, como missionário do ramo. Quando lhe é perguntado por que gosta de ensinar o evangelho, ele responde: “Não é bom possuir alguma coisa tão deliciosa e não compartilhá-la”.
O amor parece ser a principal chave para o crescimento do ramo em Kathmandu.
Alcançando Novas Alturas
Como as compactas montanhas Himalaya no norte, que geologicamente são jovens e estão sendo constantemente modificadas pela natureza, a vida desses jovens estão sendo transformadas pelo evangelho. O jovem Suman Shilpakar, de 16 anos, diz que a Igreja realizou uma maravilhosa diferença em sua vida. Ele não se sente mais tímido e inseguro. Sabe que as escrituras têm as respostas para todas as suas perguntas sobre a vida.
Preeti Khadgi diz que se tornou mais bondosa e aprecia conversar mais com as pessoas desde que se tornou membro da Igreja. Preeti é uma das poucas cuja família completa uniu-se à Igreja, começando por seu pai, que foi o primeiro nepalês a ser batizado no Nepal e é agora o presidente do ramo.
Antes de filiar-se à Igreja, a mãe de Preeti tivera um sonho no qual encontrou um meio “de tornar todos os seus filhos bons filhos”. A família Khadgi sente que a Igreja está realizando esse sonho. O irmão de Preeti, Pratik, está atualmente servindo na Missão Índia Bangalore.
No Nepal, os estudantes precisam ser aprovados nos exames da 10ª série para continuar na escola. Se forem reprovados, seus estudos estão acabados. “Um de meus professores”, diz Preeti, “queria que eu fosse à escola no dia santificado para estudar uma lição para o exame. Expliquei-lhe que não podia; eu tinha que ir à Igreja.”
“Isso é necessário?” perguntou ele.
“É”, respondeu Preeti. “Tenho uma responsabilidade como professora.” Mais tarde ela foi aprovada no “portão de ferro”, o nome que ela dá a esses rigorosos testes. “Orei para que, o que eu tivesse aprendido, o Pai Celestial me ajudasse a lembrar”, disse ela.
Um Desafio Diário
Para as famílias nepalesas, tomar chá com leite pela manhã é uma tradição arraigada. Em todas as casas e em todos os pequenos estabelecimentos que ladeiam as ruas estreitas, pequenos fogões fazem a infusão de chá. Começar a seguir a Palavra de Sabedoria tem sido difícil para muitos desses jovens conversos.
Quando o irmão mais velho de Deepak Shrestha, que foi o primeiro missionário do Nepal a servir em uma missão, lhe disse que a Igreja era a maior coisa do mundo, Deepak ficou interessado. Depois, seu irmão desafiou-o a viver de acordo com a Palavra de Sabedoria. Deepak sentiu logo a sabedoria desse conselho porque “ela afeta o futuro”. O resultado dessa decisão foi o início do crescimento contínuo e forte do testemunho do evangelho, possuído por Deepak.
A Esperança de um Livro de Mórmon em Nepalês
Bikki Sahi, de dezessete anos, foi batizado recentemente, e, como a maioria dos outros jovens santos dos últimos dias daqui, ele é o único membro em sua família. Ele tem um sentimento profundo de ter “escolhido o caminho certo”. Bikki tem um belo testemunho, ainda que seja novo: “Logo que vim para a Igreja, senti paz em meu coração”, diz ele. “Senti também que minhas preocupações e tristezas foram embora. Os irmãos e irmãs demonstraram-me seu amor e me ensinaram sobre Jesus Cristo e o Livro de Mórmon. Quando obedeci os mandamentos, isso ajudou-me a melhorar meus hábitos e me senti bem. Sei que Jesus é o Cristo e que o Livro de Mórmon é verdadeiro.”
A única coisa que esses jovens lamentam é não ter o Livro de Mórmon na língua nepalesa. Para os que não falam bem o inglês, é difícil estudar o evangelho. Eles precisam aceitar somente pela fé e aprender o que podem em classe. Mesmo para aqueles que têm boa fluência em inglês, é um grande esforço.
Embora sintam falta de um Livro de Mórmon em nepalês, esses jovens preenchem sua vida com a escola, a Igreja e atividades culturais. Eles cantam, apresentam danças nepalesas e tocam piano. Eles jogam boliche e fazem escaladas e já tentaram jogar golfe e fazer exercícios de tae-bo , uma mistura de kick-box e artes marciais. Realizam projetos de serviço e apreciam seus amigos, tanto da Igreja como de fora. Encaram a vida com entusiasmo.
Em meio às incríveis montanhas e vales do Nepal, uma voz clara está soando. Ela é jovem, vibrante e cheia de fé. Esses adolescentes são pioneiros no sentido mais verdadeiro da palavra. Estão levando avante o evangelho em sua terra natal. Esses jovens conversos continuarão a trazer pelo amor seu povo ao evangelho, até o dia em que esse país abrir suas portas dando boas-vindas aos missionários.
Namaste.
Lynne S. Topham está servindo, com seu marido, W. Sanford Topham, na Missão Índia Bangalore. Eles são membros da Quarta Ala de Parowan, Estaca de Parowan Utah.