Não Dei Ouvidos
Quando eu tinha cerca de 17 anos de idade, fui com um primo ver um filme no outro lado da cidade. Em seguida, meu primo sugeriu que eu fosse dormir na casa dele, mas recusei, pois queria voltar para casa.
Não havia iluminação pública onde eu estava, assim comecei o trajeto no escuro. Naquela fase da minha vida, eu não era muito autoconfiante. Para diminuir meus temores, comecei a cantar em voz baixa ao caminhar. Quanto mais andava, mais medo sentia.
Ao passar por um estádio de futebol, ouvi uma voz mansa e delicada dizer-me: “Thierry, mude de calçada!” Não quis acreditar que fosse algo além do medo, assim ignorei a voz. Depois de andar vários metros, a voz tornou-se mais distinta: “Thierry, mude de calçada!” Mais uma vez, eu disse a mim mesmo que se tratava apenas de medo. Continuei no mesmo lado da rua, a essa altura quase correndo. De repente, ouvi a voz pela terceira vez: “Thierry, mude de calçada agora!” Não dei ouvidos.
Então, vi na esquina seguinte quatro ou cinco pessoas. Corri para o outro lado da rua, mas era tarde demais. Fui visto pelo grupo, que me atacou e quis roubar tudo o que eu tinha nos bolsos. Tentei defender-me, mas não pude fazer muito. Por fim, caí e permaneci deitado no chão, fingindo estar inconsciente. Quando todos se foram, levantei-me com dificuldade e corri para casa o mais rápido que pude.
Vinte anos depois dessa aventura, hoje trabalho no ramo de segurança. Já vivi situações mais arriscadas do que essa e ouvi outras vezes a voz que me indica o que fazer. Nem é preciso dizer que hoje não preciso ser advertido três vezes.
Sei que essa experiência que tive quando jovem, embora dolorosa, permitiu-me descobrir a voz do Espírito Santo. Hoje, essa voz é muito familiar para mim
Thierry Hotz é membro da Ala Vitrolles, Estaca Nice França.