Oração, Fé e Família: Pedras que Pavimentam o Caminho para a Felicidade Eterna
O Pai Celestial ouvirá a nossa humilde oração e nos dará o consolo e a orientação que buscamos.
Era o dia seguinte ao Natal de 1946, em Santa Clara, Utah. Eu, na época um menino de nove anos, pedi à minha mãe que me deixasse estrear meu presente de Natal, um conjunto de arco e flechas, caçando coelhos na colina atrás de nossa casa. Já era fim de tarde e mamãe relutou, mas meu poder de persuasão fez com que ela acabasse concordando, desde que eu retornasse antes do anoitecer.
Ao atingir o alto da colina, coloquei uma flecha no arco e comecei a caminhar silenciosamente pelas moitas e arbustos, na esperança de encontrar um coelho alimentando-se ao pé das salvas, onde a grama macia ainda estava verde.
Fui surpreendido por um grande coelho que pulou de dentro de um arbusto bem à minha frente. Puxei a corda do arco para trás, mirando rapidamente, e lancei a flecha contra o coelho que fugia em passo acelerado. A flecha errou o alvo e o coelho desapareceu por entre os arbustos.
Fui até onde pensei que a flecha houvesse caído para ver se a encontrava. O conjunto só tinha cinco flechas e eu não queria perder aquela. Procurei onde a flecha deveria estar, mas ela não estava lá. Olhei em toda a área onde tinha certeza de que a flecha caíra, mas não a encontrei.
O sol se punha no ocidente. Eu sabia que iria escurecer em cerca de 30 minutos e não queria chegar tarde em casa. Procurei novamente na área onde a flecha deveria estar, olhando cuidadosamente debaixo de cada moita, mas não a encontrei.
O tempo estava-se esgotando e eu precisava começar a voltar para casa se quisesse chegar antes do escurecer. Decidi orar e pedir ao Pai Celestial que me ajudasse a encontrar a flecha. Pus-me de joelhos, fechei os olhos e orei ao Pai Celestial. Disse a Ele que não queria perder minha flecha nova e pedi que me mostrasse onde encontrá-la.
Ainda ajoelhado, abri os olhos e ali, no arbusto bem à minha frente, ao nível dos olhos, vi as penas coloridas da flecha parcialmente oculta pelos galhos. Peguei a flecha e comecei a correr para casa, chegando lá bem na hora em que estava escurecendo.
Nunca esquecerei aquela experiência tão especial. Nosso Pai Celestial havia respondido a minha oração. Aquela fora a primeira vez em que eu havia orado para que Ele me ajudasse, e Ele o fizera! Naquela noite, aprendi a ter fé e confiança em meu Pai Celestial.
Quando precisamos de ajuda, mesmo que sejamos garotinhos ingênuos com uma preocupação importante, nosso Pai Celestial ouve nossa oração e, com amor, nos dá a orientação que buscamos.
Jesus Cristo, nosso Salvador, nos disse: “Sê humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela mão e dará resposta a tuas orações”.1
Nas escrituras, Tiago nos instrui:
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando”.2
O Presidente James E. Faust nos ensinou: “Uma oração fervorosa e sincera é uma comunicação de mão dupla, que muito contribuirá para trazer Seu Espírito, fluindo como água curativa, para ajudar-nos com as provações, dificuldades, dores e sofrimentos que todos enfrentamos”.3
A oração é uma das pedras que pavimentam o caminho que nos leva à vida eterna junto de nosso Pai Celestial.
A fé, outra dessas pedras, é fundamental para nossa salvação eterna!
O Salvador também disse: “E tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, que seja justo, acreditando que recebereis, eis que vos será dado”.4
Trinta anos atrás, uma história real desenrolou-se em uma das mais remotas paragens da Nova Zelândia. As inóspitas Ilhas Chatham situam-se na parte meridional do Oceano Pacífico, cerca de 800 quilômetros a leste de Cristchurch. Cerca de 650 pessoas valentes e trabalhadoras viviam ali, isoladas no ambiente solitário e hostil daquela época. Um médico jovem e inexperiente era responsável por cuidar daquele grupo.
Um menino de oito anos chamado Shane sofrera uma séria contusão na cabeça, em um local distante cerca de 64 quilômetros, no extremo oposto da ilha. Ele foi levado pelos pântanos e praias, no banco traseiro de um carro velho e enferrujado, até o hospital de campanha de apenas quatro leitos. Estava inconsciente.
O jovem médico, com pouca experiência e apenas alguns instrumentos cirúrgicos básicos, não estava preparado para lidar com aquele caso. O estado de Shane era crítico. Havia claramente uma hemorragia interna no crânio fraturado e um coágulo de sangue poderia comprimir seu cérebro e causar-lhe a morte. O médico jamais presenciara uma operação de cérebro, mas sabia que tinha que realizar a delicada cirurgia imediatamente ou assistir à morte do menino.
Era preciso convocar doadores de sangue, verificar os tipos sangüíneos e preparar a anestesia. A velha máquina de raios X estava quebrada e não seria possível tirar qualquer radiografia.
Foi feito o primeiro de muitos telefonemas para a Cidade de Wellington, de onde um neurocirurgião tentou visualizar a cena e orientar o nervoso e jovem médico em um procedimento cirúrgico extremamente delicado.
A mãe de Shane orou. O médico orou, os enfermeiros oraram, a esposa do médico orou.
As tarefas foram delegadas naquele cenário tumultuado. O policial administrou a anestesia, um enfermeiro tornou-se assistente cirúrgico e o trabalho começou sob a luz de uma lâmpada inclinada depois que a escuridão se abateu sobre o local.
A primeira incisão cirúrgica, feita nervosamente, não revelou qualquer sangramento; por isso, outras incisões precisaram ser feitas no pequeno crânio de Shane para localizar a origem da hemorragia. Mais telefonemas foram feitos para o neurocirurgião e suas instruções foram meticulosamente seguidas. Após seis horas de ansiedade e pressão, a cirurgia terminou, a hemorragia intracraniana cessou e chegou-se a um desenlace bem-sucedido. A serenidade substituiu o caos. Era cerca de meia-noite.
O médico era um jovem pai. Ele pensou na família e nas bênçãos que desfrutavam. Sentiu-se grato pelas ternas misericórdias do Senhor em sua vida e especialmente pela presença do Consolador durante as últimas doze horas. Sentiu-se grato pela presença de um especialista invisível que partilhou generosamente com ele Seu conhecimento bem mais elevado, naquele momento de necessidade.
No momento crítico, em uma situação desesperadora, o Senhor proveu a orientação e a habilidade para que um médico jovem e inexperiente operasse um milagre e preservasse a vida de um menininho que era precioso para Deus.
Neil Hutchison foi o jovem médico que orou por ajuda e teve fé para confiar no Senhor e no neurocirurgião, capacitando-o a realizar um milagre sob a mais difícil das condições. Ele hoje serve como bispo da Ala East Coast Bay em Auckland, Nova Zelândia.
O Bispo Hutchison contou-me o seguinte: “Tive o privilégio de encontrar Shane e seu pai há uns dois anos, em Cristchurch, pela primeira vez desde aquele dia em 1976. Ele é eletricista autônomo e não tem conhecimento de qualquer seqüela de sua longa operação. É um homem muito bom, e não posso deixar de ponderar quão fino é o véu entre essa vida e a que se segue”.
“E Cristo disse: Se tiverdes fé em mim, tereis poder para fazer tudo quanto me parecer conveniente”.5
O Élder Richard G. Scott acrescentou: “Você colherá os frutos da fé ao seguir os princípios que Deus estabeleceu para seu uso. Um desses princípios é confiar em Deus e em Sua disposição de prover ajuda quando necessário, não importa quão desafiadora seja a circunstância”.6
O Élder Robert D. Hales testificou que Joseph Smith, “como um rapaz de 14 anos, exerceu uma fé inabalável e seguiu a instrução do profeta Tiago de ‘pedir a Deus’. Devido ao chamado profético de Joseph, Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, apareceram a ele e deram-lhe instruções”.7
O Presidente Thomas S. Monson nos encorajou: “Ao oferecermos ao Senhor nossas orações familiares e pessoais, façamo-lo com fé e confiança Nele. Se qualquer um de nós tem demorado a dar ouvidos ao conselho de orar sempre, não há hora melhor para começar do que agora”8.
Seja um garotinho com um pedido simples ou um médico com um desafio de vida ou morte diante de si, o Pai Celestial ouvirá a nossa humilde oração e nos dará o consolo e a orientação que buscamos.
Uma terceira pedra de pavimentação e parte essencial do caminho que nos leva em segurança de volta ao nosso Pai Celestial é a família.
O Presidente Gordon B. Hinckley nos ensinou: “A família é divina. Foi instituída por nosso Pai Celestial. Ela inclui o mais sagrado dos relacionamentos. Somente por meio de sua organização, os propósitos do Senhor podem ser cumpridos”.9
O Presidente Hinckley prosseguiu: “Acredito na família em que há um marido que considera sua companheira como seu maior bem e a trata de acordo; onde há uma esposa que considera seu esposo como sua âncora e fonte de força, seu consolo e sua segurança, onde há filhos que tratam o pai e a mãe com respeito e gratidão; onde há pais que consideram seus filhos como bênçãos e encaram o desafio de criá-los como algo importante, sério e maravilhoso”.10
Acredito sinceramente que, na santidade da família, nosso amor, lealdade, respeito e apoio uns pelos outros pode tornar-se o escudo sagrado que nos protegerá dos dardos inflamados do demônio. No círculo familiar, repleto do amor de Cristo, seremos capazes de encontrar paz, felicidade e proteção contra a iniqüidade do mundo que nos cerca.
Testifico que a família é a unidade e o veículo por meio do qual podemos ser selados e retornar, como família, à presença de nossos pais celestiais, para assim experimentar alegria e felicidade eternas.
Oro sinceramente para que utilizemos as pedras da oração, da fé e de nossa família para preparar-nos e ajudar-nos no retorno ao nosso Pai Celestial e para que ganhemos a vida eterna, e para que o propósito de estarmos nesta Terra seja alcançado com sucesso. Em nome de Jesus Cristo. Amém.