Ele Cura os Oprimidos
O poder de cura do Senhor Jesus Cristo (…) aplica-se a todas as aflições da mortalidade.
O Salvador disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28).
Muitos de nós carregam fardos pesados. Alguns perderam um ente querido para a morte ou cuidam de outro com doenças graves. Outros foram atingidos pelo divórcio. Uns anseiam por um casamento eterno. Outros sucumbiram ao apelo de substâncias nocivas ou práticas compulsivas como o consumo de álcool, tabaco, drogas ou pornografia. Outros têm deficiências físicas ou mentais debilitantes. Alguns se debatem contra a atração pelo mesmo sexo. Outros têm terríveis sentimentos de depressão ou incapacidade. De uma maneira ou de outra, muitos estão oprimidos.
A cada um de nós, o Salvador faz um carinhoso convite:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30).
As escrituras relatam várias ocasiões em que o Salvador curou os oprimidos. Ele fez os cegos enxergarem e os surdos ouvirem. Fez os paralíticos, coxos e aleijados andarem, purificou leprosos e expulsou espíritos imundos. Lemos muitas vezes que as pessoas curadas desses problemas físicos “ficaram sãs” (ver Mateus 14:36, 15:28; Marcos 6:56, 10:52; Lucas 17:19; João 5:9).
Jesus curou muitos de doenças físicas, mas não deixou de curar os que buscavam “ficar sãos” de outras enfermidades. Mateus escreveu que Ele curava toda sorte de enfermidade e doença entre o povo (ver Mateus 4:23, 9:35). Grandes multidões O seguiam e Ele “curou a todas” (Mateus 12:15). Certamente essas curas incluíam enfermidades emocionais, mentais ou espirituais. Ele curou a todas.
Em Seu sermão na sinagoga no início do ministério, Jesus leu em voz alta esta profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18–19). Quando Jesus declarou que viera cumprir essa profecia, afirmou expressamente que curaria as pessoas com doenças físicas e também libertaria os cativos, socorreria os feridos e aliviaria os angustiados.
O evangelho de Lucas contém diversos exemplos desse ministério. Fala da ocasião em que se reunia “muita gente para (…) ouvir [Jesus] e para ser por ele curada das suas enfermidades” (Lucas 5:15). Em outros momentos, registra que Jesus “curou muitos de enfermidades” (Lucas 7:21) e que “sarava os que necessitavam de cura” (Lucas 9:11). Também descreve como grandes multidões vinham da Judéia, de Jerusalém e da costa de Sidom até as planícies “para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades” (Lucas 6:17).
Quando o Salvador apareceu aos justos no Novo Mundo, pediu aos coxos, cegos e outros enfermos que se aproximassem. Fez o mesmo convite às pessoas que estavam “aflitas de algum modo” (3 Néfi 17:7). “Trazei-os aqui”, disse Ele, “e eu os curarei” (v. 7). O Livro de Mórmon conta que a multidão trouxe “todos aqueles que estavam aflitos de qualquer forma” (v. 9). Isso deve ter incluído pessoas com toda espécie de aflições físicas, emocionais e mentais. E as escrituras testificam que Jesus “curou a todos” (v. 9).
O Salvador ensina que teremos tribulações na vida, mas devemos ter “bom ânimo”, pois Ele venceu o mundo (João 16:33). Sua Expiação é abrangente e eficaz não só para pagar o preço do pecado, mas também para curar todas as aflições mortais. O Livro de Mórmon ensina que: “Ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo” (Alma 7:11; ver também 2 Néfi 9:21).
Ele conhece nossas angústias, e Ele está sempre pronto a ajudar-nos. Como o bom samaritano de Sua parábola, quando Ele nos encontra feridos na beira da estrada, ata nossas chagas e cuida de nós (Lucas 10:34). Irmãos e irmãs, o poder de cura da Expiação aplica-se a vocês, a nós, a todos nós.
Seu poder inigualável é invocado nas seguintes palavras suplicantes do belo hino “Mestre, o Mar Se Revolta”:
Mestre, tão grande tristeza me quer hoje consumir
A dor que perturba minh’alma, eu peço-te vem banir!
De ondas do mal que me encobrem, quem me fará sair?
Eu pereço sem ti, ó meu Mestre, depressa vem-me acudir!
(Hinos, 72, segunda estrofe)
Podemos ser curados pela autoridade do Sacerdócio de Melquisedeque. Jesus conferiu a Seus Apóstolos o poder de “curar toda a enfermidade e todo o mal” (Mateus 10:1; ver também Marcos 3:15; Lucas 9:1-2). Assim, eles saíram “anunciando o evangelho, e fazendo curas por toda a parte” (Lucas 9:6; ver também Marcos 6:13; Atos 5:16). Os Setenta também foram enviados ao mundo com o poder e a responsabilidade de curar os enfermos (ver Lucas 10:9; Atos 8:6-7).
Embora o Salvador pudesse curar a todos que desejasse, o mesmo não ocorre com os portadores de Sua autoridade do sacerdócio. O exercício mortal dessa autoridade está condicionado à vontade Daquele a quem pertence o sacerdócio. Portanto, é-nos dito que algumas das pessoas abençoadas pelos élderes não serão curadas porque estão “[designadas] para morrer” (D&C 42:48). Da mesma forma, quando o Apóstolo Paulo pediu para ser curado de “um espinho na carne” que o afligia (II Coríntios 12:7), o Senhor recusou-Se a atendê-lo. Paulo escreveu posteriormente que o Senhor explicou: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (v. 9). Paulo respondeu, obediente: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. (…) Porque quando estou fraco então sou forte” (v. 9–10).
As bênçãos de cura vêm de várias formas, cada uma adaptada a nossas necessidades individuais, que são conhecidas por Aquele que mais nos ama. às vezes a “cura” elimina nossa doença ou alivia nosso fardo. Em outras ocasiões, porém, somos “curados” ao recebermos forças, compreensão ou paciência para suportarmos os fardos recebidos.
As pessoas que seguiram Alma estavam sob o jugo de opressores iníquos. Quando oraram para ser socorridas, o Senhor disse-lhes que um dia as libertaria, mas antes disso, aliviaria suas cargas, “de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas (…) de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições” (Mosias 24:14). Nesse caso, o peso não foi removido, mas o Senhor fortaleceu as pessoas para que “pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (v. 15).
Essa mesma promessa e seus efeitos se aplicam a vocês, mães viúvas ou divorciadas, a vocês solteiros que estão solitários, a vocês que estão sobrecarregados cuidando de outras pessoas, a vocês que têm vícios e a todos nós, qualquer que seja o nosso fardo: “Vinde a Cristo”, conclamou o profeta, “e sede aperfeiçoados nele” (Morôni 10:32).
às vezes nos desesperamos e consideramos nossos fardos pesados demais. Quando parece que uma tempestade se abate sobre nossa vida, podemos sentir-nos abandonados e tentados a clamar como os discípulos na tormenta: “Mestre, não se te dá que pereçamos?” (Marcos 4:38). Em momentos assim, devemos recordar a resposta Dele: “Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” (Marcos v. 40).
O poder de cura do Senhor Jesus Cristo — quer Ele remova nossos fardos ou nos fortaleça para perseverarmos e vivermos com eles como o Apóstolo Paulo — aplica-se a todas as aflições da mortalidade.
Depois que discursei na conferência geral sobre os males da pornografia (ver “Pornografia”, A Liahona, maio de 2005, pp. 87–90), recebi muitas cartas de pessoas oprimidas por esse vício. Algumas dessas cartas eram de homens que tinham vencido o problema com a pornografia. Um irmão escreveu:
“Aprendi várias lições com a minha experiência de sair das trevas do pecado que muito profundamente dominam a vida das pessoas que por elas se enveredam. 1) Trata-se de um grande problema, algo dificílimo de vencer. (…) 2) A fonte mais importante de auxílio e força no processo de arrependimento é o Salvador. (…) 3) O estudo intenso e diário das escrituras, a freqüência regular ao templo e a participação séria e contemplativa da ordenança do Sacramento são, todas elas, partes indispensáveis do verdadeiro processo de arrependimento. E isso, creio eu, ocorre porque todas essas atividades servem para aprofundar e fortalecer nosso relacionamento com o Salvador, nossa compreensão de Seu sacrifício expiatório e nossa fé em Seu poder de cura” (carta datada de 24 de outubro de 2005).
“Vinde a mim”, disse o Senhor, “e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11:28-29). Foi o que esse homem oprimido fez: voltou-se para o Salvador, e é isso o que todos nós podemos fazer.
Uma irmã cujo casamento estava ameaçado pelo vício do marido em pornografia escreveu sobre o quanto ela se empenhou para ajudá-lo durante cinco dolorosos anos até que, como relatou ela, “por meio do dom da gloriosa Expiação do Salvador e do que Ele ensinou sobre o perdão, [meu marido] finalmente está livre — e eu também”. Na condição de alguém que não precisava ser purificado do pecado, mas apenas buscava a libertação do cativeiro para um ente querido, ela deu este conselho:
“Entrem em comunhão com o Senhor (…): Ele é o seu melhor amigo! Ele conhece as suas dores porque já as sentiu por vocês. Ele está pronto para carregar esse fardo. Confiem Nele a ponto de pô-lo aos pés Dele e permitir que o carregue para vocês. Então, sua angústia poderá ser substituída pela paz Dele, no mais profundo da alma.” (Carta datada de 18 de abril de 2005).
Um homem escreveu a uma autoridade geral sobre como o poder da Expiação o ajudou com seu problema de atração pelo mesmo sexo. Depois de ser excomungado por sérias transgressões que violavam os convênios do templo e as responsabilidades para com os filhos, ele precisava escolher entre tentar viver o evangelho e continuar num curso contrário a seus ensinamentos.
“Eu sabia que seria difícil”, escreveu ele, “mas nem tinha idéia do quanto sofreria.” Sua carta descreve a sensação de vazio, a solidão e a indescritível dor que ele sentiu no fundo da alma ao empenhar-se para voltar. Ele orou com fervor para ser perdoado, não raro por horas a fio. Foi fortalecido pela leitura das escrituras, pela companhia de um bispo amoroso e pelas bênçãos do sacerdócio. Mas o que finalmente fez a diferença foi o auxílio do Salvador. Esse homem explicou:
“Foi apenas por meio Dele e da Sua Expiação. (…) Agora sinto uma gratidão incomensurável. Minhas dores por vezes eram maiores do que eu podia suportar, mas insignificantes se comparadas ao que Ele sofreu. Onde antes havia trevas na minha vida, agora há amor e gratidão.”
E concluiu: “Alguns afirmam que é possível mudar e que a terapia é a única solução. Eles têm profundo conhecimento do assunto e muito a oferecer aos que estão sofrendo (…), mas preocupo-me quando se esquecem de envolver o Pai Celestial no processo. Se houver mudança, será segundo a vontade de Deus. Preocupo-me também ao ver que muitas pessoas ficam obcecadas com as causas da [atração pelo mesmo sexo]. (…) Não vejo necessidade em determinar por que tenho [esse problema]. Não sei se nasci com ele ou se houve a contribuição de fatores externos. O fato é que tenho essa dificuldade a enfrentar na minha vida e o que importa é o que farei de agora em diante” (carta de 25 de março de 2006).
As pessoas que escreveram essas cartas sabem que a Expiação de Jesus Cristo e a “cura” oferecida por ela fazem muito mais do que dar a oportunidade de arrependimento dos pecados. A Expiação também traz forças para suportar “dores e aflições e tentações de toda espécie”, pois nosso Salvador também tomou sobre Si “as dores e as enfermidades de seu povo” (Alma 7:11). Irmãos e irmãs, se a sua fé, orações e o poder do sacerdócio não os curarem de uma aflição, o poder da Expiação certamente lhes dará forças para suportar o fardo.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos”, disse o Salvador, “e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11:28-29).
Ao nos debatermos com os desafios da mortalidade, oro por todos nós, conforme fez o profeta Mórmon por seu filho Morôni: “(…) possa Cristo animar-te; e os seus sofrimentos e a sua morte (…) e sua misericórdia e longanimidade e a esperança de sua glória e da vida eterna permaneçam em tua mente para sempre” (Morôni 9:25).
Testifico de Jesus Cristo, nosso Salvador, que convida todos nós a virmos a Ele e a sermos aperfeiçoados Nele. Ele atará nossas feridas e curará os oprimidos. Em nome de Jesus Cristo. Amém.